8 de janeiro de 2009

O Mensageiro do Diabo

O fato de ser a única direção do ator Charles Laughton só amplifica seu fascínio de obra prima. É como se Da Vinci só tivesse pintado a Mona Lisa... Se equilibrando entre conto de fadas e uma tenebrosa história de serial killer irredutível, é bonito o suficiente para ir além de mero filme para causar medo. Notadamente influenciado pelo expressionismo alemão e na literatura gótica, consegue ser desconcertante em muitos momentos. Tanto visualmente (com momentos até ridículos de tão doces) quanto psicologicamente, nos mostrando que criancinhas inseguras somos nós, apegadas a velhas máscaras sacras para poder confiar no próximo! A diva Lilian Gish, aquela altura já era uma senhorinha que teria relutado pra sair da aposentadoria, abre o espetáculo entre estrelinhas. Recita alguns trechos bíblicos para só aí sermos apresentados ao lobo em pele de cordeiro. Não é sempre que vemos um ator encontrando o papel de sua vida como Robert Mitchum aqui. Quando aparece (vestido como respeitável religioso) num show de strip-tease, e no ápice salta de entre suas pernas um lustroso canivete, sabe-se de qual espécie de fera estamos diante. Disfarçado de pastor, aplica golpes em viúvas desamparadas, até que na cadeia escuta de um condenado à morte sobre a fabulosa fortuna que deixou escondida entre sua família. E o resto da metragem será gasto com o pilantra primeiro conquistando a pobre viuvinha (Shelley Winters, quem mais?) e depois atrás das criancinhas fofas, detentoras do segredo milionário. Nada menos do que um dos mais perversos jogos de gato e rato que o cinema já mostrou.

O Mensageiro do Diabo - The Night of the Hunter

- EUA 1955 De Charles Laughton Com Robert Mitchum, Shelley Winters, Lillian Gish, James Gleason, Evelyn Varden, Peter Graves, Don Beddoe, Billy Chapin 93’ Suspense


Cotação:

5 comentários:

  1. Olá primo!

    Só para informar que "ofereci" um Prémio Dardo a este blog: favor visualizar no Keyzer Soze's Place.

    Esta distinção tem origem num blog brasileiro.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Um filme fabuloso de facto. Um dos melhores noir que já visualizei. O confronto entre bem e mal torna-se aqui mítico. pena que Charles Laughton tenha ficado tão desiludido com a opinião em geral e nunca mais tenha realizado outro projecto.

    E robert mitchum é fabuloso.

    ResponderExcluir
  3. Fifeco, queria pesquisar a fundo e saber de todos os grandes filmes maltratados à época de seu lançamento.

    No caso deste, foi lamentável.

    ResponderExcluir
  4. tudo isso so pelo um pacto

    ResponderExcluir