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19 de julho de 2008

Vidas Amargas

James Dean é tão James Dean, que nos primeiros minutos quando um capanga lhe pergunta seu nome, se ele dissesse ser Cal, tudo desmoronaria. Não que tenha feito um mau trabalho, aliás, recebido na estréia como um novo Marlon Brando, mas teve carreira tão curta e meteórica, que todas as caretas e posições mostradas são exatamente o que acabou deixando em fotos e nos outros dois filmes. O dramalhão comandado por Elia Kazan (queimado ao dedurar colegas na era Macartista que se seguiria em Hollywood), baseado nas últimas páginas de um romance de grande sucesso, perece em sua visão antiquada de contar histórias. Há sempre choro demais a cada dez minutos. Mas não deixa de ser um trabalho interessante, com alguma ousadia fotográfica, com câmeras tortas tal e qual os sentimentos de Cal (Dean), lembrando bastante o enquadramento típico dos quadrinhos. Pode parecer bobagem agora, mas imagina o peso das câmeras da época, e ainda mais do sistema Cinemascope!!! A trama versa sobre o bíblico estigma do irmão bom e o irmão mau, ou de forma mais simplista, a relatividade destes sentimentos ou postura. É curioso como em 1955, antes da revolução cultural que Juventude Transviada (próximo de Dean) causaria os jovens ainda eram retratados como pequenos adultos com conduta infantil.

Vidas Amargas – East of Eden

- EUA 1955 De Elia Kazan Com James Dean, Raymond Massey, Julie Harris, Burl Ives, Richard Davalos, Jo Van Fleet, Lois Smith 118’ Drama


DVD - Na hora de lançar clássicos em versão digital a Warner é a melhor. Se em muitos outros teve versões simples, sempre se empenhou na arte gráfica em manter o espírito do material quando distribuído originalmente. As versões duplas, como deste Vidas Amargas, são de tirar o fôlego. Só o trailer e a faixa de comentários do primeiro disco não estão com legendas em português. No segundo disco há um documentário longo de 1988 sobre James Dean, com imagem bem ruim e algumas informações já defasadas. Principalmente no que se refere à vida amorosa do astro. O making off é curto, mas mostra a atriz Julie Harris recentemente. A parte valiosa mesmo trata-se de muitos testes de figurino, elenco, cenas deletadas ou não aproveitadas. E a principal, a transmissão televisa da pré estréia do filme com uma espécie de Amaury Junior. Ele chama o chefão Jack Warner de Coronel Warner, e ao conversar com uma estrela esquecida ouve-se uma balburdia vindo do povo. O repórter olha pro lado e manda a câmera filmar a multidão: “Senhoras e senhores, Marilyn Monroe acaba de chegar ao cinema!”. Muito emocionante. Quanto ao filme, resta falar que era considerado o elo perdido da carreira de Dean para fãs antigamente. Foi o único de seus três filmes nunca lançados em VHS, só sendo exibido na TV nas madrugadas com imagem em fullscreen bem estragada. Coisa que este maravilhoso disco corrige muito bem.

Cotação:

3 de maio de 2008

David e Betsabá

Esses épicos bíblicos têm algo de suburbano, de engraçado em sua grandiloqüência. Quase como aquele vizinho que resolve construir uma piscina no quintal só pra ostentar seus caraminguados. A Fox não tinha um Cecil B. Demille à mão e pouco se importou, porque apostava que uma história clássica tirada do Novo Testamento serviria para emocionar as multidões. Aliás, na verdade tirada de um romance famoso na década de 40, e esse sim era baseado nas escrituras. Isso talvez explique a ausência de grandes tomadas com multidões, se restringindo ao bas-fond do romance extraconjugal, o que junto às interpretações empostadas tornam os primeiros minutos quase insuportáveis. Susan Hayward está adorável com sua Betsabá (ou Bate-Seba), uma das precursoras do fetiche “exibicionista/voyer”. Danadinha, percebe que o Rei Davi vai toda noite caminhar em seu terraço e aproveita a ocasião pra tomar banho. Mesmo sendo casada! Claro que desde que o mundo é mundo o que não falta é a boa fofoca, e numa época em que adultério era castigado com apedrejamento público se armará o borogodó. Ou como chama o Meu Livro de Histórias Bíblicas: Apuros na Casa de Davi. Há quem aposte que a ira de Jeová impedirá esse adocicado romance de chegar ao happy end?

David e Betsabá – David and Bathsheba

- EUA 1951 De Henry King com Gregory Peck, Susan Hayward, Raymond Massey, Kieron Moore, Jayne Meadows, John Sutton 116’ Drama/Romance


DVD - Duvido que na época de seu lançamento a imagem estivesse tão fantástica como nesse disco. Cristalina, com contrastes e brilho ressaltando a fotografia colorida em tons de sépia. Uma dublagem em português radiofônico (daquelas com os “erres” e “esses” corretinhos) é bonitinha, porém contrasta com tanta perfeição, já o áudio original está limpo. O único bônus é o trailer sensacionalista da época.

Cotação: