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21 de abril de 2008

Cowboy Bebop: O Filme

Emaranhado de referências a Hollywood clássica, parece ter sido criado por uma mente perturbada de algum seguidor do Timothy Larry! Se não fosse lá pela meia hora final toda a história ficar absurdamente bizarra e confusa, seria uma obra prima não só da animação, mas do cinema como um todo. A apresentação dos personagens é de uma eficácia desconcertante. Há um assalto medíocre a uma destas bibocas que ficam abertas até tarde e vendem de macarrão instantâneo a pilhas alcalinas. Os ângulos são os mesmos de câmeras de segurança só que com resolução boa, até Spike adentrar no local mais blasé do que se espera de quem vá resolver o crime. Depois de alguma porrada, e com uma velha senhora de refém sob a mira de um revolver, ele deixa claro: “Se quiser atirar fique há vontade. A vida dela não me diz respeito! Sou um caçador de recompensas, não um herói!”. Pronto, o mundo também ficará aos cuidados deste anti-herói fumante que não se importa com o mundo. E precisaremos de ajuda graças às ameaças de um terrorista chamado Vincent (inspirado adivinha em quem?) envolvido com metafísica e nanotecnologia contando com o amparo de experientes hackers! Embalado por uma espetacular trilha sonora assinada por Yoko Kano, tão eclética e autêntica que se chega a duvidar que uma mesma pessoa a tenha criado!

Cowboy Bebop: O Filme – Kaubôi bibappu:Tengoku no tobira (Cowboy Bebop: The Movie)

- Japão, 2001 De Shinichirô Watanabe 116’ Ficção Científica/Animação


DVD - Depois do parto que foi seu lançamento nos cinemas, em momento Tim Maia (“Será que vem?”), a Columbia resolveu distribuí-lo diretamente em DVD. A versão dublada em português teria sido feita também de forma conturbada, mas as vozes antes ouvidas na exibição do canal Locomotion estão lá. Há alguns extras bem caretas e curtos, que não fazem jus ao espetáculo cinematográfico do filme.

Cotação:

7 de março de 2008

Combate Mortal

Sonny Chiba no velho esquema do exército de um homem só! Igualzinho aos bang bangs italianos dos 60 ou aqueles terríveis americanos dos 80, do tipo Rambo e afins. Filme pra macho sim senhor! Este é o primeiro de uma trilogia sobre a história real de Sensei Masutatsu Oyama, lendário carateca sul coreano que por acaso foi mestre do próprio Chiba. Chegando ao Japão pós-guerra, em meio a um campeonato milionário de artes marciais, surpreenderá a todos com suas técnicas exclusivas de caratê. Seus dons o levarão à desgraça, quase como um Midas da pancadaria, o que lhe fará repensar sobre o verdadeiro sentido de sua filosofia. No meio do caminho há a inevitável mocinha que antes da paixão será estuprada por nosso herói (?) só porque se veste como americana confundindo-a com uma prostituta! Amor á primeira vista é isso aí! Entre todos os valentões, a pobre ex-donzela vive com um costureiro efeminado que na primeira oportunidade a sós com Oyama tentará uma mal sucedida investida amorosa. A história é chatinha, dramática ao extremo, com direito a filhinho de capanga morto excomungando o carateca, mas de resultados cinematográficos muito bons. As cenas de luta são editadas freneticamente, filmadas de forma ágil de pontos de vista originais. Não parecem de mentirinha. Outro recurso bacana é a câmera fora do tripé, trepidante, dando a sensação de jornalismo nos momentos em que o coro come. Falando em couro, há pelo menos três seqüências antológicas: Chiba ao encarar um yankee demonstra sua força estraçalhando garrafas de Coca-Cola, quando arrebenta o braço deste mesmo cara e vê-se o estrago em raio-x e a impagável briga com um touro enfurecido. Arranca os chifres na porrada!

Combate Mortal – Kenka Karate Kyokushinken (Champion of Death/ Karate Bullfighter)

- Japão 1975 De Kazuhiko Yamaguchi Com Sonny Chiba, Masashi Ishibashi, Jirô Chiba, Mikio Narita, Yumi Takigawa 83’ Ação



DVD - Não sei se é azar meu ou se é regra, mas todos os DVDs de luta, porrada ou similares possuem qualidade não muito além da porca! Veja este aqui, há dois menus, o principal e outro pra se escolher as cenas e só! Se quisermos legendas ou não é só clicar em on ou off no menu principal mesmo e boa! A qualidade da imagem está abaixo do VHS, sem a mínima definição. Pelo menos se encontra em widescreen, há casos em que o fullscreen se assemelha a quando se dá zoom 4 vezes no DVD Player. Ah, e o áudio jamais em sua língua original, são dublados em inglês. Tristes regras!

Cotação:

4 de março de 2008

Kung-Fusão

Seria preciso os olhos de uma criança para poder apreciar em sua magnitude o trabalho de Stephen Chow. Em parte não é tarefa difícil com um pouco de imaginação. A princípio retêm-se apenas as mais espetaculares lutas realizadas graças á computação gráfica e a satisfação de ver todos aqueles malabarismos, antes pertencentes apenas ao imaginário dos videogames e animés, executados com certo realismo. Isso aliado ao seu humor visual fácil, herdeiro direto dos cartoons da Warner e comédias pastelão dos primórdios do cinema, esconde um grande trabalho de diretor e qualquer profundidade a mais para a platéia média. Genialmente, o cineasta no ápice de sua carreira, surgiu com esta trama de gangs passada nos anos 40. Só o fato de ser um épico já aponta para os rumos que a natureza impõe e os que são puramente escolhas pessoais. No mesmo raciocínio (de reviravoltas da vida) cercou-se por antigos astros dos velhos filmes de Hong Kong, o nome mais reconhecível no ocidente é Qiu Yuen, a senhoria com o possante rugido do leão, que tentou a sorte em Hollywood sendo uma das Bond Girls 70’s. A vida às vezes parece girar numa espiral tal e qual um pirulito! O cinema asiático costuma ser grato aos temas cíclicos, às tramas que levarão vidas inteiras a serem resolvidas. Ás vezes gerações, ao conhecimento pessoal perante situações anteriores. Chow sabe expor isso tudo com bastante simplicidade. De uma estupidez atroz os títulos que seus filmes ganham no Brasil, sempre com trocadalhos do carilho envolvendo a palavra Kung Fu. Chega a dar vergonha! Talvez quem ache da hora As Branquelas, O Cruzeiro das Loucas ou O Virgem de 40 anos consiga alugar ou comprar sem constrangimentos.

Kung-Fusão – Gong fu (Kung Fu Hustle)

- China 2004 De Stephen Chow Com Stephen Chow, Xiaogang Feng, Kwok-Kwan
Chan, Siu-Lung Leung, Qiu Yuen, Wah Yuen 99’ Ação/Comédia


DVD - Pelo menos temos a edição com 4 minutos a mais do que a vista pelos norte americanos! Os extras incluem dezenas de comerciais de TV (americana) e faixa de comentário do diretor e elenco legendada em português. Ainda há um longo making of feito pra um canal chinês, cenas deletadas, erros de filmagem, pôsteres e uma entrevista de Stephen Chow para um idiota (sim, um gordo barbudo bem tolo mesmo!) de um site qualquer sobre lutas marciais. Os depoimentos do diretor são desconcertantes, bastante monossilábico, não parece de forma alguma ser o cérebro por traz daquilo tudo!

Cotação:

27 de fevereiro de 2008

Gammera, O Monstro Invencível

Explosão atômica e os ienes de Godzilla despertaram Gammera, a tartaruga gigante! Junto com o réptil famoso e Mothra, a mariposa carnavalesca, formam a santíssima trindade dos monstros super crescidos que ameaçam Tóquio eternamente. Quem já foi criança algum dia a princípio achará tudo uma graça. Dos aviões de brinquedo, cidades inteiras miniaturizadas fingindo ser de verdade ao alerta antibélico, na cola da então vigente guerra fria, é puro nostalgia.. Sem falar do menino, que embora Gammera mande tudo ao espaço entre labaredas e porrada, ainda acredita se tratar de uma criatura boazinha. A principal curiosidade (e defeito) é que esta copia, dublada em inglês, trata-se de hibrido multinacional, tal e qual o Power Rangers da TV. Lançada no mercado americano um ano depois do japonês faz uso de enxertos com com atores americanos. E aí mora o perigo! Enquanto as cenas originais são sérias, e por isso engraçadas, o elenco ocidental está quase esbarrando no humor proposital tipo A Praça é Nossa. E a ação destrutiva que se desenrola na terra do sol nascente é relativamente pouca perto das dezenas de seqüências passadas na ONU num blábláblá que deixa o filme parecer interminável. A gente já sabe que os russos são malvados, e que Gammera é invencível pero no mucho...

Gammera, O Monstro Invencível – Daikaijū Gamera (Gammera, the Invincible)

- Japão/EUA 1966 De Noriaki Yuasa e Sandy Howard Com Albert Dekker, Eiji Funakoshi, Michiko Sugata, Harumi Kiritachi, Dick O'Neill 86’ Ficção Científica


DVD - Vem no mesmo DVD de O Alerta do Espaço, o que dá um novo sentido à expressão filme B nesta era digital. Assim como o outro tem imagem e áudio terrivelmente sofrível.

Cotação:

21 de fevereiro de 2008

Interstella 555 – The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem

Cinco amigos de uma galáxia distante passam o tempo tocando música até que empresário ganancioso os seqüestra para ganhar inúmeros discos de ouro no Planeta Terra. Com este argumento de ficção científica chinfrim concretizou-se um dos projetos mais ousados da atualidade, praticamente o último filme mudo que se tem notícia. E é anda por cima é um musical em desenho animado gerado a partir de um disco de música eletrônica... Pagou seu preço como exercício ante a estável narrativa verbal cinematográfica, sendo recebido com extrema frieza depois do hype gerado pelos quatro clipes do Daft Punk que o antecederam. Tendo no comandado o mestre Leiji Matsumoto (do animé clássico Patrulha Estrelar), o longa dá continuidade aos “capítulos” lançados a cada nova faixa de trabalho do álbum Discovery, assim como qualquer canção pop em épocas de MTV. Ferramenta ideal para se criar super stars como os pobres Crescendolls da película. Não é realmente fácil de ser assistido! Por mais que o visual seja detalhadíssimo, e o estilo das cores e traços vulgarmente combinarem com o som 70’s a falta de diálogos o faz funcionar muito melhor para ser o DVD que fica rodando enquanto a gente faz alguma coisa do que filme em si para ser visto no cinema. Pelo menos o que se olha de relance proporciona quase uma alegria infantil!

Interstella 555 – The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem

- França/Japão 2003 De Kazuhisa Takenouchi 65’ Musical/Animação/Ficção Científica


DVD - Tal e qual um CD de áudio, lançado praticamente idêntico ao que foi lá fora. O que explica os menus estarem só em inglês e francês. Há um batalhão de extras, e os menus randômicos completam o clima retrô high-tec do filme. Muito ruim os botões que dão acesso ao material bônus não conterem descrições em texto do que se trata... Bacana a seleção de capítulos parecendo um jukebox: Não se precisa ver o filme em tela cheia, mas no topo deixando todas as outras cenas (clips) á disposição.

Cotação:

20 de fevereiro de 2008

Sapatos Vermelhos

Filmes de horror coreanos começam a demonstrar sinais de cansaço. Este por exemplo deixa evidente que malandramente segue uma fórmula: Argumento inteligente (com base na fábula clássica de Hans Christian Andersen), fotografia belíssima, sustos aqui e ali, e um final surpresa. Reeditado, sem tanta gratuidade talvez se tornasse interessante, porque essa coisa de assustar com imagens fortes, muitas de gosto duvidoso, é o caminho mais fácil que se pode esperar. Mas pior que isso é o final forçado, sem justificativas, difícil de ser engolido. Parece que só se chega aquele ponto pra surpreender o telespectador, não para finalizar um roteiro. Tudo muito caretinha, tudo muito premeditado... Demora-se a não gostar do trabalho final porque o argumento realmente é engenhoso. Poucas vezes viu-se nas telas uma das facetas femininas mais bizarras, que é o tesão em comprar sapatos incansavelmente. Mesmo com dois pés (na melhor das hipóteses) elas se empenharão a ter centenas de pares! Em Sapatos Vermelhos, sempre que alguma encontrar um misterioso par de sapatos (rosa!) farão as maiores baixezas para possuí-los. Possessão por possessão, o calçado falará mais alto, já que há um mistério no passado os envolvendo. Ok, lendo isso dá para imaginar um fascinante estudo sobre a vaidade das mulheres, o resguardo do que é valioso, mas estamos falando de um filme de horror coreano, então lá se vão aqueles clichês citados acima...

Sapatos Vermelhos – Bunhongsin (The Red Shoes)

- Coréia 2005 De Yong-gyun Kim Com Hye-su Kim, Seong-su Kim, Yeon-ah Park, Su-hee Go, Eol Lee, Hyon-Jin As 103’ Horror


DVD - A Europa está empenhada em lançar estes filmes asiáticos em edições bem luxuosas, duplas, com luva e embalagem em papel especial. Mas é preciso mais cuidado no material do conteúdo. Os extras sempre estão praticamente jogados em menus estáticos. Parece que eles recebem os arquivos e se preocupam em colocá-los nos discos de qualquer jeito, com muito menos capricho do que o visto na embalagem. Há bastidores, demonstração de efeitos digitais, trailer e versão mp4 dublada em português. Detalhe, está indicado uma faixa de áudio do diretor comentando o filme, mas na verdade é com diretor, produtor e atriz principal.

Cotação:

18 de fevereiro de 2008

O Alerta do Espaço

Sushi/rocambole envolvendo vedetes, criancinhas em perigo, alienígenas, transmutação, superaquecimento global e mais um monte de disparates em clima kitsh verdadeiramente 50’s! Dita como a primeira ficção científica japonesa a cores, O Alerta do Espaço pode surpreender quem espera só mais um trash com alienígenas em trajes ridículos. Sim! Os alienígenas em trajes ridículos marcam presença de forma memorável! Mas o roteiro repleto de personagens interessantes que aparecem e somem, e uma trama que vai se transformando quase que como um caleidoscópio surreal, faz dele um filme que merece ser assistido de forma mais séria. Detalhe: os atores (entre eles Bontarô Miyake, de Tora! Tora! Tora!) estão ali interpretando de forma honesta e vivaz e o tal alerta do título, que a inicio é sobre uma poderosa bomba que está para ser inventada pelos terráqueos, respalda em momentos aflitivos. Muito semelhantes ao que se imagina que será quando o aquecimento global chegar ao seu ápice. Vai de ficção científica a filme catástrofe de forma nada sutil mas imaginativa. Quero acreditar que aqueles animais sofrendo não estejam envenenados de verdade...

O Alerta do Espaço – Uchûjin Tôkyô ni arawaru (Warning From Space / The Cosmic Man Appears in Tokyo / The Mysterious Satellite)

- Japão 1956 De Koji Shima Com Keizo Kawasaki, Toyomi Karita, Bin Yagasawa, Bontarô Miyake, Mieko Nagai, Kiyoko Hirai, Isao Yamagata 88’ Ficção Científica


DVD - A Works DVD tem feito maravilhas lançando preciosidades em DVD que podem ser baixadas facilmente em sites que disponibilizam filmes sem copyrights, mas.... Podia dar uma restauradinha nos arquivos, né? Aqui compramos um DVD (com menus caprichados) e levamos dois filmes, com imagem inferior inclusive à época do VHS. Há momentos que simplesmente é necessário usar a imaginação para se descobrir o que está passando na tela.

Cotação:

13 de fevereiro de 2008

Hiroshima Meu Amor

De título incômodo pela simples associação do amor aos horrores de uma bomba atômica, este representante da Nouvelle Vague é querido por nove entre dez pessoas que conseguiram assisti-lo após 30 minutos. Contempla-se aqueles corpos nus quase que com vergonha ao vê-los entrecortados ás mais assombrosas imagens do sofrimento humano. Há algo de sórdido naquele casal que se entrega perdidamente aos prazeres carnais na cidade infinitamente marcada pela guerra. Muito discutido em sua época, é um elogio à persistência, ao vigor da memória, da sobreposição de acontecimentos, do que pode sobreviver a partir de atitudes egoístas. Algo de muito estranho acontece quando Emmanuelle Riva, de dentes tristes anteriores aos avanços da medicina odontológica, relembra seu patético e trágico passado como se referisse ao futuro. Momentos passam, são recontados, esquecidos, perdidos... Realizado com empenho estético por Alain Resnais, em mãos menos sensíveis teríamos um bom romance do tipo Julia, ou filmes de blábláblá pra aspirantes a intelectuais chamarem de genial. Convence em sua dificuldade.

Hiroshima Meu Amor – Hiroshima Mon Amour

- França/Japão 1957 De Alain Resnais Com Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud 90’ Romance


DVD - A gente sempre desconfia de distribuidoras como a Continental que lançam pérolas perdidas do cinema a preços exorbitantes sem se preocuparem com a qualidade material. Este tem uma pavorosa capa em baixa resolução com nitidez forçadamente feita no Photoshop. Segundo a mesma o áudio do filme é “Franclês”, veja só! Em fullscreen (!!!), pelo menos não percebi os costumeiros erros gramaticais na legenda. Contém entrevistas da época com Riva e Resnais.

Cotação:

Medo

Com rebuscado roteiro e visual, este vigoroso suspense exige que se force nervosamente o maxilar até o limite. Como todo trabalho que navega entre gêneros, na hora de ser divulgado houve tiros para todos os lados. Destacou-se o horror, com direito no trailer a assombração ao estilo Sadako de Ringu e tudo! Nada pior que se assistir a um filme achando ser uma coisa e se deparar com outra. Portanto, esqueça o resuminho na contracapa, trailer, ridículo título em português, e até a alcunha de obra-prima do horror bradado por muitos. Retumbante sucesso internacional chegou com quatro anos de atraso ao Brasil, direto em DVD e foi conquistando fãs. Principalmente pela genial fotografia estampada na embalagem, que se bem analisada, já revela muito da trama. Extremamente poético é um trabalho de carpintaria artística, de resultado final um tanto quanto duvidoso. Por um triz teríamos mesmo uma obra-prima, mas as reviravoltas finais deixam tudo tão confuso a ponto de nos sentirmos burros. Coisa que poucos gostam. Apenas na segunda vez é que aquele rocambole juvenil se torna um pouco mais claro, desabrochando incomodamente como uma papoula em um jardim de rosas.

Medo – Janghwa, Hongryeon (A Tale of Two Sisters)

- Coréia 2003 De Ji-woon Kim Com Su-jeong Lim, Geun-yeong Mun, Jung-ah Yum, Ka-psu Kim 115’ Suspense


DVD - Poucas vezes extras se tornam tão necessários como aqui. Duplo e em capinha de luxo, há inúmeras entrevistas feitas pelo próprio diretor com câmera amadora. As mais reveladoras são exatamente aonde ele deixa escapar seu amor pelo mimetismo de Alfred Hitchcok, com a beleza e o horror de mãos dadas.

Cotação:

18 de maio de 2007

OldBoy

Mais um filme que se não tivesse caído nas graças de Quentin Tarantino, jamais aportaria no Brasil: OldBoy, a segunda parte da trilogia do coreano Chanwook Park sobre (basicamente) a vingança. Isto é, o rótulo comercial, aderido por boa parte da imprensa para definir a obra é a vingança, o que não deixa de ser simplificar de mais. Importa pouco ver o pobre Oh Dae-su resolver seus problemas com quem quer que seja que o tenha aprisionado em um quarto de hotel vagabundo e após 15 anos o ter libertado perto de inúmeras questões que vão sendo apresentadas. Claro, banhadas por uma violência gráfica espetacular, herança do roteiro originalmente explorado em um mangá de mesmo nome. Dia destes li uma entrevista onde Tarantino dizia o quão engessado é o cinema “made in Hollywood”, cheio de regras que nunca serão quebradas a fim de não decepcionar a cada vez mais sonâmbula platéia média. Taí o trunfo dos filmes que vêm da Ásia. Absorvem os trabalhos americanos (a própria fotografia de OldBoy é bem parecida com a de Clube da Luta) em muitos pontos, mas quebram a tal linha citada pelo diretor de Kill Bill. Até quando seus roteiros optam por soluções mais óbvias, a forma em que as imagens são mostradas sempre nos deixa boquiabertos. Não é o caso deste filme absolutamente surpreendente do inicio ao fim. E de tão bem feito, mesmo cheio de surpresas e reviravoltas rocambolescas há substância suficiente para ser visto e revisto inúmeras vezes. Se for pra citar um deslize, dá pra apontar o final ambíguo. Não a solução da trama em si, mas a seqüência final. O que perto das duas horas fantásticas que passamos não é nada!

OldBoy
- Coréia 2003 De Chanwook Park Com CHOI Min-sik, YOO Ji Tae, KANG Hye-jung 120’ Suspense/Policial


DVD - A Europa Filmes lançou duas versões de Old Boy. Uma dupla, e a simples, que foi a que adquiri. Simples é apelido! Menu nojento estático e mais nada de extra. Mas se a ausência de extras fosse o problema maior nesta edição nem me importaria tanto. Dói ver a qualidade péssima da imagem e áudio. Parece DVD pirata! Sem falar nas legendas em francês que aparecem na tela em alguns momentos sem que possamos retirá-las... Vale sonhar com a edição tripla (!!!) lançada pela Tartasian nos EUA. Vem até com alguns fotogramas de 35 mm.

Cotação:

3 de agosto de 2006

Metrópolis de Osamu Tezuka

Pouquíssimos filmes perdem tanto ao serem assistidos no chamado “conforto de nossos lares”, que esta adaptação do clássico mangá do mestre Osamu Tezuka. É tanta informação visual ao mesmo tempo em uma tela tão pequena que se tem a sensação de espiar uma glamurosa festa pelas frestas de um muro. Mas há outros desconfortos. O traço infantilizado dos personagens, claramente fiéis ao trabalho original de Tezuka, contrastam com o roteiro adulto ao extremo de Katsuhiro Otomo (Akira, Steam Boy). Aliás, este parece ser o calcanhar de Aquiles de Otomo: sempre apoiar suas obras em intricadas tramas militares, com golpes militares prontos a explodir, exércitos massacrando multidões de trabalhadores, etc. Ao contrário de nove entre dez desenhos vindos do Japão, há algumas seqüências bastante violentas, embora não se veja sangue, o que já denota olho vivo no mercado ocidental. Outro sinal disto é a trilha sonora incrivelmente em jazz clássico, e algumas alterações no argumento original. A andróide de 1949 se chamava Mitchi e não Tima, e ainda podia se transformar tanto em homem quanto mulher. Uma espécie de pré A Princesa e O Cavaleiro, também de Tezuka. Para quem gosta de bom cinema, e não só de cultura pop asiática, é um trabalho a não ser perdido, até porque não é todo dia que aparece uma película que ficou longos 5 anos sendo produzida e mesmo assim optou por saídas nem sempre óbvias. O final apocalíptico e nada feliz é uma das coisas mais ousadas e belas que vi em um filme. Só mesmo um rapaz muito durão pra não chegar às lágrimas ao som de “I Can’t Stop Loving You”...

Metrópolis de Osamu Tezuka (Osamu Tezuka’s Metropolis)
- Japão 2001 De Rintaro 109’ Animação/Ficção Científica


DVD - Duplo, praticamente o mesmo lançado nos EUA. Mas (e sempre tem um “mas” em DVDs lançados há alguns anos pela Columbia) nenhum dos extras contidos no segundo disco está legendado em português. Nestes extras vale destacar a comparação de story board que faz proveito do recurso multiângulo dos aparelhos de DVD, pouco usado pelas distribuidoras. Os menus em português estão estáticos de dar dó! Também no seu aparelho altere as configurações para “inglês” se quiser ver algum movimento por ali...


Cotação:

3 de novembro de 2005

Kung Fu Futebol Club

E faço coro com os que acham que se o Brasil ainda fosse o país do futebol o fenômeno (desculpe o trocadilho) mundial Shaolin Soccer teria sido exibido nos cinemas e não lançado diretamente em DVD com absurdos quatro (!!!) anos de atraso. O Zé povinho só reage aos apelos da TV pra torcer por este ou aquele... Em troca da venda de anúncios publicitários. Trufas... Ok, o filme é sobre kung fu, mas é tão desta mitológica luta quanto do bom e velho esporte do Garrincha. E se você não tá nem aí pra uma coisa nem outra, assista mesmo assim se você quer se divertir sem culpa com um humor ingênuo, mas que não é burro. Sabe quando se paga uns trocos para dar uma voltinha numa montanha russa? É isso aí! Entretenimento puro e indolor. Acaba-se o filme da mesma forma que começamos. Stephen Chow não aparenta querer mudar o mundo, mas divertir, e faz isso com competência de dar gosto! Inclusive depois de 10 minutos dá pra adivinhar o que vai acontecer em todo o filme, mas isso não importa muito. Prepare-se para ver não só cenas de futebol da forma que você jamais imaginou, e (assim como a maioria dos filmes asiáticos) soluções dramáticas absurdamente criativas. Tal e qual o pobre shaolin pensa quando lhe dão a idéia de misturar a arte marcial com o esporte: “Como é que eu nunca pensei nisso?”. E os efeitos visuais, com esse tempo todo, praticamente não envelheceram em nada. Ainda dá pra ficar de boca aberta, inclusive com uma cena que o ocidente só produziu igual dois anos depois em Matrix Revolutions. Já ouviu falar deste?

Kung Fu Futebol Clube (Shaolin Soccer)
- China, 2001 De Stephen Chow com Stephen Chow, Vicki Zhao, Man Tat NG, 87’ Comédia


DVD – Mais um da série “Dá nojo!”. Menu estático e absolutamente nada de extras! A Buena Vista além de cortar “alguns” minutos de projeção nem o trailer disponibilizou. Parece DVD lançado na década passada, e isso não é força de linguagem... E um filme com tantas possibilidades de bônus... Nem dá pra esperar uma edição mais caprichada, porque lembra muito a edição paupérrima de Pulp Fiction lançada a uns cinco anos pela mesma empresa. Se com a obra máxima de Tarantino não lançaram outra, o que esperar de uma comédia comercial chinesa?

Cotação:

12 de outubro de 2005

Steamboy

E confesso logo de cara que a premissa de Steamboy nunca me alegrou muito. Depois do choque de Akira em 1991 (pra variar, demorou quase meia década para estrear aqui) não me empolgava a Inglaterra vitoriana, o século 19, revolução industrial, etc . Mas poxa, é do Katsuhiro Otomo, o cara fodão que nos deu Akira e nunca mais fez nada só seu. Não custa ver... Só pra te localizar, caso você não tenha nascido a tempo de viver a febre Akira na década de 80. Gosto por mangá a gente sempre teve, mesmo antes que isso fosse moda. Antes, muito antes de Cavaleiros do Zodíaco, só tínhamos Jaspion na TV e nas bancas nada. Aí a editora Globo lançou uma obra prima chamada AKIRA. Papel cuchê, colorido (era uma tradução do lançado nos EUA) custando os olhos da cara quinzenalmente. E quantas vezes passei fome no intervalo pra garantir a edição da quinzena. Infelizmente nunca completei a coleção. Aliás, reza a lenda que nem a editora a completou. Mas daí veio a notícia de um filme daquele universo fantástico de motos possantes rasgando ruas de uma Tóquio tão futurista quanto decadente, gangues se drogando com pílulas incríveis, telecinese. Era demais para um adolescente! Eu quero até hoje uma jaqueta igualzinha à do Kaneda com os dizeres Bom para a saúde, péssimo para a educação! E se passaram 14 anos e nada... Até Steamboy, claro! Lançado diretamente em VHS e DVD no Brasil, o novo longa de Otomo poderia ser apenas mais um filme de gênio, que mesmo não sendo bom, ainda está bem acima da média. Ledo engano, meu caro! Ao final de seus 126 minutos de duração estava aplaudindo sozinho no sofá de minha casa. Incrivelmente o mestre conseguiu superar seu trabalho anterior não só em técnica de animação, mas principalmente em um roteiro empolgante muito bem amarrado. Em comum com o filme de 88 notei algo que me levou ao que li nos mangás. As duas últimas páginas sempre eram com longos textos de Otomo dissertando sobre sua arte e, certa vez, contou que o grande motivo que o fez tornar-se desenhista foi que, quando pegava o trem até sua escola, ficava observando os veios e ferrugens no vagão e tentava reproduzir depois com lápis e papel. Ninguém faz texturas como ele. Mesmo se a história tivesse afundado em um assunto tão distante de nós, ainda assim o espetáculo visual arrebatador já teria valido cada centavo gasto no disquinho. Mas como já disse antes, a história é forte, e política no ponto certo. Apoiada em uma base familiar, vemos o começo da era científica, em um mundo onde poucos são confiáveis e muitos, gananciosos. A mensagem antibélica encontra contraponto exato na socialista. Espantosa, em meio a tudo aquilo, a transformação que a tempestuosa Scarlett (filha, veja só, do dono das empresas H'Ohara!!!) sofre. É óbvio desde sua primeira cena que acabará legal e ao lado do inventivo Ray, mas a sutileza do caminho a ser percorrido raramente foi vista no cinema antes. Enfim, uma ousadia em forma de película que deu mais do que certo, uma evolução cinematográfica narrativa e técnica. "Do risco é que vem o progresso" é um dos primeiros diálogos . Alguma dúvida?

Steamboy - Steamboy

- Japão, 2005 De Katsuhiro Otomo 126' Drama/Aventura

DVD - Poucos mas bons extras, destacando entrevista (curtíssima) com o diretor, conversa em três telas com animadores e seqüências com os vários estágios de produção de algumas cenas.



Cotação: