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14 de fevereiro de 2010

Avatar

Difícil avaliar. Dá pra dizer que quem gosta de cinema deve ir assistir, porque além de irrepreensível produção, tecnologicamente aponta para caminhos futuros bastante interessantes.

Por outro lado, é um daqueles filmes medíocres e previsíveis como qualquer outro que almeje lucro fácil. Daqueles repletos de clichês para que a platéia média se sinta segura em navegar por mares conhecidos.

O velho bole bole de pessoas fora do tido como normal pela sociedade (no caso um deficiente físico) revolucionando instituições tradicionais. Tipo Para Woong Foo, Obrigado Por Tudo Julie Newmar (e centenas de outros), que ao final nada mais sobrava do que “são drags mas são limpinhas”.

Não abrindo mão destes pontos caros ao cinemão (maniqueísmo, inverosimilhança, etc.) é possível não prever cada segundo de metragem. O texto ruim, com frases de efeito (“Vou mas meu coração ficará!” ou coisa que o valha) chega a dar certo humor involuntário.

Cada personagem que aparece é descrito narrativamente por outro, assim como qualquer detalhe da história! “Poxa, tio! Não sou burro! Deixa eu refletir um pouquinho?”.

Em contrapartida, a inovadora técnica 3D utilizada é FABULOSA! Não sei se em todas as salas o resultado é como foi numa IMAX, mas assisti-lo é mesmo experiência realista e única e já se sai do cinema querendo ver outros filmes semelhantes.

Se Hollywood procurava uma forma de derrubar a pirataria, achou! Quem fez download ou comprou um DVD pirata, não assistiu Avatar. Ou, simplesmente ficou com a pior parte dele, descrito no início deste texto.

Tão bacana que eu daria nota máxima se não fosse a duração absurda, que dilue o impacto do 3D. Depois de quase três horas sentado poderia ser até em 6D que eu pouco estaria me lixando.


Avatar - Avatar

- EUA 2009 De James Cameron Com Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Giovanni Ribisi, Stephen Lang, Joel Moore, Michelle Rodriguez, 162’ Ficção Científica


*** Em Cartaz ***

Cotação:

21 de dezembro de 2008

Crepúsculo

Pra começo de conversa, a mocinha parece muito anêmica para ser interesse de um vampiro. Se bem que estes novos vampiros adolescentes são de butique: Nada de sexo, nada de sangue humano, medo da luz solar, nem caninos pontiagudos. Uns chatos mesmo! O filme não esconde sua ambição de levar às telas todos os livros que o inspiraram, o deixando ainda mais com cara de piloto de seriado de TV, cheio de pontas a serem atadas posteriormente. Se fosse um produto televisivo não seria nada mal, na tela grande, as mais de duas horas de chove não molha púbere chega a dar certa impaciência. Isso talvez porque sou velho pro material e aqueles marmanjões de 17 anos fugindo da naturalidade da vida fazem pouco sentido, além de cheirar a demagogia norte-americana. Mas a molecada deve amar! A sala lotada de menininhas que faziam “hihihihihi” a cada investida do casalzinho inter-racial é um sinal a não ser desprezado. A mocinha (Um misto de Jennifer Garner com Ingrid Guimarães mas muito mais pálida) vai morar com o pai numa pequena cidade depois que a mãe casa pela segunda vez. O motivo exato talvez seja descoberto nos evidentes próximos filmes. Lá, se encanta com o garoto da escola mais estranho (mas feio! Muito feio mesmo!), se apaixonam, e depois ficam naquela de que deve ser vampira também ou não. O que também não faz muito sentido já que vampiros são seres maravilhosos e amiguinhos que vivem numa belíssima casa de vidro no meio da floresta, sem nada que os desabone. Aliás, sabe o que acontece quando saem ao sol? Brilham! Como se tivessem tomado banho de purpurina. Cruzes!

Crepúsculo - Twilight

- EUA 2008 De Catherine Hardwicke Com Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Billy Burke, Nikki Reed, Jackson Rathbone, Kellan Lutz, Peter Facinelli, Cam Gigandet 122’Romance


*** Em Cartaz ***

Cotação:

15 de dezembro de 2008

De Volta ao Planeta dos Macacos

Fato: Filme comercial bem sucedido com pitadas de existencialismo ganha uma seqüência muito mais morna, voltada ao que tinha de mais comum. Foi assim com Matrix e antes já tinha sido com Planeta dos Macacos! Aqui também optaram por muito mais ação e entretenimento e diluir qualquer conversa sobre sociedade, filosofia e religião. O que continuou igualzinho foi o tom épico e assombroso, que chega a tirar o fôlego em muitos momentos, inclusive no desfecho apocalíptico e pessimista. Em pelo menos duas ou três incríveis seqüências alguém deve ter se machucado, ou o cavalo ou o dublê. A gente sempre torce para que não seja o cavalinho... E por ser de 1970 sabe-se que aquilo é real (uau!), e não obra de GC! Acharam uma boa desculpa pra Charlton Heston tomar chá de sumiço boa parte do filme, sendo que há um novo piloto (fisicamente muito parecido) a ir parar no planeta dos símios que acham que são gente. Depois de se encantar com a belezura da Linda Harrison (novamente entra muda e sai calada) descobrirá uma estranha raça humana subterrânea adoradora da bomba atômica. Uma coisa que engana direitinho, é que Roddy McDowall aparece como Cornellius apenas em algumas cenas de arquivo,sendo na maior parte do tempo foi substituído por David Watson, ator especializado em produções televisivas. Além de o personagem ter menos importância aqui, debaixo de tanta maquiagem tanto faz...

De Volta ao Planeta dos Macacos – Beneath the Planet of the Apes

- EUA 1970 De Ted Post Com James Franciscus, Kim Hunter, Maurice Evans, Linda Harrison, Paul Richards, Charlton Heston, Victor Buono, James Gregory, Roddy McDowall 95’ Aventura


DVD- Lançado e relançado pela Fox das mais diversas maneiras, exatamente como todo e qualquer coisa de seu catálogo. Essa edição, ao contrário do primeiro duplo, tem como extras os trailers de todos da série cinematográfica, pouco texto e poucas fotos. É um porre só poder trocar legendas e áudio pelo menu, mas os menus animados estão bacanas.

Cotação:

4 de dezembro de 2008

Finis Homini (O Fim do Homem)

Juro que não lembrava da existência de Teresinha Sodré até ver este filme. Terezinha Sodré foi a Danielle Winits de seu tempo... Proibido pela censura de levar a diante sua trilogia do Zé do Caixão, o mestre José Mojica Marins saiu-se com esta história filosoficamente hilária de irresistível essência camp. Um cara misterioso (o próprio Mojica, quem mais?) sai completamente pelado do mar para espanto geral das pessoas com quem cruza. Claro, virará a São Paulo 70’s de cabeça pra baixo, fazendo inclusive deficientes físicos caminharem pelo susto. Alguns o acham louco, outros, bandido, e muitos outros um messias. A cada frase de efeito (involuntariamente engraçada) que diz, mais e mais fiéis vão lhe seguindo. Até os hippies liberais acreditarão estar diante do profeta máximo, enquanto que a polícia desconfia que a fama súbita tem relação com algum movimento político. Incrível como tanto improviso gerou uma produção coesa, e pra variar, é isto que coloca o cineasta como único em seu estilo no mundo. O roteiro é uma colcha de retalhos de pequenos contos o que lhe faz ser bem desigual até chegar ao (inacreditável) e desconcertante final. Interessante também o fato de que mesmo tão ingênuo mantenha uma mensagem inteligente e atual. Coisa de gênio!

Finis Homini (O Fim do Homem)

- Brasil 1971 De José Mojica Marins Com José Mojica Marins, Teresa Sodré, Roque Rodrigues, Rosângela Maldonado, Mario Lima, Andreia Bryan, Talulah Marilyn, Sabrina Marquezinha, Carlos Reichenbach, 79’ Suspense


DVD- Todos os seis filmes de Mojica lançados pela Cinemagia receberam o tratamento que nós sonhamos e eles merecem. Há uma batelada de extras distribuídos em confusos menus e submenus que devem nos proporcionar horas e horas de entretenimento. Principal destaque à faixa de comentários com o diretor, curta metragem Demônios e Maravilhas, trechos de filmes, textos, trailers, clips, áudios, história em quadrinhos digitalizada, etc.

Cotação:

27 de novembro de 2008

Lanternas Vermelhas

Acedam as lanternas na segunda casa! O filme de arte por excelência, que comprova que pra ser inteligente não precisa ser chato ou pedante. Com fotografia de deixar qualquer queixo de bom gosto caído, é engraçado e divertido como os mais vulgares dos melodramas femininos. Aliás, se vivêssemos em outras épocas, com certeza alguma Ivani Ribeiro da vida já teria chupinhado seu argumento para uma telenovela. Gong Li é uma jovem universitária que após o pai morrer casa-se com um rico senhor. Como estamos na China de 1920, o homem tem outras três esposas, todas vivendo dentro do mesmo palácio em casas diferentes. Quando ele decide com quem quer passar a noite, ordena que acedam as lanternas na porta da sortuda. Como símbolo de ascensão social, não há o que elas não façam pela honraria. E a mais boazinha ali deve ter vendido a alma ao diabo para preservar a “cara de Buda e rabo de escorpião”. Naquele antro de perfídias sem fim, compartilhamos a angustia da protagonista ao pisar em ovos sem saber em quem confiar. A terceira esposa, cantora lírica, talvez seja a de visão menos estreita por enxergar que na vida tudo é teatro, dependendo de como é a sua atuação você viverá melhor ou pior. Dividido em quatro atos, acompanhando as estações do ano, a fotografia (espetacular) assume as tonalidades condizentes com as emoções desenroladas.

Lanternas Vermelhas – Da hong deng long gao gao gua (Raise the Red Lantern)

- China 1991 De Zhang Yimou Com Li Gong, Caifei He, Cuifen Cao, Jingwu Ma, Qi Zhao, Lin Kong, Jin Shuyuan, Weimin Ding, Cao Zhengyin, Zhihgang Cui 125’ Drama


DVD- Para quem não o assistiu no cinema quando foi lançado, é a oportunidade de finalmente poder contemplar a fotografia na íntegra, com seu escopo original adaptado à medida 4x3. Mas a copiagem foi feita pela Spectra Nova a partir de negativos 35 mm sem passar por nenhuma restauração! A imagem está desbotada e cheia de rabiscos parecendo que estamos diante de Planet Terror. Até as “queimaduras de cigarro” no canto da tela a cada 11 minutos para o projecionista saber a hora de trocar de rolo aparecem. Os extras são apenas textos curtos.

Cotação:

14 de novembro de 2008

O Pássaro Azul

Este ícone da Sessão da Tarde 80’s ainda é um espetáculo vivo mais graças à nostalgia do que a algum predicado cinematográfico. Agora que já estamos adultos, é inegável que não passa de cópia mal ajambrada de O Mágico de Oz. Começa igualmente em preto e branco e quando Shirley Temple parte em busca do tal pássaro azul, desgostosa de sua vidinha pobre de marré, tudo fica em berrante Technicolor. Tão pobre quanto a personagem é a produção da Fox, bem distante do mega sucesso da Metro do ano anterior. Vai ver que a culpa dos cenários visivelmente pintados, figurinos mal elaborados, etc. foi da correria. A loirinha, ainda a principal estrelinha do estúdio, não foi Dorothy porque dizem as más línguas não cantava como Judy Garland, nem os produtores aceitaram emprestá-la para a concorrência. Como consolação fizeram este sub Mágico de Oz. Isso era prática na época, assim como a Warner deu Jezebel a Bette Davis depois dela ter perdido Scarlet Ohara em ...E O Vento Levou. Considerada a maior galinha dos ovos de ouro da Fox antes de Marilyn Monroe, Temple, que já estava bem grandinha, ainda teve o azar de viver o papel de uma menina mal educada com uma lição engrandecedora a ser aprendida no final. Tal mistura foi veneno puro para as platéias esperando pela gorduchinha fofa com cachos dourados de outrora. Acabou entrando pra história como o primeiro fracasso da pequena. Quem via na TV vai se divertir, mas de forma alguma deve agradar à criançada de hoje.

O Pássaro Azul – The Blue Bird

- EUA 1940 De Walter Lang Com Shirley Temple, Spring Byington, Nigel Bruce, Gale Sondergaard, Eddie Collins, Sybil Jason, Jessie Ralph, Johnny Russell 88’Aventura


Cotação:

13 de novembro de 2008

Amarcord

Como bem se sabe, Amarcord significa “eu me lembro” no dialeto de Rimini, a cidadinha italiana onde Federico Fellini nasceu e foi criado. E é com forma semelhante à que nosso cérebro trabalha as lembranças que a história é contada, sem linearidade ou clareza maior. Na década de trinta, a partir da chegada da primavera, acompanhamos o cotidiano dos habitantes de uma pequena cidade sem que seu nome seja evidente. Provavelmente o diretor esteja representado no adolescente Titta, ou no velho que percorre os cenários de bicicleta falando diretamente para a câmera, ou ainda em nenhum dos dois. É genial que mesmo com dezenas de personagens cada qual tenha suas próprias tramas, profundidade, função sem que algum perca o interesse ou o ritmo de todo o filme. Ás vezes é só uma palavra aparentemente à toa que explica características do habitante. Com o parceiro Nino Rota orquestrando uma de suas melhores trilhas sonoras, Fellini confirma a máxima de que para ser universal basta falar de sua vila, porque nostálgicos, acabamos também lembrando das pessoas igualmente bizarras que nos cercaram enquanto crescemos. Acertou tanto que levou o Oscar de melhor produção estrangeira daquele ano. Sentimental na medida certa, não há julgamento em hipótese alguma, sendo que a certa altura, ao explicar a origem do “nome” da cabeleireira Gradisca (desfrute), deixa claro que nem tudo o que é contado realmente aconteceu, por mais deliciosa que possa ser a narrativa.

Amarcord

- Itália 1973 De Federico Fellini Com Pupella Maggio, Armando Brancia, Magali Noël, Ciccio Ingrassia, Nando Orfei, Luigi Rossi, Bruno Zanin, Josiane Tanzilli, Maria Antonietta Beluzzi, Giuseppe Ianigro, 123’ Comédia


DVD - Este disco italiano (Região 2) da Warner é a prova de que filmes internacionais devem ser distribuídos por empresas locais, do país original, não majors hollywoodianas. Logicamente uma empresa menor se empenharia mais ao invés de colocar no mercado só “mais um produto”. Para um DVD do Fellini vendido na Itália parece miserável a existência apenas do trailer como bônus e ainda por cima é o de seu lançamento nos EUA. Há dublagem em italiano e francês e legendas em um monte de línguas nunca vistos nos do Brasil. Assistindo em italiano, legendado em espanhol já dá pra entender 95% do que se passa. No nosso país a mesma Warner o distribuiu em VHS e a sempre estranha Continental em DVD numa edição que simplesmente sumiu das lojas faz tempo.

Cotação:

8 de novembro de 2008

O Imperador e o Rouxinol

A graça principal no stop motion (técnica clássica que consiste em animar quadro a quadro objetos), é que absolutamente tudo que vemos na tela é artesanal. Quem tem por base obras recentes como O Estranho Mundo de Jack ou A Noiva Cadáver, dirigidos ou produzidos por Tim Burton num nível técnico que pode fazer algum desavisado acreditar estar diante de computação gráfica, irá se decepcionar com O Imperador e o Rouxinol. Essa produção tcheca, com quase 60 anos, é experimental, sendo que os personagens não possuem expressões faciais com movimento. De forma inteligente, tem em sua abertura atores de verdade para depois chegar à animação. Um garotinho muito rico e aborrecido por não poder brincar à vontade na rua, ao pegar no sono febril sonha com o imperador chinês do conto de Hans Christian Andersen. Dessa forma, justifica-se que objetos, cenários e personagens remetam a elementos vistos antes no quarto do menino. E o mérito de Jirí Trnka é conseguir nos entreter por mais de uma hora de um jeito tão poético e singular acima de qualquer limitação técnica. Consegue nos remeter diretamente à infância, quando brincávamos entre toalhinhas de crochê com action figuras e caixinhas de papelão fingindo serem prédios gigantes. Mágico e sensível como só a arte bruta, depois destes anos ganhou um interessante paralelo entre o pequeno imperador que troca o rouxinol de carne e osso pelo mecânico de canto repetitivo com o trabalho de Trnka e o que tem sido feito e apresentado para as crianças de agora.

O Imperador e o Rouxinol – Cisaruv slavík (The Emperor's Nightingale)

- Tchecoslováquia 1949 De Jirí Trnka e Milos Makovec Com Jaromir Sobotoa, Helena Patockova, Detsky pevecky sbor Jana Kuhna, Boris Karloff (narração) 72’ Animação/Drama


DVD - Distribuído pela Continental, esta pérola da animação mundial de difícil apelo comercial, preserva a narração americana com Boris Karloff e não incluiu versão dublada em português, o que afugenta possíveis espectadores infantis. A imagem está bem ruim, escura, mas a boa notícia é que possui a metragem original de 72 minutos, e não a americana de 55. Como bônus, 4 curtas muito bons da equipe de Trnka e longo material em texto sobre a animação stop motion.

Cotação:

5 de novembro de 2008

Planeta Terror

Faz tempo que Robert Rodrigues superou o rótulo de malucão criativo de plantão em Hollywood. Seus filmes recentes (para quem entrar na brincadeira!) continuam a ser tresloucados passatempos de uma mente transbordando de criatividade, mas também obras inteligentes, divertidas e bem acabadas. Quando pouco, valem como uma volta numa roda gigante, podem não adicionar absolutamente nada, mas o tempo gasto com elas nos fez esquecer em que mundo se vive. Não é o caso deste Planeta Terror, onde (se descontarmos Sin City, que partia de uma idéia não original) o diretor entrega sua melhor produção, não só como entretenimento de primeira linha, mas de substancia artística muito acima da média. Criado como segmento no projeto Grindhouse ( a parte de Tarantino continua inédita comercialmente no Brasil), e lançado separadamente nos outros países, o roteiro expõe um desfile de personagens tão bizarros quanto ricos sem perder a conectividade. Lamenta-se que a casca de porcaria pop consciente e fresca não é absorvida pela inteligência mediana que sempre leva tudo tão a sério, o que explica o assustador fracasso financeiro do projeto. Se tivesse conseguido nas bilheterias o que merece, dava pra torcer por continuações, ou qualquer subproduto que explorasse este universo. Parece que pelo menos o trailer fake que o abre, Machete, será transformado em filme mesmo. Muito fresco e inspirador, já nasce Cult. Aquele tipo raro que se assiste infinitas vezes na vida e ao ouvir a feliz trilha sonora (também de Rodriguez) vai se imaginando a que cena pertence. Se há um porém, os rabiscos da imagem para reproduzir uma velha película de zumbi não funcionam da mesma forma em DVD como na sala de cinema, porque duvidosamente algum filme sairia digitalmente com tantas falhas.

Planeta Terror – Planet Terror

- EUA 2007 De Robert Rodriguez Com Rose McGowan, Freddy Rodríguez, Josh Brolin, Marley Shelton, Jeff Fahey, Michael Biehn, Bruce Willis, Stacy Ferguson, Hung Nguyen 105’ Horror


DVD - Bons tempos aqueles da Columbia em que Robert Rodriguez cuidava de seus lançamentos digitais os entupindo de extras. A Europa o está comercializando com uma roupinha de gala, duplo coisa e tal, mas seu miolo é bem pobrinho. Não indica por exemplo se é a versão exibida nos cinemas ou a X-rated comercializada em DVD nos EUA. Aliás, não indica a duração na embalagem. A arte da luvinha de papelão reproduzindo o estilo de pôster antigo já utilizado pelo material promocional está bonita, mas seus extras são só algumas entrevistas curtas e picadas, making of sem edição , trailers e texto. Como outros da distribuidora, vem com versão mp4 pra se assistir em mídias portáteis como se isso fosse grande coisa. O único diferencial bacana é o teaser brasileiro, item que raramente DVDs trazem.

Cotação:

31 de outubro de 2008

Canibal Ferox

Essa grossura em forma de película se orgulha de ser o filme mais violento já feito. Proibido em 34 países, deveria ter sido em outros tantos só pela escrotice do diretor em sacrificar e maltratar animais pra conseguir tal mérito. Há uma tomada bem curta dos atores com o jipe em movimento onde se vê o pobre quati pendurado pela cordinha sendo arrastado do lado de fora. Da parte dos humanos, embora aja boa tensão, nem sempre os efeitos de violência explícita ficaram bem feitos. E em matéria de gore, o que não choca faz rir, não há meio termo! A história vai e volta das ruas de Nova York à selva Amazônica, o que além de dispersar o interesse pelo grupo de jovens perdidos na expõe o amadorismo técnico da produção. Pertencente à vertente (bem popular na Itália nos 70’s) dos filmes sobre canibalismo, é apenas uma grande curiosidade de gosto duvidoso, um grande teste de estômago para espectadores sem coisa melhor pra assistir. Como cinema deixa muito a desejar, sendo que a principal mensagem (quem é mais selvagem, os nativos da floresta ou nós, seres pseudo civilizados?) bem escancarada, dita inclusive pelos atores, ajuda a dar ainda mais sabor de obvio em tanta gratuidade. Em suma, uma grande selvageria artística no mau sentido.

Canibal Ferox – Cannibal Ferox

- Itália 1981 De Umberto Lenzi Com Giovanni Lombardo Radice, Lorraine De Selle, Danilo Mattei, Zora Kerova, Walter Lucchini, Fiamma Maglione, Robert Kerman, Venantino Venantini, 'El Indio' Rincon 93’ Horror


Cotação:

Romance da Empregada

Há algo sempre estranho nos filmes produzidos pela família Barreto. Talvez porque encarem a coisa como profissão, o que não é pecado algum se não buscassem invariavelmente os caminhos mais óbvios do que é popular no Brasil em busca de bilheteria. No caso, as novelas da TV Globo. Romance da Empregada não só deixa isso bem claro, com um monte (um monte mesmo!) de atores fingindo (fingindo mesmo!) que são pobres, como é contado sob a ótica da classe média sobre a classe trabalhadora. Todos fazem o que for pra se dar bem, são burros, porcos, mal educados de boca imunda. Isso é subestimar demais a platéia e as figuras retratadas. Se a intenção era dar humor ou simpatia, dá bode, constrange! O roteiro do conhecido diretor teatral Naum Alves de Souza pode até ter nuances interessantes ao mostrar o dia a dia de uma doméstica, mas os diálogos são mais pobres que os personagens. Ouvem-se frases que não têm sentido algum além de estarem ali pra ter algum texto sendo dito na tela. Se a produção é bem caprichada em locações, cenários, figurinos e elenco famoso, não parece ter havido a mesma exigência para os atores, dezenas de rostos cariocas conhecidos em pontas, se empenhassem na interpretação. Todo o filme é gritado, empostado como se estivessem num palco, em contrate fatal com direção de arte realista. Volta e meia há palavrões ditos de boca cheia, como se fossem a coisa mais inédita do mundo. Tanta falta de sutileza nos faz admirar a sorte de Bruno (e Fábio) em ter mamãe e papai bancando tanta arte. Mas nem tudo é ruim, Betty Faria à deriva como protagonista segura as pontas na medida do possível, assim como o sensacional Brandão Filho como o velhinho safado. Ele parece ser o único a compreender o que acontecia ali.

Romance da Empregada

- Brasil 1987 De Bruno Barreto Com Betty Faria, Brandão Filho, Daniel Filho, Tamara Taxman, Stela Freitas, Cláudia Jimenez, Eri Johnson, Vick Militello, Marcos Palmeira, Zezé Polessa, Cristina Pereira, Telma Reston 90’ Drama/Comédia


DVD - Os escassos filmes brasileiros em DVD costumam se dar melhor quando lançados por distribuidoras locais. A Paramount distribui vários com preços muito elevados, nem sempre com qualidade de imagem. Este está com a imagem mezzo widescreen, mezzo fullscreen e o áudio muitas vezes ruim. A trilha sonora também fica sempre num tom acima do volume dos diálogos. Como bônus, muito texto, o que é bom em se tratando de produto nacional, num país conhecidamente desmemoriado e o trailer da época, narrado de forma hilária por Paulo César Pereio.

Cotação:

29 de outubro de 2008

A Aldeia dos Amaldiçoados (1960)

Clássico da paranóia anticomunista, com suspense ainda intacto por mais estapafúrdio que seu argumento pareça. Numa cidadezinha inglesa, inexplicavelmente todos os habitantes caem no sono. Após alguns meses do fenômeno, as mulheres com idade madura para gerarem filhos aparecem grávidas. O impacto inicial da notícia, com maridos apostando na infidelidade das esposas, virgens assustadas, dá lugar à esperança graças ao natural amor familiar. Exames apontam se tratar de bebês normais que se desenvolvem com rara velocidade no útero. Super inteligentes, com cabelos muito claros, poderes paranormais, e sem nenhum sentimento, os pequenos especiais se reúnem num grupo fechado, e começam a atacar qualquer um que se meta em seu caminho. George Sanders, oscarizado por A Malvada (All About Eve, 1950) faz o pai do principal deles, um cientista que defende a proteção dos seres, já que em alguns outros países onde ocorreu o mesmo fato, os governos decidiram simplesmente varrê-los do mapa com o uso de armas nucleares. No elenco também há a musa do horror Barbara Shelley vivendo a doce esposa de Sanders. A produção modesta não atrapalha o argumento genuíno, e muito bem construído. Assim como todos os outros personagens, em momento algum se sabe o que são aquelas criaturas bizarras. Embora seja forte a suspeita de que sejam parte de experiência alienígena após se recusarem a responder se há vida inteligente em outros planetas. Quase uma unanimidade entre cinéfilos, continua inédito no mercado de home vídeo brasileiro, conhecido apenas por constantes reprises na TV. Gerou uma seqüência bem menos impactante e em 1995 um mal fadado remake pelas mãos de John Carpenter.

A Aldeia dos Amaldiçoados - Village of the Damned

- Inglaterra 1960 De Wolf Rilla Com George Sanders, Barbara Shelley, Martin Stephens, Michael Gwynn, Laurence Naismith, Richard Warner, Jenny Laird 77’ Horror/Ficção Científica


Cotação:

28 de outubro de 2008

Os 12 Macacos

Uma das mais surpreendentes e pouco reconhecidas ficções científicas dos anos 90. Tão cheia de camadas que é quase automático querer revê-la apenas para observar novas texturas. A primeira surpresa é que sempre se espera mais rococó neste gênero associado à assinatura de Terry Gilliam. Tanto em efeitos especiais, quanto em visual, até que é bem contido, com muitos filtros claros de fotografia para não afugentar fãs dos filmes bobocas estrelados por Bruce Willis e Brad Pitt na época. Aliás, este último somado ao estranhamento do argumento é um desconforto inicial. Quando a trama ainda não decolou, sua interpretação de deficiente mental ensaiadinha demais destoa do realismo cenográfico. Em 2034, a humanidade vive nos subterrâneos graças a um vírus espalhado em 1996. Todo o planeta está novamente tomado por animais selvagens, que vivem livremente sobre o que foi a civilização. Mesmo com a tecnologia ainda precária, cientistas usam detento (Willis) para que ele volte ao passado a fim de conseguir amostras da tal praga antes dela sofrer mutações. Sem controle exato da época em que será enviado, vai primeiro para 1990, e suas convicções o levam ao hospício. Este argumento, baseado no curta francês La Jetée de 1962, pode ter cheiro de “déjà-vu”, mas é só cheiro mesmo. Embalado numa trilha sonora atemporal, Os 12 Macacos (entre dezenas de outras coisas) nos lembra o emaranhado de referências culturais e imagens constroem nossa memória, e sobretudo, se somos por natureza criaturas sociáveis, a quem se agrupar. Com roteiro muito bem amarrado, desliza (sem maiores prejuízos) no final, quando a profundidade sai de cena para dar lugar a um saturado “quem é o culpado?”.

Os 12 Macacos – Twelve Monkeys


- EUA 1995 De Terry Gilliam Com Bruce Willis, Madeleine Stowe, Jon Seda, Brad Pitt, Simon Jones, Carol Florence, Christopher Plummer 129’ Ficção Científica


DVD - Mais uma pobreza franciscana da Universal. Não há nadica de nada além do filme. Como isso é inacreditável em se tratando de uma obra tão interessante, fica-se tentando achar algum easter egg... Não perca seu tempo! Não dá pra clicar no olho do Bruce Willis que fica rodando no menu estático.

Cotação:

8 de outubro de 2008

Saló - 120 dias de Sodoma

O filme mais insultuoso e subversivo já feito em todos os tempos tem desconcertante artificialismo cênico. Espetáculo repulsivo quase insuportável de ser revisto, choca antes pela crueza das idéias que defende do que pelas imagens mostradas. Vai radicalmente na contramão do cinema que se acredita ser antes de tudo entretenimento, uma forma de escape. Pasolini, em seu último trabalho, sentia então, resquícios do fascismo na Itália, mas é inegável que ali está todo e qualquer país de qualquer época pseudo civilizada. Enquanto o povo nada literalmente na merda, os poderes vigentes, Estado e igreja, caiem na farra auto-afirmando sua duvidosa superioridade. A história (inspirada em Marquês de Sade) transcorre na década de 40 quando, com o fim de Mussolini, grupo de autoridades mantém grupo de adolescentes presos para a realização de todos os seus desejos, por mais porcos, cruéis e degradantes que possam ser. Se há rapazes armados mantendo a ordem sem a mínima reação humana, não faltam pequenos delatores entre as jovens “vítimas” (de origens humildes semelhantes) preparadas a apontar o próximo. Dividido em três partes, o Ciclo da Paixão, da Merda e do Sangue, faz pensar o último não ter fim, trazendo tal desgraça para o lado de cá da tela, embora as três putas velhas que narram histórias escabrosas tentem nos fazer acreditar que não passa de um conto de fadas tenebroso. Sem exageros, dá vontade de vomitar e inigualável mal estar social. Poderoso na construção de seu universo sistemático, não foi à toa ter sido proibido em muitos países e continuar inédito em DVD.

Saló - 120 dias de Sodoma - Salò o le 120 giornate di Sodoma

- Itália/França 1975 De Pier Paolo Pasolini Com Paolo Bonacelli, Giorgio Cataldi, Umberto Paolo Quintavalle, Aldo Valletti, Caterina Boratto, Elsa De Giorgi, Hélène Surgère, Sonia Saviange 116’ Drama


Cotação:

2 de outubro de 2008

Era Uma Vez no México

Como final de trilogia, é grandioso o bastante. Como filme, parece uma colcha de retalho de seqüências extravagantes para Robert Rodriguez exercitar seus malabarismos tecnológicos. É muito mais uma conquista técnica do diretor do que outra coisa. Atrapalha aquela pequena multidão em cena, cada qual querendo alguma coisa que só fará sentido lá pela segunda ou terceira vez que se assiste. Banderas, com a chapinha em dia, tem presença forte como o Mariachi protagonista, mas em meio a tanta gente teve seu personagem diluído. Esquisito é que o passado mostrado nos flasbacks não pertence ao filme anterior da saga, e os três têm pouquíssimo em comum, fora o personagem principal. Sua violência é cartoonesca o suficiente para não chocar ninguém, sendo que Johnny Deep, o agente do FBI pilantra, consegue perfeitamente virar o jogo e se tornar muito simpático aos nossos olhos, numa reviravolta exemplar de roteiro e atuação. Mesmo separado por mais de uma década do primeiro da série, aquele que teria custado apenas 7 mil dólares, tem muito mais a alma barata dele do que o seu sucessor, A Balada do Pistoleiro.

Era Uma Vez no México - Once Upon a Time in Mexico

- EUA 2003 De Robert Rodriguez Com Antonio Banderas, Salma Hayek, Johnny Depp, Mickey Rourke, Eva Mendes, Danny Trejo, Enrique Iglesias, Cheech Marin, Willem Dafoe 102’ Ação


DVD- Essencial para quem gosta de cinema, com Rodriguez explicando em horas de extras como fazer um filme barato parecer uma super produção. Assistir à película com seus comentários abre um novo universo, concretamente revelador. Entre os documentários, vemos a garagem onde produz, dissertando sobre o fim do negativo e até a receita passo a passo de Porco Pibil, o prato que se der certo faz o agente Depp matar o cozinheiro para que tal experiência seja única. Para quem tem DVD-Rom há ainda dois joguinhos simples em flash.

Cotação:

4 de setembro de 2008

Spartacus

Kubrick e Kirk Douglas deixaram sua marca indelével neste espetáculo literalmente colossal. Dá pra sentir a mão genial do diretor em inúmeras tomadas milimetricamente calculadas, assim como a mão de chumbo do ator-produtor, num personagem principal maniqueísta e bidimensional. Se um busca realismo gráfico, o outro a aprovação da platéia média, que há pouco tinha aplaudido Ben-Hur e vários épicos, além de se firmar como estrela de primeira grandeza. O trabalho de um aponta para uma obra prima, o do outro apela às soluções populares. De qualquer forma, os primeiros 40 minutos, durante a escola de gladiadores, são tão empolgantes que compensam qualquer outro momento enfadonho. A existência da disputa política, mais arrastada do que devia, é outra óbvia concessão para a exploração das estrelas presentes no elenco. E claro, Sir Lawrence Olivier, o imperador bissexual e maquiavélico, rouba a cena! Seu personagem é quase palpável de tão complexo. Spartacus, o escravo que se rebela contra o regime opressor e utopicamente cria seu próprio exército de ex-escravos, ao contrário dos filmes similares, não toca em cristianismo, sua história se passa bem antes do nascimento de Jesus. Embora toda a benevolência do herói lembre a trajetória do Salvador, faz mais paralelo com a situação assustadora de castração ao qual intelectuais do período conviviam em plena era Carter.

Spartacus – Spartacus

- EUA 1960 De Stanley Kubrick Com Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Charles Laughton, Peter Ustinov, John Gavin 198’ Drama/Ação


DVD - A cópia da Universal (que tem minutos a mais) não está tão restaurada quanto deveria, muitas vezes chega a aparecer saraivada de rabiscos pretos. Incluíram um pequeno livreto sobre a obra, o que é sempre bacana para se saber mais, mas não vem com nenhum documentário ou material exclusivo. A maioria dos extras é proeminente de outras vezes em que foi comercializado. Até as duas faixas de comentários são sobras. A do restaurador entrega o jogo ao tratar o telespectador como consumidor de LD. Tudo está legendado em português, inclusive os dois comentários, e as ótimas cenas deletadas.

Cotação:

2 de setembro de 2008

Imitação da Vida

Melodrama barato de sabor irresistivelmente kitsh. Lá pela metade nos dá a sensação de que estamos vendo uma novela com a Regina Duarte às voltas com a filha problemática. É só sensação mesmo, porque é um produto Holywoodianíssimo! Lana Turner transpira um glamour que mesmo quando o filme foi feito já era raro entre as divas. Antes filmado com Claudette Colbert, esta segunda versão da história, uma das campeãs em lágrimas dentro das salas de cinema, gira em torno de duas mães, Turner uma aspirante a atriz que já passou da idade e Juanita Moore, negra, pobre, sofredora e religiosa. Cada qual possui uma filha, que confrontarão ao extremo as posturas exageradas das mães, tanto subserviência quanto ambição desenfreada. Só quase no fim a da atriz, quando estiver bem rica e poderosa, lhe encostará à parede cobrando afeto e sua presença, já a de Juanita, coitada, desde pequenininha deixará bem claro morrer de vergonha da mãe negra. É um dramalhão tão lascado, mas ao mesmo tempo tão exageradamente artificial que se torna engraçado. Susan Kohner, muito parecida com Natalie Wood, a primeira opção para o papel, não só nega a pobre mãe como foge para cair na vida, divertindo velhos senhores em um cabaré de quinta categoria. Turner de pobrezinha escrupulosa no inicio convence muito pouco, e de certa forma nos faz torcer para que o sucesso chegue logo à sua carreira. Já vá esperando choro que lhe será arrancado a fórceps no final!

Imitação da Vida – Imitation of Life

- EUA 1959 De Douglas Sirk Com Lana Turner, John Gavin, Juanita Moore, Karin Dicker, Sandra Dee, Susan Kohner 125’ Drama


Cotação:

24 de julho de 2008

Tron – Uma Odisséia Eletrônica

Esta orgia de cores e formas digitais em baixa resolução diz muito mais à nossa geração, acostumados aos confortos dos bits e bytes que àquela platéia do inicio dos 80. Estavam todos empolgados com os primeiros jogos eletrônicos, mas não devem ter entendido nada sobre um super sistema operacional que vai engolindo programas independentes menores. Windows quem? Na história, hacker (Jeff Bridges) tenta entrar sistema para conseguir provar a autoria do tal software, mas é literalmente abduzido (scanneado) para dentro dele, onde terá que lutar numa espécie de arena eletrônica. Foi uma desculpa simples para a Disney correr na frente nos efeitos gerados em computador e Tron pode se orgulhar de ser o primeiro longa a ter cenários de computação gráfica. Visto agora é algo saudosista, engraçado, que remete diretamente a O Mágico de Oz ou qualquer esforço da época de ouro de Hollywood em fazer filmes fantásticos. É um espetáculo retrô, divertido e nos faz pensar o desafio que deve ter sido aos técnicos naquele tempo. Tempo remoto em que Disney, Spielberg e Lucas eram referência em modernidade técnica. Época em que o domínio da ferramenta se confundia com o domínio artístico. Os anos passaram, a tecnologia foi ficando cada vez mais barata e comum e verdades foram escancaradas. O fato de se saber usar um pincel não significa que você é um Picasso. No Brasil houve algo semelhante, mas, como era de se esperar, na TV. Com todo o dinheiro que a TV Globo sempre teve, e, portanto, tecnologia de ponta, Hans Donner era o gênio das aberturas e vinhetas. Hoje se sabe que não passa de um gringo que sabe lidar com computadores, com idéias muito pobres. E ainda estamos só no começo...

Tron – Uma Odisséia Eletrônica – Tron

- EUA 1982 De Steven Lisberger Com Jeff Bridges, Bruce Boxleitner, David Warner, Cindy Morgan, Barnard Hughes, Peter Jurasik, Dan Shor 96’ Ficção Científica


DVD - A Disney devia se envergonhar de ostentar seu logo num DVD como este. É ridículo um filme como Tron sem absolutamente nada além do filme. Pelo menos está em ótima qualidade de áudio e imagem.

Cotação:

O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final

Todo o dinheiro do mundo não supera uma boa idéia. Esta continuação, sete anos depois, comprou perfeitamente a máxima. Mesmo sendo um filme muito bom, com roteiro e conceitos bem desenvolvidos, cinematograficamente resultou em mais um produto comum de Hollywood. A trilha sonora, antes feita por alguns caraminguás com tecladinho furreca (mas de resultado excelente) deu lugar a uma orquestral banal e rufante. Outra coisa estranha: Não há um pingo de sangue! O Exterminador leva uma saraivada de balas e não sangra. Houve ainda uma troca do suspense por mais ação. As inúmeras cenas de perseguição chegam a saturar além de embolarem a trama por mais de duas horas. Mas enfim, pelo menos continuou a saga com habilidade. O tal futuro messias nasceu e com dez anos recebe a ajuda do Cyborg T-800(ou um modelo idêntico ao que atacou sua mãe) para escapar de uma máquina muito mais evoluída, o anamórfico T-1000. Inúmeros paralelos com o que aconteceu no anterior e futuro, presente, etc. o deixam acima da média em relação a qualquer filme de tiroteio muito comuns naquela época, e abrem espaço para uma fascinante mitologia mal explorada na próxima produção. Os efeitos digitais, alguns dos primeiros usados no cinema, tomam partido das limitações técnicas do período e, portanto continuam úteis. Há incontáveis furos de edição que revelam o dublê do Schwarzenegger, que tem corte e cor de cabelo diferente.

O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final – Terminator 2: Judgment Day

- EUA 1991 De James Cameron Com Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, Edward Furlong, Robert Patrick, Earl Boen, Castulo Guerra, Xander Berkeley 131’ Ficção Científica/Ação


DVD - Este segundo saiu pela Universal em edição pretensamente especial com dois discos. O primeiro disco possui menus animados bem chiques, mas demorados, sem a possibilidade de pulá-los. Isso faz até com que seja difícil apertar a tecla stop do aparelho. O segundo tem uma miséria de extras: Vários storyboards de momentos importantes, trailer de cinema, e um documentário da época de lançamento, de imagem muito ruim.

Cotação:

23 de julho de 2008

O Exterminador do Futuro

Quando um trash dá certo, vira isso! Um clássico do cinema descompromissado. Muito mais violento e assustador que a maioria dos filmes de terror ou suspense. James Cameron colocou todo seu mettier em produções de baixo orçamento (do tipo Piranhas 2 – Assassinas Voadoras) a serviço da ficção científica. Sua competência contorna qualquer limitação financeira ou de efeitos especiais do período que ainda se mantém bem interessante em plena era da computação gráfica. Tão manjado naquela época que muitos méritos acabaram sendo relegados. Como se filmes populares não pudessem ser bons. Na história tradicional de gato e rato, cyborg super poderoso e inexpressivo (não precisa dizer que se trata do governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger...) vem de 2009 para matar o messiânico John Connor, líder da resistência humana contra as máquinas, antes mesmo dele ser gerado. Em contrapartida, humanos mandam um homem (Michael Biehn de Planet Terror) e dá pra prever no que vai dar esse servicinho de guarda costas da jovial Linda Hamilton (então esposa de Cameron e estrela da série de TV A Bela e a Fera). Os personagens são ralos, embora isso não tenha muita importância em meio a tanto barulho. É diversão de qualidade para a pipoca.

O Exterminador do Futuro – The Terminator

- EUA 1984 De James Cameron Com Arnold Schwarzenegger, Michael Biehn, Linda Hamilton, Lance Henriksen, Shawn Schepps 107’ Ficção Científica/Ação


DVD - Um filme com quase trinta anos e com tantos efeitos especiais defasados corre o risco de virar um desastre com imagem digital, mas O Exterminador do Futuro é tão envolvente que muito pelo contrário. Parece que o estamos assistindo pela primeira vez. Como a maioria dos filmes de produtoras pequenas (a falida Carolco), é comercializado em DVD sabe-se lá de que jeito. Este teve o azar da distribuição da MGM, ou seja, agora saiu pela Fox de qualquer maneira. Não há extras, e sim easter eggs! Vários mini documentários (bem) escondidos nos menus de escolha de capítulos. Mas nãos e anime. Talvez por economia de espaço, os transformaram em seqüências de fotografias (!!!), com áudio sem legendas.

Cotação: