23 de fevereiro de 2009

Carne Fresca

Pela pretensão de colocar foco numa figura tão controvérsia quanto Bob Mizer é louvável por si só. Ele tomou de assalto as bancas norte-americanas entre os anos 40 e 50 com a Athletic Model Guild (AMG), revista de belos rapazes quase nus, entrando pra história pela coragem e por criar um estilo homoerótico. Foi perseguido pela polícia e preso por, entre outras coisas, favorecer a prostituição, hoje é tido como um dos maiores fotógrafos do século passado. Como se sabe muito pouco sobre o assunto, há várias curiosidades saborosas, por exemplo, de que era a mãe do retratista quem costurava os famosos tapa-sexo, e de que forma recrutava seus “modelos”. Acaba por confirmar o imaginário popular, com aquelas pessoas desembarcavam em Hollywood com a ambição de se tornarem estrelas de cinema, cedendo ao convite de tirar a roupa pra não morrerem de fome. Carne Fresca decidiu-se por seguir a linha drama intercalado pelos depoimentos de alguns sobreviventes, agora, todos velhos senhores logicamente. E um dos problemas vem daí, resultando em algo muito contido e ágil, dando a sensação de que desperdiçaram os entrevistados ou a curioso biografado. Não chega a emocionar em momento algum, embora a reconstituição de época e o clima seja puro 50’s. Difícil de acreditar que Joe Dallesandro, também muso de Andy Warhol, tinha 19 anos naquele tempo sendo que diz estar com 50, mas enfim... É perceptível como “falha” também, que todo o trabalho de Mizer tem uma forte estética american way pós-guerra, e o filme é uma co-produção de baixo orçamento canadense, francesa e inglesa, de fotografia bem iluminada. O artista merecia algo made in Hollywood tipo L.A. Confidential. Por falta de glamour decadente não deixará de ser feito.

Carne Fresca – Beefcake

- Canadá/Inglaterra/França 1998 De Thom Fitzgerald Com Daniel MacIvor, Joshua Peace, Jack Griffin Mazeika, Joe Dallesandro, Carroll Godsman, Thomas Cawood, Daniel McLaren, 97’ Drama/ Documentário


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