Para o bem ou para o mal, filmes de horror asiáticos são frutos de nosso tempo. Como os de gangues de adolescentes, praias com garotas de biquíni, monstros cósmicos marcaram épocas passadas. E mesmo com os norte-americanos se esforçando para desgastar a fórmula em remakes desnecessários, que só servem para atestar a absurda ignorância de sua platéia média, não há como negar que no mínimo presenciamos cenas muito inusitadas. São filmes tradicionais em sua essência como todo povo japonês parece ser, pertencentes a subgêneros (no caso, as casas mal assombradas), contando histórias distintas, mas estranhamente convergentes. Talvez para o ocidente cause estranheza o uso exaustivo de fantasmas cabeludos de cara pálida, tão comuns à cultura local, que aparentam coexistir num mesmo plano, muito mais do que plágios infinitos. Ju-On trata-se de um das mais assustadoras e inteligentes produções jamais feitas. Principalmente porque, para dar medo, não se apóia apenas no que é exibido na tela, mas do que nossa mente absorverá daquilo. Seu roteiro estruturado caoticamente de forma não linear faz com que a experiência tome força depois de assisti-lo. Tentando compreender o quebra cabeça, revisitamos mentalmente aquela sombria casa. Ataca desta forma nossa pressuposta certeza inconsciente de que nosso lar é o lugar mais seguro do mundo. Isso, claro, para quem usar alguns neurônios até na hora do cinema. O que não é se esperar pouco em se tratando de um público que preguiçosamente exige coisas fáceis.
DVD - Não há nada, nada! Nem as tradicionais filmografias em texto... Pelo menos a Alpha Films manteve a capinha original, embora pareça ridículo adicionar “O Grito” como subtítulo. Seu lançamento, mesmo assim, por se tratar de uma película construída de forma tão geniosa é bem vindo. Antes só havia rodando por aí uma cópia em VCD (!!!) comercializada nos camelôs com legendas em português de Portugal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário