31 de dezembro de 2008

Pavor na Cidade dos Zumbis

A esta altura, as duas principais vertentes do cinema comercial italiano se fundiam: O radicalismo dos canibais e a podridão dos zumbis. Foi aí que Lucio Fulci se consagrou mestre, sempre criativo em climas sem abandonar os mais repulsivos recursos para gosto dos de estômago forte. Um argumento tão bem amarradinho que as várias forçadas de barra merecem ser relevadas. Parapsicóloga prevê que numa cidade, construída sobre a antiga Salem, um padre enforcado abriria literalmente as portas do inferno. Com a ajuda de desconhecido, vai descobri aonde tal cidade fica e desenterrar o religioso antes do por do sol. Enquanto isso, várias casos bizarros começam a surpreender os moradores, embora nem sempre as maiores brutalidades sejam feitas pelos mortos. Há violência explícita aos borbotões, com efeitos quase sempre realistas, mas também um insuportável clima claustrofóbico. Aliás, a cena da protagonista acordando dentro do caixão serviu de inspiração a Tarantino duas vezes. No episódio especial que dirigiu para CSI (Grave Danger, lançado em DVD no Brasil como Perigo a Sete Palmos) e em Kill Bill Vol. 2. Planet Terror guarda familiaridade tanto na maquiagem dos mortos-vivos, como na trilha sonora espetacular outra vez a cargo de Fabio Frizzi. Produzido pra entreter e dar medo, assim como um filme pornográfico se propõe a dar tesão, não é um marco ou obra prima, mas cumpre plenamente suas intenções. O que, cá pra nós, já não é pouco.

Pavor na Cidade dos Zumbis - Paura nella città dei morti viventi

- Itália 1983 De Lucio Fulci Com Christopher George, Catriona MacColl, Carlo De Mejo, Antonella Interlenghi, Giovanni Lombardo Radice, Daniela Doria, Fabrizio Jovine, Luca Venantini, Janet Agren 93’Horror


Cotação:

22 de dezembro de 2008

Os Inocentes

Olha o pedigree: roteiro de Truman Capote, fotografia de Freddie Francis, estrelado por Deborah Kerr e baseado no romance A Outra Volta do Parafuso de Henry James. Essa é a receita para uma das produções psicologicamente mais aterradoras já filmadas. Um dos melhores e mais chocantes de horror não explícito. Se o que é dito e sugerido fosse mostrado, pode ter certeza de que seria insuportável de ser assistido. Muito escuro, a protagonista passa maior parte do tempo vagando pelo casarão vitoriano empunhando um castiçal, prestando atenção a qualquer ruído que possa surgir. Babá (Kerr) é contratada por milionário para cuidar de seus dois sobrinhos órfãos. Moram em uma afastada propriedade na companhia apenas dos empregados, sendo que dois deles morreram em circunstâncias suspeitas há algum tempo. Pouco a pouco, ela começará a perceber que a docilidade das crianças pode ser uma manobra para esconder terríveis segredos do passado. Como só a babá vê os mortos (assustadores!), não se chega a saber se não é ela quem levou tanto transtorno aquela casa, ou se realmente suas suspeitas estão corretas. Correto em seus contornos fantasmagóricos e múltiplas interpretações, é um camafeu gótico sem sustos fáceis, mas tão angustiante que mesmo depois de seu confuso desfecho fica-se engasgado.

Os Inocentes – The Innocents

- Inglaterra 1961 De Jack Clayton Com Deborah Kerr, Peter Wyngarde, Megs Jenkins, Michael Redgrave, Martin Stephens, Pamela Franklin, Clytie Jessop, Isla Cameron 100’ Horror


DVD- É da Fox mas poderia ser de uma distribuidora pirata qualquer. Capa tosca com a Deborah Kerr parecendo o Michael Jackson na capa do CD Invincible, menus estáticos mal feitos, fotos da contra-capa mal colorizadas, sendo que o filme é preto-e-branco, e nem trailer de extra vem!

Cotação:

21 de dezembro de 2008

Crepúsculo

Pra começo de conversa, a mocinha parece muito anêmica para ser interesse de um vampiro. Se bem que estes novos vampiros adolescentes são de butique: Nada de sexo, nada de sangue humano, medo da luz solar, nem caninos pontiagudos. Uns chatos mesmo! O filme não esconde sua ambição de levar às telas todos os livros que o inspiraram, o deixando ainda mais com cara de piloto de seriado de TV, cheio de pontas a serem atadas posteriormente. Se fosse um produto televisivo não seria nada mal, na tela grande, as mais de duas horas de chove não molha púbere chega a dar certa impaciência. Isso talvez porque sou velho pro material e aqueles marmanjões de 17 anos fugindo da naturalidade da vida fazem pouco sentido, além de cheirar a demagogia norte-americana. Mas a molecada deve amar! A sala lotada de menininhas que faziam “hihihihihi” a cada investida do casalzinho inter-racial é um sinal a não ser desprezado. A mocinha (Um misto de Jennifer Garner com Ingrid Guimarães mas muito mais pálida) vai morar com o pai numa pequena cidade depois que a mãe casa pela segunda vez. O motivo exato talvez seja descoberto nos evidentes próximos filmes. Lá, se encanta com o garoto da escola mais estranho (mas feio! Muito feio mesmo!), se apaixonam, e depois ficam naquela de que deve ser vampira também ou não. O que também não faz muito sentido já que vampiros são seres maravilhosos e amiguinhos que vivem numa belíssima casa de vidro no meio da floresta, sem nada que os desabone. Aliás, sabe o que acontece quando saem ao sol? Brilham! Como se tivessem tomado banho de purpurina. Cruzes!

Crepúsculo - Twilight

- EUA 2008 De Catherine Hardwicke Com Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Billy Burke, Nikki Reed, Jackson Rathbone, Kellan Lutz, Peter Facinelli, Cam Gigandet 122’Romance


*** Em Cartaz ***

Cotação:

18 de dezembro de 2008

Blood Feast

Belezinha 100% fundo de quintal que leva o honroso título de ser um dos primeiros gore pelo menos em cores. Tripas e qualquer outro órgão são escancarados em vermelho berrante semelhante aqueles albinhos de fotos que tia velha nos mostra pra dizer que já foi a tal. É essa a sensação cafona que rola assistindo Blood Feast, algo familiar, feito entre amigos de bairro para exibições no máximo entre eles. Só não está pau a pau com Plan 9 From Outer Space porque há uma historinha até que bem amarrada. Um serial killer exótico ataca mocinhas loiras para roubar órgãos. Por coincidência, uma grã fina espalhafatosa contrata o Buffet de misterioso professor egípcio, sem saber que o velho é na verdade o maior procurado pela polícia do país, e que planeja repetir milenar ritual de sacrifício. Ou pra saber até onde aquilo tudo vai ou os incontáveis momentos de riso involuntário, ficamos entretidos masoquistamente durante seus curtos 67 minutos. Não daria pra enumerar suas falhas técnicas, e quando digo “falhas técnicas” são “falhas técnicas” mesmo! Como o vilão ser muito jovem e terem pintado o cabelo dele de branco provavelmente usando talco, elenco bem mal escalado, interpretações semelhantes aquelas que se vê em teatrinho de igreja, incontáveis furos de roteiro... Enfim, um incontestável Cult!

Blood Feast

- EUA 1963 De Herschell Gordon Lewis Com William Kerwin, Mal Arnold, Connie Mason, Lyn Bolton, Scott H. Hall, Christy Foushee, Ashlyn Martin, Gene Courtier, Al Golden 67’Horror


Cotação:

17 de dezembro de 2008

Ensaio de Um Crime

Archibaldo é um menino tão rico quanto estranho. Prefere ficar dentro do armário vestido com as roupas da mãe do que usufruir de todos os brinquedos que o dinheiro dos pais pode lhe comprar. Numa bela noite, sua educadora, bisbilhotando a revolução mexicana na janela, leva um balaço, cai morta de pernas pro alto (literalmente!), e o guri passa a acreditar que tem poderes mágicos graças á caixinha de música que ouvia. Quando vira adulto, Archie (para os íntimos) passa a associar a musiquinha que ouvia naquela hora com o trágico primeiro momento sexualmente excitante de sua vida. Dali a querer ver de novo uma mulher de pernas de fora sangrando é um pulo! Narrado em imenso flashback pelo protagonista a um delegado, tem um senso de humor mórbido e folhetinesco, com muitas reviravoltas a cada dez minutos. Interpretado de forma exagerada como se fosse uma telenovela (ehr...) mexicana, Buñuel discorre sobre a psique humana e sua persistência em buscar os prazeres sentidos na infância com sabor de melodrama assinado por Glória Magadan. Tanto o ricaço protagonista, que se diz entre santo e criminoso, quanto as vítimas em potencial, que não foram crianças tão felizes quanto ele, todos procuram algo que jamais lhes pertenceu.

