25 de abril de 2006

Encontros e Desencontros

Sofia Coppola após tentar a sorte como atriz (e se dando mal) achou seu caminho na direção! Perdoe-me pela frase clichê, mas li tanto isso em qualquer crítica sobre este Encontros e Desencontres que simplesmente não resisti. Espere só estrear Volver, o novo Almodóvar pra você ler que é o trabalho mais maduro do espanhol... Voltando ao trabalho da picorrucha do Francis, era tanta ansiedade que a primeira vez nem consegui assistir direito. Com calma, e se há um filme que exige calma é este, não teve como não me juntar ao coro dos que acham um dos melhores filmes do gênero comédia romântica. Diria mais, tratasse de um dos raros filmes adultos vindos de Hollywood nos últimos tempos. Normalmente se dá a alcunha de adulto a qualquer coisa de sacanagem, deveria ser diferente. Quando se cresce não se descobre dolorosamente que paixão avassaladora, amor eterno, par perfeito, outra metade são balelas? Que amor é muito mais companhia, tolerância, aprendizado e não necessariamente envolve tórridas cenas de sexo, beijos lascivos etc e tal? Então, é com este mundo adulto e concreto que Encontros e Desencontros flerta sem perder a ternura. E Bill Murray continua ótimo fazendo questão de ser Bill Murray, não há quem negue!

Encontros e Desencontros (Lost in Translation)
- EUA 2004 De Sofia Coppola com Bill Murray, Scarlett Johansson, Fumihiro Hayashi 96’ Comédia


DVD - Assim, é meigo, com os marcadores dos botões sendo florzinhas, mas poderia ser melhor. Só o menu principal é animado com uma visão noturna de Tókio, mais bela do que nunca. Tem um documentário (longo) interessantíssimo sobre as filmagens, onde se descobre o esquema quase clandestino das filmagens que só valoriza a experiência que acabamos de passar com o filme, entrevistas com Murray e Sofia, algumas cenas deletadas, clipe e na íntegra a participação de Bob (ou Bill) no Matthew’s BestHitTV.

IMDB:
http://us.imdb.com/title/tt0335266/


Site: http://www.lit-movie.com/

Cotação:

17 de abril de 2006

O Invasor

Vejo Beto Brant como uma espécie de Dom Quixote do cinema brasileiro. O cara de vez enquanto nos mostra trabalhos incrivelmente elaborados sem pertencer a qualquer panelinha cultural, e o que é melhor, nota-se o esforço em firmar um estilo próprio, construindo uma filmografia consistente. Em sua maioria, filmes para macho nenhum botar defeito, atrizes da Globo dando(literalmente)o melhor de si, mocinhos empunhando armas e se confundindo com bandidos e violência embalada em fotografia moderninha pra fã de Tarantino nenhum botar defeito. O Invasor é exatamente assim, tal qual Ação entre Amigos e Matadores, a fantástica estréia de Brant. Na trama, três amigos e sócios se desentendem e dois deles (Marcos Ricca e Alexandre Borges) resolvem eliminar o terceiro. O assassino contratado (Paulo Miklos), aquele refugo humano que a classe média finge não existir nos subúrbios quando não lhe convém, resolve após cumprir sua missão também entrar nos negócios. Não há o que falar mal na trama, mesmo lembrando em alguns pontos (e até na fotografia) o americano O Clube da Luta de David Fincher porque o sabor acabou incrivelmente novo. O elenco em sua maioria surpreende. Pessoas que estamos acostumados a ver tendo interpretações podres nas telenovelas como Malu Mader e Borges explicitam aqui que isso é só por má vontade de ficar oito meses trabalhando em um texto sofrível. Quem sabe o cinema daqui decola e eles não precisem mais da TV pra pagar as contas? Mas nem tudo são aplausos... Mariana Ximenes, tadinha, ainda não mostrou qual é sua profissão. A garota faz eternamente a mesma personagem e de forma muito artificial. Seja encarnando um clone de Cárrie, A Estranha no seriadinho Sandy e Junior, seja como filha problemática na novela das 8 ou candanga em minissérie histórica, é sempre a mesma com sua voz meiguinha em falsete. Sempre a mesma entonação solene e sonolenta... O interesse pela trama cai vertiginosamente com sua presença. Parecem eternas as cenas de Miklos passeando com ela na Zona Leste paulistana. Por outro lado a edição engoliu outros atores que do nada desaparecem, como a Chris Couto que faz a esposa de Ricca. Uai, aceitou a amante do marido, mataram, sumiu, tomou Doril? Aonde foi parar? Na cena final(fica frio que não vou estragar nada) há a resolução de toda a trama, corte, e não entendi patavina porque vê-se a tal da Ximenes dormindo por segundos antes dos letreiros finais. Sabe a sensação de que ia indo e acabou fondo? Bateu na trave?


O Invasor - Brasil 2001 De Beto Brant com Alexandre Borges, Marco Ricca, Paulo Miklos, Mariana Ximenes, Malu Mader 96’ Policial

DVD - Delicia! A impressão de que o disquinho não é só para distribuir o filme em si, mas um outro produto que vem junto até... um filme! Bem cuidado com os trailers dos outros dois filmes do diretor, documentário chiquérrimo, bastidores, dois clipes, dezenas de fotos, menu esquizofrênico cool. Talvez em países economicamente avançados até seja comum o diretor independente preparar o DVD complementando a película, mas aqui qualquer extra em um produto que não seja blockbuster americano é de se louvar á Nossa Senhora do Bônus Legendado.

IMDB:
http://us.imdb.com/title/tt0303408/


Site: http://www2.uol.com.br/oinvasor/

Cotação: