6 de outubro de 2005

Jogo Subterrâneo


Todo filme brasileiro merece louvor por si só. Seja ele uma chanchada estreleda por Xuxa Meneghel, ou qualquer astro de ponta saído da novela das 8. O segundo longa de Robert Gervitz (Feliz Ano Velho) não está (felizmente!) em nenhuma destas categorias, o que o faz ganhar alguns pontos. Baseado em obra de Júlio Cortazar, argentino tão húngaro quanto sou português, e que originou outros tantos filmes de essência romântico-noir, recebeu como principal cenário o futurista metrô de São Paulo. É lá que o protagonista Martin (Felipe Camargo) busca através de seu jogo, a mulher ideal de sua vida. Antes ele traça uma possível rota entre as estações, se a fulana qualquer a seguir, bingo! De cara me assustou ver uma metrópole mais sufocante, suja do que sempre me aparentou... e um metrô imaginário escuro, com pseudo punk (!!!) tocando um irritante violino. Me diz em qual estação ela fica pra eu passar longe! Outra coisa que merece nota são os figurantes andando em slow motion, absolutamente todos com ar blasé, e alguns gritantes erros de continuidade. Principalmente no cabelo do protagonista que a cada take está de um jeito. Também já deveria ser esquecida fotografia em tom esverdeado. Matrix é de 1999, faz tempo pra chuchu, né? Fora isso, uma produção classe A como a muito tempo não se via por estas playas. Talvez porque o filme anterior de Gervitz tenha sido a 18 anos (!!!), cada tomada é apuradíssima, cada detalhe cenográfico ou de figurino está afinado em um todo. Causou estranheza quando a certa altura entre o casal principal há uma briga sobre e ele ataca: “De novo você vem com isso?”, sendo que em nenhum momento se soube que ela era ciumenta. Só quando se assiste aos extras do DVD é que se descobre entre as cenas deletadas o que daria sentido ao diálogo. O roteiro às vezes peca por fazer mistério para depois o desfazer de modo simplista. E não são poucas vezes que isto acontece. No caso da personagem Ana (Maria Luiza Mendonça, esplêndida!), é tanto suspense sobre sua vida, e por último descobre-se que é algo até que banal para os dias de hoje. Chegou um ponto que desconfiei seriamente tratar-se de mais um hermafrodita na carreira da atriz. “Ah tá! Então é só isso...”. Só uma atriz completa poderia emprestar veracidade e força a esta Holy dos tempos modernos. Frágil e ao mesmo tempo disposta aos extremos, com seus grandes olhos claros apontando, quem sabe, um futuro melhor. Se Felipe Camargo muitas vezes tem dificuldade em deixar de ser Felipe Camargo, ela nos leva de volta á trama.

Brasil, 2005 De Roberto Gervitz com Felipe Camargo, Maria Luiza Mendonça, Daniela Escobar, Julia Lemmertz108’ Drama/Romance
DVD – Bons extras, destacando macking of, comparação de storyboards e menus animados

Site Oficial: http://www.filmes.net/jogosubterraneo/
IMDB: http://us.imdb.com/title/tt0431169/

Cotação:

2 comentários:

  1. Olha, bloguito novo..... Cool. As cotações são confusas, mas tá legal. Boa sorte

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  2. Wow! Ler o post que é bom fica pra próxima, né não?

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