31 de março de 2008

A Serpente

Produzido a toque de caixa pela Hammer, praticamente simultaneo a Epidemia de Zumbis. Ambos possuem, não só o mesmo diretor, mas parte do elenco, cenários e figurinos. Sabendo disto, e ainda por cima vendo a máscara de papel maché que o tal réptil usa, não seria de se estranhar que não lhe levassem a sério. Mas as aparências enganam! Baseado em um livro pouco conhecido de Bram Stoker, trata-se na verdade de um competente filme de monstros, com eficiente suspense e mistério. De clima perfeito envolvendo mitológicas seitas, e até certo discurso antiimperialista, tanto não se sabe quem será a próxima vítima, nem quem ou o que está por traz de terríveis mortes até os momentos finais. Ao receber a noticia do falecimento de seu irmão de forma anormal, jovem médico decide investigar por conta própria mudando-se para a cidadezinha com sua esposa a tira colo. Embora todos neguem, há algumas outras mortes acontecendo do mesmo jeito, enquanto um milionário excêntrico e sua filha (Jacqueline Pearce cult!) tentam abafar os casos com ajuda de um étnico mordomo, suspeito até os ossos. Serviu de sessão B para Rasputin, The Mad Monk, o que faz com que suas qualidades sejam mais notáveis.

A Serpente – The Reptile

- Inglaterra 1966 De John Gilling Com Noel Willman, Jennifer Daniel, Ray Barrett, Jacqueline Pearce, Michael Ripper, John Laurie, Marne Maitland 91’ Horror


DVD - O resumo na contracapa está totalmente errado! Só por curiosidade, deixe o filme até depois dos créditos finais, e você verá o menu principal da edição em iglês que foi usada para esta copia lançada no Brasil. Hilário o combo trailer de The Reptile e Rasputin The Mad Monk, com narração caricata e a promessa de brindar todos os presentes ao cinema com barbas de monge!

Cotação:

30 de março de 2008

A Morte do Demônio

Amador, grosseiro, cheio de falhas porcas, mas incrivelmente espetacular! Sam Raimi, que, quem diria, lucra agora basicamente produzindo adaptações meia-boca de horror asiático, além de comandar nada menos que a cine série do Homem-Aranha, fez esta escachada película ainda na chamada tenra idade. Com uma câmera 16 mm na mão, e um punhado de dólares, colocou amigos do colégio para trabalhar neste misto de Halloween, Madrugada dos Mortos, O Exorcista e claro, O Massacre da Serra Elétrica. Da mistureba de sucessos de bilheteria surgiu a chanchada gore estapafúrdia e assustadora, que como se não bastassem as previsíveis continuações, ainda nos deu Ashley J. Williams, ou simplesmente Ash! Se houvesse eleições para o herói mais idiota do cinema, por um triz o título não seria dele! Interpretado por Bruce Campbell (também produtor), é o cara errado, tomando as atitudes erradas nas horas mais erradas ainda! O amigo todo podre, com os olhos brancos esbugalhados, e ele resolve dar água, o acalmando com palavras do tipo: “Tudo vai ficar bem!”. Há tantas outras cenas memoráveis, assustadoras e engraçadas que o colocam num patamar acima da média como forma de arte. Não é só um filme de horror pavoroso em sua total falta de humor proposital, mas genialmente bem estruturado, com a câmera sempre em ângulos típicos de histórias em quadrinho, com uma trilha sonora flertando com o clássico, driblando todos os defeitos (técnicos, é bom avisar) imagináveis com uma originalidade histérica. Quase, quase um filhote do acasalamento entre Orson Wells e Ed Wood...

A Morte do Demônio – The Evil Dead

- EUA 1981 De Sam Raimi Com Bruce Campbell, Ellen Sandweiss, Richard DeManincor, Betsy Baker 85’ Horror


DVD - Está em fullscreen, mas acho que isto é normal devido à bitola originalmente usada. Há alguns extras muito interessantes, e raros, o que me faz ficar triste quando o acho a preço de banana, em puro encalhe das lojas! O principal bônus, não mencionado na embalagem (!!!) é um apanhado de muitas seqüencias (legendadas) dos bastidores, que pela precariedade comprovam o teor amador da produção. Ponto negativo a mecânica do DVD, que logo de cara inicia o filme. A legendada é outra coisa mal feita. Parece que pegaram um monte de frases e salpicaram aqui e ali, quase nunca ao mesmo tempo em que são ditas.

Cotação:

29 de março de 2008

Disque Butterfield 8

Liz Taylor é Glória, moça da pá virada, neste romance dramático que a gente quer crer se tratar de uma comédia de humor negro! Tão ruim e caricato em sua maneira de julgar as “moças que não foram feitas pra casar”, como se dizia naqueles tempos, que chega a ser engraçado. Quando Glória explica que aos 13 anos um velho amigo de sua mãe lhe colocou no colo e lhe ensinou muitas coisas terríveis e que ela “ADOROU” isso, se tem certeza de que o roteiro trata sua libertinagem quase como vampirismo, ou uma doença crônica qualquer. Tão enfadonho, mas tão mitológico que é impossível não se ter a curiosidade mórbida de assisti-lo. A ex garotinha da Metro estava com o contrato para vencer, depois de crescer pelos estúdios do leão, e qual não foi a idéia de seus executivos? Como lhes devia um derradeiro filme (iria para a Fox, se meter numa furada chamada Cleópatra), não parecia melhor idéia capitalizar em cima do maior escândalo na imprensa de fofocas dando-lhe um papel de destruidora de lares. Todo mundo comentava que Taylor simplesmente roubou o cantor Eddie Fisher, marido de sua amiga de infância Debbie Reynolds. Deixando para a angelical estrela de Cantando na Chuva a árdua tarefa de criar sozinha seus pequenos filhos. Entre eles Carrie Fisher, que adulta interpretaria a princesa Leia em Guerra nas Estrelas. Ninguém se opôs quando exigiu a presença do amante em um dos papéis, mesmo sem ele demonstrar a mínima aptidão para a carreira de ator, como nota-se assistindo a Disque Butterfield 8. Em várias entrevistas ela teria dito que detestou tanto o trabalho que jamais se viu nele. Chegou a declarar que o tempo todo interpretou de má vontade o que nos leva a outra ironia: Levou o Oscar daquele ano como melhor atriz, o primeiro de sua carreira! Prêmio que para muitos foi entregue por pena, já que, com sua saúde sempre muito frágil, quase morreu em 59 de pneumonia. Os Acadêmicos correram corrigir as indicações que não deram em nada de seus trabalhos anteriores (e mil vezes superiores) De Repente no Último Verão e Gata Em Teto de Zinco Quente.

Disque Butterfield 8 – BUtterfield 8

- EUA 1960 De Daniel Mann Com Elizabeth Taylor, Laurence Harvey, Eddie Fisher, Betty Field, Mildred Dunnock, Jeffrey Lynn, Susan Oliver, Kay Medford 108’ Drama


DVD - Fato! Graficamente ninguém lança clássicos como a Warner! Da arte da capa, aos menus, temos a sensação de estarmos diante de um produto de outros tempos tamanha preservação de estilo. Dá pena que o mesmo esmero não se aplica ao conteúdo. Aqui não há extras e ainda por cima o filme está em fullscreen, com a imagem toda granulada.

Cotação:

Os Adolescentes do Espaço

Este lixo da ficção científica tipicamente 50’s tem todos os elementos que se espera de tais produções. Naves com fios de nylon aparente, armas laser “similares” a secadores de cabelo, monstros gigantes, e pobres donzelas que diante do perigo soltam um berro ao invés de tomarem qualquer atitude eficaz. O que não se esperava era um roteiro redondinho, divertido, leve! Nossa, e o galã ainda por cima se chama David Love! Que óbvio, assim como todo elenco despontou para o anonimato, junto ao diretor Tom Graeff, que acumula três ou quatro funções nos créditos iniciais como nos melhores trashes que se tem noticia. Diziam as mais línguas que os dois eram amantes! O cenário da casa da mocinha, na verdade era onde os dois moravam há algum tempo... A trama não poderia ser melhor: equipe de alienígenas (todos jovens bonitões) chegam à Terra para implantar uma espécie de viveiros de Gargons. As criaturas que são o alimento preferido de seu povo, mas a gente jura se tratar de lagostas, ao entrarem em contato com a atmosfera terrestre ganharão proporções colossais. Além dos costumes e moda para jovens daquela época, os efeitos especiais são incrivelmente risíveis! O principal deles é o que acontece às pessoas ao serem atingidas pela arma possante dos invasores, se tornando um esqueleto. Detalhe, não há esforço algum em esconder os arames que seguram os ossos. Pobre Sparky, cãozinho corajoso e primeira vítima dos malvados aliens a ser desintegrado! Ei, mas você também queria o que de um filme que expõe no título as palavras “Teenagers” e “from Outer Space”? Um trabalho do Kubrick?

Os Adolescentes do Espaço – Teenagers from Outer Space

- EUA 1959 De Tom Graeff Com David Love, Dawn Bender, Bryan Grant, Harvey B. Dunn, Tom Graeff, Frederick Welch, Carl Dickensen 85’ Ficção Científica


DVD - A Works DVD (ou London Films, nunca se sabe!) é realmente uma mãezinha! Disponibilizou no mesmo DVD Os Adolescentes do Espaço e Papai Noel Conquista os Marcianos, presente na lista do IMDB com os 50 piores filmes já feitos. Os menuzinhos para cada filme estão caprichados como sempre, e ainda há sinopses e biografias na medida do possível. Nesses textos, erros de ortografia e redação são gritantes!

Cotação:

28 de março de 2008

A Fúria

Brian DePalma ainda colhia os louros de Carrie, a garota que literalmente não levava desaforo pra casa, quando topou mais esta incursão no mundo dos adolescentes paranormais. É o prato cheio para o diretor exibir todos os seus maneirismos de câmera, narrativos, o aclamado hitchcockianismo, além de inúmeros recursos técnicos. Resultou num banho de sangue, violência e certo corre-corre policial, sem sombra de dúvida inferior ao outro, mas ser inferior a uma obra prima não desmerece filme algum! O fim da década de 70, começo dos 80 gerou interesse nas possibilidades cerebrais, talvez pelo uso da maconha, LSD e adjacências. Uri Geller entortando talheres na TV é uma celebridade iconográfica do período. Além do tema, temos novamente Amy Irving, só que desta vez é ela quem tem o poder! Boazinha (tem o estereotipo de colega CDF da classe) colocará suas habilidades a serviço de um pai desesperado na busca pelo filho também paranormal. O seqüestrador só podia ser John Cassavetes! Nosso gerador do coisa-ruim favorito pertenceria (isto fica relativamente confuso) a uma repartição do governo que estuda tais fenômenos. Uma conotação interessante do roteiro, a quem já observou a relação entre adolescentes e familiares, é que fora dos olhos dos mais velhos costumam ter atitudes diferentes. Quase sempre os anjinhos dos papais não são tão anjinhos assim na rua. Kirk Douglas nunca tinha pensado nisso. Tem pai que é cego!

A Fúria – The Fury

- EUA 1978 De Brian DePalma Com Kirk Douglas, Amy Irving, John Cassavetes, Charles Durning, Carrie Snodgress, Fiona Lewis 118’ Suspense


DVD - O Menu estático nos leva até o trailer original que não deve ser assistido antes do filme! O final é absurdamente revelado ali... Ainda há galeria com pôsteres psicodélicos de muitos países, além de imagens de divulgação e lob cards.

Cotação:

300

Nem precisava ser grande conhecedor das regras cinematográficas para sacar que uma adaptação da graphic novel de Frank Miller, primando pela fidelidade, não seria aquele estrondo nas bilheterias. Principalmente porque, quem leu os quadrinhos viu que é uma brilhante forma de contar um fato histórico e lendário, verdadeira obra de arte, mas de estrutura narrativa frágil. Apoiasse em um acontecimento, dando a desconfortável sensação na outra mídia de só existir meio e fim da trama, que, aliás, todo mundo sabe qual é! O apelo visual também não surpreende desde Capitão Sky e o Mundo do Amanhã, ou o mais feliz Sin City. Claro que como cinema cumpre seu papel de forma empolgante e honesta, nos faz crer naquilo tudo, mesmo quando se estende em intermináveis diálogos que entrecortam fantásticas (e igualmente intermináveis) seqüências de batalha. Ironicamente coube a um diretor destacado graças a um filme de zumbi (se saiu lindamente da delicada tarefa de revitalizar o clássico Madrugada dos Mortos), para mais este fôlego ao eternamente moribundo subgênero que são os grandes épicos. Os chamados pejorativamente “Espada e Sandália”. E não há dúvidas que gênios do passado consagrados no estilo, como Cecil B. Demille, não abririam mão de toda a tecnologia vista em 300 a fim de dar vida às mais grandiloqüentes idéias. Falando em “Espada e Sandália”, causou certo barulho desnecessário ser isto praticamente as únicas vestes dos marombados espartanos, para alegria de uns e desespero de alguns outros mal resolvidos. Valeria citar Mario Quintana, para quem um corpo bonito pertence aos olhos do mundo! Há também o quase deslize de confiar um papel pequeno, mas importante a Rodrigo Santoro, o imperador Xerxes. É bacana ver um brasileiro sendo o principal vilão numa produção classe A, mas ufanismos à parte, ainda tem uma interpretação crua. Parece bruxo malvado saído de alguma peça de Maria Clara Machado. Sua voz exageradamente alterada também não ajudou. Os créditos finais são uma maravilha, fazendo um elo perfeito com as raízes do projeto, os quadrinhos. Mereciam estar no inicio.

300 – 300

- EUA 2006 De Zack Snyder Com Gerard Butler, Lena Headey, Rodrigo Santoro, David Wenham, Dominic West, Vincent Regan, Andrew Tiernan 116’ Ação/Aventura


DVD - Totalmente legendado, até a faixa de comentários do diretor no primeiro disco (que confirma realmente ser a voz de Santoro alterada). O segundo vem com vários documentários interessantes, o principal deles traçando paralelos entre filme, quadrinhos, história e lenda através da ajuda de historiadores e os envolvidos em 300. Outro leva em conta a obra de Frank Miller, um dos idealizadores da estética e narrativa empregada na cultura pop de nossa geração. Fato que nos faz lamentar jamais ter sido lançada uma edição dupla de Sin City, que venha com algo mais que um miserável making of curtíssimo. Sobre o de Snyder, mesmo não tendo recursos avançados, ou não ter sido pensado como produto à parte, conseguiu inovar a quase sempre sem graça galeria de fotos. Em “Colocando 300 em Fotos” temos um vídeo com algumas centenas de imagens rapidíssimas. Legal pra pausar e assistir quadro a quadro. Coisa que o coloca como um dos poucos a dar função concreta a tal recurso do nosso DVD Player. Embora canse o dedão.

Cotação:

27 de março de 2008

Mata Hari

Sob medida para Greta Garbo desfilar alguns dos mais extravagantes figurinos que Hollywood já fez! Por mais que a idéia da auto-aposentadoria, enquanto estava no auge, pareça estúpida foi a coisa mais inteligente a ser feita. Afinal, nunca houve tantos papéis assim para atrizes fortes como ela. Não era à toa que já naquela época lhe referiam como “A Divina”. Aqui os mencionados figurinos servem apenas como mais um elemento para ofuscar qualquer outra coisa que surja na tela. Sua interpretação sui generis levava em consideração todo corpo. Do cabelo à ponta dos pés, à disposição do cinema. Em uma época de erotismo bastante velado, consegue transparecer volúpia mesmo estando perversamente vestida. Como filme, tendo 77 anos, ainda é um espetáculo interessante, com a espiã mais famosa que o mundo conheceu se redimindo de todos os pecados pelo amor. O porém fica por conta de seu par romântico, o astro Ramon Novarro. Escolha comercial provável, seu nome está em destaque nos créditos ao lado do de Garbo, mas artisticamente infeliz. Difícil engolir que um mulherão como Mata, com Paris a seus pés, ia se deixar seduzir por um garoto serelepe daqueles. Há quem acredite que foi o jeitão da atriz que destacou seus trejeitos incrivelmente efeminados.

Mata Hari – Mata Hari

- EUA 1931 De George Fitzmaurice Com Greta Garbo, Ramon Novarro, Lionel Barrymore, C. Henry Gordon, Karen Morley, Lewis Stone 89’ Drama


DVD - Todas as distribuidoras ao lançar clássicos deveriam seguir o que a Warner fez com Mata Hari, ou no clássico King Kong, reproduzir as artes originais na capa. Normalmente criam coisas modernas para atrair públicos atuais, o que se sabe ser em vão, ou pior, os lançam em séries padronizadas. Vem com o trailer original, destacando a dança erótica de Garbo.

Cotação:

26 de março de 2008

Ju-On – O Grito

Para o bem ou para o mal, filmes de horror asiáticos são frutos de nosso tempo. Como os de gangues de adolescentes, praias com garotas de biquíni, monstros cósmicos marcaram épocas passadas. E mesmo com os norte-americanos se esforçando para desgastar a fórmula em remakes desnecessários, que só servem para atestar a absurda ignorância de sua platéia média, não há como negar que no mínimo presenciamos cenas muito inusitadas. São filmes tradicionais em sua essência como todo povo japonês parece ser, pertencentes a subgêneros (no caso, as casas mal assombradas), contando histórias distintas, mas estranhamente convergentes. Talvez para o ocidente cause estranheza o uso exaustivo de fantasmas cabeludos de cara pálida, tão comuns à cultura local, que aparentam coexistir num mesmo plano, muito mais do que plágios infinitos. Ju-On trata-se de um das mais assustadoras e inteligentes produções jamais feitas. Principalmente porque, para dar medo, não se apóia apenas no que é exibido na tela, mas do que nossa mente absorverá daquilo. Seu roteiro estruturado caoticamente de forma não linear faz com que a experiência tome força depois de assisti-lo. Tentando compreender o quebra cabeça, revisitamos mentalmente aquela sombria casa. Ataca desta forma nossa pressuposta certeza inconsciente de que nosso lar é o lugar mais seguro do mundo. Isso, claro, para quem usar alguns neurônios até na hora do cinema. O que não é se esperar pouco em se tratando de um público que preguiçosamente exige coisas fáceis.

Ju-On – O Grito – Ju-On

- Japão 2003 De Takashi Shimizu Com Megumi Okina, Misaki Ito, Misa Uehara, Yukako Kukuri, Takashi Matsuyama, Daisuke Honda, Yuya Ozeki, Takako Fuji 92’ Horror


DVD - Não há nada, nada! Nem as tradicionais filmografias em texto... Pelo menos a Alpha Films manteve a capinha original, embora pareça ridículo adicionar “O Grito” como subtítulo. Seu lançamento, mesmo assim, por se tratar de uma película construída de forma tão geniosa é bem vindo. Antes só havia rodando por aí uma cópia em VCD (!!!) comercializada nos camelôs com legendas em português de Portugal!

Cotação:

Crepúsculo dos Deuses

... Ou a confirmação de um cineasta no olimpo sagrado de Hollywood! Ao contar a história trágica de três personagens que convivem no limite do amor e piedade, guiados pelo interesse não raro misantropo, Billy Wilder tocou em muitas feridas não só do já marmorizado cinema industrial americano, mas das mazelas comuns a qualquer ser humano. Talvez aja apenas um personagem de índole admirável, a secretária Betty Schaefer, vivido pela novata Nancy Olson, e é justamente este um dos poucos pontos mornos do filme. Narrado por um cadáver em flashback, num absurdo (e corajoso) exercício de metalinguagem, Holden é o roteirista endividado que para escapar de agiotas se escondendo em uma velha mansão da Hollywood Boulevard. A princípio acreditando estar abandonada, se deparará com dois bizarros moradores: Norma Desmond, uma antiga mega estrela do cinema mudo e Max, seu fiel mordomo. Está armada a teia de paralelos macabros entre a vida e a tela prateada! A principal ironia, entre algumas dezenas de outras, é que Gloria Swanson era também uma grande diva da fase silenciosa, abandonada assim que o cinema proferiu as primeiras palavras. Sua popularidade era tanta que se fala na existência de uma espécie de trem que a levava de casa ao estúdio, ou ainda de que entre muitos de seus amantes estava o senador Kennedy, pai de você sabe quem! Como mordomo o ex cineasta Erich von Stroheim, que como seu personagem, também dirigiu Swanson no passado em títulos como Rainha Christina. Que por sinal tem algumas cenas mostradas no cineminha particular de Desmond. O roteiro do próprio Wilder com colaboradores tem muitas frases engraçadas, espirituosas, quase bordões entre cinéfilos, como quando Holden reconhece a atriz “Ei, Você é Norma Desmond! Costumava ser grande...”, ouvindo como resposta “Eu sou grande! Os filmes é que ficaram pequenos!!!”. Genial!!! O material promocional da época foi bem sensacionalista, tendo pôster vermelho com Desmond gigante amedrontando o jovem casal fazendo parecer se tratar de um filme de monstro. E talvez seja! Uma obra sobre antropofagia sem precedentes. Muito feliz ainda em sua mistura de emoções e gêneros. Vai do sorriso à lágrima com desenvoltura ímpar. Pode ser dado como exemplo quando ela vai até as filmagens de Sansão e Dalila, de Cecil B. Demille (no papel dele mesmo) jurando estar voltando à ribalta, ou no final tétrico, conversando diretamente com a gente, as pessoas maravilhosas no escuro! Muito celebrado já em seu lançamento, conseguiu 11 indicações ao Oscar. Gloria Swanson infelizmente encarou páreo duro, disputando com Bette Davis, por A Malvada e Judy Holliday em Nascida Ontem. A estatueta foi para a última, na rara vez em que a Academia premiou alguém por uma comédia. Hollywood e suas injustiças...

Crepúsculo dos Deuses – Sunset Boulevard

- EUA 1950 De Billy Wilder Com Gloria Swanson, William Holden, Erich von Stroheim, Nancy Olson, Jack Webb, Buster Keaton, Cecil B. DeMille, H.B. Warner, Anna Q. Nilsson, Hedda Hopper 110’ Drama


DVD - O “Edição de Colecionador” na capa não está ali à toa! Dos menus fora de moda como a casa da protagonista a todo o material extra, nota-se que a Paramount não mediu esforços para honrar Norma Desmond, aliás, “sem ela não haveria Paramount!”. Entre os extras, faixa de comentário com historiador, mapa interativo de Hollywood da época, documentários sobre a figurinista Edith Head (igual ao do DVD de Ladrão de Casaca), sobre a trilha sonora, e Making Off. Quer mais? Extensa galeria de fotos de bastidores e de divulgação, trailer original e o principal, roteiro e algumas cenas do prólogo original que seria no necrotério, com os cadáveres conversando. Idéia abandonada porque teria causado risos nas primeiras platéias. No roteiro há uma curiosa escalação do elenco com Montgomery liff (erro mantido, ao invés de Cliff) no papel do roteirista decadente, para a secretária consta “Um novo rosto”, e por último “E outros papéis secundários: Gente de cinema, policiais e cadáveres”. Fora o trailer, tudo tem legendas em português. Talvez, sem querer ser injusto, faça falta a versão dublada. Aquela dublagem usada na única cópia que existia no Brasil e reprisada várias vezes na TV. Por muitos anos Norma Desmond tinha a mesma voz da Diabolim, vilã do desenho Cavalo de Fogo. Tal ausência faz com que não nos desvencilhemos da surrada fita VHS. Saudosismo puro!

Cotação:

O Grito

Filme esculhambadíssimo! Pelo menos serviu pra revelar o que já se desconfiava: A revista Set não assiste ao que critica! Na resenha assinada pelo editor Roberto Sadovski, famoso desconhecedor da cultura pop nipônica, lia-se que era a refilmagem ipsis litteris do japonês Ju-On além de descer (portando desavergonhadamente) o sarrafo na produção! Os fantasmas são os mesmos, mas não há, além disso, nenhum outro paralelo entre as duas obras! Há sim uma óbvia má escalação de elenco, começando pela ex caçadora de vampiros Sarah Michelle Gellar, cujos irrisórios talentos dramáticos lhe permitem duas ou três expressões faciais, e claro, Bill Pullman e sua eterna cara de Pão Pullman. Por exigência dos produtores americanos perdeu seu principal charme, as reviravoltas do roteiro, e nesse ponto incomoda saber que Sam Raimi, do criativo Evil Dead, está por traz. É divertido, mas comum demais. Não apela para a inteligência de ninguém, com seus sustos obtidos de forma fácil, através de estrondos sonoros ou imagens pretensamente fortes. Coisa banal a qualquer filminho do gênero hoje em dia. Pode ter desandado exatamente porque na intenção de dar autenticidade contratou-se o cineasta do original ao invés da busca por novos rumos, ou de pelo menos lhe darem carta branca para fazer o que bem entendesse. Tendo O Chamado como exemplo, primeiro remake de um horror japonês a emplacar, percebe-se que o que funcionou para Samara Morgan foi usar apenas as melhores idéias do antecessor Ringu. Sem ser purista, são dois bons filmes distintos! A continuação teve o mesmo Hideo Nakata do original e como resultado mais um produto também preso às convenções hollywoodianas patinando em auto- referências. Vi O Grito no cinema e mais irritante do que estava distorcido na tela foi perceber o nível da platéia. Dezenas de adolescentes não escondiam a sua santa ignorância rindo simplesmente porque ouviam os personagens falando em japonês. Antigamente culpava-se a falta de informação para explicar o isolamento cultural entre os brasileiros de pouca idade, já que bandas de música ultrapassada do tipo Iron Maden e similares conseguem sucesso apenas aqui, mas em épocas de Internet isso não faz sentido...

O Grito – The Grudge

- EUA 2004 De Takashi Shimizu Com Sarah Michelle Gellar, Jason Behr, Bill Pullman, Ted Raimi, Ryo Ishibashi, Takako Fuji, KaDee Strickland, Takashi Matsuyama, Yuya Ozeki, Clea DuVall, William Mapother 98’ Horror


DVD - Lançado pela Europa Filmes três vezes. A versão do cinema, a do diretor, e novamente esta especial do diretor só que dupla, com luva de papelão metálica. Bem, esperava-se uma nova edição, já que o resultado exibido antes estava aquém de Ju-On. Nada mais é que a mesma história com um pouquinho a mais de sangue aqui e acolá. A entrevista do diretor é reveladora, e mesmo comentando as cenas deletadas não deixa de culpar os produtores dos EUA por algumas idéias infelizes. Sarah Michelle Gellar chega a estar cômica respondendo às perguntas com ares de grande diva da sétima arte, coisa que está longe de ser, pobrezinha... KaDee Strickland, aliás muito mal aproveitada, aparece num curioso passeio por Tóquio.

Cotação:

O Grito 2

Jennifer “What A Feeling” Beals, celebridade trash 80’s, empresta certa graça logo no inicio, quando aparece sendo uma dona de casa de chapinha em dia matando seu marido a golpes de frigideira. Partindo daí já se espera todo o resto com sorriso no canto do lábio. Um filme B muito exagerado, mas original, livre das amarras do anterior. Nada mal para uma continuação do famigerado subgênero “remake americano para horror japonês”. Com o dinheiro em caixa do primeiro parece que os produtores deixaram Shimizu mais à vontade, o que gerou pelo menos um roteiro de temporalidade e locações não lineares, tal e qual fez em Ju-On. Há coisas desnecessárias como haver um núcleo familiar americano, ou arrumar explicações na infância da fantasma Kayako, fato que não acrescentará nada à história. Sarah Michelle Gellar demorará pouco em cena, o que é um alívio, embora aja um trio de adolescentes do tipo “gostosinhas pra tirarem a roupa” simplesmente lendo o texto ao invés de interpretar. Temos alguns elementos do original nipônico como as garotas que resolvem entrar na casa só por diversão e a trama solta além de boas referências ao cinema clássico de horror. Achá-los pode funcionar como elemento a mais de interesse. A grande novidade fica por conta do final surpresa... A série infelizmente assume esta péssima mania dos filmes de hoje em dia, que obrigatoriamente possuem um personagem do mal que só se revela no final, no caso, a justificativa para a maldição ter atravessado o atlântico. Recurso manjado que aqui ainda por cima derruba qualquer possibilidade lógica!

O Grito 2 – The Grudge 2

- EUA 2006 De Takashi Shimizu Com Amber Tamblyn, Jennifer Beals, Sarah Michelle Gellar, Takako Fuji, Takashi Matsuyama, Ohga Tanaka, Yuya Ozeki, Christopher Cousins, Joanna Cassidy 102’ Horror


DVD - A Paris Filmes o distribuiu em um disco muito precário. Primeiro há o anúncio longo de uma pousada em Paraty, depois trailer de O Perfume, e do novo com as Tartarugas Ninja. Detalhe, nenhum deles nos permite pular pro próximo, pausar, nem qualquer outra função do controle remoto. Torna-se uma tortura caso se precise assistir o filme em muitos dias. Os extras são o trailer dele e de mais um monte de outros. Todos obscuros.

Cotação:

25 de março de 2008

Calafrios

Trash muito querido, não só porque foi o primeiro de Cronenberg com distribuição comercial, mas porque é muito bem feito, contando com efeitos visuais bem repulsivos. Toda a visível miséria financeira acaba tendo pouca importância graças a seu elaborado roteiro dono de um horror tão catastrófico quanto histérico. Em condômino de luxo, que ainda por cima fica numa ilha, cientista louco (sempre eles!) cria parasita para viver na corrente sanguínea. Usa como cobaia justo sua jovem amante, uma garota, por assim dizer, muito dada! Se é que você me entende... O parasita transforma-se em pequeno monstro bastante nojento que ao ser transmitido (via relações sexuais) transformará as pessoas em criaturas sedentas por sexo violento! Não demorará muito para que não tenha morador sem estar contaminado. De criancinhas de sapatinhos de verniz a velhas senhoras com bengala, todos correrão atrás de novas vítimas, no sempre engraçado descontrole coletivo! Muita gente vê nesse argumento um presságio dos tempos do HIV que aconteceria na próxima década, o que não deixa de ser um paralelo interessante. No elenco (quase todo amador por motivos orçamentários) há duas divas dos filmes B. A enfermeira ruiva que durante a cena da piscina fará a temperatura subir em poucos segundos é Lynn Lowry, e a musa gótica Barbara Steele como a lésbica hiponga atacada numa banheira diretamente pelo ser, sem precisar de homem que lhe contagie.

Calafrios – Shivers

- Canadá 1975 De David Cronenberg Com Lynn Lowry, Allan Kolman, Barbara Steele, Vlasta Vrana, Joe Silver, Camil Ducharme, Hanka Posnanska 87’ Horror


DVD - A arte da capa se assemelha a uma edição do diretor lançada lá fora, mas não se trata do mesmo produto! Aliás, Continental escreveu na contracapa que a duração é de 110 minutos, 23 a mais do que realmente tem, além de estar em pavoroso Fullscreen. Os extras são extensa biografia do diretor em texto, trailer original e uma entrevista recente muito bacana, legendada em português, sobre as imagináveis dificuldades financeiras e criativas da produção.

Cotação:

23 de março de 2008

Mamãe é De Morte

Tem a mistura exata de humor negro e crítica social que John Waters lapidou/tentou durante toda carreira. Nunca foi tão feliz quanto nesta farsa da dona de casa politicamente correta que não pensa duas vezes em assassinar quem se meter a besta com sua adorável família. Kathleen Turner não está mais do que espetacular no papel título! Waters declarou na época do lançamento que a certeza de que ela seria a escolha ideal aconteceu quando assistiu A Guerra dos Roses, e o paralelo entre esses dois personagens é notável. Talvez a diferença seja que no dos anos 80 Turner ainda ocupava o lugar de loira sexy do momento querendo cair fora da furada que isto parece ser, e no dos 90 brincava com tal fato. Exibido pela Band inúmeras vezes, infelizmente é mais um a receber título em português bem idiota. O trocadilho infame “Mamãe é De Morte” emprega lhe um sentido de comédinha suave o que pode afastar um público inteligente. Não há duvidas de que se trate de um clássico moderno! Tão cheio de referências aos mais escrotos hábitos e tipos comuns que pode ser revisto centenas de vezes com diversão garantida. Doente em certo ponto, tal e qual sabemos bem que é o mundo. Um lugar onde “corretas” donas de casa (cristãs) se entregam a prazeres provocados por lambidas caninas enquanto cantarolam doces canções. Atitude quase tão assustadora quanto um crime cometido a golpes de pernil... Pra quem acredita em verdadeiros valores familiares, distantes dos impostos nos reclames de margarina da TV.

Mamãe é De Morte – Serial Mom

- EUA 1994 De John Waters Com Kathleen Turner, Sam Waterston, Ricki Lake, Matthew Lillard, Mink Stole, Traci Lords, 93’ Comédia


DVD - Merece sem dúvida o título de porco! Menus ridículos, tela cheia, qualidade de imagem parecida ao do VHS, áudio mono, e a arte da capa usa screenshots do filme em baixa resolução... Aliás, a contracapa tem uma sinopse das mais estúpidas que já vi na vida! Vamos fazer um exercício de sonhar! Saiu este mês nos EUA pela Universal uma edição de colecionador cheia de extras.

Cotação:

Terra dos Mortos

Poucos diretores, a exemplo de George Romero, criaram um gênero. Ou, como preferir, tomou pra si, já que zumbi em filme não começou em 1967 com o inigualável Night of the Living Dead. Mas foi ele a partir dali que delineou este subgênero para todo o sempre. E por isso que está tão à vontade na hora de comandar as figuras pútridas que aparecem. Interessante que desde seu primeiro trabalho tais criaturas vêm evoluindo, como se fizessem parte de uma seqüência, mesmo com tramas distintas. Se calcularmos que faz 41 anos que dirigiu o primeiro, tal feito os transforma talvez na série mais duradoura da história do cinema. E sem descambar na má qualidade. Mas justiça seja dita, não são só os mortos que evoluíram, seu talento o transforma em cineasta de primeira grandeza não só no Horror, já que isto parece desmerecê-lo. A sacada é que não há monstro mais condizente com os dias de hoje do que zumbi! Vai-se ao supermercado, ônibus urbano, no trabalho, em todos os lugares e lá estão eles!! Babando, cambaleando... E pior do que eles é toda uma escória felizmente com mais dinheiro que tenta se proteger, de todas as formas possíveis. Que tal espetáculos luminosos para distraí-los? Funcionando até certo ponto, porque pra tudo nesta terra de vivos e mortos há um limite. Terra dos Mortos só escorrega porque toma esta contenda política/social muito mais a sério. É um filme com discussões de poder com mortos vivos fazendo parte apenas do cenário.

Terra dos Mortos – Land of the Dead

- EUA 2005 De George A. Romero Com Simon Baker, John Leguizamo, Asia Argento, Dennis Hopper, Robert Joy, Jennifer Baxter, Boyd Banks 97’ Horror


DVD - Fantástica “caixa” contendo 3 dos principais filmes de zumbi da atualidade! Terra dos Mortos, o remake de Madrugada dos Mortos e o inglês Todo Mundo Quase Morto. Diferente de outras coleções, quando o fato de serem vendidos junto os faz estranhamente custarem mais, esta causa valores míseros para cada. Na contracapa há apenas informações técnicas habituais e nada sobre se tem extras ou não. Na verdade são os mesmos discos vendidos antes pela Universal, com o material bônus inclusive. Terra dos Mortos (embora não haja registro na embalagem) está na versão integral do diretor, com 97 minutos, faixa de comentário, vários documentários, etc. Tudo devidamente legendado na nossa língua! Chuchu beleza!

Cotação:

21 de março de 2008

O Filho de Drácula

Fato: Não havia televisão no castelo do Conde Drácula! Depois da filha, a Universal deu continuação à saga iniciada em 31 usando seu filho. Ao contrário do segundo da série, com Gloria Holden, este só é filho no título, já que o tempo todo eles se referem ao Conde Alucard com se fosse o Drácula em si. Mas é charmoso, não o Lon Chaney Jr., que não convence de vampiro mor nem aqui nem na china, mas o filme num todo. Pra começo de conversa a mocinha é uma anti-heroína, doidinha pra fazer parte do mundo negro, dos sortilégios coisa e tal. Logo no começo do filme já se sabe que ela conhece o Conde Alucard da sua viagem à Europa, e que tintileia (se é que você me entende!) por sua visita ao sul dos EUA. Além de não usar telefone (!!!) porque acredita em outras formas de comunicação... E depois, porque exagera nos efeitos especiais possíveis na década de 40 e acerta a mão em quase todos. As diversas transformações de fumaça ou morcego a homem são divertidamente bem feitas! Há também um a história sombria interessante, com algumas reviravoltas plausíveis, o que o torna muito mais que um filme velho. A mórbida coincidência fica por conta de que Lon Chaney, o pai, astro de inúmeros filmes de horror da fase muda do cinema como O Corcunda de Notre Dame ou O Fantasma da Ópera teria sido o Drácula original se não tivesse morrido um pouco antes das filmagens começarem. Sorte de Bela Lugosi.

O Filho de Drácula – Son of Dracula

- EUA 1943 De Robert Siodmak Com Lon Chaney Jr., Evelyn Ankers, Louise Allbritton, J. Edward Bromberg, Adeline De Walt Reynolds, Etta McDaniel, George Irving 80’ Horror


DVD - Divide um disco com o segundo filme da série: “A Filha de Drácula”. Não tem um menu tão bacana quanto o da irmã, mas está com uma imagem bem limpinha. Vem com o trailer original de ambos, além do de Drácula de 1931.

Cotação:

18 de março de 2008

Drácula, O Príncipe das Trevas

O melhor ainda estava por vir, quando em 1958 a Hammer resolveu dar novo fôlego à obra de Bram Stoker com O Vampiro da Noite (Horror of Dracula). Passada quase uma década, Terence Fisher estava muito mais à vontade para comandar Christopher Lee como o temível conde. Como resultado não menos que o melhor filme do estúdio inglês com o personagem, mais sombrio e literalmente sanguinolento. Mesmo com personagens diferentes (no nome) é mais fiel em sua essência ao romance gótico que o anterior. Van Helsing, por exemplo, tornou-se um frei desvairado que enche a cara de vinho e esquenta a bunda na primeira lareira que vê pela frente! Dessa forma, a sutil auto-paródia ganha contornos macabros como a recatada personagem de Barbara Shelley que se tornará uma vampira do gênero rameira dos infernos. Ajudou a atriz a se tornar uma das principais scream girls, sendo a “vítima” na cerimônia inquisitória mostrada no filme. Com pernas e braços agarrados por monges, trajando uma camisola esvoaçante, tentará resistir até levar uma bela e fatal estaca no peito! Mais clássico impossível! Drácula, o rei da festa, envolve informações contraditórias a respeito da produção. Christopher Lee conta (inclusive no documentário As Várias Faces de Cristopher Lee) que se recusou a falar qualquer frase porque achou ridículo seu tom apocalíptico. O roteirista Jimmy Sangster jura de pés juntos que nunca houve no roteiro uma linha se quer de texto para ele!

Drácula, O Príncipe das Trevas – Dracula Prince of Darkness

- Inglaterra 1966 De Terence Fisher Com Christopher Lee, Barbara Shelley, Andrew Keir, Francis Matthews, Suzan Farmer, Charles 'Bud' Tingwell, Thorley Walters, Walter Brown 90’ Horror


DVD - Prefira esta edição da Works DVD a uma lançada recentemente sem nenhum extra! Mesmo que os presentes aqui não tenham legendas, a raridade merece estar na sua coleção. Em um chique menu animado há o trailer original e várias imagens de bastidores feitas com uma câmera caseira Super 8, inclusive com a seqüência final nas geleiras. Elas estão comentadas por Barbara Shelley, Christopher Lee e Suzan Farmer num encontro de 1997.

Cotação:

17 de março de 2008

O Homem Que Sabia Demais (1956)

Filme de um profissional! Aliás, esta é a própria opinião de Hitchcok ao ser perguntado por Truffaut sobre as duas versões dirigidas por ele de O Homem Que Sabia Demais. A de 34 segundo o próprio, em lampejo de humildade, seria obra de um amador. A verdade é que em seu 44º filme, vindo de uma de suas raras comédias (O Terceiro Tiro/ The Trouble with Harry), tinha experimentando de tudo um pouco, sentia-se seguro o suficiente para entrar na (chamada pelos críticos de) “grande fase”. Há inúmeros elementos já explorados, e muitos outros que seriam reaproveitados em seus futuros filmes. Até a trilha sonora, discreta para explodir no fim, na grande cena da orquestra, dialoga com a de Vertigo, também composta por Bernard Hermann. E se Deus fosse um compositor de cinema, seu nome seria Bernard Hermann! O roteiro, com o casal em férias pelo Marrocos que acaba se envolvendo numa sinistra trama de espionagem é um primor em elaboração. Lapidado de forma tão envolvente que se engole, quase sem se notar, que está feito em cima de um Mac Guffin! Recurso (ou truque) criado pelo diretor com a ajuda do roteirista Charles Bennet que consiste simplesmente em disfarçar a pouca importância do que realmente move os vilões. No caso não se sabe ao certo o que realmente pretendem os espiões com o crime, qual a finalidade dos mirabolantes planos, etc. Nossa atenção estará voltada para o drama dos pais em desbaratinar o grupo sem a ajuda da policia a fim de terem seu gracioso filho são e salvo. O elenco é um achado a parte, como em muitos dele. Que me recorde, talvez o único deslize seja Jessie Royce Landis sendo a mãe de Cary Grant em Intriga internacional, mesmo com ambos tendo nascido no mesmo ano! Neste, Brenda De Banzie evidencia o desperdício que foi sua carreira em obras muito pequenas. Está fabulosa nas reviravoltas que sua personagem dá, de turista acima de qualquer suspeita, a ratazana a serviço do mal, até revelar embaixo de todo aquele gelo um coração maternal. E claro, Doris Day, até então mais uma cantora loirinha bonitinha tentando ser atriz, convencendo como uma sofredora mãe, passando o diabo para reaver seu rebento. O próprio diretor teria batido o pé para tê-la ali contra muitas opiniões. Talvez porque naquela época havia uma piada em Hollywood a respeito da atriz. Para se referir a coisas feitas, ou vistas muito antes, dizia-se que foi antes de Doris Day ser virgem, tamanha docilidade que sempre demonstrou em uma época marcada por loiras fatais como Marilyn Monroe. Uma espécie de “Do tempo do Onça” no Brasil. E nada melhor que uma atriz com tal rótulo para interpretar uma mãezinha, todas elas também eternamente puras!

O Homem Que Sabia Demais – The Man Who Knew Too Much

- EUA 1956 De Alfred Hitchcock Com James Stewart, Doris Day, Brenda De Banzie, Bernard Miles, Ralph Truman, Daniel Gélin, Christopher Olsen 120’ Suspense


DVD - Como muitos de Hitchcock, lançado e relançado! Esta coleção de capa padronizada cinza tem menus estáticos com o desconfortavelmente cômico tema do programa Alfred Hitchcok Apresenta destoando do filme. A galeria de arte mantém dois pôsteres da versão inglesa. Há dois trailers, um narrado por James Stewart para um dos vários relançamentos da obra do mestre, e o original de cinema. Nele o vilão principal foi redublado. Onde se ouvia que Jo McKenna iria cantar Whatever Will Be, Will Be (Que Sera, Sera), agora é “Miss Doris Day”. E claro, um documentário caprichado com muitas curiosidades sobre a película. Na contracapa diz que vem com um livreto contendo notas da produção, o que não é verdade.

Cotação:

16 de março de 2008

Força Diabólica

Vincent Price é o milionário que nas horas vagas ocupa o cargo de médico/cientista louco de plantão neste belo exemplo de sensacionalismo cinematográfico! Acaba descobrindo que há um parasita vivendo no interior de todos nós e que, se em momentos de medo não gritarmos pode quebrar nossa coluna vertebral. A história construída de forma inteligente e divertida fica totalmente em segundo plano perante as mais estapafúrdias estratégias de marketing do diretor William Castle. A principal delas talvez seja a criação do Percepto, equipamento instalado em algumas cadeiras dos cinemas para dar choques elétricos no público em momentos específicos. Mas há outras coisas interessantíssimas como ser todo em preto e branco para que vejamos com os olhos de uma surda-muda (que pobrezinha não poderá gritar!) uma banheira cheia de sangue vermelho berrante, ou quando é simulado que o filme (o que estamos assistindo mesmo) queimou, e a tal criatura está à solta, inclusive com sua sombra aparecendo na tela. Apenas a voz de Price nos alerta primeiro de que não é necessário pânico, se formos atacados é só gritar. “Gritem! Gritem por suas vidas!!!”... Hilário imaginar a platéia na época berrando! Também ficou famosa a seqüência com cientista a fim de se auto-induzir ao medo fazendo uso de LSD. Seria a primeira viagem lisérgica exibida em película. A criatividade surpreende ainda na elaboração dos personagens com certa profundidade acima do normal em produções B, e no final quando se revela tratar de um filme do gênero “quem é o culpado?”, com plena integração entre horror, sci-fi e policial. Note as inúmeras vezes em que os fios que manipulam a criatura ficam visíveis...

Força Diabólica – The Tingler

- EUA 1959 De William Castle Com Vincent Price, Judith Evelyn, Darryl Hickman, Patricia Cutts, Philip Coolidge, Pamela Lincoln 82’ Horror


DVD - O selo estampado pela Columbia na capa dizendo “Edição comemorativa 40º aniversário” desemboca numa colossal decepção! Nem os menus estão em português... Há um livreto, ou uma folha dobrada ao meio, com algum texto sobre o filme, um documentário curto, trailer original dele e do remake de Morte dos Mortos Vivos e duas versões da cena em que o bicho escapa no cinema, a do Vincent Price e a regravada por William Castle para ser exibido nos drive-ins dos 60’s. Mas legendas que é bom necas de pitibiriba!

Cotação:

15 de março de 2008

Olhos de Fogo

Esse obscuro filme é tão inusitado em sua forma de horror que por um triz seria uma obra-prima do gênero! Mostra de maneira única a bruxaria apregoada pelos antigos puritanos colonizadores do novo mundo. Mas ao mesmo tempo em que é inteligente pra caramba em seu ponto de partida e construção de climas, acha soluções estúpidas, quase risíveis. Seu clima de desamparo, essencialmente primitivo, fica comprometido ainda com alguns efeitos de vídeo e sonoros ultrapassados. O final também não é lá essas coisas em termos de satisfação, mas as qualidades num todo superam os deslizes. Na América, ainda dominada por atritos de indígenas e europeus, falso pastor chegado num balacobaco é julgado e expulso (ou foge) de sua aldeia. Junto a sua amante adultera e alguns seguidores chegam a um vilarejo em ruínas cercado por tétrica floresta. O lugar, que até os índios temem, parece ser o mais apropriado para o grupo firmar-se. Não demorará muito para que fatos bizarros dêem credibilidade aos peles-vermelha. Absolutamente plausível que os colonizadores dos EUA tivessem no lado macabro do paganismo o paralelo ideal à incerteza de que fizeram o correto virando as costas aos antigos preceitos cristãos. De atmosfera fantasmagórica e violência crescente, alguns bons sustos nos esperam principalmente na exibição de criaturas monstruosas singularmente realizadas. Grande estréia do diretor que depois só faria mais dois filmes sem relevância.

Olhos de Fogo – Eyes Of Fire

- EUA 1983 De Avery Crounse Com Karlene Crockett, Dennis Lipscomb, Guy Boyd, Rebecca Stanley, Fran Ryan, Rose Preston, Caitlin Baldwin 90’ Horror


DVD - Cópia de péssima qualidade. A tela cheia detonando a fotografia é só um detalhe perto da terrível falta de nitidez da imagem. Na contracapa diz que há galeria de fotos como extra, mas é mentirinha!

Cotação:

Zombie – A Volta dos Mortos

O clássico absoluto do cinema podreira é apelativo, mas de desconcertante beleza plástica como poucos slashers conseguiram!!! Com imagens tão fortes que ficam retidas na mente por horas após seu término. Seus produtores tentaram fazer com que se parecesse uma seqüência de O Despertar dos Mortos, de George Romero, o que deu certo gerando um enxame de películas de “morti viventi” na Itália, mas o marcou como mero plágio amortecendo seus predicados artísticos perante a crítica. Fora o fato de os monstros serem morto-vivos, não há muito mais em comum. Pessoas presas por motivos diferentes em uma ilha tropical se vêm atacadas por zumbis esfomeados. Pronto! Você já sabe o suficiente para encarar a obra prima de Lucio Fulci especialmente orquestrada para platéias de nervos de aço e estômago forte. Repleto de momentos antológicos como quando, num cenário paradisíaco, os mortos se levantam calmamente de suas covas, todos podres, como se fosse uma metamorfose natural da terra, quase como borboletas. Incomoda muito mais pela possibilidade poética que tal espetáculo terrivelmente nojento oferece (a quem se permitir), do que pelo perigo explícito. Tem uma seqüência, gratuita como algumas outras, merecedora de nota pelo ineditismo. Depois de perseguir no fundo do mar a belezoca seminua do pedaço, um zumbi atraca-se às mordidas a um tubarão até vê-lo sangrar. Faz pensar não só pela cena em si, mas por não se conseguir imaginar de que forma foi executada tecnicamente. Ou existe tubarões bonzinhos (o que Spielberg descartou por completo da nossa imaginação a muito tempo) ou um dos dois não era de verdade... Apocalipse mental! Filmes freaks servem pra isso, afinal.

Zombie – A Volta dos Mortos – Zombie 2: Gli ultimi zombi (Zombie 2/Zombie/Zombie Flesh Eaters/ The Island of Flesh Eaters)

- Itália 1979 De Lucio Fulci Com Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver, Auretta Gay, Stefania D'Amario, Olga Karlatos 91’ Horror


DVD - Jamais visto em VHS ou DVD foi parar nas bancas há uns anos pela Works Editora em seus últimos suspiros de força. O que explica ter desaparecido por completo das lojas ao contrário de outros mais antigos que tiveram tiragem maior e hoje se encontram facilmente a preço de paçoca. Não há extras, mas o áudio e a imagem estão excelentes. Depois de quase 30 anos sem ser comercializado no Brasil seria ingenuidade demais esperar a versão americana cheia de extras por aqui.

Cotação:

Zodíaco

Distante da genialidade demonstrada em O Clube da Luta, mas também longe da obviedade de Seven. Baseado na história real do assassino serial que amedrontou os americanos no fim da década de 60, David Fincher se preocupou muito mais num estudo sobre a obsessão e a formação mitológica do que na história policial ou suspense. Ao optar por contar sob a ótica de várias pessoas “comuns”, sua fraqueza fica evidente. Quando se consegue algum interesse pela busca da identidade do criminoso, temos nossas atenções traídas por assuntos supérfluos. Parece ainda que teve medo de ser CSI, programa que soube empregar bem a câmera subjetiva tão difundida por ele... Não é um filme ruim de se assistir, mas tantas tramas paralelas desnecessárias deixam suas duas horas e meia (!!!) parecerem muito mais! A habilidade de Robert Altman não é pra qualquer um! Pesa também o fato de se saber que o assassino real jamais foi descoberto, então toda aquela enrolação não dará em nada... Chega-se a um ponto de não se entender a lógica da obstinação em pegar o tal Zodíaco porque seus atos são até banais diante de tanta barbárie nos jornais de agora. Talvez quem tenha nascido lá naquela época, e vivenciado a extensa exploração do caso na mídia ache mais graça.

Zodíaco – Zodiac

- EUA 2007 De David Fincher Com Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr., Anthony Edwards, Brian Cox, Elias Koteas 157’ Suspense


DVD - O único extra relativo ao filme é um documentário relativamente grande com os envolvidos no projeto discursando não só sobre o filme, mas o caso em si. Destaque para a participação do jornalista Robert Graysmith, autor do livro que originou o roteiro e interpretado por Jake Gyllenhaal. Sua semelhança física com o ator, embora com bem mais idade, é curiosa.

Cotação:

14 de março de 2008

O Batman VS Drácula

Escaparia ao título “idéia de jerico” se em algum momento da produção os executivos não tivessem optado por priorizar o apelo infantil ao invés de assumir o absurdo trash que é este crossover. Exclui-se assim qualquer interesse de fãs do cinema de horror apreciarem este longa feito para o mercado do DVD. Batman, esta infinita mina de ouro, em desenho animado viveu momentos mais artísticos e fieis às suas origens góticas na década passada. Choca que justo quando surge um filme que o une à obra de Bram Stocker recebemos algo tão alegre, colorido, soft... Ao escapar do Asylo Arkan pela milionésima vez, Pingüim vai atrás de um lendário tesouro escondido no cemitério de Gotham City. Acaba acidentalmente despertando Drácula, o mais sanguinário dos vampiros. E o embate entre os dois homens morcegos mais famosos deverá ocorrer antes que toda a população se torne mortos vivos. Os personagens principais visualmente fazem parte daquela série mais recente da TV, com traços estilizados 60’s e um Coringa rastafári. As referências aos clássicos do horror pipocam com pouca sutileza na aparência dos monstros. O próprio Drácula ao ser despertado está muito parecido ao Bruce Campbell quando possuído em Evil Dead. Depois de alguns goles de sangue torna-se uma mistura de Christopher Lee com Vincent Price e assim apresenta-se à nata da sociedade como Conde Alucard, tal e qual O Filho de Drácula de 1943. O interesse amoroso de Batman, a repórter Vicky Vale, guarda semelhanças a Madeline Smith, estrela do clássico da Hammer The Vampire Lovers. Aliás, se o filme mostra-se comum demais, o roteiro tem momentos interessantes como quando Drácula reconhece na jornalista a reencarnação de Carmilla, a vampira de Karnstein. Mas não espere muito mais que isso!

O Batman VS Drácula – The Batman VS Dracula

- EUA 2005 De Michael Goguen 83’ Aventura/Animação/Horror


DVD - Produto voltado realmente a crianças. Seus extras não revelam inclusive nada do passado cinematográfico dos personagens. Há um especial tentando explicar o que há de ficção e realidade no mito do vampiro, mas de forma bem rasa, mapa de Gothan City interativo, e especial sobre a dublagem original. Assim como o filme, uma ode às idéias legais executadas visando o lucro fácil.

Cotação:

11 de março de 2008

Epidemia de Zumbis

No século XIX, famoso médico chega com sua neta a um vilarejo depois do pedido de ajuda de antigo aluno. Vários moradores estariam inexplicavelmente morrendo enquanto populares alegam visualizar estranhas criaturas nas redondezas. Este pequeno filme sobre zumbis, a única categoria de monstros até então não explorada pela Hammer, é uma demonstração bacana de como a produtora inglesa driblava orçamentos irrisórios usando roteiros bem amarrados e climas envolventes. Lançado dois anos antes de A Noite dos Mortos Vivos de George Romero, trabalho que redefiniria este tipo de criatura para sempre, possui zumbis muito mais putrefatos que os do americano. Outro diferencial, e muitas vezes o que decepciona espectadores atuais, é que seus zumbis não são os vilões, a causa do perigo, mas o resultado, as vítimas, uns pobre coitados. Pertencem à tradição haitiana do vodu, onde feiticeiros escravizam mortos através de pequenos bonecos durante rituais de magia negra. Demonstra ainda habilidade ao esbarrar em temas político-sociais como colonialismo ou exploração dos menos favorecidos sem deixar de ser um espetacular entretenimento. Filmado praticamente ao mesmo tempo de The Reptile, fazendo inclusive uso da mesma equipe e cenários, não foi grande aposta da Hammer. Originalmente serviu de segunda película à exibição de Drácula, Príncipe das Trevas, portanto B de nascença! Há um trailer hilário, que infelizmente não acompanha esta edição em DVD, onde ao final o narrador avisa que meninos presentes ao cinema ganharão dentaduras de Drácula e meninas legítimos olhos de zumbi. De papelão, claro...

Epidemia de Zumbis – The Plague of The Zombies

- Inglaterra 1966 De John Gilling Com André Morell, Diane Clare, Brook Williams, Jacqueline Pearce, John Carson, Alexander Davion 90’ Horror


DVD - Na contracapa há a informação errada de que teremos o trailer, mas os extras se resumem a biografias resumidas. A Works DVD incluiu o combo trailer de Drácula, Príncipe das Trevas e Epidemia de Zumbis no disco As Várias Faces de Christopher Lee. O menu animado em GC tosco é uma graça!

Cotação:

9 de março de 2008

Almas Desesperadas

Marilyn Monroe é a psicopata fazendo bico como babá após estadia em manicômio neste suspense raro, o primeiro filme sério que protagonizou. Deu-lhe a oportunidade única de vilania em toda sua carreira. A princípio custa imaginar aquela figura popularizada como garota sexy e vazia sendo uma perigosa suicida. Depois de emprestada à RKO para Clash by Night (Só a Mulher Peca) do expressionista Fritz Lang, agarrou sua grande chance com todo o potencial que lhe era possível na época. Dirigida por Roy Baker, que faria carreira na produtora Hammer com clássicos do tipo Vampire Lovers (Carmilla), sua interpretação soa fresca, quase improvisada, o que parece ser necessário para impor os momentos tensos do roteiro. Ou o principal trunfo para esta produção pobre da Fox não fracassar de vez. Já com luz pessoal distinta, destoa de todo contexto econômico, filmado sem externas, com a ação se desenrolando durante uma noite em hotel de luxo. O misto de desamparo com infelicidade crônica de Monroe faz com que a certa altura torcêssemos para ter êxito em silenciar a chatíssima menininha! No elenco ainda Anne Bancroft em sua primeira tentativa de carreira em Hollywood. Não demoraria muito pra se encher de tudo ali e centrar esforços artísticos no teatro só retornando no fim da década seguinte ao cinema.

Almas Desesperadas – Don’t Bother To Knock

- EUA 1952 De Roy Baker Com Marilyn Monroe, Richard Widmark, Anne Bancroft, Donna Corcoran, Jeanne Cagney, Lurenne Tuttle, Jim Backus 76’ Suspense


DVD - Os filmes de Marilyn em DVD foram originalmente lançados numa coleção chamada Diamond Collection e, portanto, seus extras e menus são padronizados. Quase sempre vêm com trailer, galeria de pôsteres e comparação de restauração. Vendidos separadamente em novas embalagens, agora fazem parte da manjada série Fox Classics, aquela com o pôster estampado de atravessado na capa e dentro um cartão do mesmo. Almas Desesperadas não havia sido comercializado no Brasil em home vídeo, mas a dublagem antiga, contida aqui, denota já ter sido exibido na TV.

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Trainspotting – Sem Limites

O argumento pode não empolgar ninguém: Jovens escoceses em pleno tédio passam o tempo fazendo uso de heroína até chegarem ao ponto do entorpecente lhes cobrar seu justo valor. Mas a embalagem modernosa o fez um retumbante sucesso daquele ano, quando há muito tempo nãos se ouvia falar de filmes proibidos para menores de 18 anos. Teve sua importância como rito para a maior idade. Poder entrar na sessão sem que documentos fossem solicitados era sinal de que sua barba já estava aparente suficientemente. Foi o primeiro (e último!) sucesso popular de Danny Bole, vindo de um filme de suspense pequeno, Cova Rasa, infinitamente superior! Inspirado no livro de Irvine Welsh, toma proveito da ressaca materialista dos anos 80 com resultado bastante arrastado tamanha overdose de imagens fortes que se sucedem, muitas, ali só para chamarem a atenção. Mais de uma década depois, sua modernidade defasada não consegue mais esconder o roteiro repetitivo, nem seu pouco comentado moralismo. Sobra a trilha sonora, pura nostalgia 90’s, um dos poucos motivos para se voltar a este filme. Nunca cheirou a grande coisa a comparação imposta por sua distribuição o chamando de “A Laranja Mecânica dos anos 90”. Este sim, um filme verdadeiramente transgressor.

Trainspotting – Sem Limites – Trainspotting

- Inglaterra 1996 De Danny Bole Com Ewan McGregor, RobertCarlyle, Ewen Bremner, Kevin McKidd, Jonny Lee Miller, Kelly Macdonald, James Cosmo 89’ Drama


DVD - Há outra edição repleta de extras, inclusive com os clipes da trilha sonora, mas esta da Spectra Nova é muito baratinha e parece ser suficiente. Os extras se resumem a muito texto, mas jamais vi menus estáticos tão bonitos e competentes.

Cotação: