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14 de novembro de 2008

O Pássaro Azul

Este ícone da Sessão da Tarde 80’s ainda é um espetáculo vivo mais graças à nostalgia do que a algum predicado cinematográfico. Agora que já estamos adultos, é inegável que não passa de cópia mal ajambrada de O Mágico de Oz. Começa igualmente em preto e branco e quando Shirley Temple parte em busca do tal pássaro azul, desgostosa de sua vidinha pobre de marré, tudo fica em berrante Technicolor. Tão pobre quanto a personagem é a produção da Fox, bem distante do mega sucesso da Metro do ano anterior. Vai ver que a culpa dos cenários visivelmente pintados, figurinos mal elaborados, etc. foi da correria. A loirinha, ainda a principal estrelinha do estúdio, não foi Dorothy porque dizem as más línguas não cantava como Judy Garland, nem os produtores aceitaram emprestá-la para a concorrência. Como consolação fizeram este sub Mágico de Oz. Isso era prática na época, assim como a Warner deu Jezebel a Bette Davis depois dela ter perdido Scarlet Ohara em ...E O Vento Levou. Considerada a maior galinha dos ovos de ouro da Fox antes de Marilyn Monroe, Temple, que já estava bem grandinha, ainda teve o azar de viver o papel de uma menina mal educada com uma lição engrandecedora a ser aprendida no final. Tal mistura foi veneno puro para as platéias esperando pela gorduchinha fofa com cachos dourados de outrora. Acabou entrando pra história como o primeiro fracasso da pequena. Quem via na TV vai se divertir, mas de forma alguma deve agradar à criançada de hoje.

O Pássaro Azul – The Blue Bird

- EUA 1940 De Walter Lang Com Shirley Temple, Spring Byington, Nigel Bruce, Gale Sondergaard, Eddie Collins, Sybil Jason, Jessie Ralph, Johnny Russell 88’Aventura


Cotação:

12 de setembro de 2008

Crime na Mansão Sombria

Logo de cara se nota que, enquanto o cinema americano fazia coisas do tipo ...E O Vento Levou, a Inglaterra ainda estava na idade da pedra em questões técnicas. O filme é de 1940, mas parece ser de 1800 e pouco. Não que a reconstituição de época seja espetacular, mas por precariedade de produção e a qualidade da cópia se desmanchando também não ajuda muito. Em compensação, artisticamente, a partir do roteiro, dá de 10 a zero em muito do que saiu de Hollywood naquela época. Longe do conservador código Hayes, os ingleses ousavam mais na violência, embora fora de quadro. Tod Slaughter, ator já era consagrado nos palcos londrinos como vilão, assumia na tela a persona malvada com bom humor, quase que uma caricatura de si mesmo. Pode soar exagerado, mas combina com o teor farsesco da trama. Na história, impostar mata herdeiro para assumir seu lugar, sem saber que na verdade ganhará apenas dívidas. Sente-se quase que obrigado a assassinar pra conseguir alguns dobrões. Com muitos personagens e subtramas interessantes, várias delas não se encaixam ou acabam mal explicadas. Talvez o motivo seja que, a metragem original dele foi drasticamente encurtada ao ser exibido nos EUA, com leis de moral e conduta muito mais rígidas. Infelizmente, as versões que rodam o mundo com os trabalhos de Slaughter são as de lá.

Crime na Mansão Sombria – Crimes at the Dark House

- Inglaterra 1940 De George King Com Tod Slaughter, Sylvia Marriott, Hilary Eaves, Geoffrey Wardwell, Hay Petrie, Margaret Yarde, David Horne 68’ Horror


DVD - A London Films (WorksDVD) o distribuiu dentro de uma caixa chamada Ataúde Macabro e avulso contendo outro filme de Tod Slaughter. A imagem está novamente péssima, cheia de rabiscos, com o áudio inconstante, mas logicamente, é uma aquisição válida devido à oportunidade rara de se assistir o ator, primeiro mestre do horror inglês.

Cotação:

6 de setembro de 2008

Rebecca - A Mulher Inesquecível

Bem à frente de seu tempo artisticamente, Hitchcock estreava no cinema americano dando três filmes de gêneros distintos em um. A primeira parte é um magnífico romance, onde uma simplória dama de companhia conhece milionário viúvo. Apaixonada perdidamente por seu charme, aceita de imediato o pedido de casamento. O irresistível (e artificial) conto de fadas é crucial para nossa identificação com a garota já que a trama é contada na primeira pessoa. Na segunda parte, casados vão morar na mansão centenária Manderley. Temos um filme de horror, daqueles góticos com o vento soprando palavras de desordem em mentes desprotegidas, sem faltar nem uma governanta, que pra bruxa só precisa de vassoura. A noivinha descobrirá que caiu numa furada. Desprotegida, terá que enfrentar Rebecca, a falecida esposa mais viva do que nunca em todos os cantos escuros. Exatamente porque a história exigiu nossa identificação com a mocinha lá no começo que neste ponto chega a dar certa raiva da sua inércia diante da vida empoeirada ao qual lhe é imposta. Quando finalmente resolver peitar não só a governanta fidelíssima à finada, mas sua costumeira postura submissa, Hitchcock nos entrega uma trama policial cheia de reviravoltas bem à sua maneira. Todo o esforço de clima faz com que a obra perdure por muito tempo na mente após seu término, e também nos leva a certos raciocínios. É muito discutido o possível lesbianismo da governanta com Rebecca, e até pode ser, mas pouco se aponta para outro traço forte de homossexualidade. Qual seria o motivo para Max, o magnata dono do mundo, se manter casado com Rebecca, sabendo desde o início que a moça não era flor que se cheirasse? Embora posteriormente tivesse torcido o nariz ao resultado, o mestre chegava com muita gana de vencer nos EUA e não ser cozido pelo sistema como aconteceu com vários outros diretores. Toda a munição gasta aqui gerou um de seus filmes mais típicos, e sem dúvida, uma de suas maiores obras-primas. Isso sob o olhar do poderoso produtor Selznick que sempre mandou e desmandou no trabalho de seus contratados. Reza a lenda que ele só deu relativa liberdade a Hitch por estar muito ocupado finalizando ...E O Vento Levou. Ao estrear no Brasil, a escritora Carolina Nabuco acusou a inglesa Daphne Du Maurier, cujo livro originou o roteiro, de ter plagiado seu romance A Sucessora, lançado quatro anos antes. Rebecca teve uma tradução nacional assinada por ninguém menos do que Monteiro Lobato.

Rebecca - A Mulher Inesquecível – Rebecca

- EUA 1940 De Alfred Hitchcock Com Laurence Olivier, Joan Fontaine, Judith Anderson, Nigel Bruce, Reginald Denny, George Sanders, Florence Bates 130’ Suspense


DVD - Com nitidez digna de VHS, a Continental comercializa tal filme no Brasil há quase 20 anos com os costumeiros erros de legendas. Como extras há biografias em texto, lista bem mal feita de atrizes q trabalharam com o diretor, galeria com dois pôsteres que não inclui Rebecca e o trailer original.

Cotação:

26 de fevereiro de 2008

Anjos da Broadway

Filminho B de gangster rodado à moda Frank Capra. Dois trapaceiros, Rita Hayworth e Douglas Fairbanks, Jr., trabalharão literalmente como anjos para que executivo não cometa suicídio. Há também Thomas Mitchell (o pai de Scarlett O’Hara)vivendo produtor teatral fracassado de coração mole, uma espécie de “Deus”, a favor da redenção. Com premissa interessante e desenrolar banal, consegue alcançar certo suspense nos momentos finais. Sua ingenuidade cristã fora de moda o mantém agradável de ser assistido superando falhas do tipo não haver externas, erros de continuidade e os costumeiros parcos recursos da Columbia Pictures. Produtora conhecida entre os grandes estúdios como “A Pobretona”, porque, até ser comprada nos 80 pela Sony, investia muito pouco financeiramente. A própria dançarina Margarita Cansino, transformada em Rita Hayworth, sua principal estrela, em anos de contrato jamais recebeu aulas de canto. Por economia optavam pela dublagem quando necessário. Vale também, lógico, para se ver a atriz antes de se tornar a imortal Gilda, ainda tão insegura, mas já maravilhosa.

Anjos da Broadway – Angels Over Broadway

- EUA 1940 De Ben Hecht Com Rita Hayworth, Douglas Fairbanks, Jr., Thomas Mitchell 79’ Drama


DVD - O resumo na contracapa parece ter sido escrito por aluno da 5ª série como prova de redação e a imagem full frame às vezes parece danificada. Há 3 trailers originais, embora nenhum de Angels Over Broadway. Bacana ter o de Gilda, porque evidencia o abismo na interpretação da atriz entre eles.

Cotação: