22 de outubro de 2008

À Meia Luz (1944)

Ingrid Bergman nos presenteia talvez com a interpretação mais fofa de sua vida. Tão desprotegida que dá vontade de gritar que seu marido é um bandidão tentando fazê-la de louca pra botar as patas na fortuna da tia morta. Nitidamente, e com insuspeita classe, esse filme da época das trevas Hollywoodiano faz proveito do espírito de Rebecca. Está presente o casarão, o quadro da finada entre outras pitadas do sucesso recente de Hitchcock, embora suas raízes não sejam um livro, e sim uma produção teatral inglesa também de 1940. Seu clima de eterno desamparo, com luzes instáveis e o fog londrino escondendo o horizonte, assume na segunda metade postura muito mais policial do que suspense, e nessa virada o personagem de Joseph Cotten ganha força abrupta demais, mas é um alívio que desponte alguém que ajude a mocinha. Charles Boyer, a esta altura consagrado como grande, parece ter no papel de vilão mor a chance de parecer perfeito usando sua antiquada interpretação típica do cinema mudo, cheio de caras e bocas. Coroando o elenco de luxo está Angela Lansbury como a petulante empregadinha do tipo cama e mesa, seu primeiro personagem adulto. Dirigido por George Cukor (gigante responsável por incontáveis clássicos nos mais diversos gêneros) é bastante prazeroso na franca nobreza cinematográfica.

À Meia Luz – Gaslight

- EUA 1944 De George Cukor Com Ingrid Bergman, Charles Boyer, Joseph Cotten, Dame May Whitty, Angela Lansbury, Barbara Everest, Emil Rameau 114’ Suspense


DVD - Outro espetacular lançamento da Warner com a capinha e menus reproduzindo o pôster original. Contendo lado A e B, traz como extra nada menos do que a versão feita na Inglaterra quatro anos antes, trailer do americano e documentário apresentado por Pia Lindström, a filha menos famosa de Ingrid Bergman. A curiosidade máxima fica por conta do filmete com a entrega do Oscar de 1944, no qual à Meia Luz saiu vitorioso nas categorias atriz e direção de arte (Decoração). Na época, sem TV, o prêmio da Academia era bem artificial. Aliás, bem mais artificial.

Cotação:

3 comentários:

  1. Depois de Greta Garbo, Hollywood importou da Suécia outra linda atriz. Talentosa e charmosa, Ingrid Bergman adaptou-se bem à América e, mesmo com o escândalo com Rosselini ainda conseguiu brilhar.ótima escolha de filme. Vc já assitiu a versão anterior?

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  2. Jacques, ainda não, mas assistirei. Parece que na época a MGM o proibiu nos EUA por causa deste.

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  3. Não sabia que existia uma versão anterior.Mas.essa
    é sem dúvida ótima.Gosto muito do Joseph Cotten e
    da Ingrid Bergman.Achei interessante,ver a "senhora Fletcher"(Ângela Lansbury) fazendo papel de pilantra.
    Charlhes Boyer,era daqueles franceses sedutores que conseguiram brilhar no cinema,sem se apoiar só
    na beleza. Excelente filme de suspense.

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