6 de fevereiro de 2011

Cisne Negro

Nina é tudo o que se espera das mitológicas bailarinas. Casta, tem um quarto cheio de bichinhos de pelúcia, tratada a pão de ló pela mamãe.

Quando é escolhida para substituir a primeira bailarina da companhia de dança numa montagem de O Lago dos Cisnes seu mundo soft desmorona. Na luta para encontrar o cisne negro em sua arte, afunda-se em seus terrores internos.

E o que seria do cinema de Hollywood sem o maniqueísmo? Sem a fé na unilateralidade do ser humano?

O filme é prazeroso principalmente em sua fechada construção em torno da protagonista. Pouquíssimos personagens, cenários, pirotecnias, sobra bastante espaço para se apreciar as interpretações.

Não é de se estranhar Natalie Portman já ter conquistado alguns dos principais prêmios de sua categoria e ser favorita ao Oscar de 2011. Sobra muito pouco se olharmos com distanciamento da emoção que sua personagem transmite.

Como se as asas negras de Darren Aronofsky tivessem sido podadas de um vôo maior em nome de pretensiosa qualidade artística. Aquele pavoroso e artificial verniz de “film d’art” que o cinema americano imprime em obras com possibilidades de competir ao grande prêmio da Academia.

Assim, todas as chances da história se tornar livre em sua fantasia vão por terra sempre. Tanto que o que seria surpreendente torna-se risível, absolutamente sem sentido no meio daquele mundo cão realista de câmera trêmula.

Um pouco mais de deboche, sem medo do peso kitsch, faria bem. Soaria menos pegadinha para platéias simplórias acreditarem estar diante de uma obra-prima transcorrida no elitista universo do balé.

Cisne Negro – Black Swan

- EUA 2010 De Darren Aronofsky Com Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey, Winona Ryder 108’ Drama/ Terror psicológico


*** Em Cartaz ***

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