29 de agosto de 2008

A Mosca da Cabeça Branca

Clássico das mutações homem/inseto permanece interessante mais como drama do que ficção científica. O problema é que justo no clímax, quando o cientista revela à esposa no que seu experimento resultou fica completamente cômico! Narrado em flashback, mostra a luta de uma mulher para não ganhar pena de morte ou ser internada num manicômio. A mocinha confessa ao detetive e seu cunhado (Vincent Price) porque esmagou a cabeça de seu querido marido, um cientista obcecado que ficava horas e horas entretido com seu tele transporte. Ao ser a cobaia humana, a fim de não sacrificar nenhum animal, acidentalmente uma mosca entra junto na máquina o que faz com que os átomos de ambos se mesclem. A experiência é o único paralelo com o remake dirigido por David Cronenberg em 85. Enquanto que as nojeiras da refilmagem podem ser referências à decadência da paixão, neste, como era hábito na época, ressoa no pânico político-social das influências de outras culturas dentro do american way. O horror se impõe em um lar comum, destruindo a família perfeita. Deu certo a ponto de ganhar duas seqüências, tão inferiores que nem em Technicolor são, embora o próximo mantivesse Price no elenco em papel de mais destaque. E lógico, centenas de imitações cada vez mais estapafúrdias.

A Mosca da Cabeça Branca – The Fly

- EUA 1958 De Kurt Neumann Com Vincent Price, David Hedison, Patricia Owens, Herbert Marshall, Betty Lou Gerson 94’ Ficção Científica


DVD - O disco brasileiro está com imagem e áudio excelentes realçando as qualidades cinematográficas. Estranhamente a Fox só distribui ele e o terceiro filme, embora venha como extra seu trailer original e o da continuação, com o filho do cientista entrando na mesma máquina. Ainda contém trailers do remake, da continuação e de Viagem ao Centro da Terra. Não é necessariamente um erro, mas o menu principal o indica “Trailer da cópia do DVD”, ao invés de extras ou bônus. Lembra o de Confissões de Uma Mente Perigosa da Imagens Filmes com um botão chamado easter egg!

Cotação:

28 de agosto de 2008

O Invasor Galáctico

Vergonha alheia! Legítimo herdeiro das ficções científicas 50’s, mas que não fica na paródia, na avacalhação o que é pouco comum. É interessante a tentativa de seguir ipsis litteris uma rebuscada produção científica com os recursos artísticos e financeiros que tinham a seu alcance! O resultado? É quase impossível não cair às gargalhadas durante todo o tempo. Efeitos especiais péssimos, diálogos sem sentido, fotografia acidental, interpretações que nem nas épocas de cruzadinha na igreja vi semelhantes. E o principal: elenco medonho, trajando o último grito da moda do começo dos 80. A história é simples e eficiente. Alienígena, parecido com o Mostro da Lagoa Negra, sabe Deus por que, cai na Terra, precisamente na zona rural (!!!) de Baltimore, o que despertará a cobiça de um grupo de caipiras malvados que decidem capturá-lo para ganhar dinheiro. Muitos mortos, armas laser de plástico e um plot familiar mal e parcamente explorado durante uma hora e 20 minutos. Está ruim? Espere pelo final inacreditável!



O Invasor Galáctico – The Galaxy Invader

- EUA 1985 De Don Dohler Com Richard Ruxton, Faye Tilles, George Stover, Greg Dohler, Anne Frith, Richard Dyszel, Kim Dohler 80’ Ficção Científica


DVD - Nos últimos suspiros da Works DVD (London Films) ela vendeu estas produções baixadas de sites que disponibilizam produções aparentemente sem copyrights. A tiragem pequena fez com que desaparecessem das lojas num estalo. Cada disco traz dois filmes do mesmo gênero, com qualidade precária, nos minutos finais a imagem simplesmente some como se a matriz em VHS (!!!) estivesse mofada. Vale sem dúvida para se guardar estas obras primas classe Z.

Cotação:

27 de agosto de 2008

Problemas Femininos

Divine encara uma (anti) heroína do porte de Scarlett Ohara. Acompanha-se a trajetória de Dawn Davenport de adolescente rebelde no início dos 60 à vida adulta, marginal com tendências a modelo e atriz. Ao descobrir que seus pais não lhe compraram sapatinhos de cha-cha-cha na manhã de natal, dá uma surra neles e foge de casa. Na rua acaba violentada ao pegar carona com um sujeito mal encarado, a própria Divine em momento homem. Mãe solteira, a pobre moça faz de tudo para sobreviver: Garçonete, stripper, prostituta e assaltante na companhia das amigas Chicklette e Concetta. Ainda tendo que aturar uma filha problemática, sua trajetória “da ambição ao crime” desembocará num salão de beleza onde conhecerá seu futuro marido (o único hetero no local) e sua beleza reconhecida como top model. Para John Waters, Problemas Femininos significa, sobretudo, um avanço técnico, com argumento melhor desenvolvido, câmera com mais foco, figurinos e cenários próprios, etc. Artisticamente confirma a consistência de sua filmografia, mesmo nesta época de vacas magras, suas idéias absolutamente críticas à classe média, se sobressaem a qualquer falta de recursos financeiros. Esta grande festa entre amigos muitas vezes peca pelo excesso de diálogos interpretados de forma amadora, mas não corre o risco de perder interesse já que as situações absurdas e jocosas se sucedem até o último segundo.

Problemas Femininos – Female Trouble

- EUA 1974 De John Waters Com Divine, Mink Stole, Mary Vivian Pearce, David Lochary, Cookie Mueller, Susan Walsh, George Hulse, Ed Peranio, Elisha Cook Jr. 92’ Comédia


DVD - Inédito no Brasil, lamentavelmente distribuído pela Continental em uma edição paupérrima. Tão podre que a capa mais parece Xerox colorido, com erros grosseiros no argumento da contracapa e nas legendas. Outra coisa de sabor duvidoso é estampar “Trash Collection”... O que é mais lixo, John Waters ou Christopher Nolan? Ter dinheiro suficiente para as massas aplaudirem porcarias conforme o departamento de marketing de um estúdio quer?

Cotação:

26 de agosto de 2008

O Bebê de Rosemary

Divisor de águas no gênero, originou uma febre de filmes demoníacos, mas poucos foram tão bem sucedidos no misto de classe e mitologia pagã. Seu horror psicológico consiste basicamente em nos confrontar com o medo primitivo de que estamos absolutamente a sós no mundo. Mesmo aquela pessoa escolhida para ficar ao nosso lado para o resto da vida pode trocar todo e qualquer afeto por interesses pessoais. Polanski se tornaria um mestre na exploração de tal tema, sendo o primeiro trabalho nos EUA uma espécie de geme para a chamada trilogia do apartamento, completada com Repulsa ao Sexo e O Inquilino. Os três, quando não muito, são obras primas da fobia social. A história se passa em 1966 (o ano um), quando recém casados mudam-se para antigo prédio em Nova York e ficam vizinhos de casal de velhinhos insuportáveis. Na verdade, estes antigos moradores (Ruth Gordon brilhante, levou o merecido Oscar de atriz coadjuvante.) são feiticeiros poderosos que convencerão o marido (ator em busca de ascensão) a permitir que sua esposinha gere ninguém menos do que o anticristo. Este roteiro adaptado de livro pelo diretor foi produzido pelo papa dos filmes B Willian Castle, que por um triz bateu o pé para ele mesmo o comandar. Já se pode imaginar a platéia levando choques ou esqueletos presos com fios de nylon, como fez em A Casa dos Maus Espíritos ou Força Diabólica... Castle se contentou em aparecer a lá Hitchcock quando Rosemary está numa cabine telefônica e manteve no elenco Elisha Cook Jr., um de seus habituais atores. Mia Farrow, perfeitamente frágil como protagonista, enfrentava nos bastidores a barra de sua separação com Frank Sinatra, o que atraía muito a atenção da mídia. Numa inovadora estratégia de marketing, armaram uma espécie de coletiva de imprensa onde teve seus cabelos cortados enquanto xingava os repórteres. Como as produções envolvendo o tinhoso que o sucederam, há varias lendas e zica ziras a seu respeito. As principais são que John Lennon foi assassinato em frente ao edifício Dakota, o mesmo que serviu para as cenas externas, e a atriz Sharon Tate, grávida do diretor, foi barbaramente morta algum tempo depois pela seita messiânica de Charles Mason. Por muitos anos preservou-se o mito de que haviam alguns frames com o rosto de satã no minutos finais. Com DVD, imagem mais limpa, e sendo revisto algumas vezes, tal conversa perdeu a força. Aparece realmente, mas o mesmo rosto visto na seqüência da inseminação. A música tema é cantada por Farrow, mas não creditada.

O Bebê de Rosemary - Rosemary's Baby

- EUA 1968 De Roman Polanski Com Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, Ralph Bellamy, Victoria Vetri, Patsy Kelly, Elisha Cook Jr. 136’ Horror


DVD - Mesmo antigo, está em Widscreen e seus extras têm legendados em português. O material bônus é uma entrevista atual retrospectiva sem a presença de Farrow, e um making of da época narrado pela protagonista em momento paz e amor. Ambos bem relevantes com imagens raras. Estranho no Brasil não ter vindo com o trailer de cinema.

Cotação:

22 de agosto de 2008

Pacto Sinistro

Obra prima de Alfred Hitchcock, embora pouco lembrada como um dos melhores já produzidos em Hollywood. Era o início da feliz fase que entraria na década de 50, embora tecnicamente, aparente ser mais antigo. Por mais frescor que exigisse de seus roteiros (por acaso a estréia em adaptações dos livros de Patricia Highsmith), Hitchcock preservava muitos cacoetes já fora de moda. Retro projeções ao invés de externas, câmera acelerada em cenas de perseguição, etc. Óbvio que este pode ser um de seus diferenciais, fez tudo do jeito que sempre quis, com aprovação da platéia e de forma pouco vista, pelos estúdios. Em uma viagem de trem, jogador célebre de tênis cruza com Bruno (Robert Walken), um pretenso fã. Conversa vai, conversa vem, o desconhecido conta-lhe sua idéia de crime perfeito. Cada qual assassinaria um desafeto do outro, e como não há relação alguma entre ambos, jamais seriam descobertos. O esportista tem a ex-esposa libertina a lhe empacar e Bruno, seu pai magnata e intransigente. Claro que não há como levar a sério tais devaneios, embora o desconhecido creia no pacto selado, cumpre sua parte, e passa a exigir o mesmo do outro. O circo está armado e o que não faltam são momentos do mais puro talento artístico! Adaptado por Raymond Chandler (entre outros), polemicamente como muitas das parcerias do mestre, é um dos textos mais bem amarrados que já filmou. Conduz a platéia a uma espécie de funil macabro, enquanto ricamente dá espaço às mais variadas interpretações, inclusive sexuais. Walken, que faleceria logo depois graças ao alcoolismo, entrou para a diminuta galeria de atores que conseguiram ter seu talento destacado em um filme de Hitchcock.

Pacto Sinistro - Strangers On A Train

- EUA 1951 De Alfred Hitchcock Com Farley Granger, Robert Walken, Ruth Roman, Patricia Hitchcock, Laura Elliot, Marion Lorn, Norma Vaden 101’ Suspense


DVD - Outro clássico lançado com a dignidade que merece pela Warner, distribuidora número um para este tipo de filme. Embalado em luva de papelão, só a faixa de áudio com comentários e o trailer não estão com legendas em português. No segundo disco, a versão integral de Pacto Sinistro conforme foi exibido numa pré estréia, com alguns minutos a mais e sem a cena final no trem. São quatro documentários: Um com historiadores contando detalhes de bastidores, outro com Patricia (filha de Hitchcock e participante do elenco) com as filhas relembrando fatos familiares, um terceiro com a atriz que faz a vitima míope e o mais curioso com M. Night Shiamalan analisando o roteiro.

Cotação:

21 de agosto de 2008

Monstros

O mais desagradável filme já feito! Mais ultrajante pelos sentimentos confusos que causa do que na história mostrada na tela. Na luta para concorrer com a série de horror da Universal, a MGM contratou Tod Browning, o mesmo do Drácula com Lugosi, para comandar a “fita mais horripilante já produzida”. Contando com um número impressionante de pessoas realmente deformadas (sem pernas e braços, ou só sem pernas, ou só sem braços, siameses, anões, doentes mentais, etc.) acabou sendo banido, censurado, remontado, ao ponto de ser mais famoso do que assistido até hoje em dia. O roteiro versa sobre a belíssima trapezista Cleópatra (Olga Baclanova), que mancomunada com seu amante, O Homem Forte, seduz o anão Hans para assassiná-lo e botar as mãos na fortuna que herdou. Quem é são os monstros, afinal? Parece, guardando as devidas proporções, um caso semelhante ao de As Patricinhas de Beverly Hills, que acabou com as intenções invertidas, ao ser adorado por quem critica, ou O Clube da Luta, acusado de violento embora com mensagem pacifista. No fim das contas, Freaks é principalmente um libelo sensacionalista contra o preconceito a quem infelizmente nasceu daquela maneira. Sua proibição serviu historicamente para provar que estava certo no discurso da repulsa dos “normais”. Curiosamente, a lei de sua proibição em muitos estados americanos não foi revogada, o que o mantém como maldito 77 anos depois. Os irmãos anões Harry e Daisy Earlys, vivendo aqui namorados, são na verdade irmãos, e trabalhariam depois em O Mágico de Oz.

Monstros – Freaks

- EUA 1932 De Tod Browning Com Olga Baclanova, Wallace Ford, Leila Hyams, Henry Victor, Harry Earles, Daisy Earles, Daisy e Violet Hilton 62’ Horror


DVD - Lá fora ele é distribuído pela Warner, em um DVD com extras bastante comentados. Aqui, saiu por duas empresas, conhecidas por lançamentos “alternativos” e preços elevados, Continental e Magnus Opus. Pelo menos a Opus parece ter a matéria prima de melhor qualidade. Monstros vem com três finais alternativos, sendo que há pouca diferença entre dois deles e um prólogo explicativo retirado do filme em épocas remotas. Há ainda toneladas de texto interessante sobre o tema, e uma galeria intitulada “Fotos Proibidas”.

Cotação:

20 de agosto de 2008

Horror de Frankenstein

A Hammer nesta altura do campeonato tentava reagir à eminente queda de bilheteria se renovando. Não há toa, este filme troca o festejado ator Peter Cushing por Ralph Bates como o Barão Victor Frankenstein, personagem iconográfico da produtora, responsável pelo estrondoso sucesso de sua primeira produção de horror, A Maldição de Frankenstein de 1957. Depois de cinco filmes com Cushing, Bates trazia o diferencial de empregar humor ao cientista, atitude percebida em todo o resto da fita, brincando no ambiente conhecido em que se desenvolve. Tanta segurança ainda pode ser reflexo da direção de Jimmy Sangster, prolífero roteirista da Hammer Films, inclusive da citada obra de 57. Modesta, a história apenas moderniza o velho cientista louco endinheirado, sem maiores alteração ao que Sangster tinha escrito. É como se depois de tanto tempo apenas dessem um reboot na mitologia que se viu até E Frankenstein Tem Que Ser Destruído. Como toda e qualquer produção do estúdio, o cuidado geral preserva a aura gótica clássica, mantendo seu interesse depois de quase quarenta anos. Se há um quesito em que Horror de Frankenstein se destaca é no elenco! Praticamente todos ali são reconhecíveis. A começar por Bates e Veronica Carlson, protagonistas de alguns outros trabalhos de horror tal e qual a diva Kate O'Mara, a empregadinha interesseira de cama e mesa. Jon Finch, o guarda, embora aparente aqui ser muito jovem, faria dois anos depois Frenesi de Alfred Hitchcok, e Dave Prowse como o monstro ficaria célebre sendo o guarda-costas em Laranja Mecânica, e Darth Vader de Guerra nas Estrelas.

Horror de Frankenstein – The Horror of Frankenstein

- Inglaterra 1970 De Jimmy Sangster Com Ralph Bates, Kate O'Mara, Veronica Carlson, Jon Finch, Geoffrey Lumsden, Graham James, Dave Prowse 95’ Horror


DVD - A WorksDVD, finada e memorável distribuidora, o comercializou primeiro em bancas e depois pelos mais díspares valores em lojinhas e grandes magazines do Brasil. O filme tem ótima qualidade de imagem em widescreen anamórfico, embora os menus sejam bem bagunçados e feios. Houve tentativa de incluir extras, coisa rara em seus discos. Tem o trailer original inglês, biografias em texto do diretor e de Ralph Bates, além de duas galerias de imagens, uma com Veronica Carlson e outra com as telas em óleo pintadas pela atriz. A contracapa indica a existência de uma entrevista com a mesma, mas não é verdade. A faixa de comentários do diretor merecia ter legendas em português.

Cotação:

15 de agosto de 2008

Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón

No princípio não eram as trevas! A efervescente Madri do inicio dos 80 tinha seu registro definitivo neste primeiro Almodóvar em longa-metragem. Rodado originalmente em 16 mm, e depois telecinado para 35, é antes de tudo um exemplo de que com pífios recursos financeiros dá pra fazer coisas muito bacanas. De técnica rudimentar, amadora mesmo, o infat terrible espanhol em seus primeiros passos já demonstrava todo o talento em tramas folhetinescas com final calminho, apenas com um diálogo brando. Carmen Maura é Pepe, adolescente provinciana que mora na capital cultivando maconha em vasos na janela. Quando o policial mau caráter do apartamento em frente toma conhecimento disto, vai até ela pra tomar vantagens sexuais acabando por violentar a pobre moça virgem! Sedenta por vingança, ela aproxima-se de Luci, esposa infeliz do meganha, que casou esperando ser tratada como puta, mas é tida como uma mãezinha. Sendo assim, durante uma aula de tricô na casa de Pepi, Luci ao receber da punk Bom um jato de urina na cara fica perdidamente apaixonada! E lá vai a ex pacata dona de casa provar as delícias do sadomasoquismo e da agitada vida noturna. Há um número incrível de personagens se cruzando na tela o tempo todo, sem jamais deixá-lo chato ou confuso, numa grande demonstração de suas habilidades como roteirista. Também é um dos tantos filmes de Almodóvar a fazer referência à Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock. Aliás, é numa cena de voyerismo, de binóculos na janela e tudo, que ele é visto como mestre de cerimônias em inusitado concurso caseiro de quem tem o pênis maior.

Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón – Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón

- Espanha 1980 De Pedro Almodóvar Com Carmen Maura, Eva Siva, Olvido Gara, Félix Rotaeta, Cecilia Roth, Julieta Serrano, Cristina Sánchez Pascual, Assumpta Serna 82’ Comédia


DVD - A edição digital italiana (região 2) possui legendas apenas em italiano, o que em se tratando de filme espanhol, mais atrapalha do que ajuda. Ver um Almodóvar sem legendas é quase como quando se aprendeu a andar de bicicleta sem as rodinhas, dá um medo danado de não conseguir chegar até o fim da rua. Os extras se resumem às biografias em texto do cineasta e das atrizes Carmen Maura e Olvido Gara. Mesmo consagrado com Oscar, muitas das películas de Almodóvar continuam inéditas em DVD no Brasil. Até de fases mais recentes como De Salto Alto ou A Flor do Meu Segredo sumiram do mapa. Pepi, Luci, Bom y otras chicas del Montón, assim como Pink Flamingos de John Waters, teve a única exibição comercial no Brasil no inicio dos 90, numa sessão de produções independentes que a TV Bandeirantes (Band) mantinha aos domingos.

Cotação:

O Beijo da Despedida

Cary Grant dá cerca de nove beijos, beijinhos e beijões em Susy Parker e é o que pouco resta aqui. Uma interminável discussão sobre se três marinheiros devem ou não abdicar dos quatro dias de folga em Nova York em nome da pátria. Embora a trama se passe em 1944, é evidente que refletia a recente guerra na coréia, e o quanto os americanos já não viam tanta graça assim em colocar suas vidas em risco. Mas calma! Isso parece estar subliminarmente dentro do texto, porque a Fox também não ousaria levar o título de antiamericana com o macarthismo a todo vapor. Na verdade o que o filme nos dá é uma comédia muito pobre, com poucos cenários, embora dirigida pelo grande Stanley Donen, e estrelada por Cary Grant em vias de se aposentar. Em suma, um desperdício de talentos com algumas músicas conhecidas tocando ao fundo. Estranho é o estúdio ter contratado Jayne Mansfield, famosa não por imitar Marilyn Monroe, sua maior estrela, mas por satirizá-la. Com pouco texto, sua presença é decorativa. Mansfield não faz a loira burra, e sim a débil mental total! Só não bateu com um sorvete na testa, mas quase, quase...

O Beijo da Despedida – Kiss Them for Me

- EUA 1957 De Stanley Donen Com Cary Grant, Jayne Mansfield, Leif Erickson, Suzy Parker, Werner Klemperer, Jack Mullaney 102’ Comédia


DVD - A série cinema em dobro traz dois títulos antes vendidos separadamente naquela coleção podre chamada Clássic Collection. A má notícia é que na mesma caixinha não vem dois discos, mas um filme em cada lado, o que exige certa destreza na hora de manuseá-lo. Não há extra algum, mas o filme mantém qualidade excelente, inclusive com uma faixa de áudio contendo uma dublagem caquética em português.

Cotação:

14 de agosto de 2008

O Labirinto do Fauno

Este espetacular filme (literalmente falando) é imbuído de mitologia cristã em doses bem maiores do que qualquer grande épico assinado por Cecil B. Demille. O uso de figuras pagãs, por tanto, só aumentam o estranhismo entre a cabeça de uma menina em situação de perigo e a realidade. Guillermo del Toro retornava a falar do horrores da Guerra Civil Espanhola, conforme fez em A Espinha do Diabo, mas agora com roteiro próprio melhor acabado, apostando durante todo o tempo na quebra de expectativas da platéia. Tão bem acabado que pesa pouco seus muitos efeitos especiais nem sempre bem feitos. Em 1944, mesmo com a Guerra Civil acabada, capitão mantém-se fiel aos seus princípios fascistas vivendo na zona rural com soldados, enquanto rebeldes começam a fechar o cerco. Nesse cenário conturbado chega a menina Ofélia, filha da nova esposa do militar que se encontra gravidez de risco. Após ficar viúva, a mulher viu no casamento submisso a chance dar uma vida mais cômoda à garota, não considerando a postura sórdida do marido. Já Ofélia, como toda criança em meio à brutalidade que a cerca, faz brotar esperança ao criar um mundo mágico um pouco menos (!) assustador. Mais mágico é o fato de que ao final têm-se a sensação de ter assistido a um curta-metragem, embora possua quase duas horas.

O Labirinto do Fauno – El Laberinto del fauno

- Espanha/México/EUA 2006 De Guillermo del Toro Com Ivana Baquero, Sergi López, Maribel Verdú, Doug Jones, Ariadna Gil, Álex Angulo 118’ Drama


DVD - A Warner o distribui em edição franciscana, com menus estáticos e apenas um making of como extra. Na contracapa não há menção à faixa de áudio com comentários do diretor, talvez porque economizaram deixando de legenda-la em português.

Cotação:

12 de agosto de 2008

Encarnação do Demônio

O dia em que veríamos um novo José Mojica Marins nos cinemas parecia não chegar nunca! Mas chegou, com baixo orçamento como se esperava e uma inacreditável distribuição da Fox. Se tudo correr bem, ou seja, tiver bilheteria satisfatória, talvez a filmografia nacional escape da atual arapuca favela - elenco da Globo - drama. Há tela pra todo tipo de platéia. Embora a entrada custando quase duas notas de 10 Reais, sabe-se que esta platéia só pode vir da classe média. Diante do caos crônico, assistir uma nova desventura do coveiro mais famoso do mundo ganha status de momento histórico em nossas vidas! Mojica continua sendo único, criador de uma mitologia 100% nacional, diretor à base de boas idéias executadas a duras penas, sob o olhar de viés de um publico cada vez mais acostumado ao óbvio e ululante. Infelizmente o roteiro escrito por Dennison Ramalho, tendo como base argumento do cineasta, faz concessões a essa vertente de entretenimento fácil. Se no filme anterior (Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, 1967) havia uma trama bem certinha onde personagens bem delineados giravam em torno do protagonista que buscava a mulher superior, agora temos o Zé do Caixão exibindo sua crueldade a torto e a direito, e só! São tantas garotas em tão pouco tempo que a motivação principal da esposa que gerará seu filho vira pó. Encarnação do Demônio parece confirmar os roteiros mal estruturados como o defeito mor do cinema daqui, não se sabe se por pressa ou falta de recursos, parecem receber pouco tratamento. A edição (só na base do picadinho!) também não nos dá tempo suficiente para que haja empatia com qualquer das vítimas a ponto dos crimes nos importarem. Entre muitas boas sacadas, os fantasmas dos filmes anteriores reaparecem em preto e branco conforme foram fotografados no passado. O grande Jece Valadão faz um policial caolho fabuloso e de tabela nos faz indagar porque filmes brasileiros desprezam tantos atores típicos da mídia. Sua morte, com o trabalho incompleto, forçou a várias (ótimas) trucagens para não eliminar o ator. Mesmo inserindo um substituto, em momento algum o resultado lembra o absurdo de Bela Lugosi em Plan 9 from other Space. Ainda no elenco (de uma forma geral bem coeso e esforçado), há dois ícones das nossas telas que merecem atenção: Cristina Aché e Helena Ignez. José Celso Martinez Corrêa, diretor de teatro, tem presença over desnecessária, em um inferno de resultado idem. Lá, convence pouco que pessoas têm seus olhos e boca costurados (de verdade!) por um capeta que usa luvas cirúrgicas, assim como a presença da morte representada de maneira bem óbvia por garota muito magra de capuz negro. Como fim de trilogia, não é a chave de ouro que merecia, como cinema, embora com seus defeitos, ainda é bem superior à maioria das tranqueiras que os norte-americanos desovam em nossas telas todas as semanas.

Encarnação do Demônio - Encarnação do Demônio

- Brasil 2008 De José Mojica Marins Com José Mojica Marins, Giulio Lopes, Milhem Cortaz, José Celso Martinez Corrêa, Jece Valadão, Helena Ignez, Rui Resende, Eduardo Chagas, Cristina Aché, Thais Simi, Cléo De Páris 98’ Horror


*** Em cartaz ***

Cotação:

Marte Ataca!

Além de levar o pouco honroso título de o primeiro filme baseado em figurinhas de chiclete, ainda se deu ao luxo de usar um dos elencos mais estrelares já reunidos. Tão escachado e ao mesmo tempo tão hermético, é político-social crítico como poucas vezes vimos vindo de um grande estúdio de Hollywood. Tim Burton usou a série de imagens 60’s para reverter a interpretação que as produções com invasões alienígenas se prestavam no passado. “Pobre EUA, sempre sendo ameaçado por forças externas terríveis!”. Nos mornos anos noventa a Guerra Fria com seus perversos comunistas à espera de uma brecha da grande águia democrática já tinha saído faz tempo do imaginário popular. Deu lugar à não menos xenófoba paranóia quanto à invasiva chegada de latinos (ou qualquer outro estranegiro) em busca de seu lugar ao sol. Não é à toa de que o grande herói se revelará o adolescente xicano vendedor de Donuts, enquanto os americanos aparecem mais idiotas e presunçosos do que de costume. Como não há quem goste de dedos em riste contra seu nariz, não houve por lá quem achasse graça. Deste lado do equador, para quem se permitir rir e pensar ao mesmo tempo, aplaudirá o espetáculo de referências aos “grandes” momentos do cinema B da décadas 50 e 60. Burton não abriu mão inclusive de misturar inúmeras imagens de arquivos de velhas fitas catastróficas como convinha ao gênero. Ainda arranjou papéis para muitos astros de outros tempos como Pam Grier, musa dos blaxploitation que depois trabalharia com Quentin Tarantino, e Sylvia Sidney, que como a vovozinha esquecida num asilo teve seu último trabalho na tela grande antes da morte em 1997. O compositor Danny Elfman tem na trilha sonora de Marte Ataca! um dos pontos altos de sua carreira.

Marte Ataca! – Mars Attacks!

- EUA 1996 De Tim Burton Com Jack Nicholson, Glenn Close, Annette Bening, Pierce Brosnan, Danny DeVito, Martin Short, Sarah Jessica Parker, Tom Jones, Lukas Haas, Pam Grier, Lisa Marie, Natalie Portman, Sylvia Sidney, Christina Applegate, Black Jack 106’ Ficção Científica/Comédia


DVD - Este lançamento antigo da Warner recebeu reimpressão substituindo capinhas de papelão perecíveis. O conteúdo continuou o mesmo, com os desconfortáveis dois lados, tendo fullscreen e widescreen em cada um, o que nos faz sempre deixar marcas de dedos. O filme roda automaticamente, o que parece outra lembrança da época pré-histórica do DVD. No menu principal não há a função iniciar, o que nos obriga a entrar no filme através da seleção de capítulos. De extras, muito texto em inglês, dois trailers também sem versão em português, e a opção de se assistir à película sem os diálogos. Ao entrar em o áudio, repare na opção “marciano” e clique!

Cotação:

8 de agosto de 2008

Los Angeles – Cidade Proibida

Quem tem asas voa na cidade dos anjos. Quem não tem se envolve até o pescoço com todo tipo de sujeira. A grande sacada deste filme, dirigido pelo então apenas medíocre Curtis Hanson, não é em apelar para o realismo de uma época, mas desenrolar a história justamente no imaginário popular sobre o que teria sido a primeira metade da década de 50. A Califórnia repleta de espertalhões mamando na efervescência local à revelia de uma polícia considerada a melhor do mundo. Como não poderia deixar de ser, perambulando pelo roteiro inúmeras referências à Hollywood clássica, sendo a mais saborosa a agência Flor de Lis, especializada em prostitutas sósias de atrizes famosas. Nesse cenário surge a personagem de Kim Basinger, uma ode ao saudosismo relembrando a fatal Veronica Lake. Ela é o contrapeso aveludado entre os policiais bonzinhos e durões, arrastados para a disputa do tráfico local. Tem presença luminosa, embora seu desempenho não seja lá essas coisas pra ter levado o Oscar de melhor atriz coadjuvante em 97. Mero detalhe perto da reconstituição de época, trilha sonora, direção de arte, tudo parece funcionar! Só não é uma obra-prima porque há subtramas e personagens demais ao ponto de depois da primeira hora ficar confuso, quase maçante. Assista aos créditos finais inteiros.

Los Angeles – Cidade Proibida – L.A. Confidential

- EUA 1997 De Curtis Hanson Com Kevin Spacey, Russell Crowe, Guy Pearce, James Cromwell, Kim Basinger, Danny DeVito, David Strathairn, 138’ Policial


DVD - Muito bem feito, com a estética dos menus lembrando uma revista sensacionalista, tal e qual a revista Hush-hush do filme. O material em texto sobre os 50’s é bem interessante, dando um panorama geral aos pontos relacionados à ficção que se acabou de ver. Falha grave a falta de legendas não só no making off de quase meia hora, mas no resto dos extras. Há um mapinha com as localidades de Los Angeles onde cada ícone ao ser clicado exibe trecho do filme com algumas explicações, e uma galeria curiosa com Hanson mostrando imagens que serviram de base para a produção. Ele confirma que o galã B Aldo Rey teria servido de inspiração para Russel Crowe, inclusive o corte de cabelo. Está presente a opção (típica dos DVDs mais antigos) de se assistir ao filme só com as músicas, função não muito prática graças aos longos minutos silenciosos sem os diálogos. Além disso, spots de TV e trailer de cinema.

Cotação:

7 de agosto de 2008

Envolto nas Sombras

No começo é inevitável esperar que Lucille Ball faça algo engraçado. Mas nada disso! Aqui ela é a secretária competente de um detetive particular. Daqueles sujeitos durões que usam pra trabalhar chapéu elegante, porta de vidro, e recebem pedidos de auxílio de belas garotas fumando longos cigarros brancos. Noir com N maiúsculo! A fotografia praticamente esnoba qualquer tom de cinza, parecendo um gibi com caras maus desenhado a nanquim. Não poupa nada do que estava em moda naquela época, em plena era de ouro de Hollywood, onde em seus filmes nem os fracos ou os sem algum aplomb tinha vez. Todos, antes de qualquer coisa, esbanjam glamour nesta história tão envolvente quanto barata. Um detetive de passado discutível passa a ser perseguido mortalmente por alguém sem motivo aparente além, lógico, de alguma enrascada do passado. Terá, com a ajuda da fiel secretária, que desembaralhar o quebra cabeças de pistas falsas, ainda que aqui, deste lado da tela, descubra-se antes dele quem está por trás de tudo. Não há do que reclamar da chuva de clichês detetivescos, porque embora se saiba não ter sido um dos primeiros, é uma produção do auge do gênero. Com alguma violência explícita, filmes de detetives vieram para substituir os de gângster da década passada, depois que o código de moral e conduta entrou em vigor. De nariz em pé e com a habitual classe, Clifton Webb é a personificação definitiva do magnata megalomaníaco.

Envolto nas Sombras – The Dark Corner

- EUA 1946 De Henry Hathaway Com Lucille Ball, Clifton Webb, William Bendix, Mark Stevens, Kurt Kreuger, Cathy Downs 99’ Policial


DVD - Mais um da série Fox Classics lançado como se fosse um favor, com arte da capa e menus padronizados. Possui na parte interna um cartão postal com o pôster original do filme, mas nem sempre os outros volumes possuem este brinde, que justificaria o relaxo da capa. Em contrapartida, todos têm imagem muito bem restaurada e as proporções de tela preservadas, além do trailer de cinema.

Cotação:

Cega Obsessão

Estudo hardcore sobre a cegueira da paixão incondicional, a evidente servidão do algoz diante das recusas do ser preterido. Tem ecos de vários outros de mocinhas aprisionadas, quase um subgênero dos romances, ou histórias de amor para adultos, sem finais tão óbvios. Como em Nunca Fui Santa, Ata me! e O Colecionador, desconfia-se pouco de que as tentativas da garota em fugir vão acabar em suplicas de afeto eterno. Pelo contrário, há sempre reviravoltas aqui e ali, e muitas vezes o final feliz tem sabor discutível. No caso deste exemplar nipônico, espera-se um radicalismo maior e não nos decepciona. Doentio em sua estética discorre ainda sobre a figura materna (onipresente) na vida de um homem adulto, muito mais do que discussões sobre caminhos relevantes da arte. Tema, aliás, que acabou diluído entre tantos emaranhados psicológicos. O enredo é basicamente sobre modelo de pouco sucesso que se submete a fazer trabalhos (fotos e esculturas) de nudez, despertando a atenção de artista plástico cego. Junto a sua possessiva mãe, seqüestra a beldade a fim de que pose só para ele. Apenas com três atores e um grande e bizarro cenário com mórbidos pedaços de corpos de argila, consegue nos fazer pensar ininterruptamente em meio à claustrofobia incessante. É um grande filme, artesanal, muito mais preocupado em apontar sentimentos do que declarar verdades sombrias.

Cega Obsessão – Môjû

- Japão 1969 De Yasuzo Masumura Com Eiji Funakoshi, Mako Midori, Noriko Sengoku 84’ Drama/Suspense


DVD - Impossível não reparar de cara o erro grosseiro no nome da distribuidora Magnus Opus, mas graças ao interesse dela temos inúmeros filmes que nem em uma próxima encarnação seriam lançados no Brasil. O longa tem imagem de escopo original, legendas boas e o esforço dos esforços em extras. Em uma produção rara como Obsessão Cega, até o material em texto se torna precioso. Há também o dramático trailer de cinema, biografias e um videozinho em texto ridículo de outros lançamentos. O ponto ruim é seu preço elevado, sendo que o disco vem acondicionado numa embalagem plástica de péssima qualidade, semelhante à usada pelos camelôs. Nem dá pra fechar direito.

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6 de agosto de 2008

Não Somos Anjos

Comedinha muito bonitinha, cheia de intenções boazinhas, que se tivesse sido filmada 20 anos antes daria pra jurar ter a assinatura de Frank Capra. Estranho é Michael Curtiz (de Casablanca) não só o dirigir de forma cinematograficamente careta, mas também sem o mínimo esforço em adaptar/disfarçar para a tela grande as origens teatrais do enredo. Toda a ação se passa em apenas um cenário, inclusive sem o uso da chamada quarta parede. Num natal do final do século 19, ao escaparem da prisão, três perigosos bandidos se refugiam numa loja. A intenção de dar golpe vai se diluindo conforme se envolvem sentimentalmente com a pacata família proprietária. Resolverão os problemas domésticos fazendo uso dos dons que cada qual possui e que antes serviam à criminalidade. Simpático mas envelhecido, a mensagem de que é possível se redimir sem deixarmos de ser quem sempre fomos ainda parece válida. O elenco talvez seja o principal motivo para assisti-lo, encabeçado por Humphrey Bogart visto raramente fazendo humor, Aldo Ray, galã de muitos filmes B, e Peter Ustimov, o imperador insano de vários épicos. Foi uma das primeiras produções fotografadas em Cinemascope, o que justifica o trio de protagonistas a fim de ocupar toda a tela. Tateando na técnica, inúmeros longas-metragens do período tiveram igualmente três atores: Dançando nas Nuvens, Dá-Me Um Beijo, Como Agarrar um Milionário, etc. Em 1988 gerou remake dirigido por Neil Jordan.

Não Somos Anjos – We're No Angels

- EUA 1955 De Michael Curtiz Com Humphrey Bogart, Aldo Ray, Peter Ustinov, Joan Bennett, Basil Rathbone, Leo G. Carroll, Gloria Talbott, John Baer 106’ Comédia


DVD - Esculachada da Paramount! Nem com trailer vem, e a arte dos menus pouco remete ao filme. Com formato widescreen preservado, imagem bem nítida e restaurada, é bacana parecer uma produção atual que se passa no passado. O visual de Aldo Ray, por exemplo, cabeça raspada e os braços tatuados, aparenta modernidade. Foi exibido tanto nos cinemas brasileiros quanto na TV com o título nada haver de Veneno de Cobra, tendo ganhado a tradução literal quando lançado em VHS. A dublagem em português presente ainda o chama pelo velho nome.

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