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14 de fevereiro de 2010

Olhos na Floresta

Ingenuidade esperar muito deste terror dos estúdios Disney. Aliás, um dos raros filmes de terror onde ninguém morre, portanto, nem pense ver o mínimo possível de gore.

Mas o suspense é ok! Na medida do possível, ou seja, prenda a atenção até a resolução estúpida do mistério principal.

Bette Davis voltava ao estúdio do Mickey após ter sido a vilã ao lado de Christopher Lee em A Volta da Montanha Encantada (Return from Witch Mountain, 1980), lançado em DVD no Brasil. Repete aqui o papel que fez muito nos últimos anos de sua carreira: A velha louca com mistérios no passado.

No caso, ela é a eremita que espanta todos os futuros inquilinos da mansão que possui no meio de uma floresta. Aceita um casal com duas filhas, porque vê na mais velha semelhança Karen, sua filha que desapareceu de forma misteriosa há décadas.

Daí a garota mais velha começa a ter visões com uma loira, igual a ela, pedindo ajuda e a menor a ouvir vozes. Acabam tendo que desvendar em que circunstância Karen sumiu.

O resultado é tão bobinho, que se não fosse Davis este filme nunca mais seria lembrado depois de sua estréia. Mas nem da grande atriz dá para esperar muito já que tem pouco tempo em cena.

Outra muito mal aproveitada é Carroll Baker, fazendo a mãe da dupla de protagonista. Por um triz entra muda e sai calada.


Olhos na Floresta - The Watcher in the Woods

- EUA 1980 De John Hough Com Bette Davis, Lynn-Holly Johnson, Kyle Richards, Carroll Baker, David McCallum, Benedict Taylor 84’ Horror


Cotação:

16 de agosto de 2009

Arraste-me para o Inferno

Havia uma verdade e uma mentira no trailer desta nova incursão ao Horror do gênio por detrás da trilogia Evil Dead. A mentira é que o filme faz menos uso dos efeitos digitais do que aparentava, o que é uma sorte, por já se saber que computadores e o gênero não combinam em nada. A verdade é que acima de qualquer outra avaliação um retorno ao cinema calafrio clássico, com gatos, maldições, bruxas, demônios, casarões e aqueles exageros típicos que exigem a cumplicidade do espectador.

Entretenimento com sabor de passeio em trem fantasma de parque itinerante. Se for pra ficar apontando falhas e incoerências, seria melhor não ter entrado naquele carrinho enferrujado.

Não tão longe do terror como muitos acreditam, já que produziu boa parte das adaptações americanas de filmes japoneses que assolaram o mundo nos últimos tempos, o velho Raimi se faz presente muito mais nas incontáveis referências aos Evil Dead do que na cinematografia em si. Não há rebuscamentos de ângulos surpreendentes ou sacadas visuais de tirar o fôlego.

A propósito, quem viu as famigeradas desventuras de Ash inúmeras vezes deve aproveitar muito mais Arraste-me Para O Inferno. Está lá o humor pastelão, fruto da paixão confessa de Sam Raimi pelos Três Patetas, o olho do demônio que salta direto á goela da mocinha, o possuído vestindo algo semelhante aos casacos chineses para que os cabos possam o fazer flutuar sem serem vistos, xícaras e objetos inanimados que gargalham e a trilha sonora dialogando com o trabalho de Joseph LoDuca e Danny Elfman, os dois compositores com quem mais fez parceria.

Com argumento moralista e sem arroubos de originalidade, é curiosa a aposta em temores religiosos nestes tempos high-tec ao invés da carnificina desenfreada. Tão longe de ser obra-prima quanto de decepcionar, como nas velhas fitas de horror toma proveito dos temores do momento em terras yankees: malditos estrangeiros que podem nos levar ao inferno!


Arraste-me para o Inferno - Drag Me To Hell

- EUA 2009 De Sam Raimi Com Alison Lohman, Justin Long, Lorna Raver, Dileep Rao, David Paymer, Bojana Novakovic, Reggie Lee 99’Horror


*** Em Cartaz ***

Cotação:

16 de janeiro de 2009

Noite Alucinante 3

E assim, cai o pano da forma épica que o desfecho de uma trilogia inovadora como foi Evil Dead merece. Ash como no final do anterior, entre no portal por acidente indo parar na Idade Média. Lá irá se transformar no herói que o Necronomicon apregoava existir, mas também o causador de grandes transtornos ao despertar a fúria do Exército das Sombras. Não tendo no título original “Evil Dead”, nem o número 3, leva muito mais a sério a cronologia do que o episódio anterior, embora não seja nada fiel na cena que serve de ponte entre eles. Num flashback, algumas sequências foram refeitas, com Bridget Fonda sendo Linda, a namorada possuída. Diversão garantida para quem não levar tudo tão a sério ou não esperar o mesmo horror de antes. Aliás, sua violência está mais gráfica, assumindo de vez sua inspiração em desenhos tipo Perna Longa ou nos velhos episódios de Os Três Patetas. A ambiciosa produção faz com que mesmo com mais grana as dificuldades sejam semelhantes ao de 1982, feito por Sam Raimi com um punhado de dólares em 16 mm. Não que a mente do diretor seja pouco fértil ao ponto de deixar de executar alguma de suas idéias malucas por falta de dinheiro ou recursos tecnológicos da época. O tal exercito das sombras, por exemplo, é parte fantoche, parte atores fantasiados e parte stop-motion e mesmo assim é um raro momento mágico entre as fitas de aventura. Sabor puro de Sessão da Tarde!

Noite Alucinante 3 – Army of Darkness

- EUA 1992 De Sam Raimi Com Bruce Campbell, Embeth Davidtz, Marcus Gilbert, Ian Abercrombie, Richard Grove, Timothy Patrick Quill, Michael Earl Reid, Bruce Thomas, Bridget Fonda 96’ Comédia/Horror


Cotação:

22 de dezembro de 2008

Os Inocentes

Olha o pedigree: roteiro de Truman Capote, fotografia de Freddie Francis, estrelado por Deborah Kerr e baseado no romance A Outra Volta do Parafuso de Henry James. Essa é a receita para uma das produções psicologicamente mais aterradoras já filmadas. Um dos melhores e mais chocantes de horror não explícito. Se o que é dito e sugerido fosse mostrado, pode ter certeza de que seria insuportável de ser assistido. Muito escuro, a protagonista passa maior parte do tempo vagando pelo casarão vitoriano empunhando um castiçal, prestando atenção a qualquer ruído que possa surgir. Babá (Kerr) é contratada por milionário para cuidar de seus dois sobrinhos órfãos. Moram em uma afastada propriedade na companhia apenas dos empregados, sendo que dois deles morreram em circunstâncias suspeitas há algum tempo. Pouco a pouco, ela começará a perceber que a docilidade das crianças pode ser uma manobra para esconder terríveis segredos do passado. Como só a babá vê os mortos (assustadores!), não se chega a saber se não é ela quem levou tanto transtorno aquela casa, ou se realmente suas suspeitas estão corretas. Correto em seus contornos fantasmagóricos e múltiplas interpretações, é um camafeu gótico sem sustos fáceis, mas tão angustiante que mesmo depois de seu confuso desfecho fica-se engasgado.

Os Inocentes – The Innocents

- Inglaterra 1961 De Jack Clayton Com Deborah Kerr, Peter Wyngarde, Megs Jenkins, Michael Redgrave, Martin Stephens, Pamela Franklin, Clytie Jessop, Isla Cameron 100’ Horror


DVD- É da Fox mas poderia ser de uma distribuidora pirata qualquer. Capa tosca com a Deborah Kerr parecendo o Michael Jackson na capa do CD Invincible, menus estáticos mal feitos, fotos da contra-capa mal colorizadas, sendo que o filme é preto-e-branco, e nem trailer de extra vem!

Cotação:

15 de dezembro de 2008

De Volta ao Planeta dos Macacos

Fato: Filme comercial bem sucedido com pitadas de existencialismo ganha uma seqüência muito mais morna, voltada ao que tinha de mais comum. Foi assim com Matrix e antes já tinha sido com Planeta dos Macacos! Aqui também optaram por muito mais ação e entretenimento e diluir qualquer conversa sobre sociedade, filosofia e religião. O que continuou igualzinho foi o tom épico e assombroso, que chega a tirar o fôlego em muitos momentos, inclusive no desfecho apocalíptico e pessimista. Em pelo menos duas ou três incríveis seqüências alguém deve ter se machucado, ou o cavalo ou o dublê. A gente sempre torce para que não seja o cavalinho... E por ser de 1970 sabe-se que aquilo é real (uau!), e não obra de GC! Acharam uma boa desculpa pra Charlton Heston tomar chá de sumiço boa parte do filme, sendo que há um novo piloto (fisicamente muito parecido) a ir parar no planeta dos símios que acham que são gente. Depois de se encantar com a belezura da Linda Harrison (novamente entra muda e sai calada) descobrirá uma estranha raça humana subterrânea adoradora da bomba atômica. Uma coisa que engana direitinho, é que Roddy McDowall aparece como Cornellius apenas em algumas cenas de arquivo,sendo na maior parte do tempo foi substituído por David Watson, ator especializado em produções televisivas. Além de o personagem ter menos importância aqui, debaixo de tanta maquiagem tanto faz...

De Volta ao Planeta dos Macacos – Beneath the Planet of the Apes

- EUA 1970 De Ted Post Com James Franciscus, Kim Hunter, Maurice Evans, Linda Harrison, Paul Richards, Charlton Heston, Victor Buono, James Gregory, Roddy McDowall 95’ Aventura


DVD- Lançado e relançado pela Fox das mais diversas maneiras, exatamente como todo e qualquer coisa de seu catálogo. Essa edição, ao contrário do primeiro duplo, tem como extras os trailers de todos da série cinematográfica, pouco texto e poucas fotos. É um porre só poder trocar legendas e áudio pelo menu, mas os menus animados estão bacanas.

Cotação:

3 de dezembro de 2008

As Noivas do Vampiro

Peter Cushing com cara de tesão ao martelar ao estaca e jorrar sangue já vale a pena! É o Van Helsing mais insano e obsessivo mostrado no cinema, e sem dúvida o melhor de todos. Mas esta segunda incursão da Hammer no mundo vampiresco é muito mais que isso! Produzido na era de ouro do estúdio, foi dirigido por ninguém menos do que Terence Fischer, criador de nove entre dez coisas que se tornariam clichê no gênero. Não se deixe enganar pelo título original “The Brides of Dracula”, na época, uma condição da distribuidora norte-americana Universal para vendê-lo na cola de O Vampiro da Noite de 1958. Drácula só é citado, o resto da história original é sobre professorinha de francês que cai numa armadilha ao se hospedar no castelo de uma velha baronesa. Ao conhecer o filho da nobre, fica horrorizada ao vê-lo acorrentado pelo pé porque não lhe parece louco conforme a mãe afirma. No meio da noite, cheia de boas intenções, o solta ignorando o caos que causará aos camponeses da região. Há momentos de genialidade cinematográfica plena, como a governanta louca dando apoio para que uma morta irrompa da terra como se estivesse se referindo a um parto, mas também há inacreditáveis furos no roteiro e erros grotescos de ambientação histórica. Reza a lenda que o roteiro teria sido reescrito várias vezes, o que explicaria as muitas soluções mal explicadas. Dá-se um desconto porque além da Hammer estar aqui em seus primeiros passos, o resultado é competente e divertido. Absoluto na atmosfera macabra, com jovens suicidas, carruagens misteriosas em disparada na escuridão, batidas sinistras em portas, vampiras em camisolas esvoaçantes jurando amor eterno... Calafrios garantidos!

As Noivas do Vampiro – The Brides of Dracula

- Inglaterra 1960 De Terence Fisher Com Peter Cushing, Yvonne Monlaur, Martita Hunt, Freda Jackson, David Peel, Miles Malleson, Marie Devereux 85’ Horror


DVD- É a grande notícia aos fãs de filmes de horror clássicos depois que a Works DVD (Darke Side/London Films) subiu no telhado. A NBO está distribuindo na surdina alguns títulos da fase de outro da Hammer, jamais lançados antes em DVD no Brasil e a preços populares! Tela widescreen, áudio em 2 canais (em francês e inglês), só peca pela falta de extras e a capa muito feia. Numa loja, em meio a tantos discos, é possível que se cruze com ele sem dar bola para o seu conteúdo precioso.

Cotação:

14 de outubro de 2008

O Lobisomem de Londres

O ser mitológico mais incompreendido do cinema ainda está por ganhar um filme que preste. A Universal, em sua época áurea no gênero, fez o que pode já que por mais popular que seja, não há nenhum clássico da literatura a ser adaptado como Drácula ou Frankenstein. Optou-se curiosamente por uma trama que anteveria a febre das produções com cientistas loucos mutados da década de 50 e pinceladas de O Médico e o Monstro, estrondoso sucesso com John Barrymore em 1920. Cientista inglês é atacado por um lobisomem ao viajar ao oriente procurando uma rara flor que floresce apenas ao luar. A planta se revelará o único antídoto (paliativo) para a maldição. O resto seria de total banalidade, com o médico enfurnado em seu laboratório quando não está atacando mocinhas indefesas, se não houvesse um toque de brilhantismo, de extrema humanidade. Casado com uma linda jovem, e muito ocupado com descobertas científicas, vê sua relação ruir com a chegada de um ex namorado de infância da garota. A primeira transformação total vem justo num rompante de ciúmes, quando os velhos amigos saem pra passear e ele fica imaginando o que poderia estar acontecendo. Paralelamente há um homem suspeito de olho na tal flor que consegue florescer artificialmente em Londres. Outra peculiaridade são os muitos momentos cômicos, sinal de que a platéia da metade da década de 30 não era tão ingênua como se imagina ou o estúdio não confiava tanto assim neste monstro. Pode-se levar em conta também que o país estava saindo da aterradora crise causada pelo crash da bolsa de 29, uma das explicações para tanto sucesso das películas de horror alguns anos antes. A transformação da criatura (de aparência engraçada, quase fofa pra atualidade) merece algumas linhas porque nem sempre funciona, mas às vezes dá muito certo . Na primeira vez pode-se chamar de verdadeiro milagre técnico, conseguido facilmente apenas nos dias de hoje com o auxílio de computador: Editar uma seqüência feita com a câmera em movimento.

O Lobisomem de Londres – Werewolf of London

- EUA 1935 De Stuart Walker Com Henry Hull, Warner Oland, Valerie Hobson, Lester Matthews, Lawrence Grant, Spring Byington, Clark Williams 75’ Horror


DVD- Os direitos autorais são logicamente da Universal, mas a London (WorksDVD) comercializou em “sessões duplas” junto a outros do estúdio. Com imagem muito boa, incluíram A Mulher Fera de Londres, feito quase dez anos depois e os trailers de A Filha de Drácula, O Filho de Drácula e Drácula (de Bela Lugosi) também presentes nos respectivos filmes.

Cotação:

27 de setembro de 2008

Estrela Nua

Raro filme brasileiro que não busca o naturalismo. Os diretores José Antônio Garcia e Ícaro Martins, em última parceria, vinham da comédia Onda Nova e apontavam agora para um caminho mais maduro. O argumento brilhantemente original tem respingos de inúmeros outros filmes. São visíveis referências que vão de Buñuel, Billy Wilder a Otto Preminger, passando sobre tudo pela trilogia do apartamento de Polanski. Atriz famosa (Cristina Aché) sufocada pela superexposição de sua imagem morre (talvez suicídio?) antes de completar a dublagem de último trabalho Nelson Rodriguiniano, deixando aberta a vaga para uma novata. Essa outra é Carla Camurati, mãe solteira que ao entrar no universo cinematográfico acabará misturando sua personalidade à da morta. Se a idéia é ótima, sua execução beira o amadorismo técnico. É provável que seja proposital que uma história sobre bastidores de cinema/dublagem tenha a dublagem muito tosca, mas não deve haver outra desculpa à edição de qualquer jeito, fotografia acidental, cenários miseráveis... Numa cena, o restaurante tem paredes brancas, sem janela nem nada. Há ainda inúmeros personagens rasos, sem maiores funções à trama, ocupados por, quem sabe, amigos pessoais dos diretores. Como trilha sonora, além de faixas originais compostas por Arrigo Barnabé, ouve-se praticamente um disco inteiro dos Mutantes. O roteiro que jamais se assume comédia, drama, suspense ganhou inacreditável desfecho bobo, como se precisasse justificar seu surrealismo. Mesmo assim, estes tantos percalços não diminuem o valor artístico da obra, chegando até a dar certo sabor de happening, de imediatismo. Como diz o personagem da Vera Zimmerman: “Cinema nacional é foda!”.

Estrela Nua

- Brasil 1984 De José Antônio Garcia e Ícaro Martins Com Cristina Aché, Carla Camurati, Selma Egrei, Jardel Mello, Cida Moreira, Ricardo Petráglia, Vera Zimmerman 90’ Drama


DVD- Palmas para a Cinemagia, que corajosamente lançou Onda Nova e Estrela Nua com imagem em fullscreen, mas boa. Resta saber se O Olho Mágico do Amor, dos mesmos diretores também saiu por eles. Como material bônus galeria de fotos promocionais e biografias em texto. Na contracapa tem uma lista dos inúmeros prêmios que o filme recebeu. Embora Camurati seja a protagonista levou em Gramado o Kikito de coadjuvante!

Cotação:

24 de setembro de 2008

Plano 9 do Espaço Sideral

Quantas estrelinhas ele merece? Todas por ser imperdível ou nenhuma por ser considerado o pior filme já produzido pelo cinema americano? Talvez seja essa fama que o mantém tão lendário, embora duvidosa porque mesmo péssimo do início ao fim, como julgá-lo perante tanta porcaria lançada semanalmente? Veja bem, Ed Wood o dirigiu, produziu, editou e mais o que foi necessário por uma merreca e consegue de forma legítima divertir. Compare com os irmãos Wachowski que com uma bolada fizeram o bocejante Speed Racer. Se um filme comercial não serve para entreter, não deve haver outra utilidade. Plan 9 atira para tantos lados que a cada vez que se assiste há sempre algo tosco a ser observado, e a história faz ainda menos sentido. Os alienígenas que sobrevoam Hollywood reanimando cadáveres além de tudo são chatos, com uma verborragia sem fim, explicando por A mais B quais são as intenções do tal plano, sendo que não há uma só linha sobre os planos 8, 7, 6 e assim por diante. É inegável que a imagem de Vampira ao lado de Tor Johnson é emblemática e grotescamente bela. Seria a melhor coisa do filme se não tivesse aquele fulano fingindo ser Bela Lugosi escondendo a cara com a capa! Hilário, ingênuo, mas verdadeiro! De tão medíocre, de talento nulo, o diretor que foi homenageado por Tim Burton em seu melhor trabalho, parecia muito mais apaixonado pelos holofotes do que pelo cinema. Aliás, é difícil de acreditar que quem tenha feito isso entrou numa sala de cinema alguma vez na vida...

Os Plano 9 do Espaço Sideral – Plan 9 from Outer Space

- EUA 1959 De Edward D. Wood Jr. Com Bela Lugosi, Vampira, Tor Johnson, Lyle Talbot, Reverend Lynn Lemon, Joanna Lee, Paul Marco 78’ Ficção Científica


DVD- Edição dupla caprichadíssima da Continental, que já o havia lançado nos 90 em VHS. Fora uma abertura animada no primeiro disco, longa e que não dá pra pular, não a muito do que reclamar. Vem com o trailer original, imagem restaurada na medida do possível, pequena galeria, notas de produção e biografias em texto. A pérola máxima está no segundo disco, com o documentário Flying Saucers Over Hollywood: The Plan 9 Companion lançado em 1992 com quase duas horas de duração. Todos os envolvidos no filme aparecem dando depoimentos realmente esclarecedores sobre a produção e Ed Wood. Emociona ver o quanto Tim Burton foi fiel e reverente a eles. Até a locação do pequeno estúdio, escondido atrás de uma viela, é idêntica! Recheado de cenas raras é mais do que imperdível!!!

Cotação:

20 de setembro de 2008

Os Fantasmas se Divertem

Contado como comédia surreal do ponto de vista de fantasmas às voltas com os moradores vivos de sua casa, é antes de tudo um filme sobre costumes. A tradicional América perdendo espaço para a globalização dos hábitos, degeneração já bem avançada em Nova York. Tim Burton, praticamente em seu primeiro longa, voltaria inúmeras outras vezes ao mesmo tema. Das casinhas suburbanas, aos figurinos de Geena Davis e Alec Baldwin, tudo nos remete ao amado american way de outros tempos. O principal mérito é usar assuntos tão mórbidos e pesados com uma leveza ímpar. Ao final, nos sentimos tentados a olhar para almas penadas com muito mais respeito ao invés do medo costumeiro, embora isso não seja suficiente para que o desfecho conciliador faça algum sentido. Conseguiu bilheteria suficiente para que a mitologia gerasse um desenho animado, vídeo-game e uma há anos comentada seqüência que nunca apareceu. E lógico, credenciou o diretor para assinar Batman, divisor de águas no cinema da década de 90. Cada frame é a cara do cineasta, tanto nos efeitos óticos, ainda interessantes, quanto no visual. Se prestarmos atenção, até a cabeça de Jack Skellington aparece ornamentando o chapéu de Beetlejuice, sendo que o personagem só apareceria em O Estranho Mundo de Jack, que Burton produziu, quatro anos depois. Há também muitas regras engraçadas ditadas, como a que nós só enxergamos o óbvio e que suicidas invariavelmente tornam-se funcionários públicos no além! Sem esquecer a principal delas: Problemas com os vivos? Basta chamar três vezes: Beetlejuice! Beetlejuice! Beetlejuice!

Os Fantasmas se Divertem – Beetle Juice

- EUA 1988 De Tim Burton Com Michael Keaton, Geena Davis, Alec Baldwin, Catherine O'Hara, Winona Ryder, Glenn Shadix, Sylvia Sidney 92’ Comédia


DVD- Caquético e ainda por cima em tela cheia. Ficamos na torcida para que a Warner lance também no Brasil a mesma edição comemorativa dos 20 anos que está saindo nos EUA. Sem falar de As Grandes Aventuras de Pee-Wee que continua inédito em DVD aqui.

Cotação:

11 de setembro de 2008

Eles Vieram do Espaço Exterior

A melhor parte, mas melhor mesmo, é no final quando os heróis descobrem um jeito de proteger mentes de serem invadidas pelos alienígenas. Constroem um capacete de prata que dá pra jurar ser nada mais, nada menos do que um escorredor de arroz pintado! O duro é agüentar o filme até ali. Como 99,9% dos de baixo orçamento, compensam cenas de ação com um interminável blábláblá... Produção da Amicus, concorrente da Hammer, possui muita similaridade com Vampiros de Almas, claro, sem a mesma competência, mas com algum charme trash. Depois que três meteoritos caem na Terra, cientistas vão sendo possuídos por alienígenas, enquanto populações inteiras são atacadas por estranha doença fatal. Muito confuso, as explicações são tantas que fica chato e não tapam a maioria dos furos no roteiro. Por tanto, não se preocupe em tentar entender! Facilmente nos faz dar boas risadas e ainda tem a atriz Jennifer Jayne belíssima tanto boazinha quando malvadinha. Cinematograficamente espanta como é mal feito, sendo que o diretor tem uma carreira longa, incluindo clássicos da Hammer Films.

Eles Vieram do Espaço Exterior – They Came from Beyond Space

- Inglaterra 1967 De Freddie Francis Com Robert Hutton, Jennifer Jayne, Zia Mohyeddin, Bernard Kay, Michael Gough, Diana King 85’ Ficção Científica


DVD - Pode ser baixado de graça em qualquer site de troca de arquivos sem copyrights, embora para colecionadores a London Films (WorksDVD) o comercializou junto a outra bomba no gênero. A imagem está pútrida e não há extras fora biografias mal escritas do diretor e do “astro” principal.

Cotação:

12 de agosto de 2008

Encarnação do Demônio

O dia em que veríamos um novo José Mojica Marins nos cinemas parecia não chegar nunca! Mas chegou, com baixo orçamento como se esperava e uma inacreditável distribuição da Fox. Se tudo correr bem, ou seja, tiver bilheteria satisfatória, talvez a filmografia nacional escape da atual arapuca favela - elenco da Globo - drama. Há tela pra todo tipo de platéia. Embora a entrada custando quase duas notas de 10 Reais, sabe-se que esta platéia só pode vir da classe média. Diante do caos crônico, assistir uma nova desventura do coveiro mais famoso do mundo ganha status de momento histórico em nossas vidas! Mojica continua sendo único, criador de uma mitologia 100% nacional, diretor à base de boas idéias executadas a duras penas, sob o olhar de viés de um publico cada vez mais acostumado ao óbvio e ululante. Infelizmente o roteiro escrito por Dennison Ramalho, tendo como base argumento do cineasta, faz concessões a essa vertente de entretenimento fácil. Se no filme anterior (Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, 1967) havia uma trama bem certinha onde personagens bem delineados giravam em torno do protagonista que buscava a mulher superior, agora temos o Zé do Caixão exibindo sua crueldade a torto e a direito, e só! São tantas garotas em tão pouco tempo que a motivação principal da esposa que gerará seu filho vira pó. Encarnação do Demônio parece confirmar os roteiros mal estruturados como o defeito mor do cinema daqui, não se sabe se por pressa ou falta de recursos, parecem receber pouco tratamento. A edição (só na base do picadinho!) também não nos dá tempo suficiente para que haja empatia com qualquer das vítimas a ponto dos crimes nos importarem. Entre muitas boas sacadas, os fantasmas dos filmes anteriores reaparecem em preto e branco conforme foram fotografados no passado. O grande Jece Valadão faz um policial caolho fabuloso e de tabela nos faz indagar porque filmes brasileiros desprezam tantos atores típicos da mídia. Sua morte, com o trabalho incompleto, forçou a várias (ótimas) trucagens para não eliminar o ator. Mesmo inserindo um substituto, em momento algum o resultado lembra o absurdo de Bela Lugosi em Plan 9 from other Space. Ainda no elenco (de uma forma geral bem coeso e esforçado), há dois ícones das nossas telas que merecem atenção: Cristina Aché e Helena Ignez. José Celso Martinez Corrêa, diretor de teatro, tem presença over desnecessária, em um inferno de resultado idem. Lá, convence pouco que pessoas têm seus olhos e boca costurados (de verdade!) por um capeta que usa luvas cirúrgicas, assim como a presença da morte representada de maneira bem óbvia por garota muito magra de capuz negro. Como fim de trilogia, não é a chave de ouro que merecia, como cinema, embora com seus defeitos, ainda é bem superior à maioria das tranqueiras que os norte-americanos desovam em nossas telas todas as semanas.

Encarnação do Demônio - Encarnação do Demônio

- Brasil 2008 De José Mojica Marins Com José Mojica Marins, Giulio Lopes, Milhem Cortaz, José Celso Martinez Corrêa, Jece Valadão, Helena Ignez, Rui Resende, Eduardo Chagas, Cristina Aché, Thais Simi, Cléo De Páris 98’ Horror


*** Em cartaz ***

Cotação:

24 de julho de 2008

O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final

Todo o dinheiro do mundo não supera uma boa idéia. Esta continuação, sete anos depois, comprou perfeitamente a máxima. Mesmo sendo um filme muito bom, com roteiro e conceitos bem desenvolvidos, cinematograficamente resultou em mais um produto comum de Hollywood. A trilha sonora, antes feita por alguns caraminguás com tecladinho furreca (mas de resultado excelente) deu lugar a uma orquestral banal e rufante. Outra coisa estranha: Não há um pingo de sangue! O Exterminador leva uma saraivada de balas e não sangra. Houve ainda uma troca do suspense por mais ação. As inúmeras cenas de perseguição chegam a saturar além de embolarem a trama por mais de duas horas. Mas enfim, pelo menos continuou a saga com habilidade. O tal futuro messias nasceu e com dez anos recebe a ajuda do Cyborg T-800(ou um modelo idêntico ao que atacou sua mãe) para escapar de uma máquina muito mais evoluída, o anamórfico T-1000. Inúmeros paralelos com o que aconteceu no anterior e futuro, presente, etc. o deixam acima da média em relação a qualquer filme de tiroteio muito comuns naquela época, e abrem espaço para uma fascinante mitologia mal explorada na próxima produção. Os efeitos digitais, alguns dos primeiros usados no cinema, tomam partido das limitações técnicas do período e, portanto continuam úteis. Há incontáveis furos de edição que revelam o dublê do Schwarzenegger, que tem corte e cor de cabelo diferente.

O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final – Terminator 2: Judgment Day

- EUA 1991 De James Cameron Com Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, Edward Furlong, Robert Patrick, Earl Boen, Castulo Guerra, Xander Berkeley 131’ Ficção Científica/Ação


DVD - Este segundo saiu pela Universal em edição pretensamente especial com dois discos. O primeiro disco possui menus animados bem chiques, mas demorados, sem a possibilidade de pulá-los. Isso faz até com que seja difícil apertar a tecla stop do aparelho. O segundo tem uma miséria de extras: Vários storyboards de momentos importantes, trailer de cinema, e um documentário da época de lançamento, de imagem muito ruim.

Cotação:

6 de julho de 2008

A Profecia (2006)

Mais uma refilmagem desnecessária, até porque, foi fiel cerca de 85% e mesmo assim não deu em nada! É quase como anotar uma receita de bolo no programa da Ana Maria Braga feita por um cozinheiro chique. Jamais teremos o mesmo resultado, embora quem não saboreou o outro poderá até lamber os beiços. Engraçado é que enquanto Richard Donner aparece negando qualquer maldição nos extras do filme original, já que coisas ruins acontecem nos bastidores de comédias românticas, dramas, etc., o gorducho John Moore deste ressalta algumas vezes nos extras ter sofrido uma espécie de praga do coisa ruim quando os negativos de algumas cenas foram perdidos. Tais declarações oportunistas são um bom exemplo do tipo de profissional que ele é e em que condições o filme foi feito. Enquanto o outro era um suspiro sobre a difícil arte de se manter como casal feliz perto de todas as transformações culturais daquele período, este é uma gritante sucessão de sustos fáceis, que pra piorar não deixa de fazer sensacionalismo com fatos (e imagens!) jornalísticos recentes. No elenco, o rejuvenescimento do casal principal incomoda menos do que o envelhecimento do ator mirim que faz Damien. Enquanto o outro era adestradinho, este tem idade suficiente para tentar interpretar, e por isso soa falso, artificial na maior parte do tempo. A curiosidade máxima fica por conta de Mia Farrow como a babá cúmplice do garoto, embora na época do lançamento (06/06/2006) a atriz tenha dito que não via relação com seu papel memorável em O Bebê de Rosemary. De qualquer forma, A Profecia de 76 foi criado na cola do sucesso do filme de Roman Polanski. Verdadeiro marco do cinema de horror levou o medo para dentro dos lares felizes com o capeta conseguindo abrigo na pele de belas criancinhas. Ainda resta falar da falta que fez a tenebrosa trilha sonora composta por Jerry Goldsmith vencedora do Oscar de 77, mas isso já soaria a pedir demais.

A Profecia – The Omen

- EUA 2006 De John Moore Com Liev Schreiber, Julia Stiles, Marshall Cupp, Seamus Davey-Fitzpatrick, Mia Farrow, Carlo Sabatini 109’Horror


DVD - A Fox o disponibilizou sozinho e em um box contendo a trilogia original, mas a parte 4 feita para TV. A propósito, esta caixa foi comercializada assustadoramente 3 vezes, fazendo paralelo talvez só com os Star Wars no quesito oportunismo cinematográfico. O Disco do filme de 2006 nem capinha combinando com os outros 4 possui. Há duas cenas estendidas, além de um alardeado final alternativo que nada mais é do que também uma versão mais longa da vista no corte final. Vem ainda com alguns trailers dele e dois making offs, do filme e da trilha sonora. Como destaque, documentário (feito para TV sem esconder as entradas para intervalos) sobre a paranóia envolvendo o número 666. Exceto a faixa de comentários do diretor(!!!) e os trailers, tudo está legendado em português.

Cotação:

21 de junho de 2008

A Múmia (1932)

Como alusão à luta desesperada pelo amor perdido, este representante da época de ouro da Universal Studios tem lá seu charme. Como horror, está tão pútrido quanto a múmia brilhantemente interpretada por Karloff, o Inominável. Até porque, era o primeiro filme americano dirigido pelo fotógrafo alemão Karl Freund, o que por si já justifica tanto capricho visual numa história bem fraquinha. Há planos demais em poucos minutos, o que era raro naquela época. Também foi responsável pelo pouco de ousadia que Drácula (1931) tinha, a fotografia de algumas tomadas com a câmera em movimento. Já sua carreira de diretor duraria pouco após esta múmia. Óbvio que para colecionadores e cinéfilos é um filme imperdível, que confirma o talento de seu ator principal Boris Karloff, o farrapo apaixonado, o monstro de boas intenções. Ainda traz em seu roteiro inúmeros elementos que seriam explorados a exaustão no gênero nas décadas consecutivas, como o amor de outras vidas, a maldição milenar, etc. Para nós, neste longínquo 2008, usar múmias como pretexto para assustar também soa a algo despropositado. Mas em 1932 fazia apenas 10 anos que o túmulo de Tutancâmon havia sido descoberto, e desde então, ano a ano, os jornais estavam repletos de noticias sensacionalistas a respeito. Uma verdadeira múmia-mania! Cada pessoa envolvida na descoberta que morria imediatamente a imprensa noticiava com estardalhaço a possível maldição da múmia. Zita Johann, a mocinha de traços exóticos, foi outra que teve carreira curtíssima em Hollywood. Dedicou-se ao teatro simplesmente porque desprezava o cinema.

A Múmia – The Mummy

- EUA 1932 De Karl Freund Com Boris Karloff, Zita Johann, David Manners, Edward Van Sloan, Bramwell Fletcher, Leonard Mudie, Noble Johnson 73’ Suspense


DVD - Da coleção “Universal Studios Home Of The Original Monsters”, tem a capinha padronizada, verde imitando pedra, mas menu muito bacana. Pena o áudio não estar com tanta qualidade quanto a imagem do filme. Como os outros da série há um esforço do estúdio em colocar extras interessantes. Aqui temos o trailer, grande galeria de imagens, um documentário muito bom sobre o filme e faixa de comentário do historiador Paul M. Jensen. Esta faixa, ao contrário dos outros da série, não é das mais interessantes, pois Jensen tem comentários muito técnicos, muitas vezes simplesmente descrevendo o que é mostrado.

Cotação:

4 de junho de 2008

Os Irmãos Grimm

Quando um filme aguardado como este vai muito mal das pernas na bilheteria, é quase impossível conter a mórbida curiosidade em querer conferi-lo. E tentar achar o erro! Como versão pessoal sobre a vida dos autores de inúmeros contos de fadas não se decide em momento algum se quer desmitificar a infantilidade das histórias, escancarando seu lado violento e de horror, ou vender seu peixe justamente às crianças, seculares consumidoras delas. Acaba por não agradar nem um nem ao outro. Mesmo sendo divertido e agitado, com direção de arte e fotografia muito bem cuidadas, nos noves fora é refém de um roteiro bastante irregular. Nem comento o fato deste tipo de biografia colocar em cheque a capacidade criativa de autores, dando a eles inspirações externas às obras mais famosas, mas justificativas forçadas demais, e muitos pontos mal explicados. O pior deles é o final de Wilhelm Grimm (Matt Demon), uma colossal falha de lógica. Talvez estivessem apostando na máxima “dê um final arrebatador, que eles esquecerão de todo o resto”, já prevendo o fracasso que viria, e acabaram pondo por terra qualquer chance de sentido. Outro inacreditável descuido é o excesso de efeitos digitais, em sua grande maioria muito mal feitos. O Lobo Mau rivaliza com o Scooby-Doo de tão tosco. Terry Gilliam está fadado a ser um diretor de cults, mas cults não enchem barriga, devem pensar os produtores que desembolsam dinheiro sem verem o retorno imediato.

Os Irmãos Grimm – The Brothers Grimm

- EUA 2005 De Terry Gilliam Com Matt Damon, Heath Ledger, Monica Bellucci, Peter Stormare, Lena Headey, Mackenzie Crook, Roger Ashton-Griffiths, 119’ Aventura


DVD - Se o filme já se arrasta, a Europa Filmes ajuda na falta de interesse achincalhando sua fotografia em horrendo fullscreen! O único extra é o trailer original.

Cotação:

28 de abril de 2008

O Exorcista

Filha de estrela de cinema ausente começa a manifestar estranhas atitudes se dizendo ser o diabo. Filme batidíssimo desde o seu lançamento, retumbante sucesso, primeiro (e um dos poucos) gore a ser indicado a Oscars. Bebendo diretamente na fonte de O Bebê de Rosemary, usando o capeta como vilão, ajudou as produções com pretensões assustadoras a serem cada vez mais explícitas, tal e qual o cinema erótico do período. Livre das pressões de outrora e vivendo num tempo discutivelmente liberal para os americanos, arrastou multidões ao cinema gerando duas seqüências, um recente (e ridículo) preqüel e centenas de pessoas sugestionáveis se dizendo também tomadas por espíritos do mal. Visto hoje parece um tanto carnavalesco devido principalmente à super exploração da temática e o coisa-ruim ter se tornado alvo dos espertalhões das religiões evangélicas. Pra alguém se assustar terá que ser extremamente sensível. Não se pode deixar de valorizar seu pioneirismo. É provável que sem O Exorcista não houvesse, por exemplo, Evil Dead com seus pútridos adolescentes dando moradia ao tinhoso. Mas está velho e superado! E suas mais de duas horas causam não muito mais do que bocejos. Esta versão reeditada com 11 minutos a mais se mostra um oportunismo sem tamanho, porque se percebe que as tomadas extras não tinham sido deletadas por imposição do estúdio ou coisa que o valha, mas porque eram desnecessárias. Ela foi relançada com estardalhaço nos cinemas 90’s tendo o subtítulo “A Versão Que Você Nunca Viu”, com anúncios na TV e tudo. Mostravam como principal novidade a pequena Reagan descendo as escadas como se fosse uma aranha. No ponto da história em que acontece isso nem estava tão possuída assim pra fazer tal malabarismo.

O Exorcista – The Exorcist

- EUA 1973 De William Friedkin com Linda Blair, Ellen Burstyn, Max von Sydow, Lee J. Cobb, Jack MacGowran, Jason Miller, Reverend William O'Malley 132’ Horror


DVD - Como já disse, esta é a versão “Que Você Nunca Viu”, a alardeada edição com 11 minutos a mais. Na seção (mal feita) de capítulos há indicações onde os enxertos estariam. Tanto a faixa de comentários do diretor, como qualquer trailer presente não têm legendas em português. E o material de divulgação se resume a esta nova versão, não ao filme dos anos 70. Tudo muito broxante.

Cotação:

31 de março de 2008

A Serpente

Produzido a toque de caixa pela Hammer, praticamente simultaneo a Epidemia de Zumbis. Ambos possuem, não só o mesmo diretor, mas parte do elenco, cenários e figurinos. Sabendo disto, e ainda por cima vendo a máscara de papel maché que o tal réptil usa, não seria de se estranhar que não lhe levassem a sério. Mas as aparências enganam! Baseado em um livro pouco conhecido de Bram Stoker, trata-se na verdade de um competente filme de monstros, com eficiente suspense e mistério. De clima perfeito envolvendo mitológicas seitas, e até certo discurso antiimperialista, tanto não se sabe quem será a próxima vítima, nem quem ou o que está por traz de terríveis mortes até os momentos finais. Ao receber a noticia do falecimento de seu irmão de forma anormal, jovem médico decide investigar por conta própria mudando-se para a cidadezinha com sua esposa a tira colo. Embora todos neguem, há algumas outras mortes acontecendo do mesmo jeito, enquanto um milionário excêntrico e sua filha (Jacqueline Pearce cult!) tentam abafar os casos com ajuda de um étnico mordomo, suspeito até os ossos. Serviu de sessão B para Rasputin, The Mad Monk, o que faz com que suas qualidades sejam mais notáveis.

A Serpente – The Reptile

- Inglaterra 1966 De John Gilling Com Noel Willman, Jennifer Daniel, Ray Barrett, Jacqueline Pearce, Michael Ripper, John Laurie, Marne Maitland 91’ Horror


DVD - O resumo na contracapa está totalmente errado! Só por curiosidade, deixe o filme até depois dos créditos finais, e você verá o menu principal da edição em iglês que foi usada para esta copia lançada no Brasil. Hilário o combo trailer de The Reptile e Rasputin The Mad Monk, com narração caricata e a promessa de brindar todos os presentes ao cinema com barbas de monge!

Cotação:

30 de março de 2008

A Morte do Demônio

Amador, grosseiro, cheio de falhas porcas, mas incrivelmente espetacular! Sam Raimi, que, quem diria, lucra agora basicamente produzindo adaptações meia-boca de horror asiático, além de comandar nada menos que a cine série do Homem-Aranha, fez esta escachada película ainda na chamada tenra idade. Com uma câmera 16 mm na mão, e um punhado de dólares, colocou amigos do colégio para trabalhar neste misto de Halloween, Madrugada dos Mortos, O Exorcista e claro, O Massacre da Serra Elétrica. Da mistureba de sucessos de bilheteria surgiu a chanchada gore estapafúrdia e assustadora, que como se não bastassem as previsíveis continuações, ainda nos deu Ashley J. Williams, ou simplesmente Ash! Se houvesse eleições para o herói mais idiota do cinema, por um triz o título não seria dele! Interpretado por Bruce Campbell (também produtor), é o cara errado, tomando as atitudes erradas nas horas mais erradas ainda! O amigo todo podre, com os olhos brancos esbugalhados, e ele resolve dar água, o acalmando com palavras do tipo: “Tudo vai ficar bem!”. Há tantas outras cenas memoráveis, assustadoras e engraçadas que o colocam num patamar acima da média como forma de arte. Não é só um filme de horror pavoroso em sua total falta de humor proposital, mas genialmente bem estruturado, com a câmera sempre em ângulos típicos de histórias em quadrinho, com uma trilha sonora flertando com o clássico, driblando todos os defeitos (técnicos, é bom avisar) imagináveis com uma originalidade histérica. Quase, quase um filhote do acasalamento entre Orson Wells e Ed Wood...

A Morte do Demônio – The Evil Dead

- EUA 1981 De Sam Raimi Com Bruce Campbell, Ellen Sandweiss, Richard DeManincor, Betsy Baker 85’ Horror


DVD - Está em fullscreen, mas acho que isto é normal devido à bitola originalmente usada. Há alguns extras muito interessantes, e raros, o que me faz ficar triste quando o acho a preço de banana, em puro encalhe das lojas! O principal bônus, não mencionado na embalagem (!!!) é um apanhado de muitas seqüencias (legendadas) dos bastidores, que pela precariedade comprovam o teor amador da produção. Ponto negativo a mecânica do DVD, que logo de cara inicia o filme. A legendada é outra coisa mal feita. Parece que pegaram um monte de frases e salpicaram aqui e ali, quase nunca ao mesmo tempo em que são ditas.

Cotação:

25 de março de 2008

Calafrios

Trash muito querido, não só porque foi o primeiro de Cronenberg com distribuição comercial, mas porque é muito bem feito, contando com efeitos visuais bem repulsivos. Toda a visível miséria financeira acaba tendo pouca importância graças a seu elaborado roteiro dono de um horror tão catastrófico quanto histérico. Em condômino de luxo, que ainda por cima fica numa ilha, cientista louco (sempre eles!) cria parasita para viver na corrente sanguínea. Usa como cobaia justo sua jovem amante, uma garota, por assim dizer, muito dada! Se é que você me entende... O parasita transforma-se em pequeno monstro bastante nojento que ao ser transmitido (via relações sexuais) transformará as pessoas em criaturas sedentas por sexo violento! Não demorará muito para que não tenha morador sem estar contaminado. De criancinhas de sapatinhos de verniz a velhas senhoras com bengala, todos correrão atrás de novas vítimas, no sempre engraçado descontrole coletivo! Muita gente vê nesse argumento um presságio dos tempos do HIV que aconteceria na próxima década, o que não deixa de ser um paralelo interessante. No elenco (quase todo amador por motivos orçamentários) há duas divas dos filmes B. A enfermeira ruiva que durante a cena da piscina fará a temperatura subir em poucos segundos é Lynn Lowry, e a musa gótica Barbara Steele como a lésbica hiponga atacada numa banheira diretamente pelo ser, sem precisar de homem que lhe contagie.

Calafrios – Shivers

- Canadá 1975 De David Cronenberg Com Lynn Lowry, Allan Kolman, Barbara Steele, Vlasta Vrana, Joe Silver, Camil Ducharme, Hanka Posnanska 87’ Horror


DVD - A arte da capa se assemelha a uma edição do diretor lançada lá fora, mas não se trata do mesmo produto! Aliás, Continental escreveu na contracapa que a duração é de 110 minutos, 23 a mais do que realmente tem, além de estar em pavoroso Fullscreen. Os extras são extensa biografia do diretor em texto, trailer original e uma entrevista recente muito bacana, legendada em português, sobre as imagináveis dificuldades financeiras e criativas da produção.

Cotação: