10 de abril de 2008

Drácula (1931)

Historicamente é um filme muito interessante. Em plena recessão pós crash da bolsa, quando boa parte dos americanos estava sem dinheiro e os estúdios idem, adaptar a peça baseada em um romance clássico parecia a solução ideal. O retumbante sucesso desta primeira tentativa é um capítulo à parte! Teria aquela gente, mal tendo o que comer, se identificado com temas tão sombrios? Como cinema há muitos senãos. A primeira versão do Conde usando o título Drácula, por exemplo, é acanhada, o que pode refletir as dúvidas da Universal, em plena crise investindo num gênero nunca levado a sério, e Tod Browning praticamente iniciante na direção de uma película sonora. Extremamente careta, poucas vezes há movimentos de câmera, não há trilha sonora exceto O Lago do Cisne na abertura, que o estúdio reutilizaria em alguns outros desta safra de horror, e as interpretações beiram o forçado típico da era muda. Há deslizes ridículos, como deixarem numa cena importante, quando Drácula atacará Mina, aparecer um papelão preso com pregadores a fim de rebater a luz de um abajur. Mas mesmo assim deu certo! Gerou continuações e muitas cópias. Também marcou a caracterização do personagem (um dos mais filmados) para a posteridade. É o filme do Bela Lugosi e ponto! Este é mais um dos motivos para ser visto e revisto como forma de análise, embora seja mais uma produção velha do que clássica. Algumas curiosidades, é que sua fidelidade ao romance é resumida porque se aproveitou do roteiro teatral, bastante econômico, e não diretamente do livro de Bram Stocker. Mesmo com Lugosi interpretando o aristocrata romeno nos palcos, a primeira opção para o papel seria Lon Chaney, famoso ator das primeiras tentativas de Hollywood causar medo. Mas ele morreu pouco antes da produção ter inicio. Ironicamente, seu filho Lon Chaney Jr. estrela o terceiro da série, O Filho do Drácula. Bela Lugosi canastrão, mas emblematicamente soturno teve um fim triste como todos sabemos, na miséria, viciado em álcool e morfina. Mas não foi o único do elenco! Dwight Frye que faz o Renfield não durou nem dez anos depois disto, padecendo do mesmo vicio. Helen Chandler, a bonitinha que faz a Mina foi outra a ter carreira curta, dizem também por problemas com o álcool. Passou muitos dos seus últimos anos internada em manicômios, recurso da época para tratar dependentes.

Drácula – Dracula

- EUA 1931 De Tod Browning Com Bela Lugosi, Helen Chandler, David Manners, Dwight Frye, Edward Van Sloan, Herbert Bunston, Frances Dade 74’ Horror


DVD - Vem um DVD de brinde! Brinde mesmo, porque nem há nada a respeito na contracapa. “Stephen Sommers e os Monstros Clássicos da Universal Pictures” tenta mostrar o que o diretor de Van Helsing sabe sobre o assunto. Assim como o filme, descobre-se que nada! Pura futilidade! No do Drácula tem galeria de fotos e material promocional, trailer original, e a possibilidade de se assistir finalmente com trilha sonora, composta por Phillip Glass. Há ainda um documentário bem longo apresentado pela até então única sobrevivente do cast, a sobrinha do presidente do estúdio e uma ótima faixa de áudio com um historiador.

Cotação:

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