20 de maio de 2008

Vestida para Matar

Quarentona confessa ao psiquiatra a insatisfação na cama com o marido. Logo, após tirar o atraso com um desconhecido, será assassinada a golpes de navalha. E quem já assistiu Psicose sabe que ao final nada disso importa muito. Esta colcha patchwork hitchcockiana nos empurra goela abaixo variadas perversões humanas com notável humor e habilidade. A garota de programa de olho no sobe e desce da bolsa de valores talvez seja uma delas. Sua frieza contrasta com o personagem de Angie Dickinson, a pacata dona de casa em busca da compreensão entre quatro paredes, mais sexy e provocativa do que normalmente o cinema mostra zelosas mães. Em seu auge, De Palma promoveu um dos mais engraçados filmes de serial killer já feito, tão inspirado em vários Hitchcock quanto nos giallos 70’s. Só que não vemos apenas um par de luvas pretas cometendo atrocidades, mas um travesti muito forte e ridículo dando cabo de qualquer beldade que desafie seu tesão masculino. A certa altura, depois de imagens magicamente manipuladas e silenciosas escapam alguns furos, suplementados pelos minutos finais de suspense em nível quase insuportável. Como se fosse uma charada off roteiro, há muitas cenas de sexo e nudez, que sem dúvida teriam influência em Dublê de Corpo um dos próximos trabalhos do diretor. Brilhante, parece ter ficado melhor com o passar dos anos. Um clássico do desejo sufocado realçado pela inspirada trilha de Pino Donaggio.

Vestida para Matar – Dressed to Kill

- EUA 1980 De Brian De Palma com Michael Caine, Angie Dickinson, Nancy Allen, Keith Gordon, Dennis Franz, David Margulies 105’ Suspense


DVD - A imagem é ruim, mesmo preservando o formato da tela original apresenta granulação fora do normal e alguns riscos. Como único brinde, o trailer da época chamando Brian De Palma de Mestre do Macabro.

Cotação:

3 comentários:

  1. Ah! este título é bastante saudoso, lembro-me que o assisti diversas vezes na tv e no vídeo (na época distribuído pela globo video). Nos seu momento final ficamos quase sufocados com o extremo suspense. De Palma acerta mais uma vez com este clássico, que apesar ser de 1980, ainda o recomendo como um suspense instigante,bem superior a alguns suspenses tolos atuais. Violência e ambivalência sexual se misturam num enredo muito bem amarrado. Recomendo!!

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  2. Ricardo, não entendi a parte de "apesar de ser dos anos 80". Como assim? Filme é tipo leite, com prazo de validade?
    Não é não!

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  3. Desculpe-me Miguel, foi uma forma de dizer que o filme mesmo que fosse de 1980, ele não estava datado, pois quando se trada de um clássico como este, o mesmo jamais morrerá. Ficará eternamente nas nossas lembranças. Desculpe-me mais uma vez se eu não soube argumentar claramente!!

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