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4 de setembro de 2011

Enrolados

Difícil assistir filmes com a chancela Disney sem uma certa má vontade. Na primeira cantoriazinha a gente já torcer o nariz sem nem prestar atenção ao que se trata a música.

Enrolados aponta para um esforço monumental do estúdio em se adaptar aos novos tempos. Precisa manter a linha que todos crescemos aprendendo a reconhecer como da casa do Mickey, mas também fazer dinheiro na bilheteria, interessando a um público cada vez menos interessado em cinema, além dos minutos que passará sentado assistindo.

Começa por adaptar uma princesa clássica como de costume (Rapunzel), mas não usar seu nome no título como de costume. Usaram um trocadilho com uma gíria que dá mais a impressão de romance do que a aventura que nos será apresentada.

Há ainda aquelas perversões à história original. Lembro pouquíssimo de Rapunzel, mas lembro (principalmente pela versão do Sitio do Pica Pau Amarelo) que o príncipe caia numa armadilha ao tentar subir pelas tranças, despencando de cara num roseiral.

Aqui, evidente, nada de cegueira com sangue espirrando pelos olhos. A guria nem trança usa como escada, vive com ele solto, tal e qual uma dessas evangélicas radicais que vemos por aí.

Mas nem por isso é uma história tolinha, como vimos em coisas de fundo puramente mercantilista como Pocahontas. Não há um fiapo de história cheio de músicas com começo, nada de meio e final feliz.

É bem desenvolvido, interessante tanto para adultos quanto para crianças. Bom sinal para o primeiro longa tendo John Lasseter num cargo executivo, alma da Pixar, parece ter conseguido injetar algum fôlego nos poupando de outro comercial animado gigante.

Até as canções são divertidas, ajudando no (desculpe o trocadilho) desenrolar da história sem parar tudo para a ouvirmos. Particularmente achei graça perceber uma evidente (para adultos) analogia com sexo.

Mais precisamente a perda da virgindade. Quando desobedece a suposta mãe, que havia lhe botado muita caraminhola na cabeça sobre o mundo lá fora e os homens malvados, ela oscila entre maravilhada e muita culpa, vergonha e remorso por ir contra as palavras da velha.

Outro momento é quando ouve da mulher que assim que ela entregar a bolsa com a coroa para ele o perderá. Acabará o romance assim que o galã colocar as mãos no que lhe interessa.

Falando na vilã, entrou direto para a tradicional galeria das melhores! Com um ar de Cher com Gloria Swanson, suas aparições são empolgantes e nos remetem (principalmente seu fim) às produções da Hammer.

Desconfortável mesmo é a relevância de se jogar balões ao ar. Pode ser algo exótico nos Estados Unidos (buscaram referências em tradição asiática), mas no Brasil é uma praga que nos assola durante as festas juninas.

Outra coisa estranha é a Disney incluir uma animação computadorizada no seu rol de longas. Pela primeira vez assume se tratar do 50º, colocando no mesmo balaio Família do Futuro, aquele do cãozinho branco com Pinóquio e Cinderela.

Enrolados - Tangled

- EUA 2010 De Nathan Greno e Byron Howard Com as vozes de Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy 100’ Ação/Animação


Blu-Ray- Fantasticamente cristalino, mesmo com a ausência de poros visíveis na pele dos personagens, nos oferece riqueza espantosa de texturas nos cenários e figurinos. É provável que em outros formatos perca boa parte da graça.

Bônus não são muitos, mas interessantes como cenas inéditas ainda em storyboards, músicas estendidas e um documentário apresentado por Mandy Moore, Zachary Levi localizando o filme dentro da história das animações Disney.

Interessante a existência da montagem (que tinha se tornado um viral no You Tube) com a contagem de todas as 50 animações deles, de Branca de Neve a Enrolados.


Cotação:

22 de outubro de 2009

A Menina e o Porquinho (1973)

Ousadia da Hanna-Barbera, tradicional estúdio de curtas, ciscar no terreno Disney. Por décadas a casa do Mickey era sinônimo de longas em animação.

Tecnicamente este desenho tem todos os defeitos dos produtos H-B que bem conhecemos da TV, econômicos, muitas vezes os personagens só movem a boca. Isso se torna mero detalhe diante da história encantadora, com imortal lição de coleguismo.

Talvez o nome em português possa frustrar, já que a menina em questão participa só no começo, quando não permite que o porquinho Wilbur seja sacrificado. Ele não foi vendido como os demais por ter nascido menor que os demais.

Adulto e gordinho, o amigo rosa vai morar em outra fazenda, e lá, para não virar toicinho contará com a auxílio de Charlotte. A aranha solidária usará sua teia para falar aos humanos que belo suíno eles têm.

Essa atitude altruísta envolverá todos os outros animais direta ou indiretamente numa teia da bondade. Portanto, com esse trocadilho com a rede (web) da ajuda, o título original, idêntico ao do livro que o inspirou, dá mais sentido à trama.

Com algumas canções menos enfadonhas do que minha memória guardava, ainda dá pra assisti-lo tranquilamente. Graças ao ritmo lento, deve agradar apenas as crianças bem novinhas, embora se eu tivesse um filho, pela valiosa lição, forçaria um pouco a barra.

Nunca tinha assistido inteiro, mesmo tendo sido exibido incontáveis vezes nas tardes da Globo dos anos 80. Estudava de manhã, então, ainda mais com aquelas músicas, acabava dormindo na metade, esparramado no sofá.

Em certo ponto, A Menina e o Porquinho sempre causava choradeira entre a galerinha lá de casa. Depois de adulto não me pareceu tão sentimentalóide.

Curiosamente ele usa atores famosos, prática que só se tornaria comum dos estúdios Disney nos trabalhos recentes. As vozes de Debbie Reynolds (como a aranha Charlotte) e Agnes Moorehead (a gansa atrapalhada) são identificáveis, e um motivo a mais para curtir.

As duas eram amicíssimas a ponto de alimentar as línguas ferinas da época sobre um suposto affaire entre as duas. Moorehead, atriz shakesperiana conhecida como a Endora do seriado A Feiticeira, faleceria no ano seguinte, sendo este seu último trabalho para o cinema.


A Menina e o Porquinho - Charlotte's Web

- EUA 1973 De Charles A. Nichols Iwao Takamoto Com as vozes de Debbie Reynolds, Agnes Moorehead, Paul Lynde, Danny Bonaduce, William B. White, Henry Gibson 94’ Animação/Drama


DVD- Quando saiu o filme em live action protagonizado pela Dakota Fanning voltei a vê-lo nas boas lojas do ramo. Atenção porque há outro “A Menina e o Porquinho” bem baratinho, produzido por aqueles picaretas que vão na cola de sucessos e lançam títulos semelhantes. O clássico é da Paramount. Widescreen anamórfico, ótimo para quem não tem uma TV no formato já que as faixas negras costumam afugentar a petizada. Possui a dublagem em português que nos acostumamos na TV, além de dar a oportunidade de pela primeira vez ouvir a original, com as célebres atrizes com legendas em português. O único extra é o trailer original.

Cotação:

14 de novembro de 2008

O Pássaro Azul

Este ícone da Sessão da Tarde 80’s ainda é um espetáculo vivo mais graças à nostalgia do que a algum predicado cinematográfico. Agora que já estamos adultos, é inegável que não passa de cópia mal ajambrada de O Mágico de Oz. Começa igualmente em preto e branco e quando Shirley Temple parte em busca do tal pássaro azul, desgostosa de sua vidinha pobre de marré, tudo fica em berrante Technicolor. Tão pobre quanto a personagem é a produção da Fox, bem distante do mega sucesso da Metro do ano anterior. Vai ver que a culpa dos cenários visivelmente pintados, figurinos mal elaborados, etc. foi da correria. A loirinha, ainda a principal estrelinha do estúdio, não foi Dorothy porque dizem as más línguas não cantava como Judy Garland, nem os produtores aceitaram emprestá-la para a concorrência. Como consolação fizeram este sub Mágico de Oz. Isso era prática na época, assim como a Warner deu Jezebel a Bette Davis depois dela ter perdido Scarlet Ohara em ...E O Vento Levou. Considerada a maior galinha dos ovos de ouro da Fox antes de Marilyn Monroe, Temple, que já estava bem grandinha, ainda teve o azar de viver o papel de uma menina mal educada com uma lição engrandecedora a ser aprendida no final. Tal mistura foi veneno puro para as platéias esperando pela gorduchinha fofa com cachos dourados de outrora. Acabou entrando pra história como o primeiro fracasso da pequena. Quem via na TV vai se divertir, mas de forma alguma deve agradar à criançada de hoje.

O Pássaro Azul – The Blue Bird

- EUA 1940 De Walter Lang Com Shirley Temple, Spring Byington, Nigel Bruce, Gale Sondergaard, Eddie Collins, Sybil Jason, Jessie Ralph, Johnny Russell 88’Aventura


Cotação:

8 de novembro de 2008

O Imperador e o Rouxinol

A graça principal no stop motion (técnica clássica que consiste em animar quadro a quadro objetos), é que absolutamente tudo que vemos na tela é artesanal. Quem tem por base obras recentes como O Estranho Mundo de Jack ou A Noiva Cadáver, dirigidos ou produzidos por Tim Burton num nível técnico que pode fazer algum desavisado acreditar estar diante de computação gráfica, irá se decepcionar com O Imperador e o Rouxinol. Essa produção tcheca, com quase 60 anos, é experimental, sendo que os personagens não possuem expressões faciais com movimento. De forma inteligente, tem em sua abertura atores de verdade para depois chegar à animação. Um garotinho muito rico e aborrecido por não poder brincar à vontade na rua, ao pegar no sono febril sonha com o imperador chinês do conto de Hans Christian Andersen. Dessa forma, justifica-se que objetos, cenários e personagens remetam a elementos vistos antes no quarto do menino. E o mérito de Jirí Trnka é conseguir nos entreter por mais de uma hora de um jeito tão poético e singular acima de qualquer limitação técnica. Consegue nos remeter diretamente à infância, quando brincávamos entre toalhinhas de crochê com action figuras e caixinhas de papelão fingindo serem prédios gigantes. Mágico e sensível como só a arte bruta, depois destes anos ganhou um interessante paralelo entre o pequeno imperador que troca o rouxinol de carne e osso pelo mecânico de canto repetitivo com o trabalho de Trnka e o que tem sido feito e apresentado para as crianças de agora.

O Imperador e o Rouxinol – Cisaruv slavík (The Emperor's Nightingale)

- Tchecoslováquia 1949 De Jirí Trnka e Milos Makovec Com Jaromir Sobotoa, Helena Patockova, Detsky pevecky sbor Jana Kuhna, Boris Karloff (narração) 72’ Animação/Drama


DVD - Distribuído pela Continental, esta pérola da animação mundial de difícil apelo comercial, preserva a narração americana com Boris Karloff e não incluiu versão dublada em português, o que afugenta possíveis espectadores infantis. A imagem está bem ruim, escura, mas a boa notícia é que possui a metragem original de 72 minutos, e não a americana de 55. Como bônus, 4 curtas muito bons da equipe de Trnka e longo material em texto sobre a animação stop motion.

Cotação:

28 de outubro de 2008

A Batalha dos Monstros

Ocidentais adoram teorizar sobre o sucesso dos monstros gigantes dos filmes japoneses. Se a do trauma causado pelas bombas atômicas americanas em Hiroshima e Nagasaki estiver correto, este A Batalha dos Monstros ganha sabor de paz na Terra total! Para conquistar de vez as platéias dos EUA há dois personagens ocidentais importantes, e não apenas cenas enxertadas no país do Tio Sam como a Toho fez com os do Godzilla. Dois garotos curiosos (um japonês e outro inexplicavelmente norte americano), entram numa nave espacial que imediatamente os leva a outro planeta, mais precisamente Tera, o 10º do Sistema Solar. A armadilha foi criada por duas habitantes locais que pretendem comer seus cérebros e assim adquirir todo o conhecimento necessário (!!!) para a conquista da Terra. O roteiro não especifica em momento algum porque com tantos cientistas coisa e tal, escolheram dois garotinhos, mas enfim... Lógico que serão salvos por Gamera, a tartaruga gigante que cospe fogo por todos os orifícios e é uma espécie de Godzilla, mas com personalidade menos volúvel do que ele. Desde a sua primeira produção é amiga das criancinhas e ponto! Aqui enfrentará Giron, um dos seus famosos arquiinimigos, misto de serrote com tubarão e toupeira. E dá-lhe pancadaria em cenários de papelão hiper coloridos... Ingênuo, brega e hilário! Espere para a mensagem pacifista final e não caia na gargalhada se conseguir.

A Batalha dos Monstros – Gamera tai daiakuju Giron (Attack of the Monsters)

- Japão 1969 De Noriaki Yuasa Com Nobuhiro Kajima, Miyuki Akiyama, Christopher Murphy, Yuko Hamada, Eiji Funakoshi, Kon Omura, Edith Hanson 80’ Ficção Científica


DVD - Oportunidade única! Dois filmes de Gamera num mesmo DVD. A London (WorksDVD) incluiu A Batalha dos Monstros e Destruam Toda a Terra no box Sci-Fi, juntamente a outras 18 perolas retrô, incluindo o primeiro da tartaruga gigante. Todos agora são encontrados em pequenas lojas a preços pra lá de camaradas. A imagem está bem ruim em fullscreen e o áudio dublado de qualquer jeito em inglês, mas numa produção deste tipo qualquer qualidade se torna luxo inimaginável.

Cotação:

11 de setembro de 2008

As 7 Faces do Dr. Lao

Voltar a esse filme depois de tanto tempo é como se deparar com as mais misteriosas e profundas crenças infantis. Tentando desvencilhar qualquer saudosismo, a produção se mantém válida e saborosa para todas as idades. Até porque, os valores defendidos por ela não vão morrer nunca, nem o encanto de crianças por mitológicas criaturas executadas com capricho técnico. Velho chinês chega com seu circo mágico a Abalone, pequena e nada próspera cidade do velho oeste. Ela será extinta graças a um soberbo homem que quer comprar as casinhas de todos, convencendo o povo mesquinho de que aquele lugar não vale nada! No circo do Dr. Lao descobrirão que a abundância chegará sim, além de ganharem lições de moral com cada uma das figuras bizarras. Tremendo fracasso de bilheteria em seu lançamento, cozinhou a carreira do diretor, embora a atriz Barbara Eden fosse consagrada logo depois na série Jeannie, É Um Gênio. As 7 Faces do Dr. Lao é uma daquelas produções que se tornaram clássicas na posteridade devido às constantes reprises na TV. Gerações inteiras aprenderam a amá-lo, assim como A Fantástica Fábrica de Chocolate, Fúria de Titãs, O Pássaro Azul entre tantos outros. Tony Randall, muito popular na época, tem desempenho fenomenal fazendo seis papéis com ajuda de maquiagem. Mereceu o único Oscar do filme, especial de melhor maquiagem, já que tal categoria ainda não existia. Curioso como quando Randall envelheceu de verdade ficou muito parecido com o adivinho cego Apollonius de Tyana, interpretado quando tinha 44 anos. O mundo realmente é um circo...

As 7 Faces do Dr. Lao – 7 Faces of Dr. Lao

- EUA 1964 De George Pal Com Tony Randall, Barbara Eden, Arthur O'Connell, John Ericson, Noah Beery Jr., Peggy Rea, John Doucette 100’ Comédia/Fantasia


Cotação:

13 de maio de 2008

Speed Racer

O que mais embola este filme é tentar ser tão fiel ao desenho no aspecto 60’s, e exagerar nas cenas de corrida para pessoas de 2008. Virou uma bobagenzinha infantil, que deveria ser amado pelos pequenos se não tivesse ainda uma sub trama empresarial mal explicada o bastante para ser de difícil compreensão a adultos e crianças. Tenta-se acreditar em todo aquele marketing em cima do que seriam as seqüências de corrida mais fabulosas de que o cinema já fez, mas são tão freneticamente editadas e estilizadas que jamais emocionam ou nos prendem a atenção. No elenco John Goodman pesado como sempre em sua canastrice e Christina Ricci com Susan Sarandon sobrando em cena. Seus personagens são dispensáveis, portanto, atrizes conhecidas ali são apenas chamariz de platéia. A traminha de “família unida jamais será vencida” perde-se arrastadamente nas enormes barrigas que cria entre as cenas de ação. É só um reflexo da má direção que relaxa fora das pistas, com ângulos de pura banalidade. Impossível não comparar com o que Robert Rodriguez conseguiu de pé nas costas em sua (original) trilogia Spy Kids, e com a vantagem de ter uma duração bem menos massacrante do que as duas horas e tralalá de Speed Racer. Confirma-se que os irmãos Wachowski são a maior promessa não cumprida dos últimos tempos. Matrix (o primeiro!) foi só lampejo...

Speed Racer – Speed Racer

- EUA 2008 De Andy Wachowski e Larry Wachowski com Emile Hirsch, Nicholas Elia, Susan Sarandon, Matthew Fox, Rain, Kick Gurry, John Goodman 135’ Ação


*** Em cartaz ***

Cotação: