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13 de setembro de 2009

Eu Quero Viver

Barbara Graham foi a garota saidinha que se meteu com os caras errados. De alegria dos randevouz saltou ás páginas policiais em manchetes escandalosas no início da década de 50 acusada de assassinar uma velhinha às pauladas.

Presa, jurou inocência até o fim, quando foi condenada à câmara de gás. Mesmo com todas as matérias sensacionalistas que assolaram os EUA, inclusive nos primórdios da TV, sua história comoveu todo o país transformando-a num símbolo anti a pena capital.

O drama real transformado em roteiro de Hollywood virou veículo perfeito para Susan Hayworth brilhar. Nem a um passo de morrer ela deixa de ser arrogante e amoral, embora consiga sensibilidade nos momentos onde clama pela vida e reencontra seu filho bebê na cadeia.

Não teve pra ninguém na cerimônia do Oscar daquele ano. Hayward (após outras quatro indicações) desbancou a eterna queridinha Elizabeth Taylor que concorria como Meg de Gata Em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof).

Robert Wise, especialista em filmes fantásticos como A Maldição do Sangue de Pantera (The Curse of Cat People, 1944), dirigiu esquivando-se do dramalhão rasgado que o material poderia proporcionar. Principalmente pela trilha sonora espetacular de jazz e o roteiro que apresenta apenas o que já havia sido propagado na mídia.

O possível assassinato surge em meio à chuva de acusações no tribunal. Somos surpreendidos assim como o réu.

Apresentado e encerrado por frases do jornalista Edward S. 'Ed' Montgomery (ganhador do Politzer), que acompanhou o caso (e segundo o roteiro se envolveu emocionalmente), o roteiro se assemelha a uma vislumbrada em recortes de notícias. É sucinto nas fases, e não perde muito tempo em longas cenas de tribunal.

Quase um King Kong. Sabe-se o que foi reservado à heroína no final, e mesmo assim são minutos de extrema tensão e suspense claustrofóbico.


Eu Quero Viver - I Want to Live!

- EUA 1958 De Robert Wise Com Susan Hayward, Simon Oakland, Virginia Vincent, Theodore Bikel, Wesley Lau, Philip Coolidge, Lou Krugman, Alice Backes 120’ Drama


DVD- Uma tristeza estes DVDs de obras da RKO, MGM ou United Artists distribuídos no Brasil. Temos o filme apenas e já vamos com sorte, que pelo menos foi comercializado, em meio a centenas ainda inéditos. Não entendi até agora que diabos é Classicline, porque alguns discos com esta marca não parecem pertencer à grande estúdio algum, mas nesse caso a capinha é cheia do leão da Metro. E são caros pra chuchu!

Cotação:

11 de dezembro de 2008

Polyester

Tem algo muito fedorento na classe média. Parece ser a principal função de John Waters nesta vida apontar de onde vem o mau cheiro na ostentação da família perfeita. Ele nunca foi tão explícito na empreitada quanto em Polyester, quando a platéia recebia na porta dos cinemas uma cartelinha com números que deveriam ser raspados conforme a protagonista ia cheirando os objetos em cena: estava inventado o Odorama! É o elo não perdido entre toda a trasheira da filmografia de Waters na década de 70 com seu lado mais civilizado exibido a partir dos 80. Pode não ser dos seus trabalhos mais brilhantes, mas ainda muito bom! Divine é Francine, uma dona de casa comum de Baltimore com inúmeros problemas domésticos. Saca a lista: O marido é dono de um cinema pornô e é amante da secretária (que se orgulha de usar roupa 100% polyester), o filho é um junkie conhecido como o pisoteador do supermercado (!!!), a filha a biscatinha de cabelo a lá Farrah Fawcett que dança para os garotos da escola em troca de uns caraminguás, e a mãe, a velha mais perversa imaginável! Pra piorar, o circulo social de Francine se resume à ex-empregada doméstica que ficou milionária, e que por sinal, será a única a ficar do seu lado quando a pobrezinha cair nas teias do vício do álcool. De lambuja ainda temos Tab Hunter, ex-galã teen dos anos 50, fazendo par romântico com Divine, parceria que iriam repetir algum tempo depois no hilário A Louca Corrida do Ouro.

Polyester

- EUA 1981 De John Waters Com Divine, Tab Hunter, Edith Massey, David Samson, Mary Garlington, Ken King, Mink Stole, Stiv Bators 86’Comédia


Cotação:

26 de novembro de 2008

A Mansão de Drácula

O roteiro parece fruto de alguma gincana para ver quem conseguia usar mais monstros da Universal em menos metragem. Com evidente desgaste na fórmula, nada faz muito sentido. Drácula procura um conceituado médico porque cansou de ser vampiro. E não é que Talbot, o Lobisomem, teve exatamente a mesma idéia? O doutor, coitado, que vive isolado num velho laboratório cercado por duas ajudantes bonitonas, fará o possível para ajudá-los, mesmo estando mais preocupado em curar a corcunda de uma delas. No meio do tumulto, acabam encontrando o monstro de Frankenstein jogado numa caverna, e quando a trama tomar ares de Dr. Jekyll e Mister Hyde, pode apostar que haverá tentativas de revivê-lo. A enxurrada de efeitos especiais é outra diversão à parte, quase sempre funcionais até para os dias de hoje, exceto o morceguinho com os fios de nylon aparentes. Estapafúrdias há parte, é um trash de classe, produzido pelo estúdio que cravou no imaginário popular as principais criaturas da literatura de horror na década passada. Qualquer crítica é inútil se levarmos em conta seu interesse histórico e o sabor de entretenimento saudosista. Ao contrário do bem sucedido crossover cômico de Abbout e Costello, que contou com Bela Lugosi revivendo Drácula, nenhum dos atores originais está presente, embora Lon Chaney Jr. tenha ficado marcado pelo papel de Lobisomem. O conde da Transilvânia é interpretado por outra lenda do gênero, o longilíneo John Carradine. Por trás da maquiagem de monstro de Frankenstein está Glenn Strange assim como em alguns outros filmes. Hoje em dia é confundido volta e meia com Boris Karloff pela similaridade à primeira vista.

A Mansão de Drácula – House of Dracula

- EUA 1945 De Erle C. Kenton Com John Carradine, Lon Chaney Jr., Martha O'Driscoll, Lionel Atwill, Onslow Stevens, Glenn Strange, Ludwig Stössel, Jane Adams 67’ Horror


DVD- Outro disco da coleção Ataúde Macabro da finada Dark Side (London/Works DVD). A arte da capa e os menus (que chegam a dar calafrios de tão sombrios) estão bem bacanas. Ainda trazem informações técnicas e textos relevantes na contracapa. Acompanha outro filme raro da Universal, A Mansão de Frankenstein, onde curiosamente o iconográfico Karloff assume o papel de cientista louco e não do monstro. Com imagem e o áudio excelentes, acompanha os trailers de A Filha de Drácula, O Filho de Drácula, Drácula (já presentes em outros exemplares da coleção), A Mansão de Frankenstein, Frankenstein Contra O Lobisomem e O Fantasma de Frankenstein.

Cotação:

28 de outubro de 2008

Os 12 Macacos

Uma das mais surpreendentes e pouco reconhecidas ficções científicas dos anos 90. Tão cheia de camadas que é quase automático querer revê-la apenas para observar novas texturas. A primeira surpresa é que sempre se espera mais rococó neste gênero associado à assinatura de Terry Gilliam. Tanto em efeitos especiais, quanto em visual, até que é bem contido, com muitos filtros claros de fotografia para não afugentar fãs dos filmes bobocas estrelados por Bruce Willis e Brad Pitt na época. Aliás, este último somado ao estranhamento do argumento é um desconforto inicial. Quando a trama ainda não decolou, sua interpretação de deficiente mental ensaiadinha demais destoa do realismo cenográfico. Em 2034, a humanidade vive nos subterrâneos graças a um vírus espalhado em 1996. Todo o planeta está novamente tomado por animais selvagens, que vivem livremente sobre o que foi a civilização. Mesmo com a tecnologia ainda precária, cientistas usam detento (Willis) para que ele volte ao passado a fim de conseguir amostras da tal praga antes dela sofrer mutações. Sem controle exato da época em que será enviado, vai primeiro para 1990, e suas convicções o levam ao hospício. Este argumento, baseado no curta francês La Jetée de 1962, pode ter cheiro de “déjà-vu”, mas é só cheiro mesmo. Embalado numa trilha sonora atemporal, Os 12 Macacos (entre dezenas de outras coisas) nos lembra o emaranhado de referências culturais e imagens constroem nossa memória, e sobretudo, se somos por natureza criaturas sociáveis, a quem se agrupar. Com roteiro muito bem amarrado, desliza (sem maiores prejuízos) no final, quando a profundidade sai de cena para dar lugar a um saturado “quem é o culpado?”.

Os 12 Macacos – Twelve Monkeys


- EUA 1995 De Terry Gilliam Com Bruce Willis, Madeleine Stowe, Jon Seda, Brad Pitt, Simon Jones, Carol Florence, Christopher Plummer 129’ Ficção Científica


DVD - Mais uma pobreza franciscana da Universal. Não há nadica de nada além do filme. Como isso é inacreditável em se tratando de uma obra tão interessante, fica-se tentando achar algum easter egg... Não perca seu tempo! Não dá pra clicar no olho do Bruce Willis que fica rodando no menu estático.

Cotação:

22 de outubro de 2008

À Meia Luz (1944)

Ingrid Bergman nos presenteia talvez com a interpretação mais fofa de sua vida. Tão desprotegida que dá vontade de gritar que seu marido é um bandidão tentando fazê-la de louca pra botar as patas na fortuna da tia morta. Nitidamente, e com insuspeita classe, esse filme da época das trevas Hollywoodiano faz proveito do espírito de Rebecca. Está presente o casarão, o quadro da finada entre outras pitadas do sucesso recente de Hitchcock, embora suas raízes não sejam um livro, e sim uma produção teatral inglesa também de 1940. Seu clima de eterno desamparo, com luzes instáveis e o fog londrino escondendo o horizonte, assume na segunda metade postura muito mais policial do que suspense, e nessa virada o personagem de Joseph Cotten ganha força abrupta demais, mas é um alívio que desponte alguém que ajude a mocinha. Charles Boyer, a esta altura consagrado como grande, parece ter no papel de vilão mor a chance de parecer perfeito usando sua antiquada interpretação típica do cinema mudo, cheio de caras e bocas. Coroando o elenco de luxo está Angela Lansbury como a petulante empregadinha do tipo cama e mesa, seu primeiro personagem adulto. Dirigido por George Cukor (gigante responsável por incontáveis clássicos nos mais diversos gêneros) é bastante prazeroso na franca nobreza cinematográfica.

À Meia Luz – Gaslight

- EUA 1944 De George Cukor Com Ingrid Bergman, Charles Boyer, Joseph Cotten, Dame May Whitty, Angela Lansbury, Barbara Everest, Emil Rameau 114’ Suspense


DVD - Outro espetacular lançamento da Warner com a capinha e menus reproduzindo o pôster original. Contendo lado A e B, traz como extra nada menos do que a versão feita na Inglaterra quatro anos antes, trailer do americano e documentário apresentado por Pia Lindström, a filha menos famosa de Ingrid Bergman. A curiosidade máxima fica por conta do filmete com a entrega do Oscar de 1944, no qual à Meia Luz saiu vitorioso nas categorias atriz e direção de arte (Decoração). Na época, sem TV, o prêmio da Academia era bem artificial. Aliás, bem mais artificial.

Cotação:

15 de outubro de 2008

Sin City – A Cidade do Pecado

Fosse uma história original, não uma adaptação de graphic novel, poderíamos apontar este noir moderno como um dos melhores filmes deste início de século. É uma pena que apenas sua técnica foi imitada em outras produções, não seu conceito artístico. Estilizado, usando a obra original praticamente como storyboard, à primeira vista é dramaticamente belíssimo,e tanta beleza merece (pelo menos) uma segunda assistida. Isso porque, pelo radicalismo é impossível não se notar o distanciamento dos atores do resto do cenário, dando impressão de que todos estão presos a uma mentira. Na revisão percebe-se que tal coisa parte apenas do ponto de vista do espectador. Assim como os contos criados por Frank Miller ficaram muito bem costurados, a escalação do elenco está irrepreensível. Ainda demonstra um notável amadurecimento narrativo de Robert Rodriguez, que pela primeira vez fez um filme pensando na platéia, não uma experiência tecnológica somente para satisfação própria. Se for necessário apontar alguma falha, dá pra chutar a metragem longa, ou a sensação causada pelo processo, que depois de uma hora parece que se passaram 3. Seguindo a lógica de triplicar, ao final pode-se aplaudir as seis horas de puro e vibrante entretenimento cinematográfico.

Sin City – A Cidade do Pecado – Sin City

- EUA 2005 De Robert Rodriguez e Frank Miller Com Bruce Williams, Mickey Rourke, Jessica Alba, Benicio Del Toro, Rosario Dawson, Alexis Bledel, Elijah Wood, Clive Owen 124’ Ação


DVD - Ao contrário de outros países, a Buena Vista só disponibilizou aqui um disco simples em lá maior. O vergonhoso único extra trata-se de pobre documentário que se tiver dez minutos é muito. Pena que na época da Columbia o próprio Rodriguez produzia os DVDs repletos de material bônus. Pelo menos tem menus animados, coisa que nem isso foi feito para a única cópia até agora de Pulp Fiction no Brasil.

Cotação:

10 de outubro de 2008

O Martírio de Joana D’arc

A feroz crítica Pauline Kael considerava a interpretação de Maria Falconetti talvez a melhor já capturada por uma câmera. O fato de ser o único trabalho da atriz no cinema amplifica esse caráter de película singular, obra máxima que nos compele ao tom reverente, sacro, guardando forças como um dos melhores de todos os tempos. A falta de som, responsável por envelhecer drasticamente tantos outros, torna-se um elemento a mais para deixá-lo poeticamente realista. Kael relembra em seu texto as palavras de Cocteu, para quem parecia o registro de uma época a qual o cinema não existia. Baseado nas minutas do inquérito, consegue ser fidelíssimo muito mais às emoções do que à história. Só nos minutos finais é que teremos extravagantes cenas de multidão, com ângulos fantasticamente modernos. Difícil de imaginar, como com o peso dos equipamentos daquele tempo conseguiam dar giros de 180º. Não se sabe se ficamos embasbacados com tudo o que vemos ou se choramos copiosamente pela tragédia que “segue” os desígnios de Deus. Sobram duvidas sobre a pobre Joana, que mal sabia a idade ao certo, ter continuado até seus últimos momentos ancorada na fé cristão-católica, seria sua ignorância um alívio à realidade? Pior, como uma religião que nunca hesitou em usar seu poder pelas vias do sangue sobrevive até os dias atuais, continuamente sacrificando vidas em prol de sua permanência no topo. Dreyer aliás, não abre mão do principal elemento ao qual a igreja de Paulo se firmou: O medo. Cada sacerdote é terrivelmente fotografado de baixo pra cima, dando-lhes contornos de vampiros góticos. Joana, complacente, é mostrada ao contrário. Seus grandes olhos cristalinos refletem sobre tudo a dor de toda a humanidade.

O Martírio de Joana D’arc – La Passion de Jeanne d'Arc

- França 1928 De Carl Theodor Dreyer Com Maria Falconetti, Eugene Silvain, André Berley, Maurice Schutz, Antonin Artaud, Michel Simon, Jean d'Yd, Louis Ravet 82’ Drama


DVD- A qualidade da imagem no disco distribuído pela Magnus Opus nos faz pensar se mesmo em 1928 as platéias viram tudo tão nítido. O filme teve várias mutilações com o passar do tempo, negativos queimados, etc. Esta versão foi a partir dos negativos muito bem conservados encontrados em um hospício na década de 80. Há bastante texto como extra e longa entrevista com a filha de Falconetti. Ela relembra por exemplo que quebrada, no início da Segunda Guerra, fugiu para a suíça, tentou entrar nos EUA e acabou na bancarrota total num cassino do Brasil. Morreu logo depois na Argentina.

Cotação:

27 de setembro de 2008

Querelle

Livremente baseado em romance de Jean Genet, Fassbinder, talvez o último verdadeiramente grande diretor alemão, dava ao mundo seu canto de cisne sem concessões comerciais. Tanto que o filme é febrilmente erótico sem mostrar se quer um único corpo nu. Fotografado em alaranjado lúgubre, com claustrofóbicos cenários teatrais, não se desenvolve neste mundo que em que vivemos, mas no sempre misterioso terreno do desejo, embora faça uso de claras regras sociais. Querelle (Brad Davis) é o marinheiro que ao aportar se lambuza dos pés à cabeça do poder proporcionado pela atração que desperta em homens e mulheres. Trapaceará no jogo de dados para ser possuído pelo marido da dona do bordel jurando ser aquela sua primeira vez. Jeanne Moreau, a única mulher em cena, interpreta a triste puta velha que cantarola a mesma canção enquanto recolhe para si os amantes recusados pelo esposo. “O homem mata tudo aquilo que ama” diz a canção. Há uma trama policial que na verdade só serve para mostrar a desenvoltura do marinheiro em usar os atributos físicos a seu bel prazer. Querelle só não consume nada com o paternalista capitão (Franco Nero) e o doentiamente apaixonado irmão. O mais perto que chegará do incesto é ao experimentar o primeiro beijo na boca de outro homem, quando um fugitivo (Hanno Pöschl em papel duplo) se disfarça tornado-se idêntico a ele. Brilhante trabalho de atmosfera, envolve principalmente na ótima construção de personagens, e na narrativa ousada. De forte temática homossexual, é, sobretudo, um filme sobre machos.

Querelle - Querelle

- Alemanha/França 1982 De Rainer Werner Fassbinder Com Brad Davis, Franco Nero, Jeanne Moreau, Laurent Malet, Günther Kaufmann, Hanno Pöschl, Burkhard Driest 120’ Drama


DVD- A Versátil bate no peito deixando claro no texto da contra capa de que está sob licença da Gamount. Essa óbvia alusão ao paraíso das contraversões de copyrights que parece ser o Brasil pode ser desculpa justa aos preços estratosféricos de seus maravilhosos produtos. Pena que o valor alto não nos dá direito a um conteúdo mais caprichado. Menus horrorosos, extras relaxados se resumindo a texto e galeria curta, e o pior de tudo, legendas que não passaram pela mínina revisão. Há palavras com três esses, fora erros gramaticais grosseiros. Mesmo sendo uma película considerada forte, as legendas ainda apazigua o linguajar dos marinheiros, marca registrada de Jean Genet.

Cotação:

29 de agosto de 2008

A Mosca da Cabeça Branca

Clássico das mutações homem/inseto permanece interessante mais como drama do que ficção científica. O problema é que justo no clímax, quando o cientista revela à esposa no que seu experimento resultou fica completamente cômico! Narrado em flashback, mostra a luta de uma mulher para não ganhar pena de morte ou ser internada num manicômio. A mocinha confessa ao detetive e seu cunhado (Vincent Price) porque esmagou a cabeça de seu querido marido, um cientista obcecado que ficava horas e horas entretido com seu tele transporte. Ao ser a cobaia humana, a fim de não sacrificar nenhum animal, acidentalmente uma mosca entra junto na máquina o que faz com que os átomos de ambos se mesclem. A experiência é o único paralelo com o remake dirigido por David Cronenberg em 85. Enquanto que as nojeiras da refilmagem podem ser referências à decadência da paixão, neste, como era hábito na época, ressoa no pânico político-social das influências de outras culturas dentro do american way. O horror se impõe em um lar comum, destruindo a família perfeita. Deu certo a ponto de ganhar duas seqüências, tão inferiores que nem em Technicolor são, embora o próximo mantivesse Price no elenco em papel de mais destaque. E lógico, centenas de imitações cada vez mais estapafúrdias.

A Mosca da Cabeça Branca – The Fly

- EUA 1958 De Kurt Neumann Com Vincent Price, David Hedison, Patricia Owens, Herbert Marshall, Betty Lou Gerson 94’ Ficção Científica


DVD - O disco brasileiro está com imagem e áudio excelentes realçando as qualidades cinematográficas. Estranhamente a Fox só distribui ele e o terceiro filme, embora venha como extra seu trailer original e o da continuação, com o filho do cientista entrando na mesma máquina. Ainda contém trailers do remake, da continuação e de Viagem ao Centro da Terra. Não é necessariamente um erro, mas o menu principal o indica “Trailer da cópia do DVD”, ao invés de extras ou bônus. Lembra o de Confissões de Uma Mente Perigosa da Imagens Filmes com um botão chamado easter egg!

Cotação:

6 de junho de 2008

Escola de Sereias

Verdadeiro biju com todo o rococó que só a Metro conseguia imprimir em suas películas. A história é incrivelmente bobinha nas sutilezas amorosas: Compositor de uma big band (Red Skelton) decide parar de compor seus boogie woogies de tão apaixonado pela futura esposa, uma nadadora bonitona interpretada por Esther Williams, quem mais? Acreidta que seu afeto combinaria mais com operas e canções mais nobres. O empresário então arma um plano para separar o casal de pombinhos ao qual ela cai feito um pato, trocando a ensolarada Califórnia por seu antigo emprego numa escola só para moças. E o humor será tirado daí, quando ele para reparar o mal entendido se matriculará na respeitada instituição feminina, tomando proveito de brecha nas normas. Há muitos números musicais, em sua maioria latinos, habilmente inseridos na história. Quando as alunas, adolescentes sapecas, convencem a careta professora de piano a tocar um ritmo quente sul americano prepare-se para o frenético Tico-tico no Fubá! Skelton ao contrário de outros trabalhos está tão terno quanto engraçado. Teria sido assessorado por Buster Keaton, o que provavelmente aliado ao bom roteiro colaborou no resultado tão agradável, com menos caretas. Não ria se puder na seqüência da aula de balé, quando aparece vestido a caráter. A direção do colégio, doida para mandar aquele estranho no ninho embora, incumbiu a rigorosa professora de lhe dar os deméritos suficientes para a expulsão. Memorável! O filme ainda conta com a nata musical da época, como o contratado do estúdio Xavier Cugat e sua orquestra tal e qual em muitas outras produções e a estrela do trompete Harry James com sua crooner contumaz Helen Forrest. O esmero do gran finale, com um apuradíssimo nado sincronizado, chega a emocionar pela inocência perdida entre a humanidade.

Escola de Sereias – Bathing Beauty

- EUA 1944 De George Sidney Com Esther Williams, Red Skelton, Basil Rathbone, Bill Goodwin, Carlos Ramírez, Xavier Cugat Orchestra, Harry James and His Music Makers, Jacqueline Dalya, Ethel Smith, Nana Bryant 101’ Musical


DVD - Uma luxuosa luva de papelão embala a caixinha, mas como diz aquele velho ditado, por fora bom violão por dentro pão bolorento! Lançado pelo selo Flash Movies, com distribuição da Works, não dá pra correr a abertura do programa do Amaury Junior toda vez que se insere o disco. Os menus são pavorosamente amadores, dando inexplicável destaque a Harry James. Como extra as biografias de Williams, Cugat, Skelton e Basil Rathbone, sendo que os botões de Williams e Cugat estão trocados! A parte boa é estão inclusos mais dois Soundies, aquela espécie de avô do videoclipe, o mais puro american way pós-guerra. O filme está com imagem bem ruim, escuro e sem nitidez, o que nos faz perder todo esplendor do berrante Technicolor.

Cotação:

4 de junho de 2008

Os Irmãos Grimm

Quando um filme aguardado como este vai muito mal das pernas na bilheteria, é quase impossível conter a mórbida curiosidade em querer conferi-lo. E tentar achar o erro! Como versão pessoal sobre a vida dos autores de inúmeros contos de fadas não se decide em momento algum se quer desmitificar a infantilidade das histórias, escancarando seu lado violento e de horror, ou vender seu peixe justamente às crianças, seculares consumidoras delas. Acaba por não agradar nem um nem ao outro. Mesmo sendo divertido e agitado, com direção de arte e fotografia muito bem cuidadas, nos noves fora é refém de um roteiro bastante irregular. Nem comento o fato deste tipo de biografia colocar em cheque a capacidade criativa de autores, dando a eles inspirações externas às obras mais famosas, mas justificativas forçadas demais, e muitos pontos mal explicados. O pior deles é o final de Wilhelm Grimm (Matt Demon), uma colossal falha de lógica. Talvez estivessem apostando na máxima “dê um final arrebatador, que eles esquecerão de todo o resto”, já prevendo o fracasso que viria, e acabaram pondo por terra qualquer chance de sentido. Outro inacreditável descuido é o excesso de efeitos digitais, em sua grande maioria muito mal feitos. O Lobo Mau rivaliza com o Scooby-Doo de tão tosco. Terry Gilliam está fadado a ser um diretor de cults, mas cults não enchem barriga, devem pensar os produtores que desembolsam dinheiro sem verem o retorno imediato.

Os Irmãos Grimm – The Brothers Grimm

- EUA 2005 De Terry Gilliam Com Matt Damon, Heath Ledger, Monica Bellucci, Peter Stormare, Lena Headey, Mackenzie Crook, Roger Ashton-Griffiths, 119’ Aventura


DVD - Se o filme já se arrasta, a Europa Filmes ajuda na falta de interesse achincalhando sua fotografia em horrendo fullscreen! O único extra é o trailer original.

Cotação:

25 de abril de 2008

Cry-Baby

Nos anos 50, Baltimore estava divida em dois grupos: Os farrapos e os quadrados. Como uma espécie de Romeu e Julieta do exagero, este musical (gênero raro nos 80/começo dos 90) faz uma espécie de homenagem às películas B de delinqüentes juvenis, tão comuns nos cinemas populares americanos em décadas passadas. O primeiro filme de John Waters para um grande estúdio não poderia ter tido um resultado (de público e crítica) mais frio. Assinou contato com a Universal portando uma cláusula onde o limite mínimo de público seria 13 anos... 13 anos para quem já colocou um travesti gordo comendo fezes de cachorro é quase uma piada! Ainda por cima tinha Tracy Lords, logo depois do escândalo na indústria pornô, quando descobriram que a maior e insaciável pornô star tinha começado na carreira aos 14 aninhos. Algumas tesouradas dos produtores e o filme não só decepcionou os habituais fãs do cineasta, também o público médio munido de seus pudores contra o conhecido príncipe do lixo além da resistência a musicais. É divertido e inteligente, embora realmente muito mais leve do que se poderia esperar. Teve o mérito ainda de tirar Johnny Deep do limbo de galã apático, bônus da repentina fama como astro da série de TV Anjos da Lei. A primeira vez que ouvi falar de Cry-Baby (e Waters) foi justamente numa revista Capricho da minha irmã, numa foto do astro vestido a caráter ao lado de Tracy Lords. Nem sonhava que a inspiração para o visual do chorão era o trabalho do fotógrafo Bob Mizer, famoso por uma série de retratos com temática homo-erótica, relembrado no obscuro filme Carne Fresca. Um de seus modelos, Joe Dalessandro, aparece como fanático religioso em Cry Baby. Engraçado que na filmografia do diretor número um de Baltimore, este localiza-se entre Hairspray e Mamãe é de Morte, e ele é exatamente a medida destes dois: bonitinho, mas protagonizado por desajustados!

Cry-Baby – Cry-Baby

- EUA 1990 De John Waters com Johnny Depp, Amy Locane, Susan Tyrrell, Ricki Lake, Traci Lords, Polly Bergen, Joe Dallesandro, Mink Stole 85’ Comédia/Musical


DVD - O pouco que é muito! Em se tratando dos filmes de John Waters que sempre ganham versões podres, quase sempre em tela cheia, este merece o título de “Edição Especial” que ostenta! Olha que nem estou sendo bonzinho, porque os menus são estáticos e podres, mas a imagem foi preservada em widescreen e os (poucos) extras não poderiam ser melhores! O documentário “Veio de Baltimore” possui quase uma hora de duração, com cenas raras de bastidores, e depoimentos recentes de todo o elenco e técnicos. Entre muitas coisas relembram, por exemplo, do FBI perseguindo Traci Lords nos bastidores, e quando todos revelaram os motivos por já terem sido presos a fim dela não se sentir mal. Há cenas excluídas, incluindo uma que faria referência direta a Bob Mizer, o fotografo tarado, com Lords dentro de uma taça de champanhe, e outra com uma menina contorcionista, que só descobriu que a cena estava deletada quando foi assistir à pré-estréia! Coitadinha! A cereja do bolo fica por conta da faixa de comentários do diretor. Espetacular! Jamais se suspeitaria de qualquer significado pornográfico no fato do protagonista derramar uma lágrima quando vê a mocinha...

Cotação:

21 de março de 2008

O Filho de Drácula

Fato: Não havia televisão no castelo do Conde Drácula! Depois da filha, a Universal deu continuação à saga iniciada em 31 usando seu filho. Ao contrário do segundo da série, com Gloria Holden, este só é filho no título, já que o tempo todo eles se referem ao Conde Alucard com se fosse o Drácula em si. Mas é charmoso, não o Lon Chaney Jr., que não convence de vampiro mor nem aqui nem na china, mas o filme num todo. Pra começo de conversa a mocinha é uma anti-heroína, doidinha pra fazer parte do mundo negro, dos sortilégios coisa e tal. Logo no começo do filme já se sabe que ela conhece o Conde Alucard da sua viagem à Europa, e que tintileia (se é que você me entende!) por sua visita ao sul dos EUA. Além de não usar telefone (!!!) porque acredita em outras formas de comunicação... E depois, porque exagera nos efeitos especiais possíveis na década de 40 e acerta a mão em quase todos. As diversas transformações de fumaça ou morcego a homem são divertidamente bem feitas! Há também um a história sombria interessante, com algumas reviravoltas plausíveis, o que o torna muito mais que um filme velho. A mórbida coincidência fica por conta de que Lon Chaney, o pai, astro de inúmeros filmes de horror da fase muda do cinema como O Corcunda de Notre Dame ou O Fantasma da Ópera teria sido o Drácula original se não tivesse morrido um pouco antes das filmagens começarem. Sorte de Bela Lugosi.

O Filho de Drácula – Son of Dracula

- EUA 1943 De Robert Siodmak Com Lon Chaney Jr., Evelyn Ankers, Louise Allbritton, J. Edward Bromberg, Adeline De Walt Reynolds, Etta McDaniel, George Irving 80’ Horror


DVD - Divide um disco com o segundo filme da série: “A Filha de Drácula”. Não tem um menu tão bacana quanto o da irmã, mas está com uma imagem bem limpinha. Vem com o trailer original de ambos, além do de Drácula de 1931.

Cotação:

7 de março de 2008

Frankenstein Criou A Mulher

Não contente em construir um homem usando restos de cadáveres, Barão de Frankenstein agora sonha em transmutar almas! Sua chance de ouro surge graças a Christina, a pobre garçonete manca e de rosto transfigurado, namorada de seu jovem assistente. Muito abalada por seu amado ter sido condenado injustamente à guilhotina acaba cometendo o suicídio. Assim, com as duas mortes, o incansável cientista consegue a matéria prima para sua mais ambiciosa experiência! Esta espécie de a “Noiva de Frankenstein” extremista foi o quarto filme da produtora inglesa Hammer inspirado nos personagens de Mary Shelley. Com Peter Cushing ainda como o milionário ambicioso que gosta de brincar de Deus, pegava carona no título “E Deus Criou A Mulher”, sucesso de Brigitte Bardot conduzido por Roger Vadim. É o auge tanto do estúdio quanto do diretor Terence Fisher, ambos seguros o bastante para fazerem um filme imaginativo com a costumeira classe. O roteiro muito bem amarrado assume assuntos explorados poucas vezes de forma tão consistente: As estreitas relações entre alma e corpo físico, características genéticas e adquiridas, etc. Há inúmeras possibilidades interpretativas sociais e metafísicas, o que o deixa acima da médica entre os similares tanto de horror quanto ficção científica. Na pele da mocinha transtornada está Susan Denberg, capa da Playboy 1966, em último trabalho no show business. De carreira bem curta (apareceu ainda num episódio de Star Trek), sua biografia é confusa. O IMDB dá que ela cometeu suicídio, numa bizarra coincidência, um ano depois de ser a mais bela criatura de Frankenstein. A Wikipédia diz que esse boato (Inclusive de que possuía problemas mentais graças aos excessos do LSD) surgiu já naquela época. Estaria na verdade vivinha da silva morando em sua terra natal, a Áustria, com seu nome de batismo Dietlinde Zechner.

Frankenstein Criou a Mulher – Frankenstein Created Woman

- Inglaterra 1967 De Terence Fisher Com Peter Cushing, Susan Denberg, Thorley Walters, Robert Morris, Philip Ray, Barry Warren, Bartlett Mullins 92’ Horror



DVD - Lamenta-se a falta de distribuidoras como era a Works DVD há alguns anos, sempre apresentando filmes nunca antes lançados em edição de boa qualidade. Mesmo quando os extras são apenas texto como é o caso deste aqui. A imagem widescreen está ótima, além do capricho nos menus animados, marcas registradas da empresa.

Cotação:

1 de março de 2008

Frenesi

Basicamente a visão de um velho senhor estarrecido com os novos costumes de sua terra natal após longo período ausente. A clássica disputa entre o que guardamos na memória e o que realmente é. Raro não ser muito mais sórdido... Hitchcock, cineasta de várias fases de absoluta paridade artística, parece não acreditar no que havia se transformado sua Inglaterra depois da revolução cultural 60’s. Há algo de fétido que o antigo rio que corta Londres levará à tona. Será neste cenário, onde é quase um crime estar fora de moda, que todas as mulheres correrão o risco de cruzar com o temível assassino da gravata. Justo agora quando nem mais é preciso haver maridos para se sentirem realizadas, e mesmo as casadas podendo ousar fugir do tédio torturando os outrora provedores do lar no que de melhor se dedicavam: o preparo de quitutes. Esta comédia de humor negro, repleta de símbolos fálicos e roteiro minuciosamente elaborado, mas de compreensão muito simples, funciona como espetacular canto de cisne do mestre de suspense. Penúltimo trabalho, mas considerado seu último grande filme, destoa-se dos demais principalmente pela abordagem moderna, violência explicita e a ausência dos recursos técnicos da velha Hollywood vistos em sua fase de maior sucesso popular. Ele aparece logo no inicio usando seu desatualizado chapéu coco para nos lembrar que os tempos são outros, mas gênios são atemporais.

Frenesi – Frenzy

- Inglaterra 1972 De Alfred Hitchcock Com Jon Finch, Barry Foster, Alec McCowen, Barbara Leigh-Hunt, Bernard Cribbins, Vivien Merchant, Anna Massey, Billie Whitelaw 115’ Suspense


DVD - Os filmes de Alfred Hitchcock em DVD estão se saindo verdadeiras arapucas para cinéfilos. A Universal os relançam em edições de luxo volta e meia, sendo impossível muitas vezes se saber quando comprá-los. A dica é que os menos famosos valem ser adquiridos em discos simples. Frenzy vem com o trailer original (hilário com o diretor boiando no Tâmisa), galeria e documentário de quase uma (!!!) hora com o elenco nos dias atuais comentando as filmagens.

Cotação:

9 de fevereiro de 2008

Nas Garras do Ódio

O primeiro trabalho de Bette Davis para a produtora inglesa Hammer contradiz alguns biógrafos sob a sua forma de escolher projetos. Acreditava-se que tinha pouco faro nesta hora, muitas vezes optando pelo número de cenas em que sua personagem apareceria não importando a qualidade do roteiro. Quebrada financeiramente desde o casamento precoce de sua filha B.D. (com o sobrinho do dono da Seven-Arts), aceitou o que lhe apareceu, principalmente no gênero que lhe valeu sua última indicação ao Oscar (em 1962 por O Que Terá Acontecido a Baby Jane?), o suspense psicológico. Sua carreira teve duas ressurreições; em 1950, com A Malvada, após não renovar seu contrato de anos a fio com a Warner e se tornar uma das primeiras atrizes independentes e, em 1962, como a ex-garota prodígio Baby Jane. Este último, não só um marco em sua carreira, mas do cinema em geral - volta e meia voltamos a ele neste blog, como referência. The Nanny demonstra certo cuidado na escolha de Davis, já que seu projeto anterior, Com A Maldade na Alma, em que interpreta (de forma estridente) a sulista Charlotte, outra velha louca, é quase igual à Baby Jane. Neste papel, Davis se mostra extremamente contida como a babá solteirona que não tolera que seus serviços sejam desnecessários. Tranqüila o suficiente para apenas a platéia concordar com o pequeno Willian Dix, de que por trás daquela candura há algo de muito perigoso. Davis teria, inclusive, recusado o figurino original, e pessoalmente comprado seu uniforme para dar vivacidade ao papel. Fato que, por si, só já demonstra certa perspicácia. O filme em si não vale muita coisa, pelo menos a cópia lançada no Brasil. Dirigido por Seth Holt (que morreria nos 70 em ataque de soluços enquanto dirigia Sangue no Sarcófago da Múmia, sofreu alguns cortes para a Fox, antes de ser distribuído no mercado norte-americano, tal e qual tantos outros da Hammer lançados por empresas de lá. Há muitos saltos na trama, cenas importantes que são apenas comentadas pelos personagens, infelizmente até o desfecho.

Nas Garras do Ódio – The Nanny
- Inglaterra 1965 De Seth Holt Com Bette Davis, Willian Dix, Wendy Craig, Jill Bennet, Jimmy Villers, Pamela Franklin, 93’ Suspense


DVD - Fox Classics oferecendo um produto igual a todos os seus outros, com o cartaz atravessado ao invés de uma arte original... Dentro o cartão com o tal pôster de brinde além do trailer original sem legendas como sempre. Aposto que se algum filme deles tiver algo mais eles recusam, pra manter a regra!

Cotação:

Com a Maldade na Alma

Com sabor de literatura barata, daquelas impressas em papel jornal, este filme poderia ter o subtítulo “Maior, Melhor e Sem Cortes”, já que foi uma tentativa de repetir o sucesso de O Que Terá Acontecido A Baby Jane? praticamente refazendo o mesmo argumento, mas com violência muito mais explícita. Aliás, Robert Aldrich filmaria com as mesmas protagonistas, Bette Davis e Joan Crawford, se o relacionamento das estrelas não fosse conhecidamente tão conturbado. Sorte de todos nós que tivemos Olivia de Havilland paparicando maliciosamente uma desgrenhada Davis. Havilland, sempre tão doce na maioria de seus papeis é aqui, interpretando a prima sorrateira, o contra-senso ás interpretações overs da outrora Baby Jane e de sua criada Agnes Moorehead. As duas parecem trabalhar deslocadas de seu tempo como o velho casarão ao qual moram a mais de 30 anos. Indicada ao Oscar daquele ano como atriz coadjuvante, Moorehead quase faz o papel de bruxa suspeita, mas sem um pingo do glamour da posterior Endora, claro. Léguas artísticas separam a película anterior desta, o que não a desmerece para aficionados em trabalhos emblemáticos, com produção e atuações colossais suprindo um roteiro cheio de reviravoltas nem sempre plausíveis.

Com a Maldade na Alma - Hush... Hush, Sweet Charlotte
- EUA 1964 De Robert Aldrich Com Bette Davis, Olivia de Havilland, Agnes Moorehead, Joseph Cotten, Victor Buono, Mary Astor 133’ Suspense


DVD - Outro lançamento sob o selo Fox Classics, com o cartaz estampado de atravessado ao invés de uma arte descente... Este pelo menos veio com brindinho, um cartão com o tal pôster. O Menu é padrão, estático, desleixado, e de extra só o trailer original. Sabe-se que há material que poderia vir, como as cenas filmadas por Joan Crawford, mas cadê?

Cotação:

22 de janeiro de 2008

O Gigante de Ferro

Este filme deve configurar em toda lista que se preze dos mais injustiçados de todos os tempos. A brilhante animação que Brad Bird (Os Incríveis)fez para a Warner enfrentou inúmeros problemas de distribuição quando lançado nos cinemas, e consecutivamente foi parar direto nas locadoras do Brasil, em pouquíssimas cópias VHS. Uma pena! Consagra-se com a passagem do tempo em clássico, um dos maiores êxitos artísticos da animação produzida nos EUA. Deixa qualquer sentimentalismo barato da Disney no chinelo, diga-se de passagem. Aliás, não há bichinhos fofinhos, nem cantorias desnecessárias para ser indicado ao Oscar. Certa vez o diretor disse em entrevista que se irrita quando colocam seus filmes na categoria “animação”, porque esta seria a técnica empregada, não um gênero em si. O Gigante de Ferro é uma história interessante, que por acaso é contada através de desenho animado. Numa bela tarde, menino solitário e caçador de aventuras encontra um robô gigante vindo do espaço sideral. Partirá desta simplicidade recheada de referências ao mundo pop algumas impressões nada maniqueístas sobre a natureza original de cada um. Em cores pastel e traço retrô, de acordo com a época retratada (50’s), temos aqui a melhor representação fora de seu tempo à paranóica guerra fria. Inteligente o suficiente para ir além do que seria previsível, o apelo antibélico, ecoando até seu surpreendente final pouco feliz (!?) a esperança na amizade pura entre desiguais. Para se aplaudir de pé!

O Gigante de Ferro – The Iron Giant
- EUA 1999 De Brad Bird 87’ Drama/Aventura/Animação


DVD - Não temos a comentada edição de luxo lançada lá fora, mas ainda um DVD digno de nota. Primeiro porque resgata as vozes originais (no VHS só havia a versão em português) de gente como Jennifer Aniston e um Van Diesel em começo de carreira. Depois porque nos primórdios da Internet, um dos sites mais legais era justo o deste filme. Ao colocar o DVD no drive do PC, surpresa! Ele está inteirinho lá! Até com um joguinho em flash, papel de parede, pôsteres, páginas em html e mais um monte de coisa. Ao contrário das faixas para DVD Rom atuais da Warner que trazem quase sempre apenas aquele péssimo player que se instala automaticamente. Detalhe, na capinha os únicos extras descritos são um making of (sem legendas em português) e videoclipe.

Cotação:

22 de dezembro de 2007

Almas Mortas

William Castle merece seu lugarzinho no Hall of Fame do cinema como o mais espertalhão de todos os diretores! Não importa a que custo, choque na platéia, esqueletos amarrados em fios na sala de exibição, valia tudo pra atrair as ingênuas platéias da década de 60. Aqui ele tomou “emprestado” elementos de dois grandes sucessos da época: O Que Terá Acontecido a Baby Jane? e Psicose. Claro que sem um terço do talento ou sutilezas de Hitchcok ou Robert Aldrich... De qualquer forma, o que importa é que este é o filme de Joan Crawford! Aquele em que ela ao chegar a casa e pegar o marido com outra na cama não se faz de rogada: Pega o machado e lhe arranca a cabeça. Na frente de sua pequena filha!!! Involuntariamente engraçada, Crawford hora é boazinha, hora é maquiavélica. O supra-sumo de sua persona imortalizada entre todas as estrelas de Hollywood. Sendo a diva que sempre soube que era, não mostra meios termos interpretativos. Parece estar absurdamente há vontade encabeçando tamanho lixo oportunista. Com roteiro do mesmo Robert Block de Psicose, dá pra matar a charada final bem antes... O que o deixa, com tamanha cara de pau, ainda mais divertido. Hilário elogio ao cafona, camp, kitsh, out fashion, chame como quiser! Um inquestionável Cult!

Almas Mortas – Strait-Jacket
- EUA 1964 De William Castel Com Joan Crawford, Diane Baker, Leif Erickson 93’ Suspense


DVD - Grande lançamento da Columbia. Poucos filmes antigos possuem extras tão bacanas, em uma edição tão caprichada como esta. Ainda mais em se tratando de uma produção B. Há trailer original, mais de outros trabalhos do diretor, testes de figurinos (Crawford e seu poodle!), testes da cena do machado (!!!) e um documentário longo. Mas não há nenhuma legenda em português em nada...

Cotação:

16 de junho de 2007

Ladrão de Casaca

Em um dos documentários contidos nesta edição, a filha ou a neta do diretor, se apressa a dizer que este é um filme maravilhoso porque é um Hitchcock típico. Muito pelo contrário! Talvez seja o mais ousado, onde ele tentou subverter algumas das “regras” de sua obra. O próprio argumento não é de suspense, mas sim mistério. Praticamente um “Quem é o criminoso?” a lá Agatha Christie. Quer risco maior para o auto-intitulado mestre do suspense? Claro que temos o bom (!!!) e velho Cary Grant tentando provar sua inocência e a gélida como nunca Grace Kelly como casal central e mais aquele apuro técnico tão saboroso, mas os cenários (a riviera francesa fotografada belíssimamente) com mais externas que o costumeiro e um criminoso desconhecido nos levam a algo fora do comum. Oh sim, e a trilha sonora romântica destoa das outras assinadas por Bernard Herrmann! De qualquer forma, não é um grande filme, está anos luz de obras-primas como Um Corpo que Cai (Vertigo) ou Psicose (Psyco), mas mesmo assim, empolgante e memorável. A prova que mesmo quando Alfred Hitchcok não é lá essas coisas ainda é bom pra caramba! Repare como os figurinos da veterana Edit Head ajudam a contar a história e na soberba interpretação de Kelly, de garota materialista a sagaz detetive apaixonada.

Ladrão de Casaca – To Catch a Thief

- EUA 1955 De Alfred Hitchcock Com Cary Grant, Grace Kelly, Jessie Royce Landis 106’ Romance/Policial


DVD - Chiquérrimo como este filme merece. O menu animado toma ao máximo proveito de algumas seqüências de forma tão inteligente que parecem ter sido feitas apenas para isso. Mais alguns documentários interessantes, em se tratando de um dos mais mitológicos trabalhos do cineasta. Ainda há o trailer, único conteúdo sem legendas em português. Afinal, porque as grandes distribuidoras raramente legendam trailers? Outro ponto contra: O documentário (muito bom por sinal) sobre a figurinista Edit Head é exatamente o mesmo que a Paramount incluiu na edição digital de Crepúsculo dos Deuses. Mas se você não tiver este...

Cotação: