6 de setembro de 2008

Rebecca - A Mulher Inesquecível

Bem à frente de seu tempo artisticamente, Hitchcock estreava no cinema americano dando três filmes de gêneros distintos em um. A primeira parte é um magnífico romance, onde uma simplória dama de companhia conhece milionário viúvo. Apaixonada perdidamente por seu charme, aceita de imediato o pedido de casamento. O irresistível (e artificial) conto de fadas é crucial para nossa identificação com a garota já que a trama é contada na primeira pessoa. Na segunda parte, casados vão morar na mansão centenária Manderley. Temos um filme de horror, daqueles góticos com o vento soprando palavras de desordem em mentes desprotegidas, sem faltar nem uma governanta, que pra bruxa só precisa de vassoura. A noivinha descobrirá que caiu numa furada. Desprotegida, terá que enfrentar Rebecca, a falecida esposa mais viva do que nunca em todos os cantos escuros. Exatamente porque a história exigiu nossa identificação com a mocinha lá no começo que neste ponto chega a dar certa raiva da sua inércia diante da vida empoeirada ao qual lhe é imposta. Quando finalmente resolver peitar não só a governanta fidelíssima à finada, mas sua costumeira postura submissa, Hitchcock nos entrega uma trama policial cheia de reviravoltas bem à sua maneira. Todo o esforço de clima faz com que a obra perdure por muito tempo na mente após seu término, e também nos leva a certos raciocínios. É muito discutido o possível lesbianismo da governanta com Rebecca, e até pode ser, mas pouco se aponta para outro traço forte de homossexualidade. Qual seria o motivo para Max, o magnata dono do mundo, se manter casado com Rebecca, sabendo desde o início que a moça não era flor que se cheirasse? Embora posteriormente tivesse torcido o nariz ao resultado, o mestre chegava com muita gana de vencer nos EUA e não ser cozido pelo sistema como aconteceu com vários outros diretores. Toda a munição gasta aqui gerou um de seus filmes mais típicos, e sem dúvida, uma de suas maiores obras-primas. Isso sob o olhar do poderoso produtor Selznick que sempre mandou e desmandou no trabalho de seus contratados. Reza a lenda que ele só deu relativa liberdade a Hitch por estar muito ocupado finalizando ...E O Vento Levou. Ao estrear no Brasil, a escritora Carolina Nabuco acusou a inglesa Daphne Du Maurier, cujo livro originou o roteiro, de ter plagiado seu romance A Sucessora, lançado quatro anos antes. Rebecca teve uma tradução nacional assinada por ninguém menos do que Monteiro Lobato.

Rebecca - A Mulher Inesquecível – Rebecca

- EUA 1940 De Alfred Hitchcock Com Laurence Olivier, Joan Fontaine, Judith Anderson, Nigel Bruce, Reginald Denny, George Sanders, Florence Bates 130’ Suspense


DVD - Com nitidez digna de VHS, a Continental comercializa tal filme no Brasil há quase 20 anos com os costumeiros erros de legendas. Como extras há biografias em texto, lista bem mal feita de atrizes q trabalharam com o diretor, galeria com dois pôsteres que não inclui Rebecca e o trailer original.

Cotação:

2 comentários:

  1. Procuro em DVD a refilmagem da BBC para Tv de 1978 de Rebecca - A Mulher Inesquecível. Foi levada ao ar pela extinta TV Manchete, como minisérie, em 1983.
    Como faço para encontrar/adquirir?
    Ana

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  2. Ana M, eu nunca ouvi falar nessa refilmagem. Tenta caçar em forums de filmes. Alguém deve ter.

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