26 de janeiro de 2008

Os Crimes do Museu

É uma viagem no tempo assistir este filme absurdamente datado. Michael Curtiz (de Casablanca) situou a ação entre 1922 e 1933, ou seja, os tempos atuais, ao contrário da refilmagem (Museu de Cera) de 1953, com Vincent Price, no final do século 19. Leva-se em conta também o fato de ter sido fotografado em arcaico sistema Tecnicolor, onde as cores eram obtidas através dos tons vermelhos e verdes e de ter sido produzido um ano antes de entrar em vigor o famoso Código de Conduta Hays. Portanto, espere referências a pornografia, vícios, diálogos que podem ser encarados como racistas, e cenas um tanto ousadas. Fay Wray (alguns meses antes de encarar King Kong) logo na primeira cena usa um minúsculo e revelador short para fazer ginástica. Com áudio em Vitaphone (solução da Warner para filmes sonoros), tem os diálogos (rápidos como era costume na época) muitas vezes fora de sincronia. Até o fim dos anos 60 era tido como uma entre tantas películas desaparecidas, sendo encontrado nos arquivos pessoais do chefão Jack Warner pós sua morte, em 1969. Então se desconta uns 2 ou três cortes abruptos, que denotam ausência de algum rolo. Não tem o requinte das produções de horror que a Universal fazia no mesmo período, mas sua história consegue manter o interesse até o fim. Glenda Farrell faz a heroína, uma mistura de Jean Harlow e Rossalind Russell em Jejum de Amor (His Girl Friday) que não precisa de homem algum para resolver seus problemas. Intrépida repórter, tão descolada quando desacreditada por seu patrão, será a primeira a notar algo de bizarro entre a inauguração de um museu de cera e o desaparecimento de cadáveres no necrotério municipal de Nova York. De índole duvidosa, ao descobrir uma caixa com bebidas alcoólicas ilegais (estamos em plena lei seca) não pensa duas vezes, mesmo na frente dos policiais, em pegar algumas garrafas para si, como “comissão”. Da pá virada, como se diria nos 30’s!

Os Crimes do Museu – Mystery of the Wax Museum
- EUA 1933 De Michael Curtiz Com Lionel Atwill, Fay Wray, Glenda Farrell, Frank McHugh, 77’ Suspense


DVD - Lançado pela Warner no lado B da versão de 1953, Museu de Cera de Vincent Price. Por tanto ele em si é um bônus. Sem material suplementar exclusivo. Seria bacana se todo filme viesse com mais um no outro lado. Voltaríamos à prática dos filmes B, quando as distribuidoras faziam sessões duplas para tentar competir com a TV na década de 50. O segundo projetado sempre era de qualidade inferior e assim se perpetuou a expressão “filme B”.

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