Ensaio de Um Crime - Ensayo de un crimen

- México 1955 De Luis Buñuel Com Ernesto Alonso, Miroslava Stern, Rita Macedo, Ariadna Welter, Eva Calvo, Enrique Díaz 'Indiano', Enrique García Álvarez 89’Comédia/Suspense


Cotação:

16 de dezembro de 2008

Faster, Pussycat! Kill! Kill!

Strippers caratecas assassinas fazendo arruaça pelo deserto em carrões envenenados. Com estas peças, tem como decepcionar? Até poderia se tudo descambasse para a ação descontrolada ou qualquer outro extremo. Russ Meyer demonstra ter controle de tudo, uma absurda noção do lixo pulp que estava dirigindo sem a mínima culpa de ser sexplotation. Não leva o material a sério em nenhum momento, mas é respeitoso com os paradigmas da cultura pop ainda em formação na metade dos 60. Cada quadro é em sua vulgaridade de uma beleza plástica inacreditável! A trama é pura desculpa pra usar as personagens em seus dotes máximos, parecendo mais piloto de seriado de aventura do que outra coisa. As três, lideradas por Varla (Tura Satana, pinup de verdade!) encontram um casal boboca, acabam matando o carinha e seqüestrando a mocinha. Vão se meter com desajustada família de caipiras endinheirados, por acaso, farinha do mesmo saco das fulanas. Engraçado, tem ainda uma trilha sonora de jazz dialogando perfeitamente tanto nas cenas de aventura quanto nas do mais puro dramalhão barato. Há um boato, faz muito tempo, de que Tarantino estaria interessado num remake. Chegaram até a noticiar a escolha de Britney Spears para ser a Varla, o que não tem sentido algum. O diretor já usou incontáveis elementos dele em seus filmes desde Cães de Aluguel até Death Proof.

Faster, Pussycat! Kill! Kill!

- EUA 1965 De Russ Meyer Com Tura Satana, Haji, Lori Williams, Sue Bernard, Stuart Lancaster, Paul Trinka, Dennis Busch, Ray Barlow 83’Ação/Comédia


Cotação:

15 de dezembro de 2008

De Volta ao Planeta dos Macacos

Fato: Filme comercial bem sucedido com pitadas de existencialismo ganha uma seqüência muito mais morna, voltada ao que tinha de mais comum. Foi assim com Matrix e antes já tinha sido com Planeta dos Macacos! Aqui também optaram por muito mais ação e entretenimento e diluir qualquer conversa sobre sociedade, filosofia e religião. O que continuou igualzinho foi o tom épico e assombroso, que chega a tirar o fôlego em muitos momentos, inclusive no desfecho apocalíptico e pessimista. Em pelo menos duas ou três incríveis seqüências alguém deve ter se machucado, ou o cavalo ou o dublê. A gente sempre torce para que não seja o cavalinho... E por ser de 1970 sabe-se que aquilo é real (uau!), e não obra de GC! Acharam uma boa desculpa pra Charlton Heston tomar chá de sumiço boa parte do filme, sendo que há um novo piloto (fisicamente muito parecido) a ir parar no planeta dos símios que acham que são gente. Depois de se encantar com a belezura da Linda Harrison (novamente entra muda e sai calada) descobrirá uma estranha raça humana subterrânea adoradora da bomba atômica. Uma coisa que engana direitinho, é que Roddy McDowall aparece como Cornellius apenas em algumas cenas de arquivo,sendo na maior parte do tempo foi substituído por David Watson, ator especializado em produções televisivas. Além de o personagem ter menos importância aqui, debaixo de tanta maquiagem tanto faz...

De Volta ao Planeta dos Macacos – Beneath the Planet of the Apes

- EUA 1970 De Ted Post Com James Franciscus, Kim Hunter, Maurice Evans, Linda Harrison, Paul Richards, Charlton Heston, Victor Buono, James Gregory, Roddy McDowall 95’ Aventura


DVD- Lançado e relançado pela Fox das mais diversas maneiras, exatamente como todo e qualquer coisa de seu catálogo. Essa edição, ao contrário do primeiro duplo, tem como extras os trailers de todos da série cinematográfica, pouco texto e poucas fotos. É um porre só poder trocar legendas e áudio pelo menu, mas os menus animados estão bacanas.

Cotação:

11 de dezembro de 2008

Polyester

Tem algo muito fedorento na classe média. Parece ser a principal função de John Waters nesta vida apontar de onde vem o mau cheiro na ostentação da família perfeita. Ele nunca foi tão explícito na empreitada quanto em Polyester, quando a platéia recebia na porta dos cinemas uma cartelinha com números que deveriam ser raspados conforme a protagonista ia cheirando os objetos em cena: estava inventado o Odorama! É o elo não perdido entre toda a trasheira da filmografia de Waters na década de 70 com seu lado mais civilizado exibido a partir dos 80. Pode não ser dos seus trabalhos mais brilhantes, mas ainda muito bom! Divine é Francine, uma dona de casa comum de Baltimore com inúmeros problemas domésticos. Saca a lista: O marido é dono de um cinema pornô e é amante da secretária (que se orgulha de usar roupa 100% polyester), o filho é um junkie conhecido como o pisoteador do supermercado (!!!), a filha a biscatinha de cabelo a lá Farrah Fawcett que dança para os garotos da escola em troca de uns caraminguás, e a mãe, a velha mais perversa imaginável! Pra piorar, o circulo social de Francine se resume à ex-empregada doméstica que ficou milionária, e que por sinal, será a única a ficar do seu lado quando a pobrezinha cair nas teias do vício do álcool. De lambuja ainda temos Tab Hunter, ex-galã teen dos anos 50, fazendo par romântico com Divine, parceria que iriam repetir algum tempo depois no hilário A Louca Corrida do Ouro.

Polyester

- EUA 1981 De John Waters Com Divine, Tab Hunter, Edith Massey, David Samson, Mary Garlington, Ken King, Mink Stole, Stiv Bators 86’Comédia


Cotação:

9 de dezembro de 2008

Disque M Para Matar

O roteiro nunca chega a disfarçar as origens teatrais do argumento, parecendo que todo o filme justifica-se pela cena do crime estravagante. Com a ação se transcorrendo basicamente em um cenário, Hitchcock confia nas sempre chiques presenças de Grace Kelly E Ray Milland para entreter, além dos efeitos 3D, muito em voga na metade da década 50 como tentativa de resgatar as platéias interessadas em ver a novidade TV. Como o efeito inexiste em DVD, pode-se apostar que boa parte da graça acabou indo ao ralo. Não chega a ser enfadonho, mas deixa brecha para Um Crime Perfeito com Michael Douglas, ser o único remake de Hitchcock que vale a pena porque, acaba desenvolvendo lados que neste original são só sugeridos. Kelly, a encarnação perfeita das loiras geladas hitchcockianas, é a adultera que nem desconfia que seu marido Milland já descobriu seu jogo. O homem bolou um plano acima de qualquer suspeita para mandar a beldade ao quinto dos infernos, limpar a honra e ainda papar sua fortuna. Isso se tudo correr como planejado. No triangulo amoroso central, incomoda um pouco a presença oca de Robert Cummings com uma interpretação bem frágil do amante. Contratar atores ruins talvez seja a intenção do diretor, sempre apto a criar desafios a serem resolvidos.

Disque M Para Matar – Dial M for Murder

- EUA 1954 De Alfred Hitchcock Com Ray Milland, Grace Kelly, Robert Cummings, John Williams, Anthony Dawson, Leo Britt 105’ Suspense


DVD- Pena que Hitchcock não trabalhou sempre para a Warner. Teríamos agora todos os seus filmes em DVD em edições decentes como esta. O estúdio mais uma vez vendeu um título clássico corretíssimo, com a arte da capa e menus seguindo o estilo publicitário da época em que o filme foi lançado. Os extras são trailer, documentário sobre a produção e outro sobre o porquê de ele ser produzido em 3D. Tudo devidamente legendado em português.

Cotação:

4 de dezembro de 2008

Finis Homini (O Fim do Homem)

Juro que não lembrava da existência de Teresinha Sodré até ver este filme. Terezinha Sodré foi a Danielle Winits de seu tempo... Proibido pela censura de levar a diante sua trilogia do Zé do Caixão, o mestre José Mojica Marins saiu-se com esta história filosoficamente hilária de irresistível essência camp. Um cara misterioso (o próprio Mojica, quem mais?) sai completamente pelado do mar para espanto geral das pessoas com quem cruza. Claro, virará a São Paulo 70’s de cabeça pra baixo, fazendo inclusive deficientes físicos caminharem pelo susto. Alguns o acham louco, outros, bandido, e muitos outros um messias. A cada frase de efeito (involuntariamente engraçada) que diz, mais e mais fiéis vão lhe seguindo. Até os hippies liberais acreditarão estar diante do profeta máximo, enquanto que a polícia desconfia que a fama súbita tem relação com algum movimento político. Incrível como tanto improviso gerou uma produção coesa, e pra variar, é isto que coloca o cineasta como único em seu estilo no mundo. O roteiro é uma colcha de retalhos de pequenos contos o que lhe faz ser bem desigual até chegar ao (inacreditável) e desconcertante final. Interessante também o fato de que mesmo tão ingênuo mantenha uma mensagem inteligente e atual. Coisa de gênio!

Finis Homini (O Fim do Homem)

- Brasil 1971 De José Mojica Marins Com José Mojica Marins, Teresa Sodré, Roque Rodrigues, Rosângela Maldonado, Mario Lima, Andreia Bryan, Talulah Marilyn, Sabrina Marquezinha, Carlos Reichenbach, 79’ Suspense


DVD- Todos os seis filmes de Mojica lançados pela Cinemagia receberam o tratamento que nós sonhamos e eles merecem. Há uma batelada de extras distribuídos em confusos menus e submenus que devem nos proporcionar horas e horas de entretenimento. Principal destaque à faixa de comentários com o diretor, curta metragem Demônios e Maravilhas, trechos de filmes, textos, trailers, clips, áudios, história em quadrinhos digitalizada, etc.

Cotação:

3 de dezembro de 2008

As Noivas do Vampiro

Peter Cushing com cara de tesão ao martelar ao estaca e jorrar sangue já vale a pena! É o Van Helsing mais insano e obsessivo mostrado no cinema, e sem dúvida o melhor de todos. Mas esta segunda incursão da Hammer no mundo vampiresco é muito mais que isso! Produzido na era de ouro do estúdio, foi dirigido por ninguém menos do que Terence Fischer, criador de nove entre dez coisas que se tornariam clichê no gênero. Não se deixe enganar pelo título original “The Brides of Dracula”, na época, uma condição da distribuidora norte-americana Universal para vendê-lo na cola de O Vampiro da Noite de 1958. Drácula só é citado, o resto da história original é sobre professorinha de francês que cai numa armadilha ao se hospedar no castelo de uma velha baronesa. Ao conhecer o filho da nobre, fica horrorizada ao vê-lo acorrentado pelo pé porque não lhe parece louco conforme a mãe afirma. No meio da noite, cheia de boas intenções, o solta ignorando o caos que causará aos camponeses da região. Há momentos de genialidade cinematográfica plena, como a governanta louca dando apoio para que uma morta irrompa da terra como se estivesse se referindo a um parto, mas também há inacreditáveis furos no roteiro e erros grotescos de ambientação histórica. Reza a lenda que o roteiro teria sido reescrito várias vezes, o que explicaria as muitas soluções mal explicadas. Dá-se um desconto porque além da Hammer estar aqui em seus primeiros passos, o resultado é competente e divertido. Absoluto na atmosfera macabra, com jovens suicidas, carruagens misteriosas em disparada na escuridão, batidas sinistras em portas, vampiras em camisolas esvoaçantes jurando amor eterno... Calafrios garantidos!

As Noivas do Vampiro – The Brides of Dracula

- Inglaterra 1960 De Terence Fisher Com Peter Cushing, Yvonne Monlaur, Martita Hunt, Freda Jackson, David Peel, Miles Malleson, Marie Devereux 85’ Horror


DVD- É a grande notícia aos fãs de filmes de horror clássicos depois que a Works DVD (Darke Side/London Films) subiu no telhado. A NBO está distribuindo na surdina alguns títulos da fase de outro da Hammer, jamais lançados antes em DVD no Brasil e a preços populares! Tela widescreen, áudio em 2 canais (em francês e inglês), só peca pela falta de extras e a capa muito feia. Numa loja, em meio a tantos discos, é possível que se cruze com ele sem dar bola para o seu conteúdo precioso.

Cotação: