26 de agosto de 2008

O Bebê de Rosemary

Divisor de águas no gênero, originou uma febre de filmes demoníacos, mas poucos foram tão bem sucedidos no misto de classe e mitologia pagã. Seu horror psicológico consiste basicamente em nos confrontar com o medo primitivo de que estamos absolutamente a sós no mundo. Mesmo aquela pessoa escolhida para ficar ao nosso lado para o resto da vida pode trocar todo e qualquer afeto por interesses pessoais. Polanski se tornaria um mestre na exploração de tal tema, sendo o primeiro trabalho nos EUA uma espécie de geme para a chamada trilogia do apartamento, completada com Repulsa ao Sexo e O Inquilino. Os três, quando não muito, são obras primas da fobia social. A história se passa em 1966 (o ano um), quando recém casados mudam-se para antigo prédio em Nova York e ficam vizinhos de casal de velhinhos insuportáveis. Na verdade, estes antigos moradores (Ruth Gordon brilhante, levou o merecido Oscar de atriz coadjuvante.) são feiticeiros poderosos que convencerão o marido (ator em busca de ascensão) a permitir que sua esposinha gere ninguém menos do que o anticristo. Este roteiro adaptado de livro pelo diretor foi produzido pelo papa dos filmes B Willian Castle, que por um triz bateu o pé para ele mesmo o comandar. Já se pode imaginar a platéia levando choques ou esqueletos presos com fios de nylon, como fez em A Casa dos Maus Espíritos ou Força Diabólica... Castle se contentou em aparecer a lá Hitchcock quando Rosemary está numa cabine telefônica e manteve no elenco Elisha Cook Jr., um de seus habituais atores. Mia Farrow, perfeitamente frágil como protagonista, enfrentava nos bastidores a barra de sua separação com Frank Sinatra, o que atraía muito a atenção da mídia. Numa inovadora estratégia de marketing, armaram uma espécie de coletiva de imprensa onde teve seus cabelos cortados enquanto xingava os repórteres. Como as produções envolvendo o tinhoso que o sucederam, há varias lendas e zica ziras a seu respeito. As principais são que John Lennon foi assassinato em frente ao edifício Dakota, o mesmo que serviu para as cenas externas, e a atriz Sharon Tate, grávida do diretor, foi barbaramente morta algum tempo depois pela seita messiânica de Charles Mason. Por muitos anos preservou-se o mito de que haviam alguns frames com o rosto de satã no minutos finais. Com DVD, imagem mais limpa, e sendo revisto algumas vezes, tal conversa perdeu a força. Aparece realmente, mas o mesmo rosto visto na seqüência da inseminação. A música tema é cantada por Farrow, mas não creditada.

O Bebê de Rosemary - Rosemary's Baby

- EUA 1968 De Roman Polanski Com Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, Ralph Bellamy, Victoria Vetri, Patsy Kelly, Elisha Cook Jr. 136’ Horror


DVD - Mesmo antigo, está em Widscreen e seus extras têm legendados em português. O material bônus é uma entrevista atual retrospectiva sem a presença de Farrow, e um making of da época narrado pela protagonista em momento paz e amor. Ambos bem relevantes com imagens raras. Estranho no Brasil não ter vindo com o trailer de cinema.

Cotação:

5 comentários:

  1. o que aconteceu com o elenco

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  2. John Cassavetes é um dos mais importantes cineastas independentes. Faleceu no inicio dos 80.

    Ruth Gordon levou o Oscar daquele ano.

    Mia Farrow estava terminando seu casamento com Frank Sinatra. Foi casada com Woody Allen e estrela de muitos de seus filmes até a ruidosa separação, quando foi trocada pela filha adotiva do casal.

    A última vez que a vi foi como a babá na refilmagem trash de A Profecia.

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  3. Miguel permita-me lhe corrigir, o ator John Cassavetes faleu no fim dos anos 80, mas precisamente em 1989.E não no inicio dos anos 80 como você havia dito acima. Outa curiosidade do filme era que o papel da Mia Farrow iria ser da atriz jane Fonda, mas Jana estava rodando Barbarela portanto não poderia ficar com o papel.

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  4. Ricardo, ah tá... Fica registrada então a errata.

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  5. esse filme é realmente surpreendente!

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