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20 de setembro de 2008

Os Fantasmas se Divertem

Contado como comédia surreal do ponto de vista de fantasmas às voltas com os moradores vivos de sua casa, é antes de tudo um filme sobre costumes. A tradicional América perdendo espaço para a globalização dos hábitos, degeneração já bem avançada em Nova York. Tim Burton, praticamente em seu primeiro longa, voltaria inúmeras outras vezes ao mesmo tema. Das casinhas suburbanas, aos figurinos de Geena Davis e Alec Baldwin, tudo nos remete ao amado american way de outros tempos. O principal mérito é usar assuntos tão mórbidos e pesados com uma leveza ímpar. Ao final, nos sentimos tentados a olhar para almas penadas com muito mais respeito ao invés do medo costumeiro, embora isso não seja suficiente para que o desfecho conciliador faça algum sentido. Conseguiu bilheteria suficiente para que a mitologia gerasse um desenho animado, vídeo-game e uma há anos comentada seqüência que nunca apareceu. E lógico, credenciou o diretor para assinar Batman, divisor de águas no cinema da década de 90. Cada frame é a cara do cineasta, tanto nos efeitos óticos, ainda interessantes, quanto no visual. Se prestarmos atenção, até a cabeça de Jack Skellington aparece ornamentando o chapéu de Beetlejuice, sendo que o personagem só apareceria em O Estranho Mundo de Jack, que Burton produziu, quatro anos depois. Há também muitas regras engraçadas ditadas, como a que nós só enxergamos o óbvio e que suicidas invariavelmente tornam-se funcionários públicos no além! Sem esquecer a principal delas: Problemas com os vivos? Basta chamar três vezes: Beetlejuice! Beetlejuice! Beetlejuice!

Os Fantasmas se Divertem – Beetle Juice

- EUA 1988 De Tim Burton Com Michael Keaton, Geena Davis, Alec Baldwin, Catherine O'Hara, Winona Ryder, Glenn Shadix, Sylvia Sidney 92’ Comédia


DVD- Caquético e ainda por cima em tela cheia. Ficamos na torcida para que a Warner lance também no Brasil a mesma edição comemorativa dos 20 anos que está saindo nos EUA. Sem falar de As Grandes Aventuras de Pee-Wee que continua inédito em DVD aqui.

Cotação:

1 de julho de 2008

Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos

Nem tão podreira quanto as produções anteriores, nem tão calculado quanto as posteriores, a obra máxima de Pedro Almodóvar. Com roteiro mirabolante, chamou a atenção do mundo a ponto de criar um estilo, um cinema embebido em referências do que há de mais ridículo na cultura popular, cheia de emoções baratas. Entrou ao seleto grupo de diretores que tiveram seu nome transformado em sinônimo. Ao comentar este filme, a sisuda crítica Pauline Kael o descreveu como “o diretor-roteirista mais original da década de 80, um Godard com rosto humano e alegre”. Carmen Maura é Pepa, atriz televisiva que na ruína de seu relacionamento se mete num enredo rocambolesco, cheio de coincidências absurdas típicas de literatura vagabunda e das comédias lunáticas estreladas por Cary Grant e Katharine Hepburn nos anos 30. Quanto mais a trama se complica, mais vira um espetáculo engraçado e ímpar. Almodóvar jamais conseguiu resultado tão bem acabado e de sabor tão fresco novamente, tentando em suas duas produções seguintes (Atame! e Kika) uma mal sucedida consagração de formula. Com uma carreira singular, cheia de êxitos (hoje em dia fora do circuito cult), já demonstrava há duas décadas o hábito de fazer com que seus trabalhos dialogassem entre si. Como se os 16 longas-metragens fossem um novelão latino que nos obriga a torcer para não acabar nunca, tal e qual a fã mais tresloucada de Dallas. Este Mulheres, por exemplo, tem pinceladas de A Voz Humana de Jean Cocteu, não por acaso a peça que o transexual Tina (também Carmen Maura) interpreta na peça dentro de A Lei do Desejo, sua película anterior. Aqui fica evidente a importância do Oscar além de starlets exibirem seus vestidos: Serve para dar visibilidade a trabalhos de outros países, embora não faça milagres. Indicado a filme estrangeiro na festa da Academida de 89, perdeu (!!!) para Pelle, O Conquistador, um daqueles com criancinhas sofredoras. Exatos 20 anos depois, não terá muita graça comparar a carreira do espanhol com a de Billie August...

Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos – Mujeres al borde de un ataque de nervios

- Espanha 1988 De Pedro Almodóvar Com Carmen Maura, Antonio Banderas, Julieta Serrano, María Barranco, Rossy de Palma, Kiti Manver, Fernando Guillén 90’ Comédia


DVD - A MGM/Fox o distribuiu no mercado brasileiro em minúscula tiragem sozinho e depois numa caixa, que também se evaporou das lojas. Muito pobrinho e limitado perto do que o filme sugere. Com menus estáticos sem graça, tem como único extra um trailer. Mas nem é o original, e sim o do mercado americano o anunciando como se fosse algo vindo de Marte.

Cotação:

17 de junho de 2008

Akira

Esta animação tornou-se Cult já em sua época de lançamento. Ao estrear no Brasil com 4 anos de defasagem estava consagrada no mudo inteiro. Ainda abriu o mercado para muitas outras produções japonesas e seu mangá original (na verdade uma tradução do colorizado norte americano) ganhou versão em português pela Editora Globo, tornando-se um dos primeiros quadrinhos do gênero aqui. É de enlouquecer qualquer garoto com suas gangues de motoqueiros rebeldes, drogas sintéticas, possessões e seitas apocalípticas em uma Tókio futurista. Claro que muito daquilo, o fundo político, por exemplo, é de difícil compreensão pelos mais jovens, mesmo assim, Akira é tão bem produzido que há motivos suficientes na tela para não se desgrudar do sofá. Estruturalmente temos o conflito clássico de dois amigos de infância que passam a se odiar junto a seu amadurecimento, a parte inovadora fica por conta da visão realista do futuro a partir dos rumos pessoais e governamentais que forem tomados. Sem um personagem central no comando da ação, Neo-Tokyo (Tókio após a 3ª Guerra Mundial) assume o lugar de cenário e protagonista, de aparência tão repelente e encantadora quanto a metrópole de Blade Runner. Se antes era Cult, não há como não bradá-lo como clássico, até porque, além de permanecer um espetáculo fantástico, pouca coisa tão elaborada surgiu em vinte anos. Com leves mudanças do mangá original muito bem costuradas, está em pé de igualdade com outras grandes ficções científicas, o que o faz ser reverenciado até por quem não tem o costume de assistir animações. Tanto tempo depois nos promove uma alegria saudosista, com muitos pontos melhor compreendidos agora, e também porque as TVs atuais, com áudio dividido em canais e a mídia DVD (com as vozes japonesas originais) dão a impressão de finalmente se conhecer a obra completa. A parte triste é que embora sonhássemos com isso, se descobre que nunca, nem de raspão, nos tornamos parecidos com Kaneda. E ficamos longe de ter uma moto tão bacana quanto à dele.

Akira – Akira

- Japão 1988 De Katsuhiro Ôtomo 124’ Animação/Ficção Científica


DVD - Uma das ausências mais sentidas em DVD parece ter valido a pena! A Focus o lançou em uma lata limitada cheia de “brindes” e extras em comemoração a seus 20 anos!!! Também comercializa o DVD simples em widescreen, o que é uma pena já que a maioria dos bônus (muito bons) está no outro disco, com a versão fullscreen. A embalagem especial contém os dois discos separados, sendo que o em tela cheia serve para mostrar a qualidade em que o filme foi comercializado no passado, e o outro totalmente restaurado. O que mais incomodava nas cópias em VHS era que só existiam dubladas em português, descartando o trabalhão que foi gravar as vozes em japonês antes dos desenhos serem feitos para a sincronia ser total. Os extras são muitos documentários sobre cada passo de sua feitura, entrevista com Ôtomo, videoclipe, Trailers, spots de TV, glossário interativo, storyboards, e no fim deles uma fantástica galeria com pôsteres, desenhos, acetatos, capas do mangá de vários países, inclusive do Brasil, e capas da trilha sonora, LCD, VHS, etc. Ah sim, e as aberturas antigas de He-Man, She-Ra, O Elo Perdido e a Flauta Mágica. Tudo legendado! Os “brindes” são dois cartões, camiseta tamanho G e pôster gigante com a arte moderna. Detalhe que a imagem dele é a mesma usada na capa do DVD widescreen, sendo que no outro optaram inteligentemente pelo desenho do Kaneda conforme era no VHS. As únicas coisas ruins, mas muito ruins, são áudio e legendas não puderem ser trocados durante o filme e 4 (!!!) anúncios antipirataria toda vez que se inicia a película. Se voltarmos ao menu de áudio durante o filme, ao retornarmos volta-se ao inicio, e somos obrigados a ver os anúncios de novo, e eles não podem ser pulados, retrocedidos pausados nem nada! A dica é usar o menu de capítulos.

Cotação:

23 de fevereiro de 2008

O Retorno dos Tomates Assassinos

Ser verdadeiramente péssimo não é tarefa pra qualquer um! Mas a continuação de O Ataque dos Tomates Assassinos se empenha ao máximo. Pelo menos não tem aquelas intermináveis discussões militares do antecessor, e ainda conta no elenco com George Clooney, então só um ex adolescente de vergonhoso mullet, tentando comer garotinhas fingindo ser Rob Lowe. Funciona como retrato dos anos 80, já que todos os hábitos culturais mais bizarros da época são satirizados. Da febre de aparecer na TV a todo custo aos merchandisings ininterruptos, nada escapa! A propósito, quando Clooney cadastra mocinhas pra um concurso para jantarem com Lowe, deixa claro que ser menor de idade ajuda na disputa. Tara, a mulher tomate entrou aos anais como a coisa mais inexpressiva da tela grande. Uma verdadeira interpretação vegetal!!! É a segunda mais terrível invenção do Professor Gangreen... A primeira, claro, fica sendo o exército de Rambos gerados a partir da transmutação de tomates! Pra quem agüentar assistir até o fim, há uma das coisas mais estúpidas e hilárias. Quando começam os créditos finais aparece uma velhinha perguntando pra platéia aonde pensa que está indo. O filho dela e mais um monte de gente deu um duro danado pra fazer aquele filme, leiam pelo menos seus nomes!

O Retorno dos Tomates Assassinos – Return of the Killer Tomatoes!

- EUA 1988 De John De Bello Com George Clooney, Anthony Starke, Karen Mistal, John Astin 98’ Comédia


DVD - Cada dia aparece uma distribuidora pequena lançando, sabe Deus como, absolutamente de tudo. Uma tal Weekend o colocou no mercado sem extras e, como sempre nestes casos, com o filme distribuído em poucos capítulos, além de imagem em tela cheia, mas neste caso há de se importar?

Cotação: