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21 de outubro de 2009

Carrie, A Estranha (1976)

Brian de Palma brilhante demonstrando domínio na arte de filmar e manipulação da platéia. É o que ele mais tem de seu amado Hitchcock, muito mais do que referências visíveis.

Primeira adaptação de livro do Stephen King, abandona sua estrutura original, narrado em flashbacks com os depoimentos da sobrevivente Sue Snell e recortes de jornal. Linearmente a protagonista é envolvida na teia até a tragédia que todos estamos carecas de saber qual é.

Em mãos menos habilidosas escorregaria para a obviedade principalmente porque explora temas bem em moda no cinema 70’s: catástrofe e adolescentes problemáticos com “problemas” inexplicáveis ao senso comum. Carrie é uma garota que não consegue se enquadrar socialmente, como todo jovem se sente um pouco em qualquer época.

Criada por uma mãe fanática religiosa (Piper Laurie doentiamente espetacular!), paga o mico de ficar apavorada ao menstruar pela primeira vez no vestiário escolar. Impossível não ter vergonha por ela, e muita raiva da estupidez que lhe rodeia.

Hoje Carrie White seria facilmente identificada como sofredora de bullying. Pode claramente fazer referência a fatos recentes da vida americana, como o adolescente de Colombine que, desprezado pelos colegas, abriu fogo contra todos.

O que só a gente e ela sabemos, é que possui poderes telecinéticos, habilidade que lhe faz mover objetos com a mente. E está aí a graça de mesmo conhecendo o que vai acontecer (o próprio trailer mostra), seja a primeira ou a 20ª vez que se assiste, acompanhar o desprezo sádico daquelas meninas boçalmente nojentas de cabelo a lá Farrah Fawcett.

A subversão está em que em momento algum Carrie pareça uma coitada psicótica. Vai atrás pra tentar entender seus dotes mentais, peita a loucura materna e desconfia das boas intenções do mocinho com cabelo igual ao do Ovelha quando este lhe convida a ir ao baile da Bates High School.

O filme discute intensamente o que nos pertence, fruto do que adquirimos conscientemente durante a vida, herdamos geneticamente e o que os outros tentam nos impingir rotulando. Por duas vezes Carrie é emporcalhada fisicamente ao tentar ser ela mesma.

O diabo são os outros!


Carrie, A Estranha - Carrie

- EUA 1976 De Brian De Palma Com Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, William Katt, Betty Buckley, Nancy Allen, John Travolta, P.J. Soles 98’ Suspense


DVD- Comercializado em três versões no Brasil. Há uma edição que só vem o trailer de bônus, uma edição “presente de grego” onde Stigmata o acompanhado e esta edição especial.

Para quem o viu como eu, a primeira e inesquecível vez na TV (TV Bandeirantes), depois o adquiri em VHS, parece estarmos assistindo a um novo filme! A imagem cristalina (com TODAS as sardas da Sissy Spacek aparentes) em widescreen, áudio 5.1 deixando a trilha sonora de Pino Donaggio ainda mais arrepiante...

Pena que o DVD saiu em 2000, primórdios da era digital, e nenhum extra venha com legendas. Há um longo documentário com todo o elenco (exceto Travolta) relembrando as filmagens, outro com making of, galeria de imagens, o espalhafatoso trailer original e muito texto em português sobre Stephen King.


Cotação:

13 de julho de 2008

Um Tiro Na Noite

Este elogio à arte de fazer filmes, é um dos melhores da década de 80, embora pouco lembrado. Extremante reverente aos ídolos como de costume, Brian De Palma conseguiu resultado coeso, costurando muito bem o emaranhado de referências. John Travolta em seu primeiro papel adulto, e último da primeira grande fase, é o técnico de áudio em filmes baratos na hora e local errados. Ao gravar corriqueiros sons ambientes registra sem querer acidente automobilístico e, portanto, acaba se envolvendo na trama para assassinar importante candidato à presidência. Arriscará provar a conspiração por detrás da morte, enquanto, claro, terá que salvar sua pele e a de uma prostituta ingênua também presente à cena do crime. E dá-lhe planos seqüência magistrais, trilha sonora enervante (de Pino Donaggio), e um dos finais mais surpreendentes já filmados! Tão surpreendente que a platéia média acaba esquecendo sua coerência e detestando todo o resto. Para cinéfilos (Além das citações a Antonioni, Hitchcock...) há ainda a graça dos bastidores de uma produção B em época anacrônica e ainda o uso dramático do princípio básico do cinema, a animação quadro a quadro. É intrigante como De Palma comandou sucessivas pequenas maravilhas entre o fim das décadas 70, começo dos 80, e a quase 20 não faz nada que possa dar uma classificação maior do que regular. Como Nancy Allen, sempre competente estrelando os primeiros trabalhos do diretor, de prostituta sagaz a vilãzinha estudantil, após Robocop viu a carreira minguando, minguando...

Um Tiro Na Noite – Blow Out

- EUA 1981 De Brian De Palma Com John Travolta, Nancy Allen, John Lithgow, Dennis Franz, Peter Boyden, John McMartin 139’ Suspense


DVD - A Fox (sempre ela!) vende estes discos da MGM de qualquer maneira. Vêm só com o trailer e menus feios e estáticos. Mas isso não é mérito brasileiro. Há pessoas dos EUA reclamando no IMDB do mesmo descaso. Um filme importante e tão imaginativo merecia pelo menos um mísero featuring. Aposto que Nancy Allen toparia dar as caras! Mas a película tem imagem e áudio muito bom! Aliás, o som está apenas em dois canais, e de preferência deve ser assistido assim, até pela profissão do protagonista há todo um cuidado a mais com os efeitos sonoros.

Cotação:

20 de maio de 2008

Vestida para Matar

Quarentona confessa ao psiquiatra a insatisfação na cama com o marido. Logo, após tirar o atraso com um desconhecido, será assassinada a golpes de navalha. E quem já assistiu Psicose sabe que ao final nada disso importa muito. Esta colcha patchwork hitchcockiana nos empurra goela abaixo variadas perversões humanas com notável humor e habilidade. A garota de programa de olho no sobe e desce da bolsa de valores talvez seja uma delas. Sua frieza contrasta com o personagem de Angie Dickinson, a pacata dona de casa em busca da compreensão entre quatro paredes, mais sexy e provocativa do que normalmente o cinema mostra zelosas mães. Em seu auge, De Palma promoveu um dos mais engraçados filmes de serial killer já feito, tão inspirado em vários Hitchcock quanto nos giallos 70’s. Só que não vemos apenas um par de luvas pretas cometendo atrocidades, mas um travesti muito forte e ridículo dando cabo de qualquer beldade que desafie seu tesão masculino. A certa altura, depois de imagens magicamente manipuladas e silenciosas escapam alguns furos, suplementados pelos minutos finais de suspense em nível quase insuportável. Como se fosse uma charada off roteiro, há muitas cenas de sexo e nudez, que sem dúvida teriam influência em Dublê de Corpo um dos próximos trabalhos do diretor. Brilhante, parece ter ficado melhor com o passar dos anos. Um clássico do desejo sufocado realçado pela inspirada trilha de Pino Donaggio.

Vestida para Matar – Dressed to Kill

- EUA 1980 De Brian De Palma com Michael Caine, Angie Dickinson, Nancy Allen, Keith Gordon, Dennis Franz, David Margulies 105’ Suspense


DVD - A imagem é ruim, mesmo preservando o formato da tela original apresenta granulação fora do normal e alguns riscos. Como único brinde, o trailer da época chamando Brian De Palma de Mestre do Macabro.

Cotação:

28 de março de 2008

A Fúria

Brian DePalma ainda colhia os louros de Carrie, a garota que literalmente não levava desaforo pra casa, quando topou mais esta incursão no mundo dos adolescentes paranormais. É o prato cheio para o diretor exibir todos os seus maneirismos de câmera, narrativos, o aclamado hitchcockianismo, além de inúmeros recursos técnicos. Resultou num banho de sangue, violência e certo corre-corre policial, sem sombra de dúvida inferior ao outro, mas ser inferior a uma obra prima não desmerece filme algum! O fim da década de 70, começo dos 80 gerou interesse nas possibilidades cerebrais, talvez pelo uso da maconha, LSD e adjacências. Uri Geller entortando talheres na TV é uma celebridade iconográfica do período. Além do tema, temos novamente Amy Irving, só que desta vez é ela quem tem o poder! Boazinha (tem o estereotipo de colega CDF da classe) colocará suas habilidades a serviço de um pai desesperado na busca pelo filho também paranormal. O seqüestrador só podia ser John Cassavetes! Nosso gerador do coisa-ruim favorito pertenceria (isto fica relativamente confuso) a uma repartição do governo que estuda tais fenômenos. Uma conotação interessante do roteiro, a quem já observou a relação entre adolescentes e familiares, é que fora dos olhos dos mais velhos costumam ter atitudes diferentes. Quase sempre os anjinhos dos papais não são tão anjinhos assim na rua. Kirk Douglas nunca tinha pensado nisso. Tem pai que é cego!

A Fúria – The Fury

- EUA 1978 De Brian DePalma Com Kirk Douglas, Amy Irving, John Cassavetes, Charles Durning, Carrie Snodgress, Fiona Lewis 118’ Suspense


DVD - O Menu estático nos leva até o trailer original que não deve ser assistido antes do filme! O final é absurdamente revelado ali... Ainda há galeria com pôsteres psicodélicos de muitos países, além de imagens de divulgação e lob cards.

Cotação:

5 de dezembro de 2007

Dália Negra

Brian De Palma tem um nome forte o suficiente para que quaisquer de seus trabalhos sempre mereçam atenção. Mesmo com os tropeços dos últimos anos, há sempre Carrie, Dublê de Corpo, Vestida Para Matar, Os Intocáveis, e alguns outros que depõem a seu favor... Pena que ainda não foi desta vez que o mais famoso seguidor de Hitchcock usou seus maneirismos de câmera, planos panorâmicos de tirar o fôlego em prol de uma boa história. Aqui tudo isso só serve pra disfarçar um roteiro mal e porcamente escrito. O tal crime da aspirante a atriz Elizabeth Short torna-se apenas o pano de fundo para a história de dois amigos policiais que têm em comum o gosto pelo boxe e o afeto da mesma garota. Com um elenco mais experiente até daria um caldo razoável. Mas o que temos são três jovens tentando interpretar no vazio, discutindo a rebinboca da parafuseta! Se nem para eles aquilo parece ter interesse maior, imagina pra quem está os assistindo? Lá pela metade da coisa entra o núcleo magnata da família de Hilary Swank (ótima!), soturna e perigosa. Mas aí já é tarde! Começa-se a desenrolar um monte de subtramas que, se prestei bem atenção, não estavam enroladas dês do começo! Aliás, a solução do caso (real) que dá nome ao título ganha uma solução tão ridícula quanto improvável. Baseado no livro do autor de L.A. Confidential, taí a prova de que brincar de noir não é pra qualquer um...

Dália Negra – Black Dalia - EUA 2006 De Brian De Palma Com Scarlett Johansson, Josh Hartnett, Hilary Swank, Aaron Eckhart 120’ Suspense

DVD - Os extras são o trailer dele, algumas curtíssimas entrevistas com os principais envolvidos e slide show sonororizado. Cabe dizer que a capa tem frente e verso, a principal com o belo pôster original e a outra apenas com destaque no elenco. Mas conteúdo é o mesmo, caso você o ache á venda de forma diferente. Uma coisa negativa foi a idéia de colocar inúmeros trailers de trashes logo no inicio do disco, sem a opção de pulá-los... É preciso correr (como se fosse a era do VHS) toda vez que se quer ver o filme. Chato!

Cotação: