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26 de março de 2008

Ju-On – O Grito

Para o bem ou para o mal, filmes de horror asiáticos são frutos de nosso tempo. Como os de gangues de adolescentes, praias com garotas de biquíni, monstros cósmicos marcaram épocas passadas. E mesmo com os norte-americanos se esforçando para desgastar a fórmula em remakes desnecessários, que só servem para atestar a absurda ignorância de sua platéia média, não há como negar que no mínimo presenciamos cenas muito inusitadas. São filmes tradicionais em sua essência como todo povo japonês parece ser, pertencentes a subgêneros (no caso, as casas mal assombradas), contando histórias distintas, mas estranhamente convergentes. Talvez para o ocidente cause estranheza o uso exaustivo de fantasmas cabeludos de cara pálida, tão comuns à cultura local, que aparentam coexistir num mesmo plano, muito mais do que plágios infinitos. Ju-On trata-se de um das mais assustadoras e inteligentes produções jamais feitas. Principalmente porque, para dar medo, não se apóia apenas no que é exibido na tela, mas do que nossa mente absorverá daquilo. Seu roteiro estruturado caoticamente de forma não linear faz com que a experiência tome força depois de assisti-lo. Tentando compreender o quebra cabeça, revisitamos mentalmente aquela sombria casa. Ataca desta forma nossa pressuposta certeza inconsciente de que nosso lar é o lugar mais seguro do mundo. Isso, claro, para quem usar alguns neurônios até na hora do cinema. O que não é se esperar pouco em se tratando de um público que preguiçosamente exige coisas fáceis.

Ju-On – O Grito – Ju-On

- Japão 2003 De Takashi Shimizu Com Megumi Okina, Misaki Ito, Misa Uehara, Yukako Kukuri, Takashi Matsuyama, Daisuke Honda, Yuya Ozeki, Takako Fuji 92’ Horror


DVD - Não há nada, nada! Nem as tradicionais filmografias em texto... Pelo menos a Alpha Films manteve a capinha original, embora pareça ridículo adicionar “O Grito” como subtítulo. Seu lançamento, mesmo assim, por se tratar de uma película construída de forma tão geniosa é bem vindo. Antes só havia rodando por aí uma cópia em VCD (!!!) comercializada nos camelôs com legendas em português de Portugal!

Cotação:

O Grito

Filme esculhambadíssimo! Pelo menos serviu pra revelar o que já se desconfiava: A revista Set não assiste ao que critica! Na resenha assinada pelo editor Roberto Sadovski, famoso desconhecedor da cultura pop nipônica, lia-se que era a refilmagem ipsis litteris do japonês Ju-On além de descer (portando desavergonhadamente) o sarrafo na produção! Os fantasmas são os mesmos, mas não há, além disso, nenhum outro paralelo entre as duas obras! Há sim uma óbvia má escalação de elenco, começando pela ex caçadora de vampiros Sarah Michelle Gellar, cujos irrisórios talentos dramáticos lhe permitem duas ou três expressões faciais, e claro, Bill Pullman e sua eterna cara de Pão Pullman. Por exigência dos produtores americanos perdeu seu principal charme, as reviravoltas do roteiro, e nesse ponto incomoda saber que Sam Raimi, do criativo Evil Dead, está por traz. É divertido, mas comum demais. Não apela para a inteligência de ninguém, com seus sustos obtidos de forma fácil, através de estrondos sonoros ou imagens pretensamente fortes. Coisa banal a qualquer filminho do gênero hoje em dia. Pode ter desandado exatamente porque na intenção de dar autenticidade contratou-se o cineasta do original ao invés da busca por novos rumos, ou de pelo menos lhe darem carta branca para fazer o que bem entendesse. Tendo O Chamado como exemplo, primeiro remake de um horror japonês a emplacar, percebe-se que o que funcionou para Samara Morgan foi usar apenas as melhores idéias do antecessor Ringu. Sem ser purista, são dois bons filmes distintos! A continuação teve o mesmo Hideo Nakata do original e como resultado mais um produto também preso às convenções hollywoodianas patinando em auto- referências. Vi O Grito no cinema e mais irritante do que estava distorcido na tela foi perceber o nível da platéia. Dezenas de adolescentes não escondiam a sua santa ignorância rindo simplesmente porque ouviam os personagens falando em japonês. Antigamente culpava-se a falta de informação para explicar o isolamento cultural entre os brasileiros de pouca idade, já que bandas de música ultrapassada do tipo Iron Maden e similares conseguem sucesso apenas aqui, mas em épocas de Internet isso não faz sentido...

O Grito – The Grudge

- EUA 2004 De Takashi Shimizu Com Sarah Michelle Gellar, Jason Behr, Bill Pullman, Ted Raimi, Ryo Ishibashi, Takako Fuji, KaDee Strickland, Takashi Matsuyama, Yuya Ozeki, Clea DuVall, William Mapother 98’ Horror


DVD - Lançado pela Europa Filmes três vezes. A versão do cinema, a do diretor, e novamente esta especial do diretor só que dupla, com luva de papelão metálica. Bem, esperava-se uma nova edição, já que o resultado exibido antes estava aquém de Ju-On. Nada mais é que a mesma história com um pouquinho a mais de sangue aqui e acolá. A entrevista do diretor é reveladora, e mesmo comentando as cenas deletadas não deixa de culpar os produtores dos EUA por algumas idéias infelizes. Sarah Michelle Gellar chega a estar cômica respondendo às perguntas com ares de grande diva da sétima arte, coisa que está longe de ser, pobrezinha... KaDee Strickland, aliás muito mal aproveitada, aparece num curioso passeio por Tóquio.

Cotação:

O Grito 2

Jennifer “What A Feeling” Beals, celebridade trash 80’s, empresta certa graça logo no inicio, quando aparece sendo uma dona de casa de chapinha em dia matando seu marido a golpes de frigideira. Partindo daí já se espera todo o resto com sorriso no canto do lábio. Um filme B muito exagerado, mas original, livre das amarras do anterior. Nada mal para uma continuação do famigerado subgênero “remake americano para horror japonês”. Com o dinheiro em caixa do primeiro parece que os produtores deixaram Shimizu mais à vontade, o que gerou pelo menos um roteiro de temporalidade e locações não lineares, tal e qual fez em Ju-On. Há coisas desnecessárias como haver um núcleo familiar americano, ou arrumar explicações na infância da fantasma Kayako, fato que não acrescentará nada à história. Sarah Michelle Gellar demorará pouco em cena, o que é um alívio, embora aja um trio de adolescentes do tipo “gostosinhas pra tirarem a roupa” simplesmente lendo o texto ao invés de interpretar. Temos alguns elementos do original nipônico como as garotas que resolvem entrar na casa só por diversão e a trama solta além de boas referências ao cinema clássico de horror. Achá-los pode funcionar como elemento a mais de interesse. A grande novidade fica por conta do final surpresa... A série infelizmente assume esta péssima mania dos filmes de hoje em dia, que obrigatoriamente possuem um personagem do mal que só se revela no final, no caso, a justificativa para a maldição ter atravessado o atlântico. Recurso manjado que aqui ainda por cima derruba qualquer possibilidade lógica!

O Grito 2 – The Grudge 2

- EUA 2006 De Takashi Shimizu Com Amber Tamblyn, Jennifer Beals, Sarah Michelle Gellar, Takako Fuji, Takashi Matsuyama, Ohga Tanaka, Yuya Ozeki, Christopher Cousins, Joanna Cassidy 102’ Horror


DVD - A Paris Filmes o distribuiu em um disco muito precário. Primeiro há o anúncio longo de uma pousada em Paraty, depois trailer de O Perfume, e do novo com as Tartarugas Ninja. Detalhe, nenhum deles nos permite pular pro próximo, pausar, nem qualquer outra função do controle remoto. Torna-se uma tortura caso se precise assistir o filme em muitos dias. Os extras são o trailer dele e de mais um monte de outros. Todos obscuros.

Cotação: