13 de novembro de 2008

Amarcord

Como bem se sabe, Amarcord significa “eu me lembro” no dialeto de Rimini, a cidadinha italiana onde Federico Fellini nasceu e foi criado. E é com forma semelhante à que nosso cérebro trabalha as lembranças que a história é contada, sem linearidade ou clareza maior. Na década de trinta, a partir da chegada da primavera, acompanhamos o cotidiano dos habitantes de uma pequena cidade sem que seu nome seja evidente. Provavelmente o diretor esteja representado no adolescente Titta, ou no velho que percorre os cenários de bicicleta falando diretamente para a câmera, ou ainda em nenhum dos dois. É genial que mesmo com dezenas de personagens cada qual tenha suas próprias tramas, profundidade, função sem que algum perca o interesse ou o ritmo de todo o filme. Ás vezes é só uma palavra aparentemente à toa que explica características do habitante. Com o parceiro Nino Rota orquestrando uma de suas melhores trilhas sonoras, Fellini confirma a máxima de que para ser universal basta falar de sua vila, porque nostálgicos, acabamos também lembrando das pessoas igualmente bizarras que nos cercaram enquanto crescemos. Acertou tanto que levou o Oscar de melhor produção estrangeira daquele ano. Sentimental na medida certa, não há julgamento em hipótese alguma, sendo que a certa altura, ao explicar a origem do “nome” da cabeleireira Gradisca (desfrute), deixa claro que nem tudo o que é contado realmente aconteceu, por mais deliciosa que possa ser a narrativa.

Amarcord

- Itália 1973 De Federico Fellini Com Pupella Maggio, Armando Brancia, Magali Noël, Ciccio Ingrassia, Nando Orfei, Luigi Rossi, Bruno Zanin, Josiane Tanzilli, Maria Antonietta Beluzzi, Giuseppe Ianigro, 123’ Comédia


DVD - Este disco italiano (Região 2) da Warner é a prova de que filmes internacionais devem ser distribuídos por empresas locais, do país original, não majors hollywoodianas. Logicamente uma empresa menor se empenharia mais ao invés de colocar no mercado só “mais um produto”. Para um DVD do Fellini vendido na Itália parece miserável a existência apenas do trailer como bônus e ainda por cima é o de seu lançamento nos EUA. Há dublagem em italiano e francês e legendas em um monte de línguas nunca vistos nos do Brasil. Assistindo em italiano, legendado em espanhol já dá pra entender 95% do que se passa. No nosso país a mesma Warner o distribuiu em VHS e a sempre estranha Continental em DVD numa edição que simplesmente sumiu das lojas faz tempo.

Cotação:

Nenhum comentário:

Postar um comentário