30 de junho de 2008

Wall-E

Não é todo dia que se vai ao cinema e se depara com um clássico. Um filme que se tem a certeza de que será querido por gerações e gerações. E nem por isso, ou talvez por isso, deixou de seguir caminhos arriscados principalmente em sua estrutura. Atitude cada vez mais condenada pelos engravatados de Hollywood nestes tempos de refilmagens, adaptações caretinhas de quadrinhos pra nerd bater palma e quaisquer outras favas contadas. Adulto e profundo a ponto de nos fazer continuar com ele na cabeça horas depois, infantil e divertido a ponto de a maioria das (muitas!) crianças presentes na sala ficarem caladinhas até o fim. Esse domínio da platéia, muito comum entre grandes atores do teatro, demonstra o quanto os roteiros da Pixar estão cada vez mais apurados. Wall-E é um pequeno robô, o último da sua espécie, que sobrevive na Terra a fim de limpar todo o lixo existente. Todos os humanos estão em órbita, por séculos, esperando o dia em que tudo voltará a ser um prado verdejante. A maquininha vive aqui relativamente só, embora seu relacionamento com uma barata faça seus dias menos vazios. Outra distração é uma velha fita VHS do musical Hello Dolly!, que como em muitos filmes de nossas vidas, lhe será bastante útil futuramente. Num belo dia, chegará outro robô, moderníssimo, vasculhando cada centímetro do velho planeta, e não se sabe se por suas formas arredondadas, ou pela esperança do fim da solidão, Wall-E cairá de amores por ele, sem deixar de ser incrivelmente útil em sua pequeneza. Parece um filme comum? Espere para ver o que ainda virá, com maquinas conspirando, humanos entregues aos prazeres digitais, vilões mal definidos numa raríssima falta de maniqueísmo em animações. E claro, detalhes filosóficos que ainda me farão pensar por mais alguns dias. Quem sabe? Em alguns pontos há um deslize de ritmo, e estranha ser principalmente no corre corre final. Nada que não o faça um dos melhores longas deste ano. Saindo do cinema vi uma garotinha de uns 5 anos falando pro papai o quanto os humanos eram gordos, e que também pudera, comiam McDonalds o tempo todo! Só isso já não valeu o ingresso?

Wall-E – Wall-E

- EUA 2008 De Andrew Stanton 103’ Animação/Ficção Científica


*** Em cartaz ***

Cotação:

Abril Despedaçado

A máxima de que se deve aprender com nossos erros nem sempre é verdadeira. Como o caso deste sucessor de Central do Brasil. Walter Salles ouviu tanto que seu defeito tinha sido o sentimentalismo e/ou pieguismo, que aqui não nos permite nenhum sentimento além de admirar fotografia, produção de arte, etc. Essa frieza faz com que embora seja um filme que se assista facilmente, soe vazio. O empenho estético não é refletido em momento algum nas atitudes dos personagens ou na manipuladíssima edição. O que era pra ser amostra de amadurecimento artístico resultou em pedantismo técnico. Uma atualização visual do que já foi mostrado em alguns filmes que tiveram o sertão nordestino como cenário. Em 1910, duas famílias vizinhas de nordestinos fazem a gerações uma espécie de jogo pela disputa de terras. O filho mais velho de uma tem que matar o da outra família. Enquanto os adultos forçam para que se siga o quase ritual macabro, há estranheza e falta de sincronia entre os jovens. Entre os jovens, o galã Rodrigo Santoro, demonstrando esforço interpretativo, apesar de seus traços fisionômicos destoarem de qualquer outro do elenco. Ainda sobre os atores, não dá pra entender como uma terra tão grande como o nordeste só produziu um ator com o biótipo típico local. A onipresença de José Dumont faz com que logo de cara tudo pareça déjà vu.

Abril Despedaçado – Abril Despedaçado

- Brasil 2001 De Walter Salles Com Rodrigo Santoro, Ravi Ramos Lacerda, José Dumont, Rita Assemany, Wagner Moura, Luiz Carlos Vasconcelos 105’ Drama


DVD - Pelo menos a Imagem preservou desta vez a tela em sua proporção original. Só que é outro exemplo de filme brasileiro lançado de qualquer jeito. Seus extras não passam de restos de material promocional, todos muito curtos e polidos.

Cotação:

25 de junho de 2008

A Fúria do Poderoso Chefão

Malandro é gato que já nasce de bigode... Ou que segue esses filmes blaxploitation quase como um manual de sobrevivência na selva. Ali não há lugar para mocinhos contra bandidos. Há os menos bandidos contra os bandidos e ponto! Se há uma ceninha de sexo com a moçoila de peito desnudo nos braços do menos bandido, na sala rolando um disco de soul, pode apostar que ela será seqüestrada pelo malvado logo depois. Essas produções sui generis fizeram a alegria de gerações passadas, quando o negro se viu finalmente em papel de protagonista na tela grande. Quase sempre de qualidade técnica muito pobre (com raras exceções), alimentaram as programações dos chamados cinemas grindhouse do subúrbio norte americano. A Fúria do Poderoso chefão é exatamente isso, repleto de gírias, luta de rua, e mulheres quando muito sendo chamadas por piranha, vagabunda, etc. J.J. é um ladrãozinho pé de chinelo que ao sobreviver a assalto mal sucedido tem, sabe-se lá como, seu talento reconhecido pelo chefão máximo do crime em seu bairro. Daí, assim, na lábia, se fortalece a ponto de abrir verdadeira guerra contra um traficante (branco!) de heroína. Ele vende maconha, o branco arrogantíssimo vicia crianças com heroína e merece morrer! Tudo com fotografia acidental, cílios postiços, calças bocas de sino e o memorável Black Power. Quando um chama o outro de “Nigro!” pode esperar que lá vem porrada. É involuntariamente engraçado, embora necessite de boa vontade para se assistir até o fim tamanho os solavancos que vão acontecendo no roteiro sem maiores explicações. Preste atenção nas vezes em que a sombra da câmera aparece, e o estalo do “herói” quando decide contar com as empregadas domésticas para espionar os patrões branquelos.

Um A Fúria do Poderoso Chefão – The Black Godfather

- EUA 1974 De John Evans Com Rod Perry, Damu King, Don Chastain, Jimmy Witherspoon, Diane Sommerfield, Duncan McLeod, Tony Burton 94’ Ação/Blaxploitation


DVD - Dizem que essa líder já até dançou, o que não entendo porque nos créditos minúsculos da contracapa está escrito ser London – WorksDVD. E pra variar (erh...) nem um pio sobre os detentores dos direitos originais. A sinopse da embalagem ainda o aponta como um dos clássicos da Blaxploitation, lado a lado de Blackula e Shaft, o que obviamente não é verdade, e ainda o chama de “O Poderoso Dragão Negro”. O produto interno chega a ser constrangedor. A imagem está muito ruim, escura e desbotada, o que no caso até dá charme, inclusive na cena de sexo, quando fica mais granulada dando a impressão de que vai ser cortada. Os menus parecem ter sido feitos no Paint Brush, há erros grosseiros aos montes na legenda. Alguns de digitação, outros (Juiz com “esse”!) deslizes gramaticais mesmo. Arriscaram uma faixa de áudio em português, daquelas dublagens de fundo de quintal que simplesmente apagam o fundo musical, que, aliás, é uma das graças desse gênero. Resta uma dúvida que me consome há anos. Porque estas distribuidoras pequenas fazem sempre uma economia danada na hora de dividir os capítulos? No máximo 5 ou 6.

Cotação:

24 de junho de 2008

Um Convidado Bem Trapalhão

Blake Edwards foi quem melhor traduziu o espírito 60’s em película. Não há idealização melhor para o período do que seus filmes mostram, naqueles tons pastel de preferência com trilha sonora do maestro Henry Mancini. Aliás, Henry Mancini está para Edwards, tal qual Bernard Herrmann para Hitchcock! Carreiras difíceis de desassociar. Esta comédia ainda por cima é protagonizada por um ator bastante comum aos dois: Peter Sellers. Pode ter dado como resultado uma comédia de piada única, esticada em 99 minutos, mas o já citado espírito 60’s segura as pontas. Foi um dos clássicos da Sessão da Tarde nos anos 80, reprisado quase mensalmente e mesmo retratando uma festa adulta, ficou temporalmente engraçado até para crianças pequenas com argumento bem simples também. Ator indiano desastrado (Hrundi V. Bakshi) que como em tudo em sua vida, acidentalmente vai parar na lista de convidados de uma festa chique, onde todos os figurões de Hollywood estarão presentes. O filme é praticamente só isso, resume-se a poucas palavras, mas espere uma sucessão de gags e mal entendidos ininterruptos. Sellers, ao contrário de muitos comediantes que tiravam humor tentando ser malandros (Jacques Tati, Chaplin, Rowan Atkinson), nos faz ter pena, não passa de um pobre diabo no meio de tubarões pedantes. Resta falar em outro diferencial de épocas importante. Até na capa do DVD há um bebê elefante todo pintado que será usado no desfecho da historia. Não me parece que o uso de um animal de verdade naquelas circunstâncias seria aceito nos dias atuais.

Um Convidado Bem Trapalhão – The Party

- EUA 1969 De Blake Edwards Com Peter Sellers, Natalia Borisova, Claudine Longet, Jean Carson, Kathe Green, Paul Ferrara, Dick Crockett 99’ Comédia


DVD - Muito pobre, tendo apenas o trailer original como extra com menus bem feios. A imagem está ótima, e incluíram a dublagem original dos 80, com as vozes dos mesmos dubladores do desenho Super Amigos. Óbvio que filmes dublados são ruins e incompreensíveis para quem é alfabetizado e enxerga direito, mas vale uma conferida pelo saudosismo.

Cotação:

21 de junho de 2008

A Múmia (1932)

Como alusão à luta desesperada pelo amor perdido, este representante da época de ouro da Universal Studios tem lá seu charme. Como horror, está tão pútrido quanto a múmia brilhantemente interpretada por Karloff, o Inominável. Até porque, era o primeiro filme americano dirigido pelo fotógrafo alemão Karl Freund, o que por si já justifica tanto capricho visual numa história bem fraquinha. Há planos demais em poucos minutos, o que era raro naquela época. Também foi responsável pelo pouco de ousadia que Drácula (1931) tinha, a fotografia de algumas tomadas com a câmera em movimento. Já sua carreira de diretor duraria pouco após esta múmia. Óbvio que para colecionadores e cinéfilos é um filme imperdível, que confirma o talento de seu ator principal Boris Karloff, o farrapo apaixonado, o monstro de boas intenções. Ainda traz em seu roteiro inúmeros elementos que seriam explorados a exaustão no gênero nas décadas consecutivas, como o amor de outras vidas, a maldição milenar, etc. Para nós, neste longínquo 2008, usar múmias como pretexto para assustar também soa a algo despropositado. Mas em 1932 fazia apenas 10 anos que o túmulo de Tutancâmon havia sido descoberto, e desde então, ano a ano, os jornais estavam repletos de noticias sensacionalistas a respeito. Uma verdadeira múmia-mania! Cada pessoa envolvida na descoberta que morria imediatamente a imprensa noticiava com estardalhaço a possível maldição da múmia. Zita Johann, a mocinha de traços exóticos, foi outra que teve carreira curtíssima em Hollywood. Dedicou-se ao teatro simplesmente porque desprezava o cinema.

A Múmia – The Mummy

- EUA 1932 De Karl Freund Com Boris Karloff, Zita Johann, David Manners, Edward Van Sloan, Bramwell Fletcher, Leonard Mudie, Noble Johnson 73’ Suspense


DVD - Da coleção “Universal Studios Home Of The Original Monsters”, tem a capinha padronizada, verde imitando pedra, mas menu muito bacana. Pena o áudio não estar com tanta qualidade quanto a imagem do filme. Como os outros da série há um esforço do estúdio em colocar extras interessantes. Aqui temos o trailer, grande galeria de imagens, um documentário muito bom sobre o filme e faixa de comentário do historiador Paul M. Jensen. Esta faixa, ao contrário dos outros da série, não é das mais interessantes, pois Jensen tem comentários muito técnicos, muitas vezes simplesmente descrevendo o que é mostrado.

Cotação:

19 de junho de 2008

Sob o Domínio do Mal (1962)

As palavras “filme” e “político” lado a lado dão invariavelmente aquela preguiça. A duração de mais de duas horas é outro motivo a se torcer o nariz, mesmo numa produção elogiadíssima e polêmica. Com boa vontade se descobrirá que realmente é bastante político, mas os personagens não discutem nada que já não estejamos carecas de saber em outros filmes do mesmo período. Ou seja, toda a turbulência do período da guerra fria. Se tudo parecer confuso há um lado trash (no bom sentido) realmente empolgante e até engraçado. Soldados são submetidos durante a guerra da Coréia (o Vietnã da época) a lavagem cerebral, o que acarretará muitos anos depois em estranhos sonhos que apontam respeitável sargento como assassino em potencial. Paralelamente, esse mesmo militar sob hipnotismo comete mata pessoas do governo depois do comando de chefe misterioso. Frank Sinatra tentará entender seus sonhos e assim desvendar a trama macabra. Filmado de forma inovadora até para os dias de hoje, tem o roteiro dividido em atos, com subtramas que vão se desenrolando sucessivamente até o final (desculpe o clichê) de tirar o fôlego! Com fama de premonitório e maldito, porque como bem se sabe, alguns de seus acontecimentos seriam revistos na vida real logo depois com os irmãos Kennedy, sua projeção foi proibida pelo também produtor Sinatra até 1989. Ainda levou a carreira do diretor Frankenheimer a uma espécie de limbo, porque por coincidência era o motorista de Bob Kennedy no fatídico dia de seu assassinato, e teria insistido para que se corresse chegariam a tempo do evento, contrariando a vontade do senador. Se no começo parece não convencer toda aquela paranóia anticomunista, militares caricatos, métodos discutíveis de ação, chega-se ao final totalmente apaixonado. Com menos expectativas e já sabendo do que se trata talvez ganhe contornos melhores, bem humorados se assistido uma segunda vez. Angela Lansbury faz talvez a pior mãe já vista no cinema. Simplesmente diabólica!

Sob o Domínio do Mal – The Manchurian Candidate

- EUA 1962 De John Frankenheimer Com Frank Sinatra, Laurence Harvey, Angela Lansbury, Janet Leigh, Henry Silva, James Gregory 127’ Suspense


DVD - Edição miserável, muito provavelmente porque a Playarte é uma empresa independente tradicional no mercado. Lança DVDs como se fossem VHS, apenas com o filme. Está em ótima imagem, com proporções preservadas.

Cotação:

17 de junho de 2008

Akira

Esta animação tornou-se Cult já em sua época de lançamento. Ao estrear no Brasil com 4 anos de defasagem estava consagrada no mudo inteiro. Ainda abriu o mercado para muitas outras produções japonesas e seu mangá original (na verdade uma tradução do colorizado norte americano) ganhou versão em português pela Editora Globo, tornando-se um dos primeiros quadrinhos do gênero aqui. É de enlouquecer qualquer garoto com suas gangues de motoqueiros rebeldes, drogas sintéticas, possessões e seitas apocalípticas em uma Tókio futurista. Claro que muito daquilo, o fundo político, por exemplo, é de difícil compreensão pelos mais jovens, mesmo assim, Akira é tão bem produzido que há motivos suficientes na tela para não se desgrudar do sofá. Estruturalmente temos o conflito clássico de dois amigos de infância que passam a se odiar junto a seu amadurecimento, a parte inovadora fica por conta da visão realista do futuro a partir dos rumos pessoais e governamentais que forem tomados. Sem um personagem central no comando da ação, Neo-Tokyo (Tókio após a 3ª Guerra Mundial) assume o lugar de cenário e protagonista, de aparência tão repelente e encantadora quanto a metrópole de Blade Runner. Se antes era Cult, não há como não bradá-lo como clássico, até porque, além de permanecer um espetáculo fantástico, pouca coisa tão elaborada surgiu em vinte anos. Com leves mudanças do mangá original muito bem costuradas, está em pé de igualdade com outras grandes ficções científicas, o que o faz ser reverenciado até por quem não tem o costume de assistir animações. Tanto tempo depois nos promove uma alegria saudosista, com muitos pontos melhor compreendidos agora, e também porque as TVs atuais, com áudio dividido em canais e a mídia DVD (com as vozes japonesas originais) dão a impressão de finalmente se conhecer a obra completa. A parte triste é que embora sonhássemos com isso, se descobre que nunca, nem de raspão, nos tornamos parecidos com Kaneda. E ficamos longe de ter uma moto tão bacana quanto à dele.

Akira – Akira

- Japão 1988 De Katsuhiro Ôtomo 124’ Animação/Ficção Científica


DVD - Uma das ausências mais sentidas em DVD parece ter valido a pena! A Focus o lançou em uma lata limitada cheia de “brindes” e extras em comemoração a seus 20 anos!!! Também comercializa o DVD simples em widescreen, o que é uma pena já que a maioria dos bônus (muito bons) está no outro disco, com a versão fullscreen. A embalagem especial contém os dois discos separados, sendo que o em tela cheia serve para mostrar a qualidade em que o filme foi comercializado no passado, e o outro totalmente restaurado. O que mais incomodava nas cópias em VHS era que só existiam dubladas em português, descartando o trabalhão que foi gravar as vozes em japonês antes dos desenhos serem feitos para a sincronia ser total. Os extras são muitos documentários sobre cada passo de sua feitura, entrevista com Ôtomo, videoclipe, Trailers, spots de TV, glossário interativo, storyboards, e no fim deles uma fantástica galeria com pôsteres, desenhos, acetatos, capas do mangá de vários países, inclusive do Brasil, e capas da trilha sonora, LCD, VHS, etc. Ah sim, e as aberturas antigas de He-Man, She-Ra, O Elo Perdido e a Flauta Mágica. Tudo legendado! Os “brindes” são dois cartões, camiseta tamanho G e pôster gigante com a arte moderna. Detalhe que a imagem dele é a mesma usada na capa do DVD widescreen, sendo que no outro optaram inteligentemente pelo desenho do Kaneda conforme era no VHS. As únicas coisas ruins, mas muito ruins, são áudio e legendas não puderem ser trocados durante o filme e 4 (!!!) anúncios antipirataria toda vez que se inicia a película. Se voltarmos ao menu de áudio durante o filme, ao retornarmos volta-se ao inicio, e somos obrigados a ver os anúncios de novo, e eles não podem ser pulados, retrocedidos pausados nem nada! A dica é usar o menu de capítulos.

Cotação:

14 de junho de 2008

Tudo Sobre Minha Mãe

A genialidade começa pelo trocadilho do título, referência a All About Eve, ou A Malvada. Ao contrário do que parece à primeira vista, não se trata de uma história desenrolada nos bastidores do teatro, com mocinhas passando a perna em estrelas tarimbadas, mas relacionada a Eva, a genitora do Planeta. All About Eve foi chamado na Espanha de Eva al Desnudo, como o filme lembra logo no início. De inúmeras maneiras veremos as mulheres gerando impulsivamente todo tipo de coisa entre o drama e a comédia como só os latinos são capazes. Sempre equilibrado, discute assuntos extremamente delicados sem esbarrar no dramalhão, embora consiga com maestria fazer chorar nos momentos certos. Ainda reuniu Almodóvar à argentina Cecila Roth após mais de dez anos. E não se pode pensar em atriz melhor no papel da mulher que volta a suas raízes atrás não apenas do pai do filho perdido, mas de si mesma. Acabara encontrando muito mais do que procura ao se envolver com muitas outras mulheres de vida atribulada. Impossível deixar de citar Marisa Paredes, diva, diva, diva, interpretando outra diva, Huma Rojo que por sua vez interpreta Blanche Du-Bois uma das mais atormentadas personagens criadas por Tenesse Willians. Não há toa a frase “Sempre dependi da bondade de estranhos” (pertencente a Um Bonde Chamado Desejo ou Uma Rua Chamada Pecado) será repetida três vezes e poderia ser a tagline do filme. Seja por problemas sentimentais, ou de saúde, como os transplantes de órgãos abordados de maneira consciente, todos dependem de estranhos. Não é meu Almodóvar favorito, mas é o mais completo desta fase chamada irritantemente pela imprensa de “a mais madura”.

Tudo Sobre Minha Mãe – Todo Sobre Mi Madre

- Espanha 1999 De Pedro Almodóvar Com Cecilia Roth, Marisa Paredes, Penélope Cruz, Rosa Maria Sardà, Antonia San Juan, Eloy Azorín 101’ Drama


DVD - O cineasta espanhol merecia melhor cuidado com suas películas em DVD no Brasil. Aliás, se lançassem os mais antigos já estaríamos felizes. Tudo Sobre Minha Mãe é um daqueles em que a Fox não fazia nem menus exclusivos. Um horror! Para quem só o tinha assistido em VHS, vai levar um susto com a belíssima fotografia, resgatada em seu formato original. Para desencalhe, a distribuidora o re-embalou com Fale Com Ella, do mesmo diretor, mas de épocas diferentes, e por isso com muitos extras.

Cotação:

13 de junho de 2008

Pérfida

Fabuloso com uma idéia infelizmente fora de moda: Os abutres (ou raposas como indica o título original) constroem um país. Perto do que se vê hoje, com o mundo divido entre “winners” e “losers”, aqueles três irmãos sulistas tentando conseguir fortuna a todo custo são fichinha. É basicamente um filme de vampiros, e um dos diálogos serve quase como ameaça nos lembrando de que gente daquela estirpe sempre existirá aos milhares. Adaptado da peça escrita por Lillian Hellman (também roteirista do filme com diálogos de Dorothy Parker) mantém na direção de William Wyler complacência com a interpretação do ator. Não importa a que preço, todas as expressões serão registradas. Bette Davis, alugada pela Warner à RKO, tem todos os méritos próprios imagináveis. Obrigada contra sua vontade por Wyler (ex-affaire e diretor de Jezebel, que lhe rendeu seu segundo Oscar) a ver a montagem da peça com Tallulah Bankhead no papel de Regina, decidiu a contragosto de todos fazer uma personagem absolutamente diferente. Se no teatro era sedutora, a ponto de chocar a platéia no ápice de sua desumanidade, insistiu na personalidade fria, calculista, e visivelmente pouco confiável desde o início. Se Davis tivesse perdido a batalha com o todo poderoso produtor Samuel Goldwyn e Willer, que chegaram a cogitar despedi-la e refilmar tudo, teríamos um filme bem menos interessante. Guerrilheira do cinema, como Katharine Hepburn a chamava, alterou por conta própria também o figurino nada sexy e a maquiagem, quase uma máscara de teatro No. De resultado extremamente sofisticado, sua interpretação é não mais que memorável. De sutilezas controladas, manias pessoais ela entrega a perfeita beldade caipira que cedeu espaço à cobiça por um lugar melhor ao sol. É o contraponto perfeito à amável e fraca cunhada Birdie, de passado semelhante, mas dominada pelo casamento conveniente, entregue ao alcoolismo para amortecer seu desespero. Nesse emaranhado de personagens adultos, de caminhos tortuosos já traçados, há a jovem Teresa Wright, a filha obediente e tolinha de Davis, que a princípio alega não entender o que se passa a seu redor. E paralelo à esbórnia antiética, ainda se acompanha seu amadurecimento social. Afinal, a velha dúvida: temos escolhas ou nosso caráter é fruto do meio em que se cresce?

Pérfida – The Little Foxes

- EUA 1941 De William Wyler Com Bette Davis, Teresa Wright, Herbert Marshall, Richard Carlson, Dan Duryea, Patricia Collinge, Charles Dingle, Carl Benton Reid, Virginia Brissac 115’ Drama


Cotação:

12 de junho de 2008

Supergirl

É uma aventura na cola do mega hit que foi o Superman de 1978. Mas poderia ser uma comédia. Involuntária, claro! Os produtores cercaram-se de tudo o que poderia ser bom, menos de um roteiro condizente, adulto, que exigisse o mínimo da inteligência madura da platéia. Tivesse meia hora a menos e crianças de 6 a 8 anos iriam adorar! Alguns sobreviventes de Kripton, sabe-se lá como, sobreviveram e moram em nave (ou planeta) pacificamente. Um cientista (Peter O'Toole pagando seus pecados), mesmo tendo criado tudo aquilo, é idiota o bastante para roubar uma bola sagrada vital ao funcionamento de tudo para manufaturar esculturas de isopor. Acidentalmente a garota Kara (de pau?), prima do Homem de Aço (repetirá isso o tempo todo!), cria uma libélula gigante (!!!) que quebra o vidro (plástico) o que faz com tal bola perca-se no espaço graças ao vácuo. Por ter colocado todos os kriptonianos em perigo novamente, a loirinha então parte em uma nave experimental rumo à Terra, e o roteiro também nunca explica como sabia a trajetória do artefato... Tá! A esfera poderosa cairá no molho da ambiciosa bruxa Selena (Faye Dunaway!!!), em um piquenique. A sucessão de absurdos parece infinita. Ao cair no fundo de um lago, a garota já sai voando, e seus trajes de toga grega viram o de cheerleader jeitosinha como mágica. Esse poder de transmutação não é nada perto do disfarce que usará para passar como humana. Ao contrário do primo famoso que usa óculos e um terno, ela muda a cor do cabelo para preto como Linda Lee! Se ele necessita de uma cabine telefônica para se trocar, ela muito mais prática simplesmente se transforma! Se ele tem como meta salvar o mundo de um empresário terrorista, ela está mais envolvida em resolver problemas do coração, ou escapar da tal bruxa que enfeitiça (e disputa) seu interesse amoroso. Vergonhoso teatrinho infantil! Helen Slater foi considerada uma das causas do fracasso, mas é óbvio que dos males o menor. Agora os grandes nomes envolvidos no projeto, atuando no piloto automático são revoltantes. Dunaway e O'Toole disputaram a Framboesa de Ouro daquele ano merecidamente. Esqueceram de Mia Farow como mãe da protagonista, talvez porque seja uma pequena participação, mas igualmente triste! Mas sabe o que é divertido? Notar tanto dinheiro gasto em algo hilário de tão cafona e achar as falhas dos efeitos especiais muito amadores. Os cabos responsáveis pelo vôo da Supermoça são visíveis o tempo todo! Ou a sombra das roldanas que os sustentam... Taí uma super vídeo cacetada!

Supergirl – Supergirl

- EUA 1984 De Jeannot Szwarc Com Helen Slater, Faye Dunaway, Peter O'Toole, Mia Farrow, Peter Cook, Simon Ward, Maureen Teefy, Hart Bochner, Brenda Vaccaro 124’ Aventura


DVD - Epa! Nem só de horror vive a Works (London Films)! Se bem que Supergirl em termos de trash bate de 10 a zero em qualquer filme da Hammer. Tem ótima qualidade de imagem e áudio, tinindo de novos. Os menus animados também são bacanas, com a música (irritante) composta por Jerry Goldsmith. Não há nada de extra, mas lá fora saiu uma edição do diretor, com minutos a mais, o que desperta algum interesse pelo tamanho do abacaxi que é a edição comercial, já bastante longa.

Cotação:

10 de junho de 2008

Topázio

Historicamente o pior Hitchcock, sem sombra de dúvida o melhor se comparado a muitos filmes considerados bons de outros diretores. Seu raro toque de genialidade está em muitas cenas, o que é suficiente para prender a atenção até o fim. Mesmo com roteiro confuso sobre espionagem em plena Guerra Fria, calcada no Best-Seller de Leon Uris, onde se leva quase uma hora para compreender o que realmente os personagens estão fazendo. Estranho porque contradiz as palavras do próprio Hitchcock sobre o roteiro de Vertigo, com o mesmo roteirista Samuel A. Taylor, de que para o suspense funcionar é preciso nunca esconder o jogo à platéia, tudo tem que ser bem claro desde o inicio. Pra piorar há uma profusão de personagens, todos com subtramas, e nenhum rosto realmente conhecido para se ter qualquer apatia. Repelido na audiência teste foi remontado, o que deu aspecto truncado a muitos momentos, inclusive à trama afetiva central, e um final um tanto quanto simplório depois de mais de duas horas de reviravoltas. Curioso o papel dos comunistas cubanos, truculentos, quase como os nazistas nos filmes B antigos, mas a posteridade provou que esta visão nem estava tão errada assim. Graças a Topázio a brasileira Eva Wilma ficou cara a cara com o mestre do suspense conforme já contou em muitas entrevistas. Ela fez o teste para o papel principal feminino latino, Juanita de Cordoba. Deixou de protagonizar uma das cenas de assassinato mais emblemáticas de todos os tempos.

Topázio – Topaz

- EUA 1969 De Alfred Hitchcock Com Frederick Stafford, Dany Robin, John Vernon, Karin Dor, Michel Piccoli, Philippe Noiret, Claude Jade, Michel Subor 126’ Suspense


DVD - Essa coleçãozinha da Universal é padronizada até nos menus, com o engraçado tema do seriado Alfred Hitchcock Apresenta no menu principal destoando da película. Sempre se esforça nos extras, até nos discos simples. Topázio vem com um longo especial onde estudioso tenta explicar todos os tropeços da produção, os três finais filmados, inclusive com o escolhido pelo diretor, mil vezes melhor ao que entrou no corte final, trailer, storyboards e fotos de divulgação. Fora o trailer, tudo está legendado em português. Resta falar de um mistério. A contracapa indica que o filme está em fullframe(1:33:1), ou seja na TV aparece em tela cheia com boa qualidade de imagem. Não era comum um filme de um grande estúdio não usar o formato widescreen.

Cotação:

6 de junho de 2008

Escola de Sereias

Verdadeiro biju com todo o rococó que só a Metro conseguia imprimir em suas películas. A história é incrivelmente bobinha nas sutilezas amorosas: Compositor de uma big band (Red Skelton) decide parar de compor seus boogie woogies de tão apaixonado pela futura esposa, uma nadadora bonitona interpretada por Esther Williams, quem mais? Acreidta que seu afeto combinaria mais com operas e canções mais nobres. O empresário então arma um plano para separar o casal de pombinhos ao qual ela cai feito um pato, trocando a ensolarada Califórnia por seu antigo emprego numa escola só para moças. E o humor será tirado daí, quando ele para reparar o mal entendido se matriculará na respeitada instituição feminina, tomando proveito de brecha nas normas. Há muitos números musicais, em sua maioria latinos, habilmente inseridos na história. Quando as alunas, adolescentes sapecas, convencem a careta professora de piano a tocar um ritmo quente sul americano prepare-se para o frenético Tico-tico no Fubá! Skelton ao contrário de outros trabalhos está tão terno quanto engraçado. Teria sido assessorado por Buster Keaton, o que provavelmente aliado ao bom roteiro colaborou no resultado tão agradável, com menos caretas. Não ria se puder na seqüência da aula de balé, quando aparece vestido a caráter. A direção do colégio, doida para mandar aquele estranho no ninho embora, incumbiu a rigorosa professora de lhe dar os deméritos suficientes para a expulsão. Memorável! O filme ainda conta com a nata musical da época, como o contratado do estúdio Xavier Cugat e sua orquestra tal e qual em muitas outras produções e a estrela do trompete Harry James com sua crooner contumaz Helen Forrest. O esmero do gran finale, com um apuradíssimo nado sincronizado, chega a emocionar pela inocência perdida entre a humanidade.

Escola de Sereias – Bathing Beauty

- EUA 1944 De George Sidney Com Esther Williams, Red Skelton, Basil Rathbone, Bill Goodwin, Carlos Ramírez, Xavier Cugat Orchestra, Harry James and His Music Makers, Jacqueline Dalya, Ethel Smith, Nana Bryant 101’ Musical


DVD - Uma luxuosa luva de papelão embala a caixinha, mas como diz aquele velho ditado, por fora bom violão por dentro pão bolorento! Lançado pelo selo Flash Movies, com distribuição da Works, não dá pra correr a abertura do programa do Amaury Junior toda vez que se insere o disco. Os menus são pavorosamente amadores, dando inexplicável destaque a Harry James. Como extra as biografias de Williams, Cugat, Skelton e Basil Rathbone, sendo que os botões de Williams e Cugat estão trocados! A parte boa é estão inclusos mais dois Soundies, aquela espécie de avô do videoclipe, o mais puro american way pós-guerra. O filme está com imagem bem ruim, escuro e sem nitidez, o que nos faz perder todo esplendor do berrante Technicolor.

Cotação:

5 de junho de 2008

A Mansão do Morcego

Tem cheiro de papel jornal, conforme eram impressos aqueles velhos pulp fictions policiais. Embora esta não seja sua procedência, e sim uma popular peça de teatro já filmada outra duas vezes. Parece não haver esforço em esconder suas origens, com o desenrolar da trama praticamente acontecendo apenas na tal mansão, além de uma verdadeira economia de personagens. Tanto Agnes Moorehead quanto Vincent Price, coincidentemente tinha sua carreira estagnada, pouco antes de terem a reviravolta que os consagraria à eternidade. Ele como o vilão mor do horror, ela como a bruxa Endora do seriado A Feiticeira. Da antiga trupe teatral de Orson Welles, Moorehead consegue a ironia ideal como a famosa escritora de romances policiais que ao alugar uma mansão, no meio do nada, se envolve com um misterioso serial killer chamado O Morcego. Price é o sempre solícito médico, suspeito até o osso, que pra complicar ainda estuda morcegos raivosos. O roteiro se concentra muito mais no segredo da identidade do criminoso do que em desenvolver climas, mas o que pode mesmo decepcionar a platéia atual é a falta de violência. Os crimes acontecem sempre na escuridão ou fora do quadro. Não chega a ser nem um bom filme, mas distrai-nos com todo aquele arcaísmo engraçado típico das produções B. Se Levarmos em conta os dois grandes atores encabeçando o elenco, temos um programa imperdível para um fim de noite descompromissado.

A Mansão do Morcego – The Bat

- EUA 1959 De Crane Wilbur Com Vincent Price, Agnes Moorehead, Gavin Gordon, John Sutton, Harvey Stephens, Robert Williams, Mike Steele, Riza Royce 80’ Policial/Mistério


DVD - Parece que originalmente já era em fullscreen, pela ótima qualidade de imagem e áudio. Mesmo obscuro, há um hilário trailer apresentado por Vincent Price, que sozinho já valeria o preço do disco!

Cotação:

4 de junho de 2008

Os Irmãos Grimm

Quando um filme aguardado como este vai muito mal das pernas na bilheteria, é quase impossível conter a mórbida curiosidade em querer conferi-lo. E tentar achar o erro! Como versão pessoal sobre a vida dos autores de inúmeros contos de fadas não se decide em momento algum se quer desmitificar a infantilidade das histórias, escancarando seu lado violento e de horror, ou vender seu peixe justamente às crianças, seculares consumidoras delas. Acaba por não agradar nem um nem ao outro. Mesmo sendo divertido e agitado, com direção de arte e fotografia muito bem cuidadas, nos noves fora é refém de um roteiro bastante irregular. Nem comento o fato deste tipo de biografia colocar em cheque a capacidade criativa de autores, dando a eles inspirações externas às obras mais famosas, mas justificativas forçadas demais, e muitos pontos mal explicados. O pior deles é o final de Wilhelm Grimm (Matt Demon), uma colossal falha de lógica. Talvez estivessem apostando na máxima “dê um final arrebatador, que eles esquecerão de todo o resto”, já prevendo o fracasso que viria, e acabaram pondo por terra qualquer chance de sentido. Outro inacreditável descuido é o excesso de efeitos digitais, em sua grande maioria muito mal feitos. O Lobo Mau rivaliza com o Scooby-Doo de tão tosco. Terry Gilliam está fadado a ser um diretor de cults, mas cults não enchem barriga, devem pensar os produtores que desembolsam dinheiro sem verem o retorno imediato.

Os Irmãos Grimm – The Brothers Grimm

- EUA 2005 De Terry Gilliam Com Matt Damon, Heath Ledger, Monica Bellucci, Peter Stormare, Lena Headey, Mackenzie Crook, Roger Ashton-Griffiths, 119’ Aventura


DVD - Se o filme já se arrasta, a Europa Filmes ajuda na falta de interesse achincalhando sua fotografia em horrendo fullscreen! O único extra é o trailer original.

Cotação:

3 de junho de 2008

Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas

Este apanhado de contos fantásticos curtos, recebeu do roteirista uma costura habilidosa, acrescentando uma trama passada na realidade. Mas por mais bem feita é inegável o desequilíbrio do que é fantasia e do drama familiar no qual um filho tenta saber o que é verdadeiro na história de seu pai, prestes a morrer. Tim Burton tentando ser adulto, mas também aceito como cineasta sério, chega à banalidade da maioria dos filmes americanos neste gênero. E a trilha sonora sentimental, repleta de momentos grandiloqüentes acentua este sabor, uma das piores de Danny Elfman em sua parceria com o cineasta. Se nos entretemos com as aventuras de Ewan McGregor por terras misteriosas, logo voltamos ao agora, com aquele filho reclamando não se sabe do quê ao certo. Pode ter sido um recurso útil ao roteirista para emendar os contos, mas não parece ser motivo plausível para um filho ficar de mal com o pai por anos só porque o velho gosta de contar histórias absurdas. No faz de conta, há várias mensagens bacanas claramente retiradas do livro, mas como são muitas seguidamente acabam se diluindo. Certamente teríamos um filme mais feliz se fosse divido em capítulos. Burton, acolhido por uma produção esmerada, está claramente muito mais a vontade no que se refere à fantasia conseguindo momentos memoravelmente mágicos. E são estes momentos que fazem Big Fish permanecer na nossa memória por muito tempo tal e qual o incrível passado do herói Edward Bloom.

Big Fish – Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas

- EUA 2003 De Tim Burton Com Ewan McGregor, Albert Finney, Billy Crudup, Jessica Lange, Helena Bonham Carter, Alison Lohman, Steve Buscemi 125’ Drama


DVD - Edição simples e ao mesmo tempo caprichada. Poucos mas bem realizados extras como trailer original, e de outros filmes, um documentário dividido por partes e faixa de áudio com o diretor dando uma entrevista sobre o filme. Essa entrevista é curiosa porque eles não comentam exatamente o que está acontecendo na tela, mais parece um programa de rádio. Porém, comparada às vezes em que Burton comentou sozinho seu trabalho, como no DVD de A Lenda do Cavaleiro sem cabeça, é uma boa idéia, porque é monossilábico. Tem um joguinho de perguntas e respostas sobre a carreira do diretor não muito fácil, mas se todas as respostas estiverem corretas somos presenteados com um mini documentário. Tudo está legendado em português fora os extras e o recurso de durante o filme se clicar em certos ícones e se saber mais sobre a realização ou dos personagens. Aliás, este recurso desabilita as legendas do próprio filme! Atenção para um easter egg escondido logo no menu principal.

Cotação: