25 de abril de 2008

Cry-Baby

Nos anos 50, Baltimore estava divida em dois grupos: Os farrapos e os quadrados. Como uma espécie de Romeu e Julieta do exagero, este musical (gênero raro nos 80/começo dos 90) faz uma espécie de homenagem às películas B de delinqüentes juvenis, tão comuns nos cinemas populares americanos em décadas passadas. O primeiro filme de John Waters para um grande estúdio não poderia ter tido um resultado (de público e crítica) mais frio. Assinou contato com a Universal portando uma cláusula onde o limite mínimo de público seria 13 anos... 13 anos para quem já colocou um travesti gordo comendo fezes de cachorro é quase uma piada! Ainda por cima tinha Tracy Lords, logo depois do escândalo na indústria pornô, quando descobriram que a maior e insaciável pornô star tinha começado na carreira aos 14 aninhos. Algumas tesouradas dos produtores e o filme não só decepcionou os habituais fãs do cineasta, também o público médio munido de seus pudores contra o conhecido príncipe do lixo além da resistência a musicais. É divertido e inteligente, embora realmente muito mais leve do que se poderia esperar. Teve o mérito ainda de tirar Johnny Deep do limbo de galã apático, bônus da repentina fama como astro da série de TV Anjos da Lei. A primeira vez que ouvi falar de Cry-Baby (e Waters) foi justamente numa revista Capricho da minha irmã, numa foto do astro vestido a caráter ao lado de Tracy Lords. Nem sonhava que a inspiração para o visual do chorão era o trabalho do fotógrafo Bob Mizer, famoso por uma série de retratos com temática homo-erótica, relembrado no obscuro filme Carne Fresca. Um de seus modelos, Joe Dalessandro, aparece como fanático religioso em Cry Baby. Engraçado que na filmografia do diretor número um de Baltimore, este localiza-se entre Hairspray e Mamãe é de Morte, e ele é exatamente a medida destes dois: bonitinho, mas protagonizado por desajustados!

Cry-Baby – Cry-Baby

- EUA 1990 De John Waters com Johnny Depp, Amy Locane, Susan Tyrrell, Ricki Lake, Traci Lords, Polly Bergen, Joe Dallesandro, Mink Stole 85’ Comédia/Musical


DVD - O pouco que é muito! Em se tratando dos filmes de John Waters que sempre ganham versões podres, quase sempre em tela cheia, este merece o título de “Edição Especial” que ostenta! Olha que nem estou sendo bonzinho, porque os menus são estáticos e podres, mas a imagem foi preservada em widescreen e os (poucos) extras não poderiam ser melhores! O documentário “Veio de Baltimore” possui quase uma hora de duração, com cenas raras de bastidores, e depoimentos recentes de todo o elenco e técnicos. Entre muitas coisas relembram, por exemplo, do FBI perseguindo Traci Lords nos bastidores, e quando todos revelaram os motivos por já terem sido presos a fim dela não se sentir mal. Há cenas excluídas, incluindo uma que faria referência direta a Bob Mizer, o fotografo tarado, com Lords dentro de uma taça de champanhe, e outra com uma menina contorcionista, que só descobriu que a cena estava deletada quando foi assistir à pré-estréia! Coitadinha! A cereja do bolo fica por conta da faixa de comentários do diretor. Espetacular! Jamais se suspeitaria de qualquer significado pornográfico no fato do protagonista derramar uma lágrima quando vê a mocinha...

Cotação:

4 comentários:

  1. Escrevi um comentário sobre cry baby num fórum, ninguém havia visto o filme. uma pena que o filme passou tão tarde q não pude ver e ainda bem q ele não era instigante ao ponto de me prender à TV :)
    http://www.pointcultural.com.br/forum/index.php?topic=509.msg4438#msg4438

    grande abraço,
    ótimo site!

    Rodrigo

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  2. Tende assistir, é divertido! John Waters tentando achar seu rumo em Holyuwood...

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  3. adorei o filme e lendo essa sua critica eu realmemte fiquei curiosa: qual o significado pornografico nas lagrimas do cry baby?

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