31 de outubro de 2008

Romance da Empregada

Há algo sempre estranho nos filmes produzidos pela família Barreto. Talvez porque encarem a coisa como profissão, o que não é pecado algum se não buscassem invariavelmente os caminhos mais óbvios do que é popular no Brasil em busca de bilheteria. No caso, as novelas da TV Globo. Romance da Empregada não só deixa isso bem claro, com um monte (um monte mesmo!) de atores fingindo (fingindo mesmo!) que são pobres, como é contado sob a ótica da classe média sobre a classe trabalhadora. Todos fazem o que for pra se dar bem, são burros, porcos, mal educados de boca imunda. Isso é subestimar demais a platéia e as figuras retratadas. Se a intenção era dar humor ou simpatia, dá bode, constrange! O roteiro do conhecido diretor teatral Naum Alves de Souza pode até ter nuances interessantes ao mostrar o dia a dia de uma doméstica, mas os diálogos são mais pobres que os personagens. Ouvem-se frases que não têm sentido algum além de estarem ali pra ter algum texto sendo dito na tela. Se a produção é bem caprichada em locações, cenários, figurinos e elenco famoso, não parece ter havido a mesma exigência para os atores, dezenas de rostos cariocas conhecidos em pontas, se empenhassem na interpretação. Todo o filme é gritado, empostado como se estivessem num palco, em contrate fatal com direção de arte realista. Volta e meia há palavrões ditos de boca cheia, como se fossem a coisa mais inédita do mundo. Tanta falta de sutileza nos faz admirar a sorte de Bruno (e Fábio) em ter mamãe e papai bancando tanta arte. Mas nem tudo é ruim, Betty Faria à deriva como protagonista segura as pontas na medida do possível, assim como o sensacional Brandão Filho como o velhinho safado. Ele parece ser o único a compreender o que acontecia ali.

Romance da Empregada

- Brasil 1987 De Bruno Barreto Com Betty Faria, Brandão Filho, Daniel Filho, Tamara Taxman, Stela Freitas, Cláudia Jimenez, Eri Johnson, Vick Militello, Marcos Palmeira, Zezé Polessa, Cristina Pereira, Telma Reston 90’ Drama/Comédia


DVD - Os escassos filmes brasileiros em DVD costumam se dar melhor quando lançados por distribuidoras locais. A Paramount distribui vários com preços muito elevados, nem sempre com qualidade de imagem. Este está com a imagem mezzo widescreen, mezzo fullscreen e o áudio muitas vezes ruim. A trilha sonora também fica sempre num tom acima do volume dos diálogos. Como bônus, muito texto, o que é bom em se tratando de produto nacional, num país conhecidamente desmemoriado e o trailer da época, narrado de forma hilária por Paulo César Pereio.

Cotação:

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