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22 de outubro de 2009

A Menina e o Porquinho (1973)

Ousadia da Hanna-Barbera, tradicional estúdio de curtas, ciscar no terreno Disney. Por décadas a casa do Mickey era sinônimo de longas em animação.

Tecnicamente este desenho tem todos os defeitos dos produtos H-B que bem conhecemos da TV, econômicos, muitas vezes os personagens só movem a boca. Isso se torna mero detalhe diante da história encantadora, com imortal lição de coleguismo.

Talvez o nome em português possa frustrar, já que a menina em questão participa só no começo, quando não permite que o porquinho Wilbur seja sacrificado. Ele não foi vendido como os demais por ter nascido menor que os demais.

Adulto e gordinho, o amigo rosa vai morar em outra fazenda, e lá, para não virar toicinho contará com a auxílio de Charlotte. A aranha solidária usará sua teia para falar aos humanos que belo suíno eles têm.

Essa atitude altruísta envolverá todos os outros animais direta ou indiretamente numa teia da bondade. Portanto, com esse trocadilho com a rede (web) da ajuda, o título original, idêntico ao do livro que o inspirou, dá mais sentido à trama.

Com algumas canções menos enfadonhas do que minha memória guardava, ainda dá pra assisti-lo tranquilamente. Graças ao ritmo lento, deve agradar apenas as crianças bem novinhas, embora se eu tivesse um filho, pela valiosa lição, forçaria um pouco a barra.

Nunca tinha assistido inteiro, mesmo tendo sido exibido incontáveis vezes nas tardes da Globo dos anos 80. Estudava de manhã, então, ainda mais com aquelas músicas, acabava dormindo na metade, esparramado no sofá.

Em certo ponto, A Menina e o Porquinho sempre causava choradeira entre a galerinha lá de casa. Depois de adulto não me pareceu tão sentimentalóide.

Curiosamente ele usa atores famosos, prática que só se tornaria comum dos estúdios Disney nos trabalhos recentes. As vozes de Debbie Reynolds (como a aranha Charlotte) e Agnes Moorehead (a gansa atrapalhada) são identificáveis, e um motivo a mais para curtir.

As duas eram amicíssimas a ponto de alimentar as línguas ferinas da época sobre um suposto affaire entre as duas. Moorehead, atriz shakesperiana conhecida como a Endora do seriado A Feiticeira, faleceria no ano seguinte, sendo este seu último trabalho para o cinema.


A Menina e o Porquinho - Charlotte's Web

- EUA 1973 De Charles A. Nichols Iwao Takamoto Com as vozes de Debbie Reynolds, Agnes Moorehead, Paul Lynde, Danny Bonaduce, William B. White, Henry Gibson 94’ Animação/Drama


DVD- Quando saiu o filme em live action protagonizado pela Dakota Fanning voltei a vê-lo nas boas lojas do ramo. Atenção porque há outro “A Menina e o Porquinho” bem baratinho, produzido por aqueles picaretas que vão na cola de sucessos e lançam títulos semelhantes. O clássico é da Paramount. Widescreen anamórfico, ótimo para quem não tem uma TV no formato já que as faixas negras costumam afugentar a petizada. Possui a dublagem em português que nos acostumamos na TV, além de dar a oportunidade de pela primeira vez ouvir a original, com as célebres atrizes com legendas em português. O único extra é o trailer original.

Cotação:

5 de julho de 2008

O Expresso do Horror

Filme ruim muito bom! Climático, o tempo fez bem a ele. Começa como terror de monstro clássico, e na segunda metade vira suspense, com inúmeros personagens freaks vítimas em potencial. Destaca-se entre estes um monge com sede de poder de rivalizar com Rasputin suspeitíssimo! Ainda consegue incluir ficção científica, zumbis e espionagem, mas acredite, tanta mistura não o transformou em uma comédia involuntária. Pelo menos não tanto quanto aparenta. Nessa virada de gêneros, Christopher e Lee e o sempre grande Peter Cushing (Drácula e Van Helsing respectivamente da Hammer) ainda terão a oportunidade de superar a inimizade em prol da solução do mistério. A presença dos dois com diálogos espirituosos (“Nós monstros? Mas nós somos britânicos!”) já valeria à pena, mas a trama é interessante. No começo do século passado (perto da revolução russa) paleontólogo (Lee) embarca em trans-siberiano junto a misterioso fóssil que descobriu. Ao tentar arrombar o caixote que o transporta, famoso ladrão aparecerá assassinado, com os olhos brancos esbugalhados. A criatura tem o poder de absorver a mente de quem se aproxima, e claro, essa primeira morte vem bem a calhar para quem está preso. Toda a ação se passa dentro do claustrofóbico trem, o que faz com que não seja permitido a ninguém o desembarque ou embarque. Além, óbvio, de poupar recursos financeiros. Divertidíssimo, tem alguma violência gore explícita.

O Expresso do Horror – Horror Express

- Inglaterra/Espanha 1973 De Eugenio Martín Com Christopher Lee, Peter Cushing, Alberto de Mendoza, Silvia Tortosa, Julio Peña, Ángel del Pozo, Helga Liné, Alice Reinheart, Juan Olaguivel, Telly Savalas 87’Horror/Suspense


DVD - Lançado em VHS como Horror Express e em DVD duas vezes, pela London (WorksDVD) e a obscura Kives, é um desperdício com tantos filmes de horror do período simplesmente inéditos no Brasil. Pode-se colocar a culpa na falta de direitos autorais já que haveria uma disputa judicial envolvendo os herdeiros do produtor. Esta cópia (da Kives) manteve a arte igual na capa igual à lançada nos EUA, e sua metragem idem, com três minutos a menos. A imagem em widescreen apresenta alguns riscos, mas servem de charme pelo estilo da produção. Nesse sentido é legal não estar nítida demais, ou restaurada, preservando aquela cara trash 70’s, com fotografia desbotada. Os extras se resumem às gigantescas filmografias de Lee e Cushing.

Cotação:

28 de abril de 2008

O Exorcista

Filha de estrela de cinema ausente começa a manifestar estranhas atitudes se dizendo ser o diabo. Filme batidíssimo desde o seu lançamento, retumbante sucesso, primeiro (e um dos poucos) gore a ser indicado a Oscars. Bebendo diretamente na fonte de O Bebê de Rosemary, usando o capeta como vilão, ajudou as produções com pretensões assustadoras a serem cada vez mais explícitas, tal e qual o cinema erótico do período. Livre das pressões de outrora e vivendo num tempo discutivelmente liberal para os americanos, arrastou multidões ao cinema gerando duas seqüências, um recente (e ridículo) preqüel e centenas de pessoas sugestionáveis se dizendo também tomadas por espíritos do mal. Visto hoje parece um tanto carnavalesco devido principalmente à super exploração da temática e o coisa-ruim ter se tornado alvo dos espertalhões das religiões evangélicas. Pra alguém se assustar terá que ser extremamente sensível. Não se pode deixar de valorizar seu pioneirismo. É provável que sem O Exorcista não houvesse, por exemplo, Evil Dead com seus pútridos adolescentes dando moradia ao tinhoso. Mas está velho e superado! E suas mais de duas horas causam não muito mais do que bocejos. Esta versão reeditada com 11 minutos a mais se mostra um oportunismo sem tamanho, porque se percebe que as tomadas extras não tinham sido deletadas por imposição do estúdio ou coisa que o valha, mas porque eram desnecessárias. Ela foi relançada com estardalhaço nos cinemas 90’s tendo o subtítulo “A Versão Que Você Nunca Viu”, com anúncios na TV e tudo. Mostravam como principal novidade a pequena Reagan descendo as escadas como se fosse uma aranha. No ponto da história em que acontece isso nem estava tão possuída assim pra fazer tal malabarismo.

O Exorcista – The Exorcist

- EUA 1973 De William Friedkin com Linda Blair, Ellen Burstyn, Max von Sydow, Lee J. Cobb, Jack MacGowran, Jason Miller, Reverend William O'Malley 132’ Horror


DVD - Como já disse, esta é a versão “Que Você Nunca Viu”, a alardeada edição com 11 minutos a mais. Na seção (mal feita) de capítulos há indicações onde os enxertos estariam. Tanto a faixa de comentários do diretor, como qualquer trailer presente não têm legendas em português. E o material de divulgação se resume a esta nova versão, não ao filme dos anos 70. Tudo muito broxante.

Cotação:

9 de abril de 2008

A Noite do Desejo

De cara parece uma versão pornochanchada de Noite Vazia, ou mais com jovens boa praça em busca de prazeres fugazes na noite, como o cinema brasileiro produziu às toneladas. Lentamente as cartas vão sendo mostradas com uma sensibilidade acima do que normalmente vinha da boca-do-lixo. Dois pés rapados juntam dinheirinho para cair na gandaia do centrão de São Paulo onde se envolverão com prostitutas e pederastia de uma forma bastante intensa e reflexiva. Para resolver o desfalque de algumas seqüências, retiradas por problemas com a censura, criou-se uma trama paralela, com um pacato cidadão indo resgatar sua amada da capital aonde vive de trottoir. Sua intenção é clara, quer fazê-la recordar dos bons valores familiares do interior. Em apenas uma pequena seqüência os personagens se cruzam, uma ousadia, não de sexo, mas de narrativa. Ousada também a edição, assinada pelo diretor e (pasme!) Inácio Araújo, um dos melhores críticos de cinema em nossa língua. Todo o filme é entrecortado por momentos nem sempre claros de espaço, tempo e personagens. Desde os créditos iniciais, por exemplo, vê-se a polícia em diligência, mas não se sabe para qual das sub tramas se dirigirá em crescente tensão até o sanguinolento final, de fazer Tarantino babar, com a mesma cena mostrada de inúmeros ângulos. Mais? Pelo ano em que foi feito, mesmo com tantas qualidades cinematográficas, ainda tem de bônus todo o aspecto visual 70’s, com as mocinhas de peruca e cílios postiços chamando os machos de “benzinho”, trilha sonora com alguns tangos, música progressiva e efeitos sonoros bizarros... Vencedor de alguns prêmios quando finalmente pode ser lançado de forma satisfatória em 81, permanece com espantoso vigor.

A Noite do Desejo – A Noite do Desejo

- Brasil 1973 De Fauzi Mansur Com Ney Latorraca, Marlene França, Ewerton
de Castro, Francisco Curcio, Roberto Bolant, Selma Egrei, Betina Viany, Carlos Bucka 113’ Drama


DVD - Sei lá o que falar deste disco, porque filmes brasileiros desta época são tão raros que a sua existência já é um bônus... Não há nada de extras além de uma galeria com screenshots no menu único que tem mais dois botões. O primeiro escrito “filme” e outro com “capítulos”. A imagem em tela cheia está relativamente boa, á vezes com alguns arranhões.

Cotação:

6 de abril de 2008

Drácula – O Demônio das Trevas

Se não fosse a costumeira confusão entre Mina e Lucy, este seria um Drácula tão fiel ao romance de Bram Stoker quanto o de Francis Ford Coppola. Dizem, aliás, que é o primeiro a usar o lance do amor de outras vidas, não presente no livro, assim como a forte associação com o príncipe histórico Vlad Tepes. Ambas as inovações aparecem na produção de 92 e são os principais motivos de críticas negativas a ele. É estranho que mesmo tão fiel comeu algumas frases clássicas, do tipo “crianças da noite! Que doce música elas fazem.”. Por ser uma produção para a TV inglesa, que posteriormente foi exibida nos cinemas (inclusive no Brasil), peca pela fotografia escachada, quase luz de padaria. Isso, junto à direção de arte pobre, deixa o castelo do conde parecendo casa de tia velha, toda limpinha, iluminada, cheia de bibelôs... O que definitivamente compromete o clima de horror. Outro exemplo de falta de recursos financeiros são alguns cachorros da raça pastor alemão (!!!) tentando se passar por lobos. Aparecem alegres, balançando o rabinho, e os atores apavorados! Descontando a cara de índio cherokee do Jack Palance vê-se que está bem no papel, já que sua canastrice combina com um personagem tão poderoso quanto prepotente, e ainda caprichou no sotaque romeno. Tanto ele quanto todo o filme ficam a milhas do glamour sombrio dado por Christopher Lee e a Hammer, mas longe (desculpe o trocadilho!) do diabo trash que pintavam os antigos guias de VHS.

Drácula – O Demônio das Trevas – Dracula

- Inglaterra 1973 De Dan Curtis Com Jack Palance, Simon Ward, Nigel Davenport, Pamela Brown, Fiona Lewis, Murray Brown 100’ Horror


DVD - Não há nada além do filme, mas está com relativa boa qualidade de copiagem. O fullscreen se explica por ter sido originalmente produzido para a TV, ou seja, nãos e perde nada da imagem. Há uma hilária dublagem em espanhol, além do áudio original em inglês.

Cotação:

21 de dezembro de 2007

O Homem de Palha

Tido como o mais atípico dos filmes da produtora Hammer, o considero o mais atípico filme de suspense de uma forma geral. Corajosamente toda a tensão surge do confronte dos princípios cristãos perante leis muito mais antigas: As do desejo. Policial católico praticante (Daqueles que só acreditam em sexo após o casamento!!!) vai até uma ilha depois de receber carta anônima sobre o sumiço de uma garota. Todas as suas crenças serão postas a prova ao tomar conhecimento dos milenares ritos praticados ali. E há tesão que resista ao conhecimento de que a belíssima Britt Ekland cantarola (Willow’s Song de Paul Giovanni) nuinha em pelo no quarto ao lado no meio da madrugada? Literalmente será feito de bobo até pelas criancinhas locais, tal e qual as velhas convenções são tratadas perante a crueza das relações humanas e reais. Se não bastasse tanta ousadia, ainda temos fantástica trilha sonora e interpretações memoráveis, principalmente a de Christopher Lee, que considera este o trabalho mais importante a qual participou. Observe a sutil utilização de símbolos fálicos durante toda película, e a seriedade com que é tratada uma seita pagã, de forma rara na cinematografia.

O Homem de Palha – The Wicker Man
- Inglaterra 1973 De Robin Hardy Com Edward Woodward, Christopher Lee, Britt Ekland, Ingrid Pitt 80’ Suspense


DVD - Em DVD há duas versões, a americana com 80 minutos e uma de 100 chamada de versão do diretor. No Brasil a Dark Side comercializa a americana. Traz trailer, spots de TV e rádio, e um longo e interessantíssimo documentário. Nele temos a oportunidade de ver os astros Christopher Lee e Ingrid Pitt na atualidade, e descobrir as verdadeiras trapalhadas para lançar bem na época em que a sua produtora foi vendida. Os novos donos não entenderam lhufas e além de cortes absurdos, os negativos originais simplesmente desaparecerem, provavelmente usados na pavimentação asfáltica!!! Lee é um dos que garantem que se o filme tivesse sido lançado tal e qual foi concebido teríamos um Cidadão Kane inglês...

Cotação:

9 de setembro de 2006

Teatro da Morte

Se Bárbara Heliodora, a famosa crítica teatral, gostasse de filmes de terror, não tenha dúvida de que este seria seu preferido! Ator decadente vinga-se de absolutamente todos os críticos que menosprezaram seu trabalho seguindo à risca as mortes relatadas nas peças de Shakespeare conforme seu recente repertório. Como filme de terror, há um pouco mais de violência que nas produções da época, mas ainda muito pouco perto do que temos nos dias de hoje. Mas quem se importa com isso se nele aparece ninguém menos que Vincent Price cometendo sadismos enquanto recita trechos das obras referenciais? Um clássico trash inglês a não se perder! Cada fotograma com Price é diabolicamente engraçado, cheio de suas costumeiras canastrices que aqui parecem estar elevadas ao extremo. Tão saboroso e divertido que lá pela metade do filme achamos que aquele bando de críticos são mesmo uns abutres esnobes e merecem tudo aquilo e um pouco mais. Prepare-se para crimes absurdos como tortas de poodle, secadores de cabelo incineradores, cabeças decepadas e mais, muito mais! Ah, sim! E um final apoteótico com uma reviravolta ridiculamente óbvia.

Teatro da Morte (Theater of Blood)
- Inglaterra 1973 De Douglas Hickox Com Vincent Price, Diana Rigg, Ian Hendry 104’ Terror/Suspense


DVD - Um caso estranho de película lançada por duas distribuidoras praticamente ao mesmo tempo. Detalhe, a outra edição utilizou o título em português da época de sua estréia nos cinemas: As Sete Máscaras da Morte. Esta edição da jundiaiense Dark Side manteve o aspecto widscreen, tem menuzinho animado, áudio original mais dublagem em espanhol e francês e claro legendas em português e espanhol. De extra, o trailer original muito bem feito aos outros do mesmo período e a biografia de Vincent Price e Diana Rigg. A de Price é praticamente o mesmo texto dos outros títulos da distribuidora com o ator, tendo como diferencial a inclusão de cada filme em questão como sendo um dos pontos alto de sua carreira. Tesc, tesc, tesc...

Cotação: