27 de outubro de 2006

Um Pijama para Dois

É por essas e outras que quando me perguntam meu gênero cinematográfico preferido nunca sei o que responder. Gosto de filmes, muito mais do que gêneros. Há musicais que amo, e realmente dão vontade de sair dançando ao seu término... Não é o caso deste “The Pajama Game”! Chaaaaaato e envelhecido em lá maior. O estranho é que praticamente os bambambans da época estavam envolvidos no projeto, a começar pelo co-diretor Stanley Donen, o mesmo do inigualável Cantando na Chuva e o coreógrafo Bob Fosse. O que vemos é um monte de musiquetas água com açúcar entremeadas por uma trama pelo menos inusitada para musicais: A luta operária. Doris Day é a cabeça de um movimento para que os salários de uma fábrica de pijamas subam sete centavos. Claro que entra em cena um executivo bonitão que deixará a mocinha relativamente divida. E dá-lhe muuuuuuita cantoria. Uma maria-mole roxa pra quem adivinhar o final? Só por curiosidade, o título idiota brasileiro é porque no último número musical há um desfile com as peças da fábrica, e a mocinha usa a parte de cima de um pijama masculino e o mocinho a parte de baixo... Se você conseguir ficar acordado até lá notará isso.

Um Pijama para Dois (The Pajama Game)
- EUA 1957 De George Abbout e Stanley Donen Com Doris Day, John Haney, Eddie Foy JR. 100’ Musical


DVD - Se a memória não me falha também há duas edições lançadas no Brasil deste filme. A que tenho é a da London Films, de uma pobreza franciscana. Menu podre, e o que é pior, imagem e áudio idem. Colocaram um fullscreen que distorce absurdamente o filme além de deixá-la granulada em excesso.

Cotação:

7 de outubro de 2006

Cronicamente Inviável

Um cartão de visita nada lisonjeador sobre o rebotalho brasileiro. Procurando justificativas ao nojento comportamento nacional, acompanhamos trechos da vida de vários personagens não muito longe da selvageria social. Uma terra onde se recicla o lixo, mas se fode (literalmente!) as pessoas economicamente desfavorecidas. O país onde o que menos falta são sanguessugas do suor alheio, sendo que os que suam não vêem a hora de também virem a ser sanguessugas... A gente acaba ao final aplaudindo de pé, concordando com quase tudo! Mas e daí? Não seria só eu quem tinha que ter essa conclusão. E nesse ponto, Cronicamente Inviável erra lamentavelmente. Nunca pensei que clamaria por isso em se tratando de cinema, mas falta-lhe claramente apelo comercial. Com narrativa excessivamente discursiva duvido que muitos que possam (e deviam!) vir ter acesso a ele consigam assistir a mais do que 15 minutos. Dessa forma não passa de punhetagem grupal de intelectuais. Não que tenha deixado de ser um grande sucesso (mesmo só com as alardeadas 4 cópias!!!) quando exibido na tela grande, o que menos faltam são adolescentes aspirantes a comunistas nos grandes centros (que ainda possuem salas de cinema!), mas e o zé povão? O tema merecia o mesmo êxito de um filme do padre Marcelo. Mas aí a própria obra não se justificaria...

Cronicamente Inviável
- Brasil 2000 De Sérgio Bianchi Com Umberto Magnani, Cecil Thiré, Daniel Dantas, Betty Gofman, Dan Filip Stulbach, Dira Paes, Leonardo Vieira 102’ Drama


DVD - O melhor está no menu aproveitando do filme uma bossa nova beeeeem fuleira. A mesma que poderia estar em qualquer elevador que não se preze. De extra (como a maioria dos filmes feitos no Brasil) muito texto sobre elenco, diretor e a produção em si. Há ainda 7 spots exibidos na TV.

Cotação:

5 de outubro de 2006

O Bravo

Em sua estréia na direção, o ator Johnny Depp resolveu dar voz aos excluídos. Índio miserável aceita participar de um snuff movie a fim de se redimir e dar um futuro menos medíocre à sua família. Wow! Snuff movies são aqueles filmes barra pesada onde acontecem assassinatos de verdade, coisa e tal... O que poderia ser uma premissa interessante torna-se um mero pretexto para esfregar nas nossas caras todas as mazelas que ainda sobrevivem logo abaixo do glamurizado "american way". E claro, o talento incontestável de Depp, no fim dos anos 90 nem tão incontestável assim. Por horas vemos apenas o índio desfrutando da primeira parte dos 50 mil adiantados e como este dinheiro revoluciona o mundo que o cerca e só! Não é um mau filme, apenas é um filme banal, correto, que provavelmente não acrescenta nada de novo nem ao cinema, nem ao tema dos filmes hardcore. Aliás, praticamente nem violência há e os tais 25 mil dólares rendem mais do que deveriam. Atenção a inúmeras pontas e figurações de famosos. A principal delas é Marlon Brando como o velho doidão que produz tais películas macabras e no estilo piscou-perdeu o roqueiro Iggy Pop. Em tempo, snuff movies (que para alguns não passam de lenda urbana) também é tema de outros dois filmes famosos: 8 mm de Joel Schumacher e, o melhor deles, Videodrome - a Síndrome do Vídeo de David Cronenberg.

O Bravo (The Brave)
- EUA 1997 De Johnny Depp Com Johnny Depp, Marshall Bell, Elpidia Carrillo 118' Drama


DVD - Mais um daqueles filmes independentes vendidos a preço de banana e sem nenhum extra. Este pelo menos contém faixa com dublagem em português para o caso de você ser analfabeto.

Cotação: