25 de outubro de 2005

Invasão de Privacidade

E costuma ser sempre uma diversão as surpresas que a TV aberta reserva para as madrugadas de cinéfilos insones. Mais precisamente a TV Globo, que entre clássicos das décadas mais recentes a telefilmes insossos, nos permite reavaliar algumas coisinhas, enquanto o sleep timer não termina sua função. Quem se importa dos cortes para os comerciais e da medonha dublagem em português diante de uma pérola trash do porte de Invasão de Privacidade? O ano era 1993, e os engravatados de Hollywood estavam em alvoroço com a descoberta da loira que deveria dominar as bilheterias naquela década que se iniciava. Dês da descoberta de Jean Harlow ou Alice Faye nos anos 30/40, esta tradição é seguida a risca. Tinha chegado a vez de Sharon Stone após o mega sucesso Instinto Selvagem ( Basic Instinct, 1992). A possível assassina com o “péssimo” hábito de sair de casa sem calcinha fez o polêmico filme cair como uma luva na pseudo liberação sexual anunciada naquele período, pós susto HIV da década anterior. Ela teria dito á Movieline que “Hoje em dia me pagarão para interpretar qualquer papel que eu queira. Até a Lassie”. O produtor Robert Evans (Poderoso Chefão) começou com boas intenções: Conseguiu o roteirista de Instinto Selvagem para adaptar o romance Sliver, de Ira Levin, mesmo autor de O Bebê de Rosemary. Aliás, era sua idéia contratar o mesmo diretor do aterrador suspense de 1968, Roman Polanski. Mas de boas intenções você sabe o que está cheio, né? Com inacreditável excesso de cenas de sexo mornas e um serial killer óbvio rondando miss Stone até o mais otimista apontaria a catástrofe que estaria por vir. Reza a lenda que a platéia teste detestou a primeira versão com sexo mais hardcore, e um assassino bem diferente do visto na versão final. Aliás, depois os sensores americanos ainda obrigaram várias outras picotadas, quase todas no nu frontal de William Baldwin, para a classificação permitir a entrada de menores nos cinemas. Resumindo, mesmo se houver uma versão do diretor, não há promessa de melhorias. E a chuva de fofocas de uma animosidade entre o casal protagonista nos sets invadiu a imprensa especializada. Óbvio que todo o marketing possível era o que eles precisavam, o que também não indicava boa coisa. Lembro que o que mais me incomodou quando aluguei em VHS nem foi tanto a previsível trama policial, ou o sexo careta, mas justamente a personagem de Sharon Stone. Carly Norris está a anos luz da escritora bissexual que fez em seu filme até então mais famoso. Fraca, chorona, e com toda a ação em suas costas, sem trocadilhos, please!!! Até a cena da calcinha (sim, ela teve também uma com calcinha neste!) é involuntariamente risível. No cinema norte americano se reconhece uma mocinha quando na hora da cama ela aparente sofrimento, e não prazer. Em todas estas seqüências Carly é pega á força por um dos Baldwin (nunca sei direito qual deles fez o quê...), e reage como uma donzela vitoriana cheia de culpa. As malvadas nestes filmes sempre dão com mais vontade. Note! Para quem gosta de películas por si só, independente de gênero, ou qualidade, apenas por curiosidade ou para melhor entender a 7ª “arte” (note as aspas também...) nos anos 90, Invasão de Privacidade é considerável. E se for na TV sem se pagar absolutamente nada por isso, porque não?


Invasão de Privacidade (Sliver)
- EUA, 1993 De Philip Noyce com Sharon Stone, William Baldwin, Martin Landau, Tom Berenger 106’ Suspense



Cotação:

7 comentários:

  1. Realmente, o filme é fraco, mas destaco dois pormenores de qualidade: a banda sonora (com tema dos Enigma) e a direcção de fotografia, que consegue criar um poderoso ambiente de pressão sobre as personagens.

    Abraços

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  2. Sam, ah sim! Comprei o vinil na época... Rs Só não suporto UB-40 Lembra?

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  3. Verdade, um filme comercial que Abusa de sexo, é sinal de falta de roteiro..... Concordo com o sam, a trilha sonora salva os ouvidos, mas não o dinheiro do ingresso. A menos que a Miss Stone ainda deixe você com Hard on.

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  4. comu faso pra baixa esse filme ??
    por favor gente
    me add ai crivermd2@hotmail.com

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  5. Anônimo, que tal este endereço: http://multishop.com.br/dvd_produto_detalhes.cfm?cod=104790

    Nem é barato, mas se você vai se dar ao trabalho de ficar baixando, e quer realmente muito ele, é uma boa saída!
    Deixe os downloads para coisas realmente raras, que não foram lançadas comercialmente no Brasil!

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  6. Invasão de privacidade foi progetado para ser um arrasa quarterão daquela época,mas infelizmente naufragou por inúmeros motivos, o primeiro deles foi por seu pretenciosismo. Hollywood às vezes peca pela pretensão e isso é bastante comum em produções cinemátograficas. Invasão de Privacidade é o exemplo disso. A produção na época foi pomposa,O filme era a 2º produção mais cara do ano de 1993, perdendo somente para O Último Grande Heroi com Shuwazzeneger. Como o filme não obteve uma bilheteria satisatória, não alcançou os números investidos, então o prejuízo era esperado. Para contribuir ainda mais para o fracasso, a produção teve desunião entre Sharon Stone e William Baldwin, dizem as más linguas que os dois se odiaram em cena, realmente o filme não teve uma boa propaganda. Além do mais o produtor quase que morre do coração com a pressão do estúdio. Outro fato que contribuiria para a ruina do filme foi porque ele esbarrou com a censura americana, Invasão de Privacidade foi tão picotado que perdeu as melhores cenas. O que era para ser um filme com sexo efervescente, acabou sendo um filme que só soltava faíscas. juntando isso com um roteiro inconsistente e um elenco sofrível. Tom Berenger não diz a que veio, William Baldwin atrapalha com seus ataques de estrelismo, e nem a presença de Polly Walker e Martin Landau traz bons fluídos para o filme. Então coube a Sharon carregar o filme nas costas, e é ela quem empresta um pouco de dignidade ao filme. É visível o esforço que Sharon faz para o filme dar certo. Ela não só está linda e sensual, mas com uma sensibilidade á flor da pele, solitária e infeliz, presa fácil para um vouyervour de plantão. E além do mais ela se esforça também para mudar de registro, antes uma femme fatalle katarine Trammel e agora uma solitária Carly Norris. Para não ser injusto totalmente com o filme,o mesmo tem pontos positivos. A direção profissional do diretor australiano Phillip Noyce, a própria Sharon que faz o que pode para não cair a peteca, mas infelizmente não consegue e uma trilha sonora sensacional com os sons do Enigma e do grupo UB-40 cantando um clássico de Elvis Presley, com uma versão bem ao gosto dos anos 90, que por sinal é uma delícia de se ouvir. O resto são ruínas. Ah! Miguel eu comprei este filme num magazine da região à preço de banana. Miguel Andrade desculpe-me espero que você não me castigue com muito rigor!!!!

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  7. Ricardo, ninguém é perfeito! Hahahaha Mas em saldão eu compro coisas assim também.

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