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23 de outubro de 2009

O Inquilino

Roman Polanski atua e filma sobre algo que conhece bem: o desconforto de ser estrangeiro num ambiente hostil. É desfecho da chamada trilogia do apartamento, precedido por Repulsa ao Sexo (65) e O Bebê de Rosemary (68).

Jovem polonês que mora na França só alugará o apartamento se a antiga inquilina não sobreviver. A garota, que só é vista toda enfaixada no hospital, inexplicavelmente pulou da janela.

Os outros moradores, claro, são uns velhos estranhíssimos, que impõe inúmeras regras e têm hábitos suspeitos pelas trevas da madrugada. Residindo lá, o pacato e submisso protagonista passará do deslocamento à loucura total.

Tentando se manter alheio às intrigas e grosserias, se afastará da realidade enquanto cria um pouco seguro universo particular. Aos poucos passará a crer que ele e a suicida são a mesma pessoa, ou que isso é imposto pelos vizinhos.

A derrapada (de leve) está em tentar explicar demais, dá certeza de que tudo acontece dentro da cabeça e não que ele foi morar num coven. Ao mesmo tempo, há incontáveis coisinhas que tinham peso mas são deixadas pelo meio do caminho.

Com estrutura de noir (o trabalho anterior de Polanski foi Chinatown, 74), é muito bem sucedido em interpretações, clima claustrofóbico apoiado por direção de arte irrepreensível, mas o maior trunfo é a exploração do medo pessoal. Muito pouco visto no cinema, até porque não é fácil expor o distúrbio psicótico onde o portador é a vítima, não o criminoso.


O Inquilino - Le locataire

- França 1976 De Roman Polanski Com Roman Polanski, Isabelle Adjani, Melvyn Douglas, Jo Van Fleet, Jacques Monod, Lila Kedrova, Shelley Winters , Josiane Balasko 126’ Horror



Cotação:

21 de outubro de 2009

Carrie, A Estranha (1976)

Brian de Palma brilhante demonstrando domínio na arte de filmar e manipulação da platéia. É o que ele mais tem de seu amado Hitchcock, muito mais do que referências visíveis.

Primeira adaptação de livro do Stephen King, abandona sua estrutura original, narrado em flashbacks com os depoimentos da sobrevivente Sue Snell e recortes de jornal. Linearmente a protagonista é envolvida na teia até a tragédia que todos estamos carecas de saber qual é.

Em mãos menos habilidosas escorregaria para a obviedade principalmente porque explora temas bem em moda no cinema 70’s: catástrofe e adolescentes problemáticos com “problemas” inexplicáveis ao senso comum. Carrie é uma garota que não consegue se enquadrar socialmente, como todo jovem se sente um pouco em qualquer época.

Criada por uma mãe fanática religiosa (Piper Laurie doentiamente espetacular!), paga o mico de ficar apavorada ao menstruar pela primeira vez no vestiário escolar. Impossível não ter vergonha por ela, e muita raiva da estupidez que lhe rodeia.

Hoje Carrie White seria facilmente identificada como sofredora de bullying. Pode claramente fazer referência a fatos recentes da vida americana, como o adolescente de Colombine que, desprezado pelos colegas, abriu fogo contra todos.

O que só a gente e ela sabemos, é que possui poderes telecinéticos, habilidade que lhe faz mover objetos com a mente. E está aí a graça de mesmo conhecendo o que vai acontecer (o próprio trailer mostra), seja a primeira ou a 20ª vez que se assiste, acompanhar o desprezo sádico daquelas meninas boçalmente nojentas de cabelo a lá Farrah Fawcett.

A subversão está em que em momento algum Carrie pareça uma coitada psicótica. Vai atrás pra tentar entender seus dotes mentais, peita a loucura materna e desconfia das boas intenções do mocinho com cabelo igual ao do Ovelha quando este lhe convida a ir ao baile da Bates High School.

O filme discute intensamente o que nos pertence, fruto do que adquirimos conscientemente durante a vida, herdamos geneticamente e o que os outros tentam nos impingir rotulando. Por duas vezes Carrie é emporcalhada fisicamente ao tentar ser ela mesma.

O diabo são os outros!


Carrie, A Estranha - Carrie

- EUA 1976 De Brian De Palma Com Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, William Katt, Betty Buckley, Nancy Allen, John Travolta, P.J. Soles 98’ Suspense


DVD- Comercializado em três versões no Brasil. Há uma edição que só vem o trailer de bônus, uma edição “presente de grego” onde Stigmata o acompanhado e esta edição especial.

Para quem o viu como eu, a primeira e inesquecível vez na TV (TV Bandeirantes), depois o adquiri em VHS, parece estarmos assistindo a um novo filme! A imagem cristalina (com TODAS as sardas da Sissy Spacek aparentes) em widescreen, áudio 5.1 deixando a trilha sonora de Pino Donaggio ainda mais arrepiante...

Pena que o DVD saiu em 2000, primórdios da era digital, e nenhum extra venha com legendas. Há um longo documentário com todo o elenco (exceto Travolta) relembrando as filmagens, outro com making of, galeria de imagens, o espalhafatoso trailer original e muito texto em português sobre Stephen King.


Cotação:

22 de dezembro de 2008

Os Inocentes

Olha o pedigree: roteiro de Truman Capote, fotografia de Freddie Francis, estrelado por Deborah Kerr e baseado no romance A Outra Volta do Parafuso de Henry James. Essa é a receita para uma das produções psicologicamente mais aterradoras já filmadas. Um dos melhores e mais chocantes de horror não explícito. Se o que é dito e sugerido fosse mostrado, pode ter certeza de que seria insuportável de ser assistido. Muito escuro, a protagonista passa maior parte do tempo vagando pelo casarão vitoriano empunhando um castiçal, prestando atenção a qualquer ruído que possa surgir. Babá (Kerr) é contratada por milionário para cuidar de seus dois sobrinhos órfãos. Moram em uma afastada propriedade na companhia apenas dos empregados, sendo que dois deles morreram em circunstâncias suspeitas há algum tempo. Pouco a pouco, ela começará a perceber que a docilidade das crianças pode ser uma manobra para esconder terríveis segredos do passado. Como só a babá vê os mortos (assustadores!), não se chega a saber se não é ela quem levou tanto transtorno aquela casa, ou se realmente suas suspeitas estão corretas. Correto em seus contornos fantasmagóricos e múltiplas interpretações, é um camafeu gótico sem sustos fáceis, mas tão angustiante que mesmo depois de seu confuso desfecho fica-se engasgado.

Os Inocentes – The Innocents

- Inglaterra 1961 De Jack Clayton Com Deborah Kerr, Peter Wyngarde, Megs Jenkins, Michael Redgrave, Martin Stephens, Pamela Franklin, Clytie Jessop, Isla Cameron 100’ Horror


DVD- É da Fox mas poderia ser de uma distribuidora pirata qualquer. Capa tosca com a Deborah Kerr parecendo o Michael Jackson na capa do CD Invincible, menus estáticos mal feitos, fotos da contra-capa mal colorizadas, sendo que o filme é preto-e-branco, e nem trailer de extra vem!

Cotação:

4 de dezembro de 2008

Finis Homini (O Fim do Homem)

Juro que não lembrava da existência de Teresinha Sodré até ver este filme. Terezinha Sodré foi a Danielle Winits de seu tempo... Proibido pela censura de levar a diante sua trilogia do Zé do Caixão, o mestre José Mojica Marins saiu-se com esta história filosoficamente hilária de irresistível essência camp. Um cara misterioso (o próprio Mojica, quem mais?) sai completamente pelado do mar para espanto geral das pessoas com quem cruza. Claro, virará a São Paulo 70’s de cabeça pra baixo, fazendo inclusive deficientes físicos caminharem pelo susto. Alguns o acham louco, outros, bandido, e muitos outros um messias. A cada frase de efeito (involuntariamente engraçada) que diz, mais e mais fiéis vão lhe seguindo. Até os hippies liberais acreditarão estar diante do profeta máximo, enquanto que a polícia desconfia que a fama súbita tem relação com algum movimento político. Incrível como tanto improviso gerou uma produção coesa, e pra variar, é isto que coloca o cineasta como único em seu estilo no mundo. O roteiro é uma colcha de retalhos de pequenos contos o que lhe faz ser bem desigual até chegar ao (inacreditável) e desconcertante final. Interessante também o fato de que mesmo tão ingênuo mantenha uma mensagem inteligente e atual. Coisa de gênio!

Finis Homini (O Fim do Homem)

- Brasil 1971 De José Mojica Marins Com José Mojica Marins, Teresa Sodré, Roque Rodrigues, Rosângela Maldonado, Mario Lima, Andreia Bryan, Talulah Marilyn, Sabrina Marquezinha, Carlos Reichenbach, 79’ Suspense


DVD- Todos os seis filmes de Mojica lançados pela Cinemagia receberam o tratamento que nós sonhamos e eles merecem. Há uma batelada de extras distribuídos em confusos menus e submenus que devem nos proporcionar horas e horas de entretenimento. Principal destaque à faixa de comentários com o diretor, curta metragem Demônios e Maravilhas, trechos de filmes, textos, trailers, clips, áudios, história em quadrinhos digitalizada, etc.

Cotação:

27 de novembro de 2008

Lanternas Vermelhas

Acedam as lanternas na segunda casa! O filme de arte por excelência, que comprova que pra ser inteligente não precisa ser chato ou pedante. Com fotografia de deixar qualquer queixo de bom gosto caído, é engraçado e divertido como os mais vulgares dos melodramas femininos. Aliás, se vivêssemos em outras épocas, com certeza alguma Ivani Ribeiro da vida já teria chupinhado seu argumento para uma telenovela. Gong Li é uma jovem universitária que após o pai morrer casa-se com um rico senhor. Como estamos na China de 1920, o homem tem outras três esposas, todas vivendo dentro do mesmo palácio em casas diferentes. Quando ele decide com quem quer passar a noite, ordena que acedam as lanternas na porta da sortuda. Como símbolo de ascensão social, não há o que elas não façam pela honraria. E a mais boazinha ali deve ter vendido a alma ao diabo para preservar a “cara de Buda e rabo de escorpião”. Naquele antro de perfídias sem fim, compartilhamos a angustia da protagonista ao pisar em ovos sem saber em quem confiar. A terceira esposa, cantora lírica, talvez seja a de visão menos estreita por enxergar que na vida tudo é teatro, dependendo de como é a sua atuação você viverá melhor ou pior. Dividido em quatro atos, acompanhando as estações do ano, a fotografia (espetacular) assume as tonalidades condizentes com as emoções desenroladas.

Lanternas Vermelhas – Da hong deng long gao gao gua (Raise the Red Lantern)

- China 1991 De Zhang Yimou Com Li Gong, Caifei He, Cuifen Cao, Jingwu Ma, Qi Zhao, Lin Kong, Jin Shuyuan, Weimin Ding, Cao Zhengyin, Zhihgang Cui 125’ Drama


DVD- Para quem não o assistiu no cinema quando foi lançado, é a oportunidade de finalmente poder contemplar a fotografia na íntegra, com seu escopo original adaptado à medida 4x3. Mas a copiagem foi feita pela Spectra Nova a partir de negativos 35 mm sem passar por nenhuma restauração! A imagem está desbotada e cheia de rabiscos parecendo que estamos diante de Planet Terror. Até as “queimaduras de cigarro” no canto da tela a cada 11 minutos para o projecionista saber a hora de trocar de rolo aparecem. Os extras são apenas textos curtos.

Cotação:

26 de novembro de 2008

Interlúdio

Hitchcock tão seguro que parece sapatear como bem entende sobre o que de melhor sabe fazer na vida. Qualquer lógica é subvertida para que o mote principal (de que nada, absolutamente nada, pode abalar o amor) seja preservado até os enervantes minutos finais. Ingrid Bergman faz a desamparada alemã naturalizada norte-americana que se apaixona perdidamente por agente do governo (Cary Grant), embora seu pai esteja preso sob a acusação de nazismo. Ela aceita passar para o lado do Tio Sam ao embarcar rumo ao Rio de Janeiro em missão secreta. O que parecia ser um conto de fadas tropical não demorará a desembocar em terrível pesadelo com Nazistas organizadíssimos (chefiados por Claude Rains, em outra interpretação memorável) em busca de minérios brasileiros. Os pombinhos entrarão numa arapuca política/sexual que tão importante quanto saírem com vida será tentar manter os sentimentos ilesos. Bergman, soberba transitando num cenário carioca kitsch de mentirinha, age constantemente entre a razão e a emoção num jogo do mais profundo e complexo suspense. Com total domínio técnico, o diretor não abre mão do que chamou de “Mac Guffin”, o que traduzindo, seria mais ou menos como os meios narrativos justificando os fins, pouco importando a veracidade. O resultado é tão bem engendrado, dirigido com maestria inigualável, que não há do que reclamar. Poucos filmes do mestre têm uma sucessão de grandes seqüências quanto Interlúdio. Imprescindível.

Interlúdio – Notorious

- EUA 1946 De Alfred Hitchcock Com Cary Grant, Ingrid Bergman, Claude Rains, Louis Calhern, Leopoldine Konstantin, Wally Brown 101’ Suspense


DVD- A qualidade padrão da Continental tanto em áudio, imagem e extras. Biografias básicas e irrisória galeria de imagens como bônus.

Cotação:

25 de novembro de 2008

Até Que Enfim é Sexta-Feira

Pelo menos é honesto. Equivale a uma noitada em discoteca: Se tivermos a sorte de não levar uma garrafada na cabeça qualquer entretenimento é lucro! Diversão supérflua, que não muda a vida de ninguém, e provavelmente será esquecida na próxima balada. Feito na cola evidente de Os Embalos de Sábado à Noite, apontado por ter reacendido a febre das discotecas, é quase um aprimoramento, não necessariamente positivo. Devem ter achado que se a história do antecessor embolava as cenas de dança, pra quê história? Meia dúzia de personagens vivem cada qual seu draminha durante uma noite na boate Zoo. E dá-lhe todos os exageros e cafonices que a época sugeria! Tão anos 70 que até no logo da Columbia a mocinha que segura a tocha cai no ritmo da Disco Music. Entre os personagens, impossível deixar de comentar a diva Donna Summer fazendo a coitadinha que chega a implorar uma chance ao DJ para cantar. Hilária pobrezinha, hilária glamorosa parecendo a Maria Bethania de peruca longa e flor na cabeça cantando Last Dance. O hit, um entre tantos da trilha sonora contagiante, composto e escrito por Paul Jabara (ator presente no filme) papou o Oscar de Melhor Canção daquele ano, batendo inclusive o de Grease. No mais, The Comodors, ainda com Lionel Ritchie em sua formação, anima o grande concurso de dança final que a gente sabe quem vai ganhar desde o comecinho.

Até Que Enfim é Sexta-feira – Thank God It's Friday

- EUA 1978 De Robert Klane Com Donna Summer, Chick Vennera, Valerie Landsburg, Terri Nunn, Ray Vitte, Jeff Goldblum, Debra Winger, Paul Jabara 89’ Musical


DVD- Oh! O pior que eu já vi entre os distribuídos por grandes estúdios, no caso a Columbia. O menu (tem um só!) é padronizado tipo aqueles que acompanham o Nero, e é a partir dele que se escolhe ver o filme, áudio e legendas. Não há nem acesso aos capítulos. Oinc! Oinc!

Cotação:

14 de novembro de 2008

O Pássaro Azul

Este ícone da Sessão da Tarde 80’s ainda é um espetáculo vivo mais graças à nostalgia do que a algum predicado cinematográfico. Agora que já estamos adultos, é inegável que não passa de cópia mal ajambrada de O Mágico de Oz. Começa igualmente em preto e branco e quando Shirley Temple parte em busca do tal pássaro azul, desgostosa de sua vidinha pobre de marré, tudo fica em berrante Technicolor. Tão pobre quanto a personagem é a produção da Fox, bem distante do mega sucesso da Metro do ano anterior. Vai ver que a culpa dos cenários visivelmente pintados, figurinos mal elaborados, etc. foi da correria. A loirinha, ainda a principal estrelinha do estúdio, não foi Dorothy porque dizem as más línguas não cantava como Judy Garland, nem os produtores aceitaram emprestá-la para a concorrência. Como consolação fizeram este sub Mágico de Oz. Isso era prática na época, assim como a Warner deu Jezebel a Bette Davis depois dela ter perdido Scarlet Ohara em ...E O Vento Levou. Considerada a maior galinha dos ovos de ouro da Fox antes de Marilyn Monroe, Temple, que já estava bem grandinha, ainda teve o azar de viver o papel de uma menina mal educada com uma lição engrandecedora a ser aprendida no final. Tal mistura foi veneno puro para as platéias esperando pela gorduchinha fofa com cachos dourados de outrora. Acabou entrando pra história como o primeiro fracasso da pequena. Quem via na TV vai se divertir, mas de forma alguma deve agradar à criançada de hoje.

O Pássaro Azul – The Blue Bird

- EUA 1940 De Walter Lang Com Shirley Temple, Spring Byington, Nigel Bruce, Gale Sondergaard, Eddie Collins, Sybil Jason, Jessie Ralph, Johnny Russell 88’Aventura


Cotação:

11 de novembro de 2008

Vamp – A Noite dos Vampiros

A primeira surpresa é que o nome não se trata de picaretagem dos distribuidores brasileiros pra lucrar em cima da telenovela homônima. O filme de 1986 realmente se chama Vamp, e foi comercializado em VHS em 1991 junto ao sucesso dos vampiros da TV Globo. A outra surpresa é que embora tudo indique o contrário, é muito bacaninha valendo o baixo custo da aquisição! O humor e horror estão bem dosados, com alguns sustos eficazes. Fazendo uso do mote dos inferninhos dominados por sugadores de sangue (como Um Drink no Inferno de Robert Rodriguez, que continua inédito em DVD no Brasil), três adolescentes em busca de aceitação entre os populares da faculdade partem para a cidade grande para contratar stripers que topem animar a festa da galera. E é isso, com praticamente toda a ação se passando economicamente naquele espaço, ótima desculpa para algumas garotas de pouca roupa dar o ar da graça. Furos no roteiro, com saídas fáceis em certos momentos não deve ser algo a se reclamar pra quem não esperava nada. Lógico que a presença forte da pop star jamaicana Grace Jones como a rainha de todos os vampiros é um interesse a mais na produção. Ela entra muda e sai calada no sentido real da expressão, usando figurinos tão extravagantes quando engraçados ou constrangedores. No elenco ainda Dedee Pfeifer, a irmã mais sem graça da Michelle.

Vamp – A Noite dos Vampiros – Vamp

- EUA 1986 De Richard Wenk Com Grace Jones, Robert Rusler, Dedee Pfeiffer, Chris Makepeace, Brad Logan, Gedde Watanabe 93’ Horror


DVD - Como aqui não foi lançado em sua época, será graças ao DVD que este filme se consagrará entre os amantes de filmes B. Até porque, a editora NBO primeiro o distribuiu em bancas de revista e agora pode ser achado em grandes hipermercados custando uma ninharia. A imagem está ótima, com o escopo original preservado de forma anamórfica. Há apenas texto como extra ao contrário da edição americana (onde é Cult) que inclue faixa de comentários com os envolvidos no projeto.

Cotação:

8 de novembro de 2008

O Imperador e o Rouxinol

A graça principal no stop motion (técnica clássica que consiste em animar quadro a quadro objetos), é que absolutamente tudo que vemos na tela é artesanal. Quem tem por base obras recentes como O Estranho Mundo de Jack ou A Noiva Cadáver, dirigidos ou produzidos por Tim Burton num nível técnico que pode fazer algum desavisado acreditar estar diante de computação gráfica, irá se decepcionar com O Imperador e o Rouxinol. Essa produção tcheca, com quase 60 anos, é experimental, sendo que os personagens não possuem expressões faciais com movimento. De forma inteligente, tem em sua abertura atores de verdade para depois chegar à animação. Um garotinho muito rico e aborrecido por não poder brincar à vontade na rua, ao pegar no sono febril sonha com o imperador chinês do conto de Hans Christian Andersen. Dessa forma, justifica-se que objetos, cenários e personagens remetam a elementos vistos antes no quarto do menino. E o mérito de Jirí Trnka é conseguir nos entreter por mais de uma hora de um jeito tão poético e singular acima de qualquer limitação técnica. Consegue nos remeter diretamente à infância, quando brincávamos entre toalhinhas de crochê com action figuras e caixinhas de papelão fingindo serem prédios gigantes. Mágico e sensível como só a arte bruta, depois destes anos ganhou um interessante paralelo entre o pequeno imperador que troca o rouxinol de carne e osso pelo mecânico de canto repetitivo com o trabalho de Trnka e o que tem sido feito e apresentado para as crianças de agora.

O Imperador e o Rouxinol – Cisaruv slavík (The Emperor's Nightingale)

- Tchecoslováquia 1949 De Jirí Trnka e Milos Makovec Com Jaromir Sobotoa, Helena Patockova, Detsky pevecky sbor Jana Kuhna, Boris Karloff (narração) 72’ Animação/Drama


DVD - Distribuído pela Continental, esta pérola da animação mundial de difícil apelo comercial, preserva a narração americana com Boris Karloff e não incluiu versão dublada em português, o que afugenta possíveis espectadores infantis. A imagem está bem ruim, escura, mas a boa notícia é que possui a metragem original de 72 minutos, e não a americana de 55. Como bônus, 4 curtas muito bons da equipe de Trnka e longo material em texto sobre a animação stop motion.

Cotação:

5 de novembro de 2008

Planeta Terror

Faz tempo que Robert Rodrigues superou o rótulo de malucão criativo de plantão em Hollywood. Seus filmes recentes (para quem entrar na brincadeira!) continuam a ser tresloucados passatempos de uma mente transbordando de criatividade, mas também obras inteligentes, divertidas e bem acabadas. Quando pouco, valem como uma volta numa roda gigante, podem não adicionar absolutamente nada, mas o tempo gasto com elas nos fez esquecer em que mundo se vive. Não é o caso deste Planeta Terror, onde (se descontarmos Sin City, que partia de uma idéia não original) o diretor entrega sua melhor produção, não só como entretenimento de primeira linha, mas de substancia artística muito acima da média. Criado como segmento no projeto Grindhouse ( a parte de Tarantino continua inédita comercialmente no Brasil), e lançado separadamente nos outros países, o roteiro expõe um desfile de personagens tão bizarros quanto ricos sem perder a conectividade. Lamenta-se que a casca de porcaria pop consciente e fresca não é absorvida pela inteligência mediana que sempre leva tudo tão a sério, o que explica o assustador fracasso financeiro do projeto. Se tivesse conseguido nas bilheterias o que merece, dava pra torcer por continuações, ou qualquer subproduto que explorasse este universo. Parece que pelo menos o trailer fake que o abre, Machete, será transformado em filme mesmo. Muito fresco e inspirador, já nasce Cult. Aquele tipo raro que se assiste infinitas vezes na vida e ao ouvir a feliz trilha sonora (também de Rodriguez) vai se imaginando a que cena pertence. Se há um porém, os rabiscos da imagem para reproduzir uma velha película de zumbi não funcionam da mesma forma em DVD como na sala de cinema, porque duvidosamente algum filme sairia digitalmente com tantas falhas.

Planeta Terror – Planet Terror

- EUA 2007 De Robert Rodriguez Com Rose McGowan, Freddy Rodríguez, Josh Brolin, Marley Shelton, Jeff Fahey, Michael Biehn, Bruce Willis, Stacy Ferguson, Hung Nguyen 105’ Horror


DVD - Bons tempos aqueles da Columbia em que Robert Rodriguez cuidava de seus lançamentos digitais os entupindo de extras. A Europa o está comercializando com uma roupinha de gala, duplo coisa e tal, mas seu miolo é bem pobrinho. Não indica por exemplo se é a versão exibida nos cinemas ou a X-rated comercializada em DVD nos EUA. Aliás, não indica a duração na embalagem. A arte da luvinha de papelão reproduzindo o estilo de pôster antigo já utilizado pelo material promocional está bonita, mas seus extras são só algumas entrevistas curtas e picadas, making of sem edição , trailers e texto. Como outros da distribuidora, vem com versão mp4 pra se assistir em mídias portáteis como se isso fosse grande coisa. O único diferencial bacana é o teaser brasileiro, item que raramente DVDs trazem.

Cotação:

30 de outubro de 2008

A Cidade dos Amaldiçoados (1995)

Refilmagem inútil número 4.876. Isso porque, o original de 1960 continua ótimo, empolgante de suspense discreto e eficaz. Feito em 1995 pelo irregular John Carpenter, a pista mais óbvia de sua existência desnecessária são os figurinos de Kirstie Alley. O personagem não presente no original se veste com uma capa de chuva mesmo num visível calor. A médica cética não passa da vontade de tirar casquinha em cima do sucesso do seriado Arquivo X, grande sucesso do inicio dos anos 90, sendo que é absolutamente mal aproveitada. Daria pra cortá-la na edição que não faria diferença alguma. O que era sugerido, tornou-se uma sucessão de sustos fáceis, daqueles em que a música faz um “bam!” e não têm conexão alguma com a história. Tudo é tão mastigado e claro que até evidenciaram a origem das criancinhas, que aliás, muito mal selecionadas. Mesmo a aparência delas, todas loirinhas (referência à guerra fria) foi mudado para um platinado ridículo, ignorando que a outra produção era preto e branco. O argumento é idêntico, mas a forma com que ele foi conduzido é que são elas! Uma neblina (!!!) invade pequena cidade fazendo seus habitantes adormecerem. Alguns meses depois todas as mulheres (umas 9!) ficam grávidas, etc., etc. E não é que entre os pequenos agora há um bonzinho? Nem do final com gancho para uma seqüência (que jamais aconteceu) foi esquecido. Pra piorar a zica, é o último trabalho de Christopher Reeve antes do acidente que o deixaria tetraplégico.

A Cidade dos Amaldiçoados - Village of the Damned

- EUA 1995 De John Carpenter Com Christopher Reeve, Kirstie Alley, Linda Kozlowski, Michael Paré, Mark Hamill, Meredith Salenger, Pippa Pearthree, Cody Dorkin 99’ Horror/Ficção Científica


DVD - Bem antigo, quando a Universal tentou padronizar os ícones de navegação em seus discos. Pelo menos tem o trailer como extra, além de algum texto em inglês.

Cotação:

24 de outubro de 2008

Os Garotos Perdidos

É evidente que se tornou muito melhor com o passar dos anos graças à nostalgia. Mas agregar seus valores apenas a isso é esnobar de forma ranheta uma das mais competentes atualizações do mito “vampiro”. Como o filme parte da chegada de uma jovem senhora desquitada (Dianne Wiest sempre como Dianne Wiest) e seus dois filhos a uma pequena cidade, a história é contada pelo ponto de vista do menor, o galã pré-adolescente Corey Haim. Essa fase da vida já é dificílima, cheia de auto-afirmações (note o poster de Rob Lowe seminu na parede de seu quarto), imagine tendo que se mudar da para um lugar onde o Judas perdeu as botas e sem TV? Para todo garoto os um pouco mais velhos são sempre guardiões de segredos, donos de um universo próprio, possuidores de um poder que ele também ambiciona conquistar algum dia. Parece inteligente rimar isso com vampiros motociclistas, maloqueiros que devoram tudo o que os incomoda. Visualmente está datado, tanto cinematograficamente quanto no aspecto dos personagens. Há uma urgência de parecer MTV que nos diz pouquíssimo agora,além de ser engraçado. O que se mantém em pé são o ritmo, humor e uma ótima utilização da trilha sonora. Joel Schumacher dirigindo, quando obedece direitinho aos produtores, sabe deixar tudo nos trilhos de forma limpa. De carreira super irregular, aparenta ser basicamente um funcionário de uma indústria do que artista.

Os Garotos Perdidos – The Lost Boys

- EUA 1987 De Joel Schumacher Com Jason Patric, Corey Haim, Dianne Wiest, Barnard Hughes, Edward Herrmann, Kiefer Sutherland, Jami Gertz, Corey Feldman, 97’ Horror


DVD - É aquela edição que vendeu feito água em DVD o que aguçou a cobiça da Warner em produzir tardia seqüencia. Duplo, nem tem seus extras tão espetaculares quanto parecia. Há várias entrevistas curtas, documentário também curto sobre a maquiagem, o trio adolescente central comentando algumas cenas, clip que lamentavelmente não é a da música que mais toca no filme e o trailer. A faixa de comentários do diretor, como é de costume na distribuidora, não está legendada em português.

Cotação:

23 de outubro de 2008

Criatura Sangrenta

Este “A Ilha de Dr. Moreau” classe Z cumpre o que promete: diversão barata ininterrupta e cômica involuntariamente. O atrativo principal, alardeado no trailer, é que uma campainha soaria nas cenas mais fortes para que a platéia pudesse fechar os olhos! O elenco igualmente pobre e decadente é encabeçado por Greta Thyssen, miss Dinamarca 1951, que embarcou para Hollywood alguns anos depois para tentar seguir os passos de Marilyn Monroe. O máximo da estrela da Fox que chegou foi numa ponta não creditada em Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956). Mesmo assim, conseguiu popularidade em revistas de celebridades até encontrar seu espaço nas produções B assim como Jayne Mansfield e Mamie Van Doren, entre inúmeras outras sub Monroes. Em Criatura Sangrenta faz a mulher do cientista louco que arde de desejo enquanto o marido só pensa em “brincar de Deus”. Trancafiada numa ilha para os experimentos secretos de mesclar animais e humanos sejam feitos, vê sua chance de alívio sexual chegar junto a um galã naufrago. Como a certa altura todos os nativos abandonam a ilha, economiza-se até com elenco, sobrando pouquíssima gente para o monstro atacar, embora muito mais monstro seja o cientista louco, com sua ambição desenfreada. Produto típico de grindhouses e drive-ins, a imagem caindo aos pedaços é um charme a mais. Parece que foi editado na tesoura com as cenas coladas com fita adesiva. Sempre que aparece a “queimadura de cigarro” no canto da tela, sinal para o projetor trocar os rolos, a imagem dá um salto gigantesco de tempo, perdendo muitos frames.

Criatura Sangrenta – Blood Creature (Terror is a Man)

- EUA/Filipinas 1959 De Gerardo de Leon Com Francis Lederer, Greta Thyssen, Oscar Keesee, Lilia Duran, Peyton Keesee, Flory Carlos 89’ Horror


DVD - Esta belezinha trash, provavelmente com direitos autorais vencidos, foi comercializada no Brasil na série Sessão da Meia Noite, da Fantasy Music. Junto vem outra pérola, O Lobisomem no Quarto das Garotas, ideal para se fazer um “Double Feature” caseiro. A imagem não está nada restaurada, cheia de riscos e pulos de frames, o que, neste caso, só agrega simpatia. Antes de o filme começar há um anúncio pomposo de drive-in anunciando as próximas atrações. Está presente o trailer das duas películas, além de O Círculo do Diabo (The Devil's Hand), distribuído aqui pela London (WorksDVD).

Cotação:

16 de outubro de 2008

Topkapi

A coisa mais engraçada desta comédia (pouco engraçada) é Melina Mercouri como a larapia ninfomaníaca suspirando pra qualquer mancebo desprevenido. Bem levezinho, pertence ao subgênero comum na época de grupo de ladrões metidos a espertos que têm plano mirabolante a colocar em prática, no caso, roubar valiosa jóia pertencente ao museu de Topkapi, na Turquia. Pesa contra, além do humor mediterrâneo ímpar, as infinitas seqüências onde se discute o tal plano. O elenco internacional passeia livremente por vários países em locações ensolaradas e belas, o que também exige a mínima localização geográfica de quem o assiste. Fora isso poderia ser uma comédia do Black Edwards sem o mesmo jogo de cintura, mas cheio do colorido espírito 60’s. Seus momentos finais são espetaculares minutos de suspense similares à famosa cena dirigida por Brian de Palma no primeiro Missão Impossível. Peter Ustinov fazendo o paspalho que entre pro bando sem saber ao certo do que se trata, acabou valendo-lhe o Oscar de Ator daquele ano. Nos extras de Spartacus ele aparece em entrevista recente contando sobre as incríveis coincidências envolvendo o número 13 que o fizeram ter certeza de que seria o premiado da noite embora não fosse o favorito.

Topkapi

- EUA 1964 De Jules Dassin Com Melina Mercouri, Peter Ustinov, Maximilian Schell, Robert Morley, Jess Hahn, Gilles Ségal, Akim Tamiroff 119’ Comédia


DVD - Edição boa da New Line Home Video, respeitando o estilo do filme nos menus animados e na arte da capa. Como extras, incluíram o trailer e biografias em texto incluindo o da atriz grega Mercouri, que se dedicaria à política em seu país de origem .

Cotação:

11 de outubro de 2008

King Kong Vs Godzilla

Foi o evento do ano sem dúvida! O confronto dos monstros gigantes mais famosos de todos os tempos e ainda por cima ambos pela primeira vez em cores. Como King Kong era bem mais popular no Japão do que o conterrâneo Godzilla, os personagens evidenciam uma torcida por ele, mas a gente acha os dois uma graça e torce para que nenhum saia muito ferido. Por incrível que pareça, a idéia deste crossover surgiu de um produtor americano que tendo seu projeto “King Kong Vs Frankenstein” recusado pelos estúdios de Hollywood foi bater na porta dos japoneses da Toho. Embora os créditos iniciais indiquem que o macaco está sob autorização da RKO, há substanciais mudanças com o que conhecemos no clássico de 31. A começar, lógico, pela troca do bonequinho em stop motion por um homem numa fantasia ridícula. A técnica é usada apenas nos closes, sendo que a figura original aparece nas fotos do departamento de divulgação enfrentando Godzilla em tosca montagem. Ele também não vivia mais na Ilha da Caveira, mas numa outra onde japoneses da raça negra dançam coreografias fáceis. É levado à civilização graças a um ambicioso e atrapalhado empresário do ramo farmacológico e pra não ficar tão em desvantagem com o lagartão que cospe fogo, King Kong fica super forte ao entrar em contato com a rede elétrica, ou levar raios na cabeça... Com carinhos de brinquedo, navios, etc. fingindo ser de verdade, e as sempre engraçadas cenas de multidões em pânico garantem a diversão. Lamentável que estes filmes só chegam até o ocidente com dublagem em inglês e a adição de atores americanos, mas em meio ao samba do criolo doido do roteiro, o que há pra reclamar? Talvez do broxante final do embate...

King Kong Vs Godzilla – Kingu Kongu tai Gojira

- Japão/EUA 1962 De Ishirô Honda Com Tadao Takashima, Kenji Sahara, Yu Fujiki, Ichirô Arishima, Jun Tazaki, Akihiko Hirata, Mie Hama, Akiko Wakabayashi, Akemi Negishi, Senshô Matsumoto, Senkichi Omura 91’ Ação


Cotação:

10 de outubro de 2008

Mortos que Matam

Primeira versão do texto de Richard Matheson, que geraria outros dois filmes sendo o mais recente Eu Sou A Lenda com Will Smith, revela-se bem à frente de seu tempo. O IMDB, conta que o projeto original foi criado para a Hammer Films, mas como a censura inglesa o recusou, teve que ser filmado na Itália. Estrelado pelo grande Vincent Price, em silêncio por longos minutos, tem alguma violência explícita e um final nada feliz. Seus zumbis de hábitos noturnos atacam com fúria alguns anos antes dos de Romero no filme que mudaria o rumo do gênero horror para sempre. Aqui, também surgem por um inexplicável vírus, com as vítimas estranhamente cegas antes de se transformarem em mortos-vivos. Apenas um cientista incrédulo sobrevive, e por mais de três anos cria a rotina num cenário apocalíptico, tentando contato com outros possíveis sobreviventes, construindo réstias de alho protetoras e, claro, acabando com os mortos vivos enquanto é de dia. Durante um flashback conhecemos sua história, com a família adorável sendo destruída pela doença junto com a sociedade mundial. Qualquer informação a mais pode estragar as inúmeras surpresas do roteiro muito inventivo filmado com capricho. Mesmo quem viu a versão recente pode esperar um desenrolar diferente e camadas mais profundas do que se vê numa simples produção B. Price, como de costume, parece se divertir (literalmente) horrores enquanto trabalha.

Mortos que Matam – L´Ultimo uomo della terra (The Last Man on Earth)

- Itália 1964 De Ubaldo Ragona Com Vincent Price, Franca Bettoia, Emma Danieli, Giacomo RossiStuart, Umberto Raho, Christi Courtland, Antonio Corevi, Ettore Ribotta 86’ Horror


DVD- Com direitos autorais vencidos, pode ser baixado legalmente em sites que disponibilizam filmes nas mesmas condições. A Media Group o comercializou de forma bastante amadora, com a arte da capa muito feita, impressa em impressora caseira, visivelmente cortada com tesoura. O selo do disco está escrito Mortos que Matam e A Casa dos Maus Espíritos, num erro básico de atenção. Os extras são um monte de texto sem sentido algum, trailers feitos por eles de outros lançamentos e vários do diretor Willian Castle, sendo que ele não tem absolutamente nada a ver com o filme.

Cotação:

3 de outubro de 2008

Lágrimas Amargas

Dramalhão tão cafona quanto irresistível sobre atriz de Hollywood decadente. Pela época dá pra apostar que foi produzido (com poucos recursos) no embalo de Crepúsculo dos Deuses, mas claro, sem um terço da acidez de Billy Wilder. Grande dama de Hollywood, Bette Davis parece estar deslocada contracenando com atores muito abaixo de seu talento, fotografada com granulação excessiva e inúmeras cenas em locação. Pelo menos no primeiro item tentaram disfarçar com a maioria de suas falas interpretadas diretamente para a câmera. Por muito tempo acreditou-se erroneamente que estava em situação difícil quando aceitou o papel tal e qual Gloria Swanson no de Wilder. Teoria facilmente descartada, já que dois anos antes tinha concorrido ao Oscar com A Malvada, feito repetido nesta fita quando chegou à histórica 10ª indicação. Falando na academia, Davis aparece com seu próprio troféu, ganho por Jezebel, na seqüência em que dirige bêbada pelas ruas preferidas dos ricos e famosos de Hollywood. Este momento de desespero, após cortar relações com seus familiares sanguessugas, ser ameaçada de despejo e praticamente perder a guarda da filha e mesmo assim agarrar seu Oscar e ir encher a cara merece estar em qualquer antologia do que de mais kitsch o cinema mostrou. O próprio filme tem várias outras que rivalizam com isto, como a grande diva vendendo calcinhas, ou péssima durante teste para um papel pequeno. E sobrevive a tudo! Seu talento, que lhe coloca no patamar de uma das maiores atrizes de todos os tempos, está evidente na emocionante festa dos ricaços, onde se vê em seus grandes olhos o quanto está deslocada em meio àquele luxo que não lhe diz mais respeito.

Lágrimas Amargas - The Star

- EUA 1952 De Stuart Heisler Com Bette Davis, Sterling Hayden, Natalie Wood, Warner Anderson, Minor Watson, June Travis, Barbara Lawrence, Fay Baker 102’ Drama


DVD- Não dá pra entender a lógica para “The Star” ter ganhado o título “Lágrimas Amargas” no Brasil, mas enfim... Ironicamente é distribuído agora pela Warner, “casa” original de Davis, mas já de relações cortadas quando o filme foi produzido de forma independente. O material bônus é o trailer espalhafatoso original e um documentário de 6 minutos com historiadores desmentindo que a personagem refletia a situação real da atriz. Aparece uma biógrafa apontando semelhanças bem maiores com a vida de Joan Crawford naquele momento, não por acaso, a arquiinimiga de Bette Davis.

Cotação:

23 de setembro de 2008

Blacula

Com a blaxploitation a todo vapor, tomando partido da busca por uma identidade negra no fim dos anos 60, inicio dos 70, não houve gênero que escapasse de seus tentáculos. Embora muito mais afeita aos filmes de gangues, o horror teve com este Blacula o exemplar mais iconográfico e cult. Só o título já soa risível pelo absurdo da idéia de converter um personagem da literatura conhecidamente branco, vindo dos Cárpatos, para a raça negra. A trama, bem simples, começa realmente como um filme de terror, mas o desenrolar acaba ganhando contornos de policial pé de chinelo bem previsível. Em 1800 e qualquer coisa, príncipe africano vai com a esposa até a Transilvânia pedir ao Conde Drácula que pare com o comércio de escravos. “Para nossa surpresa”, ele é mordido, e sua esposa deixada à míngua. Corte rápido, vamos para a atualidade, ou seja, início dos 70, quando casal inter-racial de decoradores bichas compra um caixão sem saber que contem Blacula. Desperto, claro que o Conde africano achará sua esposa reencarnada, enquanto vai mordendo muitos pescoços ao som da soul music. Paralelamente, detetive tenta desvendar porque cadáveres estão voltando à vida, a começar pelo gay Black Power do começo, que mesmo morto freqüenta os bas-fonds à caça de sangue másculo. De produção miserável, a primeira mostra do que nos aguarda está no séquito de Drácula usando dentaduras daquelas que vendem em banca de revistas e perucas de ráfia brilhante. Diferente do que se está a costumado a ver nos vampiros, Blacula quando vai atacar muda de aparência, com mono celha e costeletas avantajadas, mas fora isso, todo o resto foi preservado. De charme trash irresistível, sua metragem é bem curta, o que garante diversão sem qualquer aborrecimento.

Blacula

- EUA 1972 De William Crain Com William Marshall, Vonetta McGee, Denise Nicholas, Thalmus Rasulala, Gordon Pinsent, Emily Yancy, Lance Taylor Sr., Ted Harris, Elisha Cook Jr. 93’ Horror


Cotação:

11 de setembro de 2008

As 7 Faces do Dr. Lao

Voltar a esse filme depois de tanto tempo é como se deparar com as mais misteriosas e profundas crenças infantis. Tentando desvencilhar qualquer saudosismo, a produção se mantém válida e saborosa para todas as idades. Até porque, os valores defendidos por ela não vão morrer nunca, nem o encanto de crianças por mitológicas criaturas executadas com capricho técnico. Velho chinês chega com seu circo mágico a Abalone, pequena e nada próspera cidade do velho oeste. Ela será extinta graças a um soberbo homem que quer comprar as casinhas de todos, convencendo o povo mesquinho de que aquele lugar não vale nada! No circo do Dr. Lao descobrirão que a abundância chegará sim, além de ganharem lições de moral com cada uma das figuras bizarras. Tremendo fracasso de bilheteria em seu lançamento, cozinhou a carreira do diretor, embora a atriz Barbara Eden fosse consagrada logo depois na série Jeannie, É Um Gênio. As 7 Faces do Dr. Lao é uma daquelas produções que se tornaram clássicas na posteridade devido às constantes reprises na TV. Gerações inteiras aprenderam a amá-lo, assim como A Fantástica Fábrica de Chocolate, Fúria de Titãs, O Pássaro Azul entre tantos outros. Tony Randall, muito popular na época, tem desempenho fenomenal fazendo seis papéis com ajuda de maquiagem. Mereceu o único Oscar do filme, especial de melhor maquiagem, já que tal categoria ainda não existia. Curioso como quando Randall envelheceu de verdade ficou muito parecido com o adivinho cego Apollonius de Tyana, interpretado quando tinha 44 anos. O mundo realmente é um circo...

As 7 Faces do Dr. Lao – 7 Faces of Dr. Lao

- EUA 1964 De George Pal Com Tony Randall, Barbara Eden, Arthur O'Connell, John Ericson, Noah Beery Jr., Peggy Rea, John Doucette 100’ Comédia/Fantasia


Cotação: