31 de outubro de 2007

Pink Flamingos

Todo mundo tem uma amiga que gosta de fazer estripulias em frente a câmeras... Quase todo mundo já fez filminhos caseiros com a galera só pra dar risada... Se esta sua amiga fosse a Divine, e você vivesse nos anos 70 em Baltimore, teria boas chances de ter produzido algo como Pink Flamingos. Grosso, amador, vulgar, mas saborosamente hilário! Em muitas cenas, quase sempre as externas, não há som direto, apenas o que de pior a música americana dos anos 50 produziu. A câmera trêmula de John Waters mesmo mostrando coisas escabrosas como um ânus cantante não parece querer chocar por chocar, mas divertir-se. Um happening do mau gosto que inclui até uma cena de sexo oral explicita de incesto entre Divine e seu filho. Mink Stole (atriz de praticamente todos os filmes do diretor) é a vilã de cabelos vermelhos Connie Marble, que junto de seu marido seqüestram moças, mantêm-nas em cativeiro para serem estupradas e seus bebês vendidos a casais lésbicos. Invejosa pra caramba ainda empenha-se em acabar com a “carreira” de Divine, e pegar para si o título de pessoa mais pervertida do planeta. E nesta guerra vale absolutamente tudo, até chegar ao plano seqüência do famoso clímax com a degustação de fezes caninas! Quando você lê que certo filme não é para qualquer paladar, bem, esta máxima nunca foi tão verdadeira quanto aqui...

Pink Flamingos – Pink Flamingos (An Exercise in Poor Taste)

- EUA 1972 De John Waters Com Divine, Mink Stole, Davida Lochary, Edith Massey, Danny Mills 112’ Comédia


DVD - Raríssimo filme no Brasil, jamais lançado comercialmente, exceto uma exibição na Band na década passada. Lamentavelmente lançado pela Continental Home Video. Primeiro vamos chorar a impressão da capa, que mais parece Xerox colorido. Nela lê-se que os extras são biografias e galeria o que não é verdade! Em compensação não fala nada sobre Waters exibindo cenas deletadas e o trailer original de lançamento nos cinemas. Pra piorar, dezenas de pessoas no Orkut reclamam que suas cópias estão com defeito, inclusive a minha simplesmente pára de funcionar em alguns pontos. O mais incrível é que mesmo com matéria prima de terceira, a distribuidora Continental tem a cara de pau de cobrar preços abusivos!!! Com qualidade digna de qualquer pirata da esquina eles acham que devem cobrar até três vezes o valor de qualquer DVD atualmente. É inesquecível quanto lançaram os filmes do Zé do Caixão em VHS e se recusaram a pagar copyrights! Uma lenda como José Mojica Marins teve que ir ao Programa do Ratinho reclamar o que lhe era de direito. Vergonha!

Cotação:

O Aviador

Era uma daquelas películas que ao ler as primeiras notícias eu já gostava. Mas com aquela enxurrada de Oscar (5), e uma escolha equivocada para protagonista fiquei com os pezinhos a traz. Assistindo a esta biografia do magnata Howard Hughes comandada por ninguém Scorsese, após infinitas quase 3 (!!!) horas é impossível não se imaginar que filme fantástico teria sido! Primeiro porque DiCaprio no papel principal jamais deixa de ser Di Caprio em um papel principal: Um adolescente estridente, canastrão cheio de caras e bocas. Não convence nem aqui nem na china, principalmente seduzindo as mais belas estrelas da época. Cate Blanchett (agraciada com o prêmio da academia por este papel) empresta certo cinismo caricatural ao interpretar Katharine Hepburn difícil de digerir. Pelo menos no meu imaginário Hepburn é a idealização do que uma estrela deveria ser, linda, politizada, afável e muito competente. Outro senão, muito mais sério são os rumos optados pelo roteiro. 10% do filme vêem-se os anos dourados de Hollywood, para 90% sobre a aviação... Ok, com um filme que tem esse título esperar-se o quê? Mas são muitos termos técnicos da área passando na tela, impossível manter o interesse!!! Chato, chato, chato! A primeira hora do filme (em impressionante duo tone), que mostra com realismo todo o processo de feitura de Anjos do Inferno (Hell’s Angells) até sua glamorosa estréia é esplendida. A Guria do No Doubt em sua rápida presença como Jean Harlow é outro ponto forte. A entrada dela com Hughes na estréia do filme que a revelaria como primeira Venus Platinada do cinema, com centenas de fotógrafos se acotovelando, e eles pisando em montanhas de lâmpadas de flashes caídas no tapete vermelho é uma das coisas mais fantásticas que vi recentemente! Grandioso como Howard Hughes...

O Aviador – The Aviator

- EUA 2004 De Martin Scorsese Com Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Alec Baldwin, 170’ Drama


DVD - Duplo, com extras legendados até a faixa de comentários do diretor no primeiro disco, pro caso de você ser corajoso o suficiente de rever aquelas suadas 3 horas de novo. Incomoda as animações dos menus não poderem ser puladas, o que dá certa preguiça, principalmente no disco de extras. Horas a fio de documentários, alguns bem longos por sinal, mas absolutamente nenhum sobre Hollywood da época, ou o que significava ser um produtor independente na década de 30. Mas em compensação há uns três sobre aviação, inclusive um do History Channel. Dois deles contêm importantes informações sobre TOC, transtorno mental que acometeu o biografado no fim de seus dias, e um sobre cabelos e maquiagens do filme, explicando sobre a transformação de Gwen Stefani em Jean Harlow.

Cotação:

24 de outubro de 2007

Os Aventureiros do Bairro Proibido

Este filme está para quem usava calças curtas nos anos 80 o mesmo que O Mágico de Oz para quem era criança na década de 30. Puro entretenimento escapista pra fazer a imaginação ir longe. Tão escapista que inúmeros furos no roteiro passavam desapercebidos naquela época. Um super fiasco de bilheteria, mamando criativamente onde já haviam mamado Indiana Jones e Star Wars: os seriadinhos de aventura do inicio do século passado, como Flash Gordon. Tornou-se Cult de tantas reprises na Sessão da Tarde. Chegava-se da escola a tempo de almoçar assistindo He-man, tirava-se um cochilinho até acabar Vale A Pena Ver de Novo (provavelmente com Fera Radical, daí era o resto da tarde nos deliciando com o paspalho Jack Burton (Kurt Russel) ás voltas com feiticeiros chineses soltando raios em cenários de neon dignos da Mocidade Independente de Padre Miguel. Uma delicia ao som de sintetizadores estridentes e efeitos especiais mecânicos. Um querido samba do criolo doido que exatos 21 anos depois ainda é diversão pura e garantida!

Os Aventureiros do Bairro Proibido
– Big Trouble in Little China


- EUA 1986 De John Carpenter Com Kurt Russel, Kin Cattrall, Dennis Dun, Victor Wong, James Hong 100’ Aventura


DVD - Wow! Se viesse sem um extra que seja, já seria imperdível na DVDteca de qualquer mortal, mas não é o caso! Edição dupla, com menus animados tridimensionais, repleto de extras como muitas cenas deletadas e remontadas, final alternativo, entrevistas da época, dezenas de fotos raras, trailers, etc, etc.. Lamentável a faixa de comentários de Carpenter e Russel sem legendas no primeiro disco. Mas no segundo tem legendas em praticamente tudo, exceto no conteúdo em texto.

Cotação: