28 de março de 2008

300

Nem precisava ser grande conhecedor das regras cinematográficas para sacar que uma adaptação da graphic novel de Frank Miller, primando pela fidelidade, não seria aquele estrondo nas bilheterias. Principalmente porque, quem leu os quadrinhos viu que é uma brilhante forma de contar um fato histórico e lendário, verdadeira obra de arte, mas de estrutura narrativa frágil. Apoiasse em um acontecimento, dando a desconfortável sensação na outra mídia de só existir meio e fim da trama, que, aliás, todo mundo sabe qual é! O apelo visual também não surpreende desde Capitão Sky e o Mundo do Amanhã, ou o mais feliz Sin City. Claro que como cinema cumpre seu papel de forma empolgante e honesta, nos faz crer naquilo tudo, mesmo quando se estende em intermináveis diálogos que entrecortam fantásticas (e igualmente intermináveis) seqüências de batalha. Ironicamente coube a um diretor destacado graças a um filme de zumbi (se saiu lindamente da delicada tarefa de revitalizar o clássico Madrugada dos Mortos), para mais este fôlego ao eternamente moribundo subgênero que são os grandes épicos. Os chamados pejorativamente “Espada e Sandália”. E não há dúvidas que gênios do passado consagrados no estilo, como Cecil B. Demille, não abririam mão de toda a tecnologia vista em 300 a fim de dar vida às mais grandiloqüentes idéias. Falando em “Espada e Sandália”, causou certo barulho desnecessário ser isto praticamente as únicas vestes dos marombados espartanos, para alegria de uns e desespero de alguns outros mal resolvidos. Valeria citar Mario Quintana, para quem um corpo bonito pertence aos olhos do mundo! Há também o quase deslize de confiar um papel pequeno, mas importante a Rodrigo Santoro, o imperador Xerxes. É bacana ver um brasileiro sendo o principal vilão numa produção classe A, mas ufanismos à parte, ainda tem uma interpretação crua. Parece bruxo malvado saído de alguma peça de Maria Clara Machado. Sua voz exageradamente alterada também não ajudou. Os créditos finais são uma maravilha, fazendo um elo perfeito com as raízes do projeto, os quadrinhos. Mereciam estar no inicio.

300 – 300

- EUA 2006 De Zack Snyder Com Gerard Butler, Lena Headey, Rodrigo Santoro, David Wenham, Dominic West, Vincent Regan, Andrew Tiernan 116’ Ação/Aventura


DVD - Totalmente legendado, até a faixa de comentários do diretor no primeiro disco (que confirma realmente ser a voz de Santoro alterada). O segundo vem com vários documentários interessantes, o principal deles traçando paralelos entre filme, quadrinhos, história e lenda através da ajuda de historiadores e os envolvidos em 300. Outro leva em conta a obra de Frank Miller, um dos idealizadores da estética e narrativa empregada na cultura pop de nossa geração. Fato que nos faz lamentar jamais ter sido lançada uma edição dupla de Sin City, que venha com algo mais que um miserável making of curtíssimo. Sobre o de Snyder, mesmo não tendo recursos avançados, ou não ter sido pensado como produto à parte, conseguiu inovar a quase sempre sem graça galeria de fotos. Em “Colocando 300 em Fotos” temos um vídeo com algumas centenas de imagens rapidíssimas. Legal pra pausar e assistir quadro a quadro. Coisa que o coloca como um dos poucos a dar função concreta a tal recurso do nosso DVD Player. Embora canse o dedão.

Cotação:

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