29 de novembro de 2007

Os Olhos de Laura Mars

Batata! O que é extremamente moderno hoje será extremamente cafona amanhã! Aqui todos os cuidados foram tomados para estar no último grito 70’s, até por causa da profissão da protagonista, uma excêntrica fotógrafa de moda. Quase 20 anos depois, da trilha sonora à interpretação over de Faye Dunaway, a retratista em questão, tornou-se muito engraçado no sentido kitsch da palavra. Apreciar ambiente tão démodé, só pra usar uma palavrinha fora de moda, é só mais um elemento bônus neste curioso filme. Misterioso serial killer dá cabo a várias pessoas do círculo social da Laura Mars. Estranhamente, a fotógrafa que gosta de abusar de temas violentos em seu trabalho, tem visões dos crimes e só descobrirá a identidade do autor nos últimos minutos da película, quando sua vida também estará em perigo. Roteiro repleto de metáforas assinado por John Carpenters com incrível reviravolta final, tão bem engendrada que nós também só descobrimos a autoria da barbárie junto á personagem de Dunaway. Tente depois não ficar cantarolando a música tema, Prisioner, um hit de Barbra Streisand. Ugh!

Os Olhos de Laura Mars – Eyes of Laura Mars
- EUA 1978 De Irvin Kersher Com Faye Dunaway, Tommy Lee Jones, Brad Dourif, Raul Julia 103’ Suspense


DVD - Lançado pela Columbia há algum tempo, mais de 8 anos, o que justifica certo arcaísmo digital. Nem o menu principal está traduzido. A total falta de legendas se estende aos extras: faixa de áudio com os comentários do diretor, slide show com narração do produtor do disco, galeria de talentos, making off da época e dois trailers de outros filmes.

Cotação:

28 de novembro de 2007

Dália Negra

O equívoco começa logo pelo título, tomando proveito do caso verídico explorado pelo filme de mesmo título dirigido por Brian DePalma. Malandragem da grossa! Mas se fosse só isso, um filme trash com nome igual ao de um grande estúdio, sobre um dos mais famosos crimes dos EUA estaria tudo pra lá de ok!!! Mas faz algum tempo que não assistia a tamanha porcaria! E quando eu digo porcaria, me refiro a porcaria mesmo! Sem humor, ação, nexo narrativo, noções básicas de cinema, nada se salva! Uma idiotice feita por quem provavelmente nunca assistiu a um filme de verdade na vida. Dando uma navegadinha, descobri que o diretor Ulli Lommel era da turminha de Andy Warhol, com uma filmografia um tanto extensa, mas como? Seria tão idiota ao ponto de não ter aprendido nada em 30 anos? E agente gosta sim de tranqueira cinematográfica, mas não de algo parecendo ter sido feita por adolescentes pretensiosos e burros no fundo de quintal sem o mínimo charme não dá nem pra rir. Na trama (?) um trio de sádicos abre testes para o papel de Black Dhalia, todas as mocinhas que aparecem serão sumariamente extirpadas tal e qual o crime da década de 40. Todas menos a negra, que não é da “etnia procurada” segundo o tosco roteiro (?) do diretor. Paralelamente uma equipe policial tenta desvendar os crimes. Equipe policial que não tem nem carro de policia ou uniforme, ou postura, ou qualquer coisa que nos faça acreditar que são policiais!!! Muito ruim!!! O elenco, amador ao extremo, jamais troca de roupa. Falando em roupa, espera-se ao deparar com tamanha merda, que pelo menos as moçoilas (todas com cara de filme pornô) exibissem alguma carne: Esqueça! Há só duas muxibinhas e olhe lá! Filmado com câmera digital caseira, não se tem o mínimo cuidado com fotografia ou iluminação, tudo parece se passar dentro de uma padaria. Parece ter sido editado em um software caseiro, do gênero Windows Movie Maker, por alguém que descobriu este assessório há pouco tempo tamanho o abuso de enfeitinhos na imagem. Ed Wood coraria de vergonha... Plan 9 From Outer Space, considerado o pior filme de todos os tempos, parece Cidadão Kane perto disto aqui! Mas a dúvida principal é como uma porcaria deste porte chega a ser lançada comercialmente? Pior ainda: lançada comercialmente no Brasil? E o DVD ainda por cima tem versão dublada em português, com os clássicos “bitch” virando “cadela” e “fuck you” como sempre “dane-se”!!!

Dália Negra – Black Dhalia
- EUA 2006 De Ulli Lommel Com Elissa Dowling, Robert Beetley, Christian Behm 80’ Horror


DVD - O melhor está na arte da capinha, bem caprichada, de resto só um monte de trailers dele e outros filmes lançados pela digníssima Califórnia Filmes. Ainda bem! Pensou além de suportar os 80 minutos (que parecem 230) ainda assistir a um making of desta droga? Tô fora!

Cotação:

King Kong (2005)

Lamentavelmente esta corajosa segunda versão do clássico de 33 não teve a mesma repercussão que os 3 trabalhos anteriores de Peter Jackson. Eu mesmo torci o nariz por algum tempo principalmente porque é uma história manjadíssima. A versão de 76, com Jéssica Lange, foi reprisada á exaustão na TV por toda a nossa infância. Lembro da campanha da Globo em 1985 quando ele foi estrear Tela Quente, a “nova” sessão de filmes do canal, junto com outros sucessos do tipo Alcatraz. Um cara fazia mímicas e vozes em off tentavam descobrir qual era o filme. Essa onda pega! Outro repelente foi a duração de mais de 3 (!!!) horas. Ah sim! A massificação de O Senhor dos Anéis me deixou com os pés atrás também! Preconceitos de lado, passei 187 minutos (que pareceram 60 graças ao roteiro brilhantemente elaborado) envolvido com o que há de melhor no cinema de fantasia dos grandes estúdios. Tipo, se velhas raposas como George Lucas ou Steven Spielberg ainda tivesse algum interesse além de engordar seus cofrinhos, como faziam no inicio das suas carreiras, estariam assinando coisas assim! Ok, a história já estamos carecas de saber, inclusive o final, mas há tantos elementos novos, complementares, que deixam a experiência única! Naomi Watts com o papel que antes foi de Fay Wray não está mais do que sensacional! Até Jack Black,que todos acusaram a principio como falha na escalação de elenco, se justifica, usando em detrimento da história sua indisfarçável petulância natural. Somam-se a isto efeitos especiais (a cargo da Weta) do mais alto padrão, que nos fazem crer que realmente estamos diante de Nova York dos anos 30, com toda miséria causada pelo Crash em meio á sua esplendorosa arquitetura art decó. Raramente há furos dos efeitos, ou sinais de gratuidade. Exceto a manada de dinossauros correndo atrás da equipe, que além de exagerada torna-se cansativa. E uma das principais falhas, justo na imagem emblemática da cultura pop envolvendo o macacão: Quanto ele carrega a mocinha nas mãos fica evidente que uma animação substitui a atriz, assim como ficava claro no original que era uma bonequinha. Mas quanto ao protagonista, o macaco digital em si, é tanto realismo que quando levado à cidade e apresentado como a 8ª maravilha do mundo, sua expressão é tão desesperadora, que o filme quase se torna dolorosamente insuportável de ser assistido. E o fim, no topo do Empire State, quando tudo parece bem e se ouve pela primeira vez o som dos aviões tente não sentir um nó na garganta...

King Kong – King Kong
- EUA 2005 De Peter Jackson Com Naomi Watts, Jack Black, Adrien Brody, Thomas Kretschmann 187’ Aventura


DVD - Uma luva de papelão envolve esta edição dupla. O que dá um ar chique ao produto e claro o encarece. Não que o filme não mereça cada centavo investido nele, mas seu conteúdo é um tanto quanto decepcionante para o que se poderia esperar. Não há faixa de comentário do diretor nem tão pouco trailer original. Peter Jackson aparece no segundo disco apresentando o material, basicamente os diários da produção, antes exibidos no site Kong Is The King e dois documentários. Um sobre a criação da Ilha da Caveira e o mais bacana sobre Nova York na década de 30. Talvez a explicação seja que nos EUA há cerca de 5 edições incluindo a Blue Ray. O que é uma grandíssima sacanagem com o dinheiro alheio essas infinitas edições definitivas.

Cotação:

17 de novembro de 2007

Guerra dos Mundos (2005)

Muita bobagem já foi dita desta releitura de Steven Spielberg para o romance homônimo de H. G. Wells. Não se engane! Você terá exatamente o que imagina, quase duas horas de ininterrupta adrenalina! Óbvio que as comparações com o clássico de 1952 existem, mas aqueles eram outros tempos... Os paralelos com os que vêm do espaço sideral são muito mais fortes em qualquer ameaça á instituição “Família” do que comunistas á espreita da tão querida América. Seus olhos verão coisas assustadoras e absurdamente reais e tais apuros técnicos valem sim o tempo gasto assistindo ao sempre canastrão Tom Cruise tentando proteger não o mundo, como se deveria esperar de um herói altruísta de outrora, mas sua prole. Mesmo que sua filha, a prodígio Dakota Fanning, seja insuportável o suficiente para se torcer que seu fim chegue o quanto antes nas garras de um tripod! Estamos diante de um filme do senhor Spielberg, exibindo ainda fôlego para nos mostrar que qualquer coisa com sua assinatura é garantia de diversão espetacular, familiar e os melhores efeitos especiais. O calcanhar de Aquiles é exatamente essa sua assinatura, que compromete vergonhosamente o final da história. Durante toda a metragem os efeitos são tão sensacionais, os alienígenas são tão maléficos e colossais que quase nos leva às gargalhadas o simples e ridículo desfecho. É impossível ao final o saborzinho de ter sua inteligência subjugada por um velhinho que há muitos anos só repete sua fórmula de extremista em pirotecnia cinematográfica e o pior do caretismo classe média estadunidense.

Guerra dos Mundos – War of Worlds
- EUA 2005 De Steven Spielberg Com Tom Cruise, Dakota Fanning, Miranda Otto, Tim Robbins 116’ Ficção Científica/Aventura


DVD - O que estes filmes, feitos pelas majors americanas, têm de óbvios suas edições duplas em DVD seguem os mesmos passos. Os menus animados (e cansativos) nada mais são que cenas do próprio longa, e os extras não trazem nada além do making of gigantesco, dividido em 4 documentários como diários da produção. O que não é de todo ruim. Estranho que temas tão saborosos tenham sido ignorados. O autor H.G. Wells tem um rapidíssimo especial, e sobre a versão clássica (da própria Paramount diga-se de passagem) ouve-se só de raspão. Assim como a película, só mais um produto aprovado por um engravatado atrás de uma grande mesa em Hollywood á espera do fio metal.

Cotação: