10 de junho de 2008

Topázio

Historicamente o pior Hitchcock, sem sombra de dúvida o melhor se comparado a muitos filmes considerados bons de outros diretores. Seu raro toque de genialidade está em muitas cenas, o que é suficiente para prender a atenção até o fim. Mesmo com roteiro confuso sobre espionagem em plena Guerra Fria, calcada no Best-Seller de Leon Uris, onde se leva quase uma hora para compreender o que realmente os personagens estão fazendo. Estranho porque contradiz as palavras do próprio Hitchcock sobre o roteiro de Vertigo, com o mesmo roteirista Samuel A. Taylor, de que para o suspense funcionar é preciso nunca esconder o jogo à platéia, tudo tem que ser bem claro desde o inicio. Pra piorar há uma profusão de personagens, todos com subtramas, e nenhum rosto realmente conhecido para se ter qualquer apatia. Repelido na audiência teste foi remontado, o que deu aspecto truncado a muitos momentos, inclusive à trama afetiva central, e um final um tanto quanto simplório depois de mais de duas horas de reviravoltas. Curioso o papel dos comunistas cubanos, truculentos, quase como os nazistas nos filmes B antigos, mas a posteridade provou que esta visão nem estava tão errada assim. Graças a Topázio a brasileira Eva Wilma ficou cara a cara com o mestre do suspense conforme já contou em muitas entrevistas. Ela fez o teste para o papel principal feminino latino, Juanita de Cordoba. Deixou de protagonizar uma das cenas de assassinato mais emblemáticas de todos os tempos.

Topázio – Topaz

- EUA 1969 De Alfred Hitchcock Com Frederick Stafford, Dany Robin, John Vernon, Karin Dor, Michel Piccoli, Philippe Noiret, Claude Jade, Michel Subor 126’ Suspense


DVD - Essa coleçãozinha da Universal é padronizada até nos menus, com o engraçado tema do seriado Alfred Hitchcock Apresenta no menu principal destoando da película. Sempre se esforça nos extras, até nos discos simples. Topázio vem com um longo especial onde estudioso tenta explicar todos os tropeços da produção, os três finais filmados, inclusive com o escolhido pelo diretor, mil vezes melhor ao que entrou no corte final, trailer, storyboards e fotos de divulgação. Fora o trailer, tudo está legendado em português. Resta falar de um mistério. A contracapa indica que o filme está em fullframe(1:33:1), ou seja na TV aparece em tela cheia com boa qualidade de imagem. Não era comum um filme de um grande estúdio não usar o formato widescreen.

Cotação:

2 comentários:

  1. Nunca vi "Topázio", o que é estranho e não sei explicar, já que costumo me interessar mais pelos filmes menos conhecidos, aclamados de Hitchcock. À exemplo posso dizer que conheço melhor "O HOMEM ERRADO" que "UM CORPO QUE CAI".

    Os filmes do qual se conhece menos trazem uma coisa de se estar presenciando algo filmado ainda nesse ano. A impressão que me deixa é de "achados".

    Vou ver Topázio em breve.

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  2. Faéu, essa impressão de "achados" é só uma impressão mesmo, porque os filmes famosos são os clássicos. Os que sobreviveram ao templo plenamente. Há uma relativa diferença entre clássicos e filmes antigos. Topázio por exemplo não se encaixa em clássico até pela temática política. Talvez você nunca o viu exatamente por isso. Por anos nunca foi muito fácil de ser achado porque foi fracasso já em 1969, a TV o reprisou pouquíssimas vezes, não lembro de tê-lo visto em VHS, etc.

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