
Primeira adaptação de livro do Stephen King, abandona sua estrutura original, narrado em flashbacks com os depoimentos da sobrevivente Sue Snell e recortes de jornal. Linearmente a protagonista é envolvida na teia até a tragédia que todos estamos carecas de saber qual é.
Em mãos menos habilidosas escorregaria para a obviedade principalmente porque explora temas bem em moda no cinema 70’s: catástrofe e adolescentes problemáticos com “problemas” inexplicáveis ao senso comum. Carrie é uma garota que não consegue se enquadrar socialmente, como todo jovem se sente um pouco em qualquer época.
Criada por uma mãe fanática religiosa (Piper Laurie doentiamente espetacular!), paga o mico de ficar apavorada ao menstruar pela primeira vez no vestiário escolar. Impossível não ter vergonha por ela, e muita raiva da estupidez que lhe rodeia.
Hoje Carrie White seria facilmente identificada como sofredora de bullying. Pode claramente fazer referência a fatos recentes da vida americana, como o adolescente de Colombine que, desprezado pelos colegas, abriu fogo contra todos.
O que só a gente e ela sabemos, é que possui poderes telecinéticos, habilidade que lhe faz mover objetos com a mente. E está aí a graça de mesmo conhecendo o que vai acontecer (o próprio trailer mostra), seja a primeira ou a 20ª vez que se assiste, acompanhar o desprezo sádico daquelas meninas boçalmente nojentas de cabelo a lá Farrah Fawcett.
A subversão está em que em momento algum Carrie pareça uma coitada psicótica. Vai atrás pra tentar entender seus dotes mentais, peita a loucura materna e desconfia das boas intenções do mocinho com cabelo igual ao do Ovelha quando este lhe convida a ir ao baile da Bates High School.
O filme discute intensamente o que nos pertence, fruto do que adquirimos conscientemente durante a vida, herdamos geneticamente e o que os outros tentam nos impingir rotulando. Por duas vezes Carrie é emporcalhada fisicamente ao tentar ser ela mesma.
O diabo são os outros!
Carrie, A Estranha - Carrie
- EUA 1976 De Brian De Palma Com Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, William Katt, Betty Buckley, Nancy Allen, John Travolta, P.J. Soles 98’ Suspense
DVD- Comercializado em três versões no Brasil. Há uma edição que só vem o trailer de bônus, uma edição “presente de grego” onde Stigmata o acompanhado e esta edição especial.
Para quem o viu como eu, a primeira e inesquecível vez na TV (TV Bandeirantes), depois o adquiri em VHS, parece estarmos assistindo a um novo filme! A imagem cristalina (com TODAS as sardas da Sissy Spacek aparentes) em widescreen, áudio 5.1 deixando a trilha sonora de Pino Donaggio ainda mais arrepiante...
Pena que o DVD saiu em 2000, primórdios da era digital, e nenhum extra venha com legendas. Há um longo documentário com todo o elenco (exceto Travolta) relembrando as filmagens, outro com making of, galeria de imagens, o espalhafatoso trailer original e muito texto em português sobre Stephen King.
Cotação:

Olha só quem resolveu voltar a escrever sobre cinema!
ResponderExcluirMiguel, Carrie é um dos filmes que eu mais amo, colocaria em uma listinhas de melhores de todos ao lado de Blow Out. Lindão.
Histórias que a gente nao deveria contar: meu primeiro contato com carrie foi em um especial da Sandy E Junior :) Pelo menos pra isso serviu, eu, criança batuta e estranha que amava filmes de terror, corri pra locadora. Deve ser um dos filmes que eu amo a mais tempo também.
Rafael, pois é! Lembro desse programa. Um dos primeiros papeis da Mariana Ximenes na TV foi como Carrie.
ResponderExcluirVem cá, como assim voltou a escrever sobre cinema? Há exatamente 589 posts no La Dolce Vita com a tag "cinema". Alguns deles devem ter opiniões muito mais profundas que as daqui...
Ah sim, pertdão, voltou ao cinemorama e com resenhas mais... didaticas? nao, nao é isso. nao sei. voce so lembrou do cinemorama e pronto
ResponderExcluirRafau, hahahahah Eu nunca tinha esquecido. Só não tinha vontade.
ResponderExcluirClássico absoluto do diretor Brian de Palma. Sissy Speacek está ótima na pele que carrie, uma garota ridicularizada e humilhada e Piper Laurie está estupenda na pele de uma mãe fanática e castradora. A estória todos já sabem, o bom mesmo é assisti-lo e adimirar o domínio do diretor e saborear este terror lírico. Ótimo!!
ResponderExcluirUm dos filmes mais assustadores do anos 1970, assim como "A Profecia" e "O Exorcista". "O Diabo não é tão feio como parece"!!! - Marcio Osbourne - Joinville/SC
ResponderExcluir