15 de novembro de 2005

Os Homens Preferem as Loiras

Esta deliciosa farsa em reluzente Technicolor sobreviveu não só pelo humor atemporal, mas por ter uma jovem em ascensão chamada nada menos que Marilyn Monroe. Este último motivo sozinho já a tornaria obrigatória para quem ama cinema, ou para quem tiver a curiosidade de conhecer um pouco mais sobre a construção de um mito, uma lenda única, imitada, admirada, reverenciada e referenciada eternamente. Coube a Howard Hawks dirigir este seu primeiro mega sucesso. Para isso junto à novata Monroe, Jane Russell, uma antiga queridinha sua, divide os créditos. Em O Proscrito (que seria dirigido por ele, sendo substituído por Howard Hughes) de 1943, Russell foi a primeira mulher a participar de um faroeste em um papel que não era meramente figurativo. Entrou assim para a história logo em seu filme de estréia. Ou seja, neste Os Homens Preferem as Loiras, já poderia ser considerada uma veterana (seu nome vem antes do da colega na abertura e material promocional), e nem por isso ofuscou, ou deixou-se ofuscar. Química! Diga-se de passagem, não há notícias sérias de rivalidade nos bastidores, e nem no roteiro, ao contrário do que o título possa sugerir tanto em português, quanto no original. Fato que denota a percepção de que (em seu 20º filme!!!) a loira teria seu tão sonhado estouro de bilheteria. O diretor já havia trabalhado com ela no ano anterior, em Monkey Business (O Inventor da Mocidade), e soube agora (talvez apenas como Billy Wilder) capitalizar o seu eminente talento e sex appeal em uma interpretação memorável. Marilyn está afinadíssima como a material girl de plantão (consegue alternar instantaneamente glamour, humor refinado e imediatamente uma sexualidade explosiva), mas ainda bem longe do trabalho memorável que nos mostraria anos depois, a partir de Bus Stop (Nunca Fui Santa). Talvez porque em 1953 ainda estava sob as rígidas orientações de Natasha Lytess, sua primeira professora de arte dramática. A trama (até que bem simplista) gira em torno de Dorothy (Russel) e Lorelei (Monroe), dançarinas norte-americanas que viajam à França: uma atrás de homens musculosos, a outra, de uma polpuda conta bancária e muitos diamantes, respectivamente. Baseado em uma peça teatral, esta caprichada produção da Fox nos proporciona ótimas piadas, muitas delas vindas de situações, e claro, interpretações estonteantes das protagonistas. Talvez a profissão das moças seja desculpa para alguns números musicais, mas que números musicais!!! Desde os créditos iniciais, com as duas cantarolando suas pobres infâncias em Little Rock, a um inacreditável e hilariante de Russel e a comitiva olímpica em trajes sumários. E falar de Diamonds Are a Girl's Best Friend sempre é chover no molhado. Cada frame dele dá vontade de transformar em um quadro gigantesco e pendurar na parede. Poderia ser mais uma comedinha antiga e tola em cores berrantes, mas é um clássico delicioso não só por suas qualidades próprias.

Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes)
- EUA 1953 De Howard Hawks com Marilyn Monroe, Jane Russell, Charles Coburn 91' Comédia

DVD - Lançado em 2002 juntamente com muitos outros de Marilyn Monroe em uma coleção chamada Diamond Collection durante o 40º ano de falecimento da estrela, pela sua existência já merece festejos. Praticamente idêntico ao lançado no exterior (raridade!), ainda nos dá a agradável surpresa de ter um cine jornal da época, quando as duas protagonistas deixaram suas marcas na calçada da fama, não descrito na embalagem. Também o áudio é apenas em espanhol (antigo) e em inglês estéreo, sendo que a versão gringa contém o mono original. Poder ver o trailer original também já nos emociona, mesmo sem legendas e imagem podre, e os menus estáticos são outra coisa que pode ser perdoada só pelas fotos belíssimas de Monroe que os ilustram. A imagem restauradíssima deixa toda a película muito mais viva literalmente, e os diamantes finalmente brilhantes como devem ser. Como falar mal deste DVD?


IMDB: http://us.imdb.com/title/tt0045810/

Cotação:

Um comentário:

  1. É um clássico, repleto de momentos inesquecíveis.
    Excelente crítica, primo.

    Abraço

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