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4 de setembro de 2011

Enrolados

Difícil assistir filmes com a chancela Disney sem uma certa má vontade. Na primeira cantoriazinha a gente já torcer o nariz sem nem prestar atenção ao que se trata a música.

Enrolados aponta para um esforço monumental do estúdio em se adaptar aos novos tempos. Precisa manter a linha que todos crescemos aprendendo a reconhecer como da casa do Mickey, mas também fazer dinheiro na bilheteria, interessando a um público cada vez menos interessado em cinema, além dos minutos que passará sentado assistindo.

Começa por adaptar uma princesa clássica como de costume (Rapunzel), mas não usar seu nome no título como de costume. Usaram um trocadilho com uma gíria que dá mais a impressão de romance do que a aventura que nos será apresentada.

Há ainda aquelas perversões à história original. Lembro pouquíssimo de Rapunzel, mas lembro (principalmente pela versão do Sitio do Pica Pau Amarelo) que o príncipe caia numa armadilha ao tentar subir pelas tranças, despencando de cara num roseiral.

Aqui, evidente, nada de cegueira com sangue espirrando pelos olhos. A guria nem trança usa como escada, vive com ele solto, tal e qual uma dessas evangélicas radicais que vemos por aí.

Mas nem por isso é uma história tolinha, como vimos em coisas de fundo puramente mercantilista como Pocahontas. Não há um fiapo de história cheio de músicas com começo, nada de meio e final feliz.

É bem desenvolvido, interessante tanto para adultos quanto para crianças. Bom sinal para o primeiro longa tendo John Lasseter num cargo executivo, alma da Pixar, parece ter conseguido injetar algum fôlego nos poupando de outro comercial animado gigante.

Até as canções são divertidas, ajudando no (desculpe o trocadilho) desenrolar da história sem parar tudo para a ouvirmos. Particularmente achei graça perceber uma evidente (para adultos) analogia com sexo.

Mais precisamente a perda da virgindade. Quando desobedece a suposta mãe, que havia lhe botado muita caraminhola na cabeça sobre o mundo lá fora e os homens malvados, ela oscila entre maravilhada e muita culpa, vergonha e remorso por ir contra as palavras da velha.

Outro momento é quando ouve da mulher que assim que ela entregar a bolsa com a coroa para ele o perderá. Acabará o romance assim que o galã colocar as mãos no que lhe interessa.

Falando na vilã, entrou direto para a tradicional galeria das melhores! Com um ar de Cher com Gloria Swanson, suas aparições são empolgantes e nos remetem (principalmente seu fim) às produções da Hammer.

Desconfortável mesmo é a relevância de se jogar balões ao ar. Pode ser algo exótico nos Estados Unidos (buscaram referências em tradição asiática), mas no Brasil é uma praga que nos assola durante as festas juninas.

Outra coisa estranha é a Disney incluir uma animação computadorizada no seu rol de longas. Pela primeira vez assume se tratar do 50º, colocando no mesmo balaio Família do Futuro, aquele do cãozinho branco com Pinóquio e Cinderela.

Enrolados - Tangled

- EUA 2010 De Nathan Greno e Byron Howard Com as vozes de Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy 100’ Ação/Animação


Blu-Ray- Fantasticamente cristalino, mesmo com a ausência de poros visíveis na pele dos personagens, nos oferece riqueza espantosa de texturas nos cenários e figurinos. É provável que em outros formatos perca boa parte da graça.

Bônus não são muitos, mas interessantes como cenas inéditas ainda em storyboards, músicas estendidas e um documentário apresentado por Mandy Moore, Zachary Levi localizando o filme dentro da história das animações Disney.

Interessante a existência da montagem (que tinha se tornado um viral no You Tube) com a contagem de todas as 50 animações deles, de Branca de Neve a Enrolados.


Cotação:

22 de outubro de 2009

A Menina e o Porquinho (1973)

Ousadia da Hanna-Barbera, tradicional estúdio de curtas, ciscar no terreno Disney. Por décadas a casa do Mickey era sinônimo de longas em animação.

Tecnicamente este desenho tem todos os defeitos dos produtos H-B que bem conhecemos da TV, econômicos, muitas vezes os personagens só movem a boca. Isso se torna mero detalhe diante da história encantadora, com imortal lição de coleguismo.

Talvez o nome em português possa frustrar, já que a menina em questão participa só no começo, quando não permite que o porquinho Wilbur seja sacrificado. Ele não foi vendido como os demais por ter nascido menor que os demais.

Adulto e gordinho, o amigo rosa vai morar em outra fazenda, e lá, para não virar toicinho contará com a auxílio de Charlotte. A aranha solidária usará sua teia para falar aos humanos que belo suíno eles têm.

Essa atitude altruísta envolverá todos os outros animais direta ou indiretamente numa teia da bondade. Portanto, com esse trocadilho com a rede (web) da ajuda, o título original, idêntico ao do livro que o inspirou, dá mais sentido à trama.

Com algumas canções menos enfadonhas do que minha memória guardava, ainda dá pra assisti-lo tranquilamente. Graças ao ritmo lento, deve agradar apenas as crianças bem novinhas, embora se eu tivesse um filho, pela valiosa lição, forçaria um pouco a barra.

Nunca tinha assistido inteiro, mesmo tendo sido exibido incontáveis vezes nas tardes da Globo dos anos 80. Estudava de manhã, então, ainda mais com aquelas músicas, acabava dormindo na metade, esparramado no sofá.

Em certo ponto, A Menina e o Porquinho sempre causava choradeira entre a galerinha lá de casa. Depois de adulto não me pareceu tão sentimentalóide.

Curiosamente ele usa atores famosos, prática que só se tornaria comum dos estúdios Disney nos trabalhos recentes. As vozes de Debbie Reynolds (como a aranha Charlotte) e Agnes Moorehead (a gansa atrapalhada) são identificáveis, e um motivo a mais para curtir.

As duas eram amicíssimas a ponto de alimentar as línguas ferinas da época sobre um suposto affaire entre as duas. Moorehead, atriz shakesperiana conhecida como a Endora do seriado A Feiticeira, faleceria no ano seguinte, sendo este seu último trabalho para o cinema.


A Menina e o Porquinho - Charlotte's Web

- EUA 1973 De Charles A. Nichols Iwao Takamoto Com as vozes de Debbie Reynolds, Agnes Moorehead, Paul Lynde, Danny Bonaduce, William B. White, Henry Gibson 94’ Animação/Drama


DVD- Quando saiu o filme em live action protagonizado pela Dakota Fanning voltei a vê-lo nas boas lojas do ramo. Atenção porque há outro “A Menina e o Porquinho” bem baratinho, produzido por aqueles picaretas que vão na cola de sucessos e lançam títulos semelhantes. O clássico é da Paramount. Widescreen anamórfico, ótimo para quem não tem uma TV no formato já que as faixas negras costumam afugentar a petizada. Possui a dublagem em português que nos acostumamos na TV, além de dar a oportunidade de pela primeira vez ouvir a original, com as célebres atrizes com legendas em português. O único extra é o trailer original.

Cotação:

8 de novembro de 2008

O Imperador e o Rouxinol

A graça principal no stop motion (técnica clássica que consiste em animar quadro a quadro objetos), é que absolutamente tudo que vemos na tela é artesanal. Quem tem por base obras recentes como O Estranho Mundo de Jack ou A Noiva Cadáver, dirigidos ou produzidos por Tim Burton num nível técnico que pode fazer algum desavisado acreditar estar diante de computação gráfica, irá se decepcionar com O Imperador e o Rouxinol. Essa produção tcheca, com quase 60 anos, é experimental, sendo que os personagens não possuem expressões faciais com movimento. De forma inteligente, tem em sua abertura atores de verdade para depois chegar à animação. Um garotinho muito rico e aborrecido por não poder brincar à vontade na rua, ao pegar no sono febril sonha com o imperador chinês do conto de Hans Christian Andersen. Dessa forma, justifica-se que objetos, cenários e personagens remetam a elementos vistos antes no quarto do menino. E o mérito de Jirí Trnka é conseguir nos entreter por mais de uma hora de um jeito tão poético e singular acima de qualquer limitação técnica. Consegue nos remeter diretamente à infância, quando brincávamos entre toalhinhas de crochê com action figuras e caixinhas de papelão fingindo serem prédios gigantes. Mágico e sensível como só a arte bruta, depois destes anos ganhou um interessante paralelo entre o pequeno imperador que troca o rouxinol de carne e osso pelo mecânico de canto repetitivo com o trabalho de Trnka e o que tem sido feito e apresentado para as crianças de agora.

O Imperador e o Rouxinol – Cisaruv slavík (The Emperor's Nightingale)

- Tchecoslováquia 1949 De Jirí Trnka e Milos Makovec Com Jaromir Sobotoa, Helena Patockova, Detsky pevecky sbor Jana Kuhna, Boris Karloff (narração) 72’ Animação/Drama


DVD - Distribuído pela Continental, esta pérola da animação mundial de difícil apelo comercial, preserva a narração americana com Boris Karloff e não incluiu versão dublada em português, o que afugenta possíveis espectadores infantis. A imagem está bem ruim, escura, mas a boa notícia é que possui a metragem original de 72 minutos, e não a americana de 55. Como bônus, 4 curtas muito bons da equipe de Trnka e longo material em texto sobre a animação stop motion.

Cotação:

30 de junho de 2008

Wall-E

Não é todo dia que se vai ao cinema e se depara com um clássico. Um filme que se tem a certeza de que será querido por gerações e gerações. E nem por isso, ou talvez por isso, deixou de seguir caminhos arriscados principalmente em sua estrutura. Atitude cada vez mais condenada pelos engravatados de Hollywood nestes tempos de refilmagens, adaptações caretinhas de quadrinhos pra nerd bater palma e quaisquer outras favas contadas. Adulto e profundo a ponto de nos fazer continuar com ele na cabeça horas depois, infantil e divertido a ponto de a maioria das (muitas!) crianças presentes na sala ficarem caladinhas até o fim. Esse domínio da platéia, muito comum entre grandes atores do teatro, demonstra o quanto os roteiros da Pixar estão cada vez mais apurados. Wall-E é um pequeno robô, o último da sua espécie, que sobrevive na Terra a fim de limpar todo o lixo existente. Todos os humanos estão em órbita, por séculos, esperando o dia em que tudo voltará a ser um prado verdejante. A maquininha vive aqui relativamente só, embora seu relacionamento com uma barata faça seus dias menos vazios. Outra distração é uma velha fita VHS do musical Hello Dolly!, que como em muitos filmes de nossas vidas, lhe será bastante útil futuramente. Num belo dia, chegará outro robô, moderníssimo, vasculhando cada centímetro do velho planeta, e não se sabe se por suas formas arredondadas, ou pela esperança do fim da solidão, Wall-E cairá de amores por ele, sem deixar de ser incrivelmente útil em sua pequeneza. Parece um filme comum? Espere para ver o que ainda virá, com maquinas conspirando, humanos entregues aos prazeres digitais, vilões mal definidos numa raríssima falta de maniqueísmo em animações. E claro, detalhes filosóficos que ainda me farão pensar por mais alguns dias. Quem sabe? Em alguns pontos há um deslize de ritmo, e estranha ser principalmente no corre corre final. Nada que não o faça um dos melhores longas deste ano. Saindo do cinema vi uma garotinha de uns 5 anos falando pro papai o quanto os humanos eram gordos, e que também pudera, comiam McDonalds o tempo todo! Só isso já não valeu o ingresso?

Wall-E – Wall-E

- EUA 2008 De Andrew Stanton 103’ Animação/Ficção Científica


*** Em cartaz ***

Cotação:

17 de junho de 2008

Akira

Esta animação tornou-se Cult já em sua época de lançamento. Ao estrear no Brasil com 4 anos de defasagem estava consagrada no mudo inteiro. Ainda abriu o mercado para muitas outras produções japonesas e seu mangá original (na verdade uma tradução do colorizado norte americano) ganhou versão em português pela Editora Globo, tornando-se um dos primeiros quadrinhos do gênero aqui. É de enlouquecer qualquer garoto com suas gangues de motoqueiros rebeldes, drogas sintéticas, possessões e seitas apocalípticas em uma Tókio futurista. Claro que muito daquilo, o fundo político, por exemplo, é de difícil compreensão pelos mais jovens, mesmo assim, Akira é tão bem produzido que há motivos suficientes na tela para não se desgrudar do sofá. Estruturalmente temos o conflito clássico de dois amigos de infância que passam a se odiar junto a seu amadurecimento, a parte inovadora fica por conta da visão realista do futuro a partir dos rumos pessoais e governamentais que forem tomados. Sem um personagem central no comando da ação, Neo-Tokyo (Tókio após a 3ª Guerra Mundial) assume o lugar de cenário e protagonista, de aparência tão repelente e encantadora quanto a metrópole de Blade Runner. Se antes era Cult, não há como não bradá-lo como clássico, até porque, além de permanecer um espetáculo fantástico, pouca coisa tão elaborada surgiu em vinte anos. Com leves mudanças do mangá original muito bem costuradas, está em pé de igualdade com outras grandes ficções científicas, o que o faz ser reverenciado até por quem não tem o costume de assistir animações. Tanto tempo depois nos promove uma alegria saudosista, com muitos pontos melhor compreendidos agora, e também porque as TVs atuais, com áudio dividido em canais e a mídia DVD (com as vozes japonesas originais) dão a impressão de finalmente se conhecer a obra completa. A parte triste é que embora sonhássemos com isso, se descobre que nunca, nem de raspão, nos tornamos parecidos com Kaneda. E ficamos longe de ter uma moto tão bacana quanto à dele.

Akira – Akira

- Japão 1988 De Katsuhiro Ôtomo 124’ Animação/Ficção Científica


DVD - Uma das ausências mais sentidas em DVD parece ter valido a pena! A Focus o lançou em uma lata limitada cheia de “brindes” e extras em comemoração a seus 20 anos!!! Também comercializa o DVD simples em widescreen, o que é uma pena já que a maioria dos bônus (muito bons) está no outro disco, com a versão fullscreen. A embalagem especial contém os dois discos separados, sendo que o em tela cheia serve para mostrar a qualidade em que o filme foi comercializado no passado, e o outro totalmente restaurado. O que mais incomodava nas cópias em VHS era que só existiam dubladas em português, descartando o trabalhão que foi gravar as vozes em japonês antes dos desenhos serem feitos para a sincronia ser total. Os extras são muitos documentários sobre cada passo de sua feitura, entrevista com Ôtomo, videoclipe, Trailers, spots de TV, glossário interativo, storyboards, e no fim deles uma fantástica galeria com pôsteres, desenhos, acetatos, capas do mangá de vários países, inclusive do Brasil, e capas da trilha sonora, LCD, VHS, etc. Ah sim, e as aberturas antigas de He-Man, She-Ra, O Elo Perdido e a Flauta Mágica. Tudo legendado! Os “brindes” são dois cartões, camiseta tamanho G e pôster gigante com a arte moderna. Detalhe que a imagem dele é a mesma usada na capa do DVD widescreen, sendo que no outro optaram inteligentemente pelo desenho do Kaneda conforme era no VHS. As únicas coisas ruins, mas muito ruins, são áudio e legendas não puderem ser trocados durante o filme e 4 (!!!) anúncios antipirataria toda vez que se inicia a película. Se voltarmos ao menu de áudio durante o filme, ao retornarmos volta-se ao inicio, e somos obrigados a ver os anúncios de novo, e eles não podem ser pulados, retrocedidos pausados nem nada! A dica é usar o menu de capítulos.

Cotação:

21 de abril de 2008

Cowboy Bebop: O Filme

Emaranhado de referências a Hollywood clássica, parece ter sido criado por uma mente perturbada de algum seguidor do Timothy Larry! Se não fosse lá pela meia hora final toda a história ficar absurdamente bizarra e confusa, seria uma obra prima não só da animação, mas do cinema como um todo. A apresentação dos personagens é de uma eficácia desconcertante. Há um assalto medíocre a uma destas bibocas que ficam abertas até tarde e vendem de macarrão instantâneo a pilhas alcalinas. Os ângulos são os mesmos de câmeras de segurança só que com resolução boa, até Spike adentrar no local mais blasé do que se espera de quem vá resolver o crime. Depois de alguma porrada, e com uma velha senhora de refém sob a mira de um revolver, ele deixa claro: “Se quiser atirar fique há vontade. A vida dela não me diz respeito! Sou um caçador de recompensas, não um herói!”. Pronto, o mundo também ficará aos cuidados deste anti-herói fumante que não se importa com o mundo. E precisaremos de ajuda graças às ameaças de um terrorista chamado Vincent (inspirado adivinha em quem?) envolvido com metafísica e nanotecnologia contando com o amparo de experientes hackers! Embalado por uma espetacular trilha sonora assinada por Yoko Kano, tão eclética e autêntica que se chega a duvidar que uma mesma pessoa a tenha criado!

Cowboy Bebop: O Filme – Kaubôi bibappu:Tengoku no tobira (Cowboy Bebop: The Movie)

- Japão, 2001 De Shinichirô Watanabe 116’ Ficção Científica/Animação


DVD - Depois do parto que foi seu lançamento nos cinemas, em momento Tim Maia (“Será que vem?”), a Columbia resolveu distribuí-lo diretamente em DVD. A versão dublada em português teria sido feita também de forma conturbada, mas as vozes antes ouvidas na exibição do canal Locomotion estão lá. Há alguns extras bem caretas e curtos, que não fazem jus ao espetáculo cinematográfico do filme.

Cotação:

14 de março de 2008

O Batman VS Drácula

Escaparia ao título “idéia de jerico” se em algum momento da produção os executivos não tivessem optado por priorizar o apelo infantil ao invés de assumir o absurdo trash que é este crossover. Exclui-se assim qualquer interesse de fãs do cinema de horror apreciarem este longa feito para o mercado do DVD. Batman, esta infinita mina de ouro, em desenho animado viveu momentos mais artísticos e fieis às suas origens góticas na década passada. Choca que justo quando surge um filme que o une à obra de Bram Stocker recebemos algo tão alegre, colorido, soft... Ao escapar do Asylo Arkan pela milionésima vez, Pingüim vai atrás de um lendário tesouro escondido no cemitério de Gotham City. Acaba acidentalmente despertando Drácula, o mais sanguinário dos vampiros. E o embate entre os dois homens morcegos mais famosos deverá ocorrer antes que toda a população se torne mortos vivos. Os personagens principais visualmente fazem parte daquela série mais recente da TV, com traços estilizados 60’s e um Coringa rastafári. As referências aos clássicos do horror pipocam com pouca sutileza na aparência dos monstros. O próprio Drácula ao ser despertado está muito parecido ao Bruce Campbell quando possuído em Evil Dead. Depois de alguns goles de sangue torna-se uma mistura de Christopher Lee com Vincent Price e assim apresenta-se à nata da sociedade como Conde Alucard, tal e qual O Filho de Drácula de 1943. O interesse amoroso de Batman, a repórter Vicky Vale, guarda semelhanças a Madeline Smith, estrela do clássico da Hammer The Vampire Lovers. Aliás, se o filme mostra-se comum demais, o roteiro tem momentos interessantes como quando Drácula reconhece na jornalista a reencarnação de Carmilla, a vampira de Karnstein. Mas não espere muito mais que isso!

O Batman VS Drácula – The Batman VS Dracula

- EUA 2005 De Michael Goguen 83’ Aventura/Animação/Horror


DVD - Produto voltado realmente a crianças. Seus extras não revelam inclusive nada do passado cinematográfico dos personagens. Há um especial tentando explicar o que há de ficção e realidade no mito do vampiro, mas de forma bem rasa, mapa de Gothan City interativo, e especial sobre a dublagem original. Assim como o filme, uma ode às idéias legais executadas visando o lucro fácil.

Cotação:

21 de fevereiro de 2008

Interstella 555 – The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem

Cinco amigos de uma galáxia distante passam o tempo tocando música até que empresário ganancioso os seqüestra para ganhar inúmeros discos de ouro no Planeta Terra. Com este argumento de ficção científica chinfrim concretizou-se um dos projetos mais ousados da atualidade, praticamente o último filme mudo que se tem notícia. E é anda por cima é um musical em desenho animado gerado a partir de um disco de música eletrônica... Pagou seu preço como exercício ante a estável narrativa verbal cinematográfica, sendo recebido com extrema frieza depois do hype gerado pelos quatro clipes do Daft Punk que o antecederam. Tendo no comandado o mestre Leiji Matsumoto (do animé clássico Patrulha Estrelar), o longa dá continuidade aos “capítulos” lançados a cada nova faixa de trabalho do álbum Discovery, assim como qualquer canção pop em épocas de MTV. Ferramenta ideal para se criar super stars como os pobres Crescendolls da película. Não é realmente fácil de ser assistido! Por mais que o visual seja detalhadíssimo, e o estilo das cores e traços vulgarmente combinarem com o som 70’s a falta de diálogos o faz funcionar muito melhor para ser o DVD que fica rodando enquanto a gente faz alguma coisa do que filme em si para ser visto no cinema. Pelo menos o que se olha de relance proporciona quase uma alegria infantil!

Interstella 555 – The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem

- França/Japão 2003 De Kazuhisa Takenouchi 65’ Musical/Animação/Ficção Científica


DVD - Tal e qual um CD de áudio, lançado praticamente idêntico ao que foi lá fora. O que explica os menus estarem só em inglês e francês. Há um batalhão de extras, e os menus randômicos completam o clima retrô high-tec do filme. Muito ruim os botões que dão acesso ao material bônus não conterem descrições em texto do que se trata... Bacana a seleção de capítulos parecendo um jukebox: Não se precisa ver o filme em tela cheia, mas no topo deixando todas as outras cenas (clips) á disposição.

Cotação:

9 de fevereiro de 2008

Robôs

É um dos filmes de visual mais belo surgido nos últimos tempos. Muito simpático! Dá vontade de assistir inúmeras vezes só pra ficar observando a riqueza de detalhes. Todas as engrenagens pertencentes ao cenário (e que não são poucas) assim como nos personagens, tudo funciona logicamente. É de lamentar que esta mesma precisão não tenha se aplicado ao roteiro, com mensagem bacana e politicamente adulta, mas com conclusão simplista. Quando menos se espera todos os problemas acabam, tudo se resolve, alegria, palmas e The End! A graça não está só no designer, chama a atenção como a história do robozinho Rodney é contada tal e qual um melodrama 50’s, mesma época inspiradora para o visual dos humanóides. É quase um Toy Story com graciosos robôs de brinquedo em lata. Suspeita-se de que foi escrito e/ou produzido por alguém que foi criança na época do bambolê! Por exemplo, nas inúmeras referências ao fascínio que a TV proporcionou em seus primeiros anos, inclusive com o estrondo sucesso que foi a primeira exibição no veículo de O Mágico de OZ. Muitas vezes tanto cenários quanto história se assemelha a Metrópolis de Osamu Tezuka, nas cenas subterrâneas e na luta de máquinas contra grandes corporações principalmente. Tecnicamente é o melhor trabalho em computação gráfica fora da Pixar, anos luz de outros da Blue Sky. Só que independente de possantes computadores, nada supre idéias bem desenvolvidas.

Robôs - Robots
- EUA 2005 De Chris Wedge 89’ Aventura/Animação


DVD - Porcaria, desrespeitando o consumidor adulto. Não há nada de making of, galeria de arte, ou qualquer material sobre o rico universo explorado pelo filme. O descaso é tanto que há um mini documentário com os dubladores, e nos deparamos com o Reynaldo Gianecchini, Marina Person (?) e um gordinho barbudo que nem sei quem é! Ignora-se a presença de Ewan McGregor, Paula Abdul, Halle Berry entre outros, muito mais preparados e entrosados com o projeto, do que quem meramente emprestou a voz a um produto estrangeiro.

Cotação:

22 de janeiro de 2008

O Gigante de Ferro

Este filme deve configurar em toda lista que se preze dos mais injustiçados de todos os tempos. A brilhante animação que Brad Bird (Os Incríveis)fez para a Warner enfrentou inúmeros problemas de distribuição quando lançado nos cinemas, e consecutivamente foi parar direto nas locadoras do Brasil, em pouquíssimas cópias VHS. Uma pena! Consagra-se com a passagem do tempo em clássico, um dos maiores êxitos artísticos da animação produzida nos EUA. Deixa qualquer sentimentalismo barato da Disney no chinelo, diga-se de passagem. Aliás, não há bichinhos fofinhos, nem cantorias desnecessárias para ser indicado ao Oscar. Certa vez o diretor disse em entrevista que se irrita quando colocam seus filmes na categoria “animação”, porque esta seria a técnica empregada, não um gênero em si. O Gigante de Ferro é uma história interessante, que por acaso é contada através de desenho animado. Numa bela tarde, menino solitário e caçador de aventuras encontra um robô gigante vindo do espaço sideral. Partirá desta simplicidade recheada de referências ao mundo pop algumas impressões nada maniqueístas sobre a natureza original de cada um. Em cores pastel e traço retrô, de acordo com a época retratada (50’s), temos aqui a melhor representação fora de seu tempo à paranóica guerra fria. Inteligente o suficiente para ir além do que seria previsível, o apelo antibélico, ecoando até seu surpreendente final pouco feliz (!?) a esperança na amizade pura entre desiguais. Para se aplaudir de pé!

O Gigante de Ferro – The Iron Giant
- EUA 1999 De Brad Bird 87’ Drama/Aventura/Animação


DVD - Não temos a comentada edição de luxo lançada lá fora, mas ainda um DVD digno de nota. Primeiro porque resgata as vozes originais (no VHS só havia a versão em português) de gente como Jennifer Aniston e um Van Diesel em começo de carreira. Depois porque nos primórdios da Internet, um dos sites mais legais era justo o deste filme. Ao colocar o DVD no drive do PC, surpresa! Ele está inteirinho lá! Até com um joguinho em flash, papel de parede, pôsteres, páginas em html e mais um monte de coisa. Ao contrário das faixas para DVD Rom atuais da Warner que trazem quase sempre apenas aquele péssimo player que se instala automaticamente. Detalhe, na capinha os únicos extras descritos são um making of (sem legendas em português) e videoclipe.

Cotação:

4 de dezembro de 2007

O Homem Duplo

O filme decepção do ano não é necessariamente um filme ruim. É banal, corriqueiro... O fato de ser baseado na obra de Philip K. Dick nos fazia esperar algo ousado, ainda mais sabendo que os astros tiveram que ser redesenhados com a técnica de rotoscópia, já usada por Disney na década de 30 em Branca de Neve. Talvez esta façanha, refazer tudo quadro a quadro, tenha sido a pázinha de cal em qualquer positividade. Primeiro porque acaba chamando muito mais atenção do que a história (confusa) em si, e depois porque o emprego dela não acrescente em nada. Não serve, como por exemplo os maneirismos estéticos de Sin City, para direcionar o espectador a climas, subentendimentos ou estilos. É só perfumaria! O projeto que demoraria a principio 9 meses, acabou em 18. Mesmo artesanal o resultado foi frio, como se as imagens tivessem sido automaticamente rastreadas por um software gráfico. Em um argumento essencialmente humano e verborrágico soou desnecessário. Bem, pelo menos adicionou alguma expressão na interpretação de Keanu Reeves, e isto já é um mérito louvável. Mas no geral é bonito, ousado e com elenco interessante. Talvez mereça ser revisto com menos expectativas...

O Homem Duplo – A Scaner Darkly - EUA 2006 De Richard Linklater Com Keanu Reeves, Winona Ryder, Robert Downey Jr., Rory Cochrane, Woody Harrelson 100’ Ficção Científica/Policial

DVD - Um caso raro de DVD simples e completo! Ao invés de ser lançado duplo divido em minúsculos documentários se optou por apenas dói com mais de meia hora cada. O primeiro sobre o livro original e seu autor e o segundo o making off em si do filme, ressaltando a rotoscópia. A parte nojenta está na faixa de comentários com diretor, astro principal, historiador etc. A cara de pau da Warner faz este extra ser mencionado na capa, mas legendas em português que é bom, necas de pitibiriba! E isto está se tornando um hábito das distribuidoras...

Cotação:

3 de agosto de 2006

Metrópolis de Osamu Tezuka

Pouquíssimos filmes perdem tanto ao serem assistidos no chamado “conforto de nossos lares”, que esta adaptação do clássico mangá do mestre Osamu Tezuka. É tanta informação visual ao mesmo tempo em uma tela tão pequena que se tem a sensação de espiar uma glamurosa festa pelas frestas de um muro. Mas há outros desconfortos. O traço infantilizado dos personagens, claramente fiéis ao trabalho original de Tezuka, contrastam com o roteiro adulto ao extremo de Katsuhiro Otomo (Akira, Steam Boy). Aliás, este parece ser o calcanhar de Aquiles de Otomo: sempre apoiar suas obras em intricadas tramas militares, com golpes militares prontos a explodir, exércitos massacrando multidões de trabalhadores, etc. Ao contrário de nove entre dez desenhos vindos do Japão, há algumas seqüências bastante violentas, embora não se veja sangue, o que já denota olho vivo no mercado ocidental. Outro sinal disto é a trilha sonora incrivelmente em jazz clássico, e algumas alterações no argumento original. A andróide de 1949 se chamava Mitchi e não Tima, e ainda podia se transformar tanto em homem quanto mulher. Uma espécie de pré A Princesa e O Cavaleiro, também de Tezuka. Para quem gosta de bom cinema, e não só de cultura pop asiática, é um trabalho a não ser perdido, até porque não é todo dia que aparece uma película que ficou longos 5 anos sendo produzida e mesmo assim optou por saídas nem sempre óbvias. O final apocalíptico e nada feliz é uma das coisas mais ousadas e belas que vi em um filme. Só mesmo um rapaz muito durão pra não chegar às lágrimas ao som de “I Can’t Stop Loving You”...

Metrópolis de Osamu Tezuka (Osamu Tezuka’s Metropolis)
- Japão 2001 De Rintaro 109’ Animação/Ficção Científica


DVD - Duplo, praticamente o mesmo lançado nos EUA. Mas (e sempre tem um “mas” em DVDs lançados há alguns anos pela Columbia) nenhum dos extras contidos no segundo disco está legendado em português. Nestes extras vale destacar a comparação de story board que faz proveito do recurso multiângulo dos aparelhos de DVD, pouco usado pelas distribuidoras. Os menus em português estão estáticos de dar dó! Também no seu aparelho altere as configurações para “inglês” se quiser ver algum movimento por ali...


Cotação:

12 de outubro de 2005

Steamboy

E confesso logo de cara que a premissa de Steamboy nunca me alegrou muito. Depois do choque de Akira em 1991 (pra variar, demorou quase meia década para estrear aqui) não me empolgava a Inglaterra vitoriana, o século 19, revolução industrial, etc . Mas poxa, é do Katsuhiro Otomo, o cara fodão que nos deu Akira e nunca mais fez nada só seu. Não custa ver... Só pra te localizar, caso você não tenha nascido a tempo de viver a febre Akira na década de 80. Gosto por mangá a gente sempre teve, mesmo antes que isso fosse moda. Antes, muito antes de Cavaleiros do Zodíaco, só tínhamos Jaspion na TV e nas bancas nada. Aí a editora Globo lançou uma obra prima chamada AKIRA. Papel cuchê, colorido (era uma tradução do lançado nos EUA) custando os olhos da cara quinzenalmente. E quantas vezes passei fome no intervalo pra garantir a edição da quinzena. Infelizmente nunca completei a coleção. Aliás, reza a lenda que nem a editora a completou. Mas daí veio a notícia de um filme daquele universo fantástico de motos possantes rasgando ruas de uma Tóquio tão futurista quanto decadente, gangues se drogando com pílulas incríveis, telecinese. Era demais para um adolescente! Eu quero até hoje uma jaqueta igualzinha à do Kaneda com os dizeres Bom para a saúde, péssimo para a educação! E se passaram 14 anos e nada... Até Steamboy, claro! Lançado diretamente em VHS e DVD no Brasil, o novo longa de Otomo poderia ser apenas mais um filme de gênio, que mesmo não sendo bom, ainda está bem acima da média. Ledo engano, meu caro! Ao final de seus 126 minutos de duração estava aplaudindo sozinho no sofá de minha casa. Incrivelmente o mestre conseguiu superar seu trabalho anterior não só em técnica de animação, mas principalmente em um roteiro empolgante muito bem amarrado. Em comum com o filme de 88 notei algo que me levou ao que li nos mangás. As duas últimas páginas sempre eram com longos textos de Otomo dissertando sobre sua arte e, certa vez, contou que o grande motivo que o fez tornar-se desenhista foi que, quando pegava o trem até sua escola, ficava observando os veios e ferrugens no vagão e tentava reproduzir depois com lápis e papel. Ninguém faz texturas como ele. Mesmo se a história tivesse afundado em um assunto tão distante de nós, ainda assim o espetáculo visual arrebatador já teria valido cada centavo gasto no disquinho. Mas como já disse antes, a história é forte, e política no ponto certo. Apoiada em uma base familiar, vemos o começo da era científica, em um mundo onde poucos são confiáveis e muitos, gananciosos. A mensagem antibélica encontra contraponto exato na socialista. Espantosa, em meio a tudo aquilo, a transformação que a tempestuosa Scarlett (filha, veja só, do dono das empresas H'Ohara!!!) sofre. É óbvio desde sua primeira cena que acabará legal e ao lado do inventivo Ray, mas a sutileza do caminho a ser percorrido raramente foi vista no cinema antes. Enfim, uma ousadia em forma de película que deu mais do que certo, uma evolução cinematográfica narrativa e técnica. "Do risco é que vem o progresso" é um dos primeiros diálogos . Alguma dúvida?

Steamboy - Steamboy

- Japão, 2005 De Katsuhiro Otomo 126' Drama/Aventura

DVD - Poucos mas bons extras, destacando entrevista (curtíssima) com o diretor, conversa em três telas com animadores e seqüências com os vários estágios de produção de algumas cenas.



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