14 de fevereiro de 2008

A Maldição de Frankenstein

É regra! Toda vez que o cinema vai mal das pernas, inúmeros monstros levantam-se da tumba para encher os cofres das produtoras. Foi assim nos anos 30 pós-crash de Nova York, e nos 50 com a chegada feroz da TV aos lares da classe média. O horror, gênero popular por excelência, ainda leva o rótulo de ser uma arte menor, produto para massas ignóbeis. Quando A Maldição de Frankenstein foi feito, monstros clássicos da literatura, após inúmeras cópias e sátiras, eram figuras desacreditadas no ramo do calafrio. Os EUA faziam à época produções com seres tóxicos, nucleares, dando seqüência aos horrores vindos dos jornais com a chegada da guerra fria. Coube a uma pequena produtora inglesa apontar o (velho) novo caminho. Esta re-imaginação do conto de Mary Shelley levou cor á manjada história do cientista que queria ser Deus, e de tabela deu inicio à Hammer Films na produção de incontáveis filmes horripilantes. Pela primeira vez via-se sangue, e ele era vermelho, um vermelho tão típico que mais tarde nominaria quase que uma cor específica: Vermelho Hammer! Parece bobagem hoje em dia, mas naquele tempo, por ser dispendioso (Technicolor, DeLuxe, etc.), só filme classe A, com bilheteria garantida, era colorido, e como já dito, dificilmente algum estúdio gastaria a mais em troca dos arrepios da platéia. Perceba como exemplo a filmografia de Marilyn Monroe. Em seu auge comercial apenas dois foram preto e branco: Quanto Mais Quente Melhor, por motivos estéticos da maquiagem e do estilo visual retratado (30’s) e Os Desajustados, autoral com as assinaturas de Artur Miller e John Houston. Terence Fischer, que se consagraria dirigindo inúmeros outras películas no estúdio, tomou proveito da falta de recursos financeiros para de lambuja nos dar o germe do estilo inglês do horror: Cenários góticos, claustrofóbicos, associados a muita fornicação contida subliminarmente entre aquelas paredes rebuscadas. Os astros Peter Cushing e Christopher Lee logo depois seriam imortalizados como Van Helsing e Drácula consecutivamente. Mesmo o caçador de vampiros sendo, nas mãos também de Fischer, um louco tão carniceiro quanto beato católico, não deixava de ser o herói. Aqui ele é o vilão mor, o diabo disfarçado de amante da ciência, resguardado pela imensa fortuna herdada muito cedo. Ainda com o hábito de pedir favores sexuais a empregadas miseráveis que sonham com o glamour da grã-finagem. Lee como a criatura surgida de cadáveres com a missão de ser o homem ideal tem momentos dramáticos brilhantes. Não passa de um tolo, acorrentado como cachorro, a mercê de seu criador e carrasco. Mesmo sem texto e a maquiagem famosa de Boris Karloff na Universal, seu olhar muito vivo e infeliz faz com que sua presença seja bem marcante. É um clássico, no sentido eterno do termo, principalmente porque após 51 anos mantém seu charme sem ter envelhecido a ponto de tornar-se comédia como tantos de gênero.

A Maldição de Frankenstein – The Curse of Frankenstein
- Inglaterra 1957 De Terence Fischer Com Peter Cushing, Christopher Lee, Hazel Court, Robert Urquhart 83’ Horror


DVD - Gema inédita no mercado do Home Video nacional, apareceu graças a Warner, detentora dos diretos de distribuição de vários títulos da Hammer pelo mundo a fora. Já é digno de aplausos o uso do pôster original adaptado como arte da capa, mesmo com a derrapada de uma imagem não pertencente à obra na contracapa. O menu imita perfeitamente o mesmo estilo, deixando a aura gótica se iniciar assim que o DVD Player carrega o disquinho. Ainda há o trailer original como brinde. O “senão” está na embalagem de papelão, bem típica dos primeiros lançamentos digitais, que nos dá a sensação de a cada vez que se manuseia danificar-se a preciosidade um pouquinho.

Cotação:

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