3 de outubro de 2008

Lágrimas Amargas

Dramalhão tão cafona quanto irresistível sobre atriz de Hollywood decadente. Pela época dá pra apostar que foi produzido (com poucos recursos) no embalo de Crepúsculo dos Deuses, mas claro, sem um terço da acidez de Billy Wilder. Grande dama de Hollywood, Bette Davis parece estar deslocada contracenando com atores muito abaixo de seu talento, fotografada com granulação excessiva e inúmeras cenas em locação. Pelo menos no primeiro item tentaram disfarçar com a maioria de suas falas interpretadas diretamente para a câmera. Por muito tempo acreditou-se erroneamente que estava em situação difícil quando aceitou o papel tal e qual Gloria Swanson no de Wilder. Teoria facilmente descartada, já que dois anos antes tinha concorrido ao Oscar com A Malvada, feito repetido nesta fita quando chegou à histórica 10ª indicação. Falando na academia, Davis aparece com seu próprio troféu, ganho por Jezebel, na seqüência em que dirige bêbada pelas ruas preferidas dos ricos e famosos de Hollywood. Este momento de desespero, após cortar relações com seus familiares sanguessugas, ser ameaçada de despejo e praticamente perder a guarda da filha e mesmo assim agarrar seu Oscar e ir encher a cara merece estar em qualquer antologia do que de mais kitsch o cinema mostrou. O próprio filme tem várias outras que rivalizam com isto, como a grande diva vendendo calcinhas, ou péssima durante teste para um papel pequeno. E sobrevive a tudo! Seu talento, que lhe coloca no patamar de uma das maiores atrizes de todos os tempos, está evidente na emocionante festa dos ricaços, onde se vê em seus grandes olhos o quanto está deslocada em meio àquele luxo que não lhe diz mais respeito.

Lágrimas Amargas - The Star

- EUA 1952 De Stuart Heisler Com Bette Davis, Sterling Hayden, Natalie Wood, Warner Anderson, Minor Watson, June Travis, Barbara Lawrence, Fay Baker 102’ Drama


DVD- Não dá pra entender a lógica para “The Star” ter ganhado o título “Lágrimas Amargas” no Brasil, mas enfim... Ironicamente é distribuído agora pela Warner, “casa” original de Davis, mas já de relações cortadas quando o filme foi produzido de forma independente. O material bônus é o trailer espalhafatoso original e um documentário de 6 minutos com historiadores desmentindo que a personagem refletia a situação real da atriz. Aparece uma biógrafa apontando semelhanças bem maiores com a vida de Joan Crawford naquele momento, não por acaso, a arquiinimiga de Bette Davis.

Cotação:

